terça-feira, 2 de agosto de 2011

Neymar fica na Vila e mostra que há 'outro mundo possível' no futebol brasileiro

“É patrimônio do Santos, da cidade, do Estado e do Brasil", diz presidente do Santos

Enquanto a – como sempre digo – malfadada janela européia não se fechar, em 31 de agosto, nenhuma informação pode ser considerada definitiva. Feita a ressalva, pelo que se divulga por meio de fontes com credibilidade, Neymar decidiu ficar no Santos até pelo menos o fim do ano, quando o clube disputa o Mundial. Todas as informações dão conta de que a decisão foi do jovem atleta. O Santos só poderia negar a oferta de 45 milhões de euros* (cerca de R$ 100 milhões), como fez, com a concordância de Neymar, sem o quê o Real Madrid poderia tirá-lo do clube.

Jovem craque encontra presidente Dilma em evento no RJ
no sábado, 31. Foto: Roberto Stuckert Filho/ PR

Recordem-se que no ano passado o mesmo jovem jogador, então com 18 anos, rejeitou oferta do poderoso Chelsea, da Inglaterra, em nome do sonho de ganhar a Libertadores pelo Peixe, sonho concretizado para ele e toda a nação santista. Relembre aqui.

No último domingo, 31, às 11:20 da manhã, Paulo Vinicius Coelho postou em seu blog a informação: A decisão de Neymar está tomada: ele não vai para a Espanha agora.

Sendo assim, só resta enaltecer mais uma vez a jóia do Santos, por sua personalidade, seu amor ao clube que o formou e sua indisposição em deixar a Vila pelos fundos, como fez Robinho em 2005. E parabenizar entusiasticamente o presidente do time da Vila Belmiro, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro, por sua gestão corajosa, revolucionária mesmo, no contexto do futebol brasileiro.

Em sessão solene em homenagem ao Santos pelos títulos do Paulistão e da Libertadores, na Assembleia Legislativa de São Paulo, na segunda-feira, 1°, ele se pronunciou sobre a manutenção de Neymar na Vila: “é patrimônio do Santos, da cidade, do Estado e do Brasil. Assim poderemos sinalizar ao mundo que não somos republiquetas exportadoras de matéria-prima”.

*Atualizado à 00:01

6 comentários:

Olavo Soares disse...

Neymar já é o maior jogador do Santos após 1974. Mais um pouquinho, entra em qualquer relação histórica dum top 10 santista. O moleque é foda demais, demais.

Victor disse...

Ainda bem, porque pelo que o time mostrou até agora, para fazer algo de bom neste campeonato brasileiro e ter esperanças no mundial, só com Neymar. Um dia o Ganso chega lá.

Eduardo Maretti disse...

Como disse o corintiano Luciano num post neste blog há meses, a diferença é que Neymar é santista; Ganso, não.

Fora o futebol, é claro.

Felipe Cabañas da Silva disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Felipe Cabañas da Silva disse...

Bom, como eu já cansei de elogiar o Neymar pelo futebol nesse espaço, vou me permitir dar uma cornetada de corintiano...hehe... O Neymar mostra personalidade, de fato. No entanto, há questões financeiras envolvidas, o que não é demérito. No Santos o Neymar ganha R$ 1 milhão de reais, mais dinheiro de patrocínio. No Real o salário dele seria "somente" R$ 1,5 milhão de reais, portanto um pouco acima. Toda a grana que o Real iria desenbolsar de multa iria para os cofres do Santos. Após essa proposta do Real e com a possibilidade de disputar um mundial de clubes contra o Barcelona, o jogador vai chegar ao final do ano mais capitalizado, e com certeza vão chover propostas de outros clubes europeus, e o mundo já sabe bem que o Neymar já vale mais que R$ 1,5 milhão por mês.
Portanto, essa história toda também tem uma lógica capitalista e, embora as palavras do presidente santista sejam brilhantes ("mostrar que esse país não é uma republiqueta exportadora de matéria prima"), infelizmente não é porque o Neymar vai ficar aqui mais alguns meses que inverteremos a relação de vassalagem que o futebol pentacampeão do mundo estabeleceu com o futebol europeu, pelo menos no que diz respeito aos clubes.

Bom, falando como torcedor, espero que o Neymar vá para o Barcelona, porque não tenho simpatia nenhuma pelos bambis madridistas... hehe... Acho que o Barça tem mais cara de Neymar...

PS: Postei meu comentário acima, mas não sei por que metade dele foi cortada. Por isso, excluí e publiquei de novo...

Eduardo Maretti disse...

Felipe, a questão capitalista do "fico" de Neymar estava à espera de alguém notar, e ao escrever o post eu tinha certeza que alguém ia observar isso. Beleza.

Mas ao ler seu comentário, engraçado, pensei no tênis. Aqueles caras quando ganham um Grand Slam. Quando vc vê um jogo decisivo tipo Pete Sampras x Andre Agassi (duelo que despertou meu gosto pelo esporte), Guga x Sampras, Guga x Federer, Nadal x Federer... Um cara pra ser campeão num Grand Slam ganha uma fortuna, mas acredito que o prazer do triunfo pra um cara desse, no momento de um matchpoint, é incomunicável, único. Num momento como aquele, o cara não tá pensando nos dólares, mas na vitória.

Livre-associação à parte, creio que o "não" de Neymar ao Real Madrid, se se confirmar, é muito simbólico e importante, não só para o Santos, mas para o futebol do Brasil. É o colonizado dizendo não à arrogância do colonizador.

ERRATA: no primeiro parágrafo do post, vi agora, ficou a expressão "R$ 45 milhões de euros". Não sei por quais raios esse "R$" ficou aí. Leia-se "45 milhões de euros", sem o "R$", como estará no post a partir de agora. (Ficar na indecisão entre real e euro dá nisso - hehe.)