sábado, 30 de outubro de 2010

Duas decisões judiciais importantes na reta final

STF - A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, negou ação cautelar da Folha de S. Paulo pedindo acesso aos arquivos do processo de Dilma Rousseff durante a ditadura militar. Impressionante o terror armado pela Folha de S. Paulo em torno desse processo, fiel à cartilha da extrema direita. O que quer? Acusar Dilma de ter sido presa e torturada?

Que imprensazinha. O link do STF com o andamento do processo está aqui.

TSE - A segunda decisão é do Tribunal Superior Eleitoral. A ministra Nancy Andrighi determinou a suspensão imediata do serviço de telemarketing utilizado pela campanha de José Serra.

Nas ligações disparadas pela campanha tucana, que já ficou famosa mundialmente pelo seu nível rasteiro e repulsivo, ouvem-se acusações falsas a Dilma sobre temas relacionados ao aborto e o caso Erenice Guerra, entre outros. Enfim, esta decisão é importante, mas, a meu ver, tardia (faz duas semanas que este humilde blog falou do tema!, como podem ver neste link). Se dependesse dela, a eleição estava perdida. Pelo menos Dilma podia dar um jeito de mencionar isso no debate. Porque a sordidez é nojenta.

A notícia no site do TSE está aqui.

*Atualizado às 15h25
Outra decisão importante que está sendo divulgada no twitter. O Tribunal Superior Eleitoral determinou a suspensão do “Vídeo 2012” e sua retirada de canais do Youtube.

No vídeo – que indignou muita gente – os tucanos exibem imagens de um Brasil que seria destruído se Dilma for eleita. Para o TSE, a montagem é de “teor ofensivo e inverídico” e “compromete o aprimoramento do Estado Democrático de Direito”.

Atualizado às 19h30
** Em Brasília, a Coligação Novo Caminho, do PT, que tem Agnelo Queiroz como candidato a governador do DF, obteve na Justiça liminar concedida pelo desembargador Mário Machado, determinando a busca e apreensão da edição 727 do DF Notícias – por trazer calúnias, ofensas e difamações contra Agnelo. Leia mais no blog Passe Livre.

Debate da Globo não vai mudar nada. Não tem bala de prata, não tem quinta onda que mude a História

O debate da Globo não mudou em nada o rumo das eleições no segundo turno. Foi um evento espetaculoso, em que William Bonner representou uma espécie de Silvio Santos pós-moderno. Jornalismo zero. Perguntas forjadas (pelo Ibope) “feitas por eleitores indecisos” que ficaram “isolados, sem internet, sem telefone, sem contato com a família ou amigos”, segundo a Globo, esse foi o tom da reportagem pós-debate. Que foi algo realmente horrível.



A única virtude do formato global foi a introdução de temas pontuais: funcionalismo, agricultura, educação, saúde etc. Mas, infelizmente, o clima de show e o cenário farsesco tiraram do debate qualquer significação política mais importante.

A Band, dia 10 de outubro, fez de fato o debate do segundo turno, jornalisticamente falando: os candidatos se engalfinharam fazendo perguntas um ao outro, e eu achei que Dilma ganhou aquela contenda por nocaute técnico.

Com vantagem de 12 a 17 pontos percentuais nas pesquisas essa semana, Dilma Rousseff jogou pelo 0 a 0 no duelo da Globo nesta sexta-feira, 29 de outubro. Na minha opinião, poderia ter sido mais agressiva nas questões segurança pública, educação e saúde, por exemplo. Conceitualmente, Dilma deixou claro seu projeto a partir do tema funcionalismo público: é preciso valorizar o professor, o funcionário do Estado. Serra defendeu a meritocracia. Sobre os professores, Dilma lembrou os cacetetes com que Serra os tratou como governador de SP, enquanto o tucano falou na meritocracia.

Quando pôde, o candidato tucano voltou a evocar a imprensa (que lhe concedeu tantas manchetes favoráveis ao longo da campanha) para respaldar seus ataques ao “nível de corrupção como nunca houve” no governo federal. Mas, pego no contrapé (linguagem futebolística), Serra simplesmente ignorou a questão do escândalo dos sanguessugas colocada por Dilma. Lembrando: deputados e prefeitos supostamente (sic) recebiam propinas para intermediar a compra de ambulâncias superfaturadas, quando José Serra era ministro da saúde de FHC.

Houve um momento patético em que (quem assistir ao tape do debate pode conferir) Serra defendeu ser necessária uma força nacional, do governo federal, para combater... as forças da natureza! (as chuvas, que causam enchentes, por exemplo). Valha-nos deus!

E houve um momento de descontração em que Dilma reclamou sobre um erro de cronometragem, que Bonner reconheceu.

Dilma foi politicamente hábil ao lembrar que o debate na Rede Globo se dava no Rio de Janeiro, onde o governo federal tem parcerias importantes com a gestão de Sérgio Cabral (o leitor bem informado sabe que são bons os resultados do projeto das Unidades de Polícia Pacificadora – UPPs). Serra tentou puxar uns votinhos lembrando de Minas Gerais, onde deve perder por margem importante em votos (em MG, Aécio Neves derrotou Serra pelo silêncio).

Dilma debateu como gestora, articuladora de um governo que dotou a Casa Civil de um perfil organizacional do desenvolvimento (em contraposição ao perfil político de José Dirceu); Serra atuou no debate da Globo justamente como político, tentando convencer o eleitor com um discurso essencialmente vazio e evasivo. Alguns dos que votam em Dilma ficaram meio frustrados pelo desempenho dela, e se impressionaram, porque Serra, embora sempre mentindo, parece convincente aos incautos.

Mas isso importa pouco agora. Nenhuma bala de prata, nenhuma quinta onda, nada vai impedir que Dilma Rousseff seja nossa presidente na noite do próximo domingo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Bento XVI, Rede Globo, aborto e fascismo

Chega a ser chocante que o Papa tenha resolvido se meter na eleição Brasileira? Para mim, é. Faz 120 anos que Estado e Igreja se separaram e o Brasil é um país laico. No entanto, bispos brasileiros, em reunião com o papa Bento XVI, conseguiram do “sumo pontífice” – transformado num vulgar cabo eleitoral da campanha mais suja da história do Brasil – a declaração: "Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático, que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade da pessoa, é traído em suas bases".
Junte-se a exploração do fato pela Rede Globo, a volta do tema aborto, e está cristalizada mais uma de (literalmente) incontáveis tentativas de golpe contra a candidata Dilma, escolhida para dar continuidade ao melhor governo que o Brasil já teve, o do presidente Lula. Não custa lembrar, porém, que quem fez aborto, e até a Folha de S. Paulo noticiou, foi a mulher de José Serra, Mônica (leia ou releia aqui)

Ora, se uma pessoa sensível olha o rosto dessa personagem funesta, chamada Joseph Ratzinger, nome de batismo de Bento XVI, pode pensar duas coisas: se acredita realmente em deus, não há como não associá-lo às trevas; se a pessoa não acredita em deus, o pensamento é claro: trata-se de um fascista. 

Um fascista que prega a um bilhão de fiéis humildes que não usem camisinha, pois é melhor morrer de AIDS e em Cristo do que praticar sexo seguro. É melhor freqüentar a Daslu e praticar aborto em clínicas caríssimas do que ser uma pobre coitada que o destino leva à morte num desses quintais chamados “clínicas”, sem assistência do Estado ou de deus.

Não se pode esquecer, também, que o papa é o chefe de um Estado (não esqueçamos que o Vaticano é um Estado) forrado a ouro, fornecido pela mãos de povos usurpados durante séculos. É por isso que nunca é demais repetir: a igreja católica defende a vida... dos ricos e poderosos do mundo.

Vamos ver o que sairá amanhã do esgoto contra Dilma e Lula.

Mais um chilique de Felipão

O técnico Luiz Felipe Scolari deu outro chilique ridículo após o empate entre Palmeiras e Atlético-MG pela Sul-Americana, em 1 a 1, na Arena do Jacaré. Eu não sou do tipo que fica ofendido por motivos corporativistas: jornalistas e veículos muitas vezes pensam que mandam no mundo, nunca erram, e qualquer coisa que atinja o chamado esprit des corps vira causa comum.

Mas Felipão tem atitudes autoritárias, invariavelmente mal educadas e jamais responde com cortesia qualquer questão que o desagrade. Muito parecido a um candidato à presidência da República pelo PSDB. Ontem, revoltado com tudo e todos, além de demonstrar a grosseria que lhe é peculiar (veja vídeo), deu um exemplo mais do que acabado do autoritário que é, bem ao estilo José Serra.

Descontrolado e nervoso, fez o seguinte pedido ao assessor de imprensa do Palmeiras: “Finelli, quero o nome de dois repórteres”. Ora, Felipão, vai pedir a cabeça dos repórteres? Que coisa feia.

Não é à toa que, anos atrás, ele andou fazendo elogios ao ditador chileno Augusto Pinochet, numa coletiva.

Veja vídeo: "Vocês estão de palhaçada comigo”.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Relatos sobre a truculência tucana [3] – Ginásio da Fito - Osasco/2004

Este post, texto do jornalista Jorge Corrêa, que continua a série “Relatos da truculência tucana”, poderia também ser incluído na série “Recordar é viver”. Seja como for, é mais uma de muitas e é importante registrar, já que os tucanos de José Serra tentam fazer colar nos petistas a pecha de violentos e ninguém sabe o que podem estar tramando.

O modus operandi do tucanato (ou: ‘não concordou, o pau come’)

Por Jorge Corrêa

Dez dias depois de apurados os votos do primeiro turno da eleição 2010, foi noticiado que em Osasco, cidade onde nasci, cresci e morei por 25 anos, militantes de Celso Giglio espancaram covardemente um grupo de agentes de trânsito que multavam seus carros – estacionados irregularmente – durante festa de comemoração da reeleição do deputado estadual do PSDB (link abaixo).O fato, por si só, já é motivo para gerar revolta, mas para mim teve um peso maior, pois me faz relembrar situação parecida pela qual eu passei há exatos seis anos.

O ano era 2004 e o dia era de festa para Osasco. Primeiro turno da eleição para prefeito encerrado, pesquisas e, principalmente, a mobilização popular, indicavam que finalmente estava no ar o fim de uma tenebrosa história que começou com Hirant Sanazar, teve seu auge com Francisco Rossi e viu em Celso Giglio o capo perfeito.

A militância do PT estava em alerta, ainda mais por conta do que aconteceu na eleição anterior, em 2000, quando Emidio de Souza vencia a apuração, mas, depois de um misterioso apagão no ginásio Ives Tafarello, Giglio passou à frente e venceu.

O local da apuração em 2004 foi o ginásio da FITO, aberto ao público depois de pressão do PT por conta do ocorrido quatro anos antes. O clima era de final de campeonato, com cantos e gritos de exaltação da vitória que parecia próxima. Os petistas eram a esmagadora maioria no local e abafavam em segundos qualquer reação da militância [nitidamente comprada] do PSDB.

Em certo momento, os representantes do TRE começaram a reclamar do barulho, pois não conseguiam passar as informações para o TSE. Reclamação justa. Os delegados do PT então pediram o silêncio às arquibancadas, o que foi prontamente acatado. Mas, mesmo assim, começou a truculência típica do tucanato.

Alheios ao público que estava no local – com MUITAS mulheres, crianças e idosos – os policiais militares fizeram o procedimento que chamam de “arrastão”: fazem uma fila, de alto a baixo da arquibancada, e vão empurrando as pessoas. Como não poderia ser diferente, alguns reagiram – de forma não violenta, simplesmente se recusando a sair. Fui um deles, até porque, não estávamos fazendo nada de errado, passamos a ficar em silêncio e temíamos um novo “apagão misterioso”.

Os PMs então passaram a agredir as pessoas que estavam no local, sem distinção de sexo ou idade. Vi mulheres desmaiarem e saírem carregadas, senhores levarem tapas na cara. Mas, para mim, o mais grave e mais chocante foi ver um PM – sem identificação na farda – espirrar spray de pimenta no rosto de um menino que não aparentava ter mais de dez anos.

Ginásio esvaziado dessa maneira, as agressões seguiram por cerca de 30min, com muito choro e desespero. Ao ligar o fato deste mês com o de 2004, não estou dizendo que o que aconteceu na FITO e no centro de Osasco foram a mando do Celso Giglio ou de uma pessoa só, mas exemplifica a mentalidade dos tucanos.

Esse é o modus operandi do tucanato. Com eles é assim: não concordou, o pau come.

Em tempo: a eleição de 2004 foi para o segundo turno, e Emidio Souza venceu Celso Giglio sem maiores problemas, com público e paz no ginásio da FITO
.

Leia também:
Relatos sobre a truculência tucana [2] – Vila Madalena

Relatos sobre a truculência tucana [1] – Osasco

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Marilena Chaui denuncia possível violência para culpar PT às vésperas da eleição

Em encontro de intelectuais e pessoas ligadas à cultura, estudantes, professores universitários e políticos nesta segunda-feira, 25, na USP, em São Paulo, a filósofa Marilena Chaui denunciou uma possível articulação para tentar relacionar o PT e a candidatura de Dilma Rousseff a atos de violência.

Marilena disse que soube de uma possível ação violenta que seria montada para incriminar o PT durante comício do candidato José Serra na próxima sexta-feira, 29, quando não haverá mais propaganda eleitoral. “Não vai dar tempo de explicar que não fomos nós. Por isso, espalhem pelas redes sociais, divulguem”, pediu a filósofa.

A matéria com a denúncia, de Suzana Vier, foi publicada no site Rede Brasil Atual. Clique aqui para ler na íntegra.

Dilma venceu o debate da Record e não creio que o povo brasileiro eleja o fascismo

No debate da Rede Record, Dilma Rousseff mais uma vez aplicou um nocaute técnico em José Serra. Por exemplo, ao falar do ProUni. O candidato tucano fugiu de responder sobre o ProUni todo o tempo. Assim como deixou de responder objetivamente sobre todas as questões mais importantes. Por quê?

Quem estuda na Universidade de São Paulo (USP), quem é médico e sabe da importância do Hospital da USP para a comunidade da zona Oeste da cidade de São Paulo, entende por que José Serra não responde. Porque, como governador de São Paulo, fez tudo para sucatear os hospitais públicos. Para quê? Para desmoralizá-los e vendê-los. Serra quer que o Hospital da USP seja um anexo do Hospital Albert Einstein.

Dilma e Serra estavam muito nervosos no debate. Mas Dilma irradiou mais sinceridade. Por quê? Porque Serra mente.

Serra fugiu da questão da privatização do pré-sal como o diabo da cruz. E também, mais uma vez, fingiu que nunca ouviu falar de Paulo Preto. Mente.

Nem tenho muito o que falar agora. A pesquisa Vox Populi divulgada nesta segunda-feira deu 57% a 43% para Dilma, em votos válidos. Acredito que domingo o Brasil terá a primeira mulher eleita presidente da República. Oxalá.Senão, estaremos todos lascados. Mas acredito que não. Porque não creio que o povo brasileiro eleja o fascismo.

domingo, 24 de outubro de 2010

Dona Canô vota em Dilma: "Meu voto é dela"

Foi lamentável a declaração de Caetano Veloso à colunista Sonia Racy, meses atrás, dizendo que o presidente Lula é um analfabeto, afirmação pela qual levou um pito público de sua mãe, dona Canô (que mulher bonita!). Pois não é que dona Canô, que mora numa casa bonita de fachada azul em Santo Amaro (BA), declarou seu voto em Dilma Rousseff?

Enquanto Caetano (autor de obra tão rica e vasta da música brasileira) fala para a burguesia paulista e paulistana, para o bairro de Higienópolis, para as famílias Civita e Frias pelo microfone do Estadão, dona Canô fala para o Nordeste brasileiro inteiro, cuja alma ela parece conhecer mais do que o filho.

Leia aqui sobre a declaração de Caetano ("Lula é analfabeto")

Veja abaixo que bonita a declaração de dona Canô.

sábado, 23 de outubro de 2010

Para ex-jornalista da Veja, campanha de Serra é repulsiva

Muitos já leram, e muitos não. Por isso – e porque às vésperas das eleições a revista dos Civita dá sua última cartada com nova denúncia – não custa postar. O jornalista Paulo Nogueira, que foi editor assistente da Veja, editor da Veja São Paulo e diretor de redação da Exame, escreveu em seu blog: “A campanha de Serra é repulsiva, e acabou por afugentar do PSDB gente que, como eu, tradicionalmente opta pelo partido”.

Ele não escreveu, mas também não custa nada acrescentar: a repulsa que a campanha se Serra provoca até em eleitores tucanos deve-se muito à revista Veja, disseminadora de mentiras e do golpismo para alimentar uma campanha que começou como de direita e termina abraçada às práticas da extrema-direita, com a ajuda de criaturas igualmente repulsivas como Soninha Francine.

Paulo Nogueira constata em seu texto que “Serra quer ser muito ser presidente. O problema é que os brasileiros não querem que ele seja”. Isso os brasileiros do lado de cá já sabíamos. O interessante é que, agora, até os do lado de lá estão entendendo isso.

Leia o texto de Paulo Nogueira: A Tomografia Da Fita Crepe

Leia também: Para lembrar: a mídia contra a democracia em quatro momentos históricos

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Relatos sobre a truculência tucana [2] – Vila Madalena

Por Mayra Pinto

Fui à caminhada pró-Dilma no sábado, 16 de outubro, e passei por uma experiência que não via há tempos – na verdade, pela intensidade, acho que nunca vi. Andamos ali da Fradique Coutinho com a rua Wisard até a praça Benedito Calixto.

No trajeto, praticamente só as pessoas mais humildes recebiam os panfletos que eram dados e se comunicavam de um modo amistoso com o povo da caminhada. O resto, a classe média da Vila, simplesmente virava a cara com nojo – uma amiga chegou a ser chamada de assassina e vagabunda por uma mulher dentro de um carro...

Por um lado, essa polarização, acho, é bem benéfica, ainda mais em se tratando da classe média serrista, historicamente acovardada em se manifestar, ou hipócrita mesmo – como é o caso da mulher dele, que falou o que falou da Dilma e agora, porque deus existe às vezes, foi desmascarada na questão do aborto. O benéfico, pra mim, é que essas pessoas estão dando a cara à tapa, estão se mostrando com todo o enorme peso do preconceito de classes que vige neste país.

Com tudo o que a gente tem de crítica ao governo Lula, ainda assim, foi um governo que possibilitou alguma vida digna aos miseráveis e aos pobres. Pra classe média reacionária brasileira – como para a americana, vide a era Bush e agora o gigantesco ódio ao negro Obama – isso é imperdoável.

*Mayra Pinto é autora da tese de doutorado Noel Rosa: o humor na canção, pela Faculdade de Educação da USP, que será lançada em 2011 pela Ateliê Editorial.

PS (do autor do blog): A truculência tucana, como eu já disse, não é só física. A Vila Madalena, para quem não sabe, é um bairro de classe média e média alta na zona Oeste de São Paulo, repleto de bares, onde vão os que gostam de baladas com trânsito, stress, preços altíssimos e toda espécie de gente metida a importante, de burgueses elitistas e preconceituosos assumidos a pessoas de esquerda que preferem trânsito, stress e preços altíssimos a um bom botequim.

Leia também:
Relatos sobre a truculência tucana [1] – Osasco

Pensamento para sexta-feira [10] – episódio da bolinha de papel

O episódio da bolinha de papel disseminado pelo twitter neste 21 de outubro de 2010 jamais será esquecido na história das eleições de 2010. Jamais! Mostra que a gente pode ganhar eleição sem atazanar. A gente pode dar risada. Iluminar as sombras. Poucas vezes dei tanta risada num fechamento de jornal como hoje.

Senti, muitos de nós sentimos, um cheiro mais agradável que o do enxofre.

Por isso eu não poderia deixar de listar alguns, muito poucos, dos muitos #bolinhadepapel que o povo postou:

MugNoTechTestemunhas ouviram "plim plim" qdo bolinha bateu na cabeça de Serra #Boladepapelfacts

sandrodennisUltimo boletim médico: Serra não tem nada na cabeça. #bolinhadepapel

mlisias

A bala de prata era uma #bolinhadepapel #serrarojas

Lais_MD Laís Meireles Duarte
RT @Bella_Azevedoo A Chamex está sendo investigada pela Polícia Federal por dar suporte para ataques terroristas. #boladepapelfacts / hahaha

sandrodennis
Após ser atingido por bola de papel, Serra recupera a memória e lembra quem é o Paulo Preto

sandrodennis

Quem nunca errou que atire a 1a #bolinhadepapel!

ricardotbh @franciscopfn José Serra não vai a baile de carnaval porque pensa que chuva de confete é tiroteio.

ary_jr ary jr.
by AMMIRaMIL
Iranianos lançam projeto de enriquecimento de celulose.#BolaDePapelFacts

Felipe Cabañas da Silva disse...**
#bolinhadepapel pesando 2k = 500 folhas de papel A4. Se Indio da Costa estiver falando a verdade, Serra foi atingido pelo dossiê do Aécio.

**este último não foi postado no twitter, mas como comentário neste blog, no post abaixo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Da série "Recordar é viver": Wanderley Guilherme dos Santos sobre imprensa

Antes de ler o post abaixo, caro leitor (Má-fé da "Folha de S. Paulo'" não tem limites...), cabe uma reflexão, a partir de comentário ali postado, no qual o Paulo resgata e copia link de uma entrevista muito atual. Trata-se do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos falando a CartaCapital (junho de 2005).

"Isso [o chamado 'mensalão'] se disse à vontade do Sérgio Motta em situação muito mais complicada [o escândalo de compra de votos para a aprovação da emenda de reeleição de FHC]... E não aconteceu nada."

"A grande imprensa levou Getúlio ao suicídio com base em nada; quase impediu Juscelino de tomar posse, com base em nada; levou Jânio à renúncia, aproveitando-se da maluquice dele, com base em nada; a tentativa de impedir a posse de Goulart com base em nada. A grande imprensa em países em desenvolvimento é a grande porca das instituições, a grande emporcalhada."

A entrevista pode ser lida neste link.

E agora passemos à Folha abaixo.

Má-fé da "Folha de S. Paulo'" não tem limites, mas Polícia Federal reage

Na tarde desta quarta-feira, 20, a Polícia Federal divulgou nota oficial para, entre outras coisas, refutar “qualquer tentativa de utilização de seu trabalho para fins eleitoreiros com distorção de fatos ou atribuindo a esta instituição conclusões que não correspondam aos dados da investigação”.

Como se sabe, a Folha de S. Paulo desencadeia uma nova série de tentativas, com suas manchetes golpistas, para continuar tentando ganhar a eleição para seu candidato José Serra [trazendo à tona de novo o caso da quebra de sigilos fiscais]*. No mesmo dia, quarta, o jornal dos Frias havia dado a manchete: “PF liga quebra de sigilo à pré-campanha de Dilma”.

O diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, declarou à imprensa que a instituição “faz um trabalho investigando fatos”, ressaltando: “o que tem em torno desse fato de conotação política não pauta a investigação da PF”.

Disse mais: “A PF se pauta pelo devido processo legal. O que nos leva a antecipar em alguns dias [a divulgação de informações] é que não queremos também ver atribuídas à instituição coisas que ela não tornou públicas”. De acordo com Corrêa, “não queremos que a instituição seja usada indevidamente no processo eleitoral”.

A PF esclareceu que os dados que a Folha de S. Paulo diz terem sido usados na campanha de Dilma foram coletados pelo jornalista Amaury Ribeiro Júnior, quando era empregado do jornal O Estado de Minas. O leitor que tire suas conclusões. Mas o fato é: tudo indica que esse caso diz repeito a uma disputa de poder dentro do PSDB de Serra e Aécio Neves. A má-fé da Folha de S. Paulo não tem limites.

Leia abaixo, na íntegra, a nota oficial divulgada pela PF.

Ouça clicando aqui a fala do diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa

Ouça aqui a fala do delegado Alessandro Moretti

Íntegra:

NOTA À IMPRENSA

Brasília/DF - Sobre as investigações para apurar suposta quebra de sigilo de dados da Receita Federal, a Polícia Federal esclarece que:

1 - O fato motivador da instauração de inquérito nesta instituição, quebra de sigilo fiscal, já está esclarecido e os responsáveis identificados. O inquérito policial encontra-se em sua fase final e, depois de concluídas as diligências, será encaminhado à 12ª Vara Federal do Distrito Federal;

2- Em 120 dias de investigação, foram realizadas diversas diligências e ouvidas 37 pessoas em mais de 50 depoimentos, que resultaram, até o momento, em 7 indiciamentos;

3 - A investigação identificou que a quebra de sigilo ocorreu entre setembro e outubro de 2009 e envolveu servidores da Receita Federal, despachantes e clientes que encomendavam os dados, entre eles um jornalista;

4 - As provas colhidas apontam que o jornalista utilizou os serviços de levantamento de informações de empresas e pessoas físicas desde o final de 2008 no interesse de investigações próprias;

5 - Os dados violados foram utilizados para a confecção de relatórios, mas não foi comprovada sua utilização em campanha política;

6- A Polícia Federal refuta qualquer tentativa de utilização de seu trabalho para fins eleitoreiros com distorção de fatos ou atribuindo a esta instituição conclusões que não correspondam aos dados da investigação.

*Atualizado às 19h47

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Rapper GOG e Chico Buarque explicam apoio a Dilma; padre dá bronca em Serra

O rapper GOG, um dos pioneiros do rap em Brasília, dá um depoimento sobre por que apoia Dilma Rousseff para presidente. "É hora de se concentrar, é hora de buscar, é hora de dizer: olha, cara, essas duas semanas vão fazer o Brasil oito anos melhor", diz GOG. Mais abaixo neste post o depoimento de Chico Buarque.

Veja:




E ainda:

Padre repreende Serra em plena missa, no Ceará**

José Serra e uma comitiva de tucanos esteve em Canindé (CE) no dia 16. A missa é uma das maiores celebrações franciscanas do país. O tucano deu-se mal. Foi duramente repreendido pelo padre Francisco Gonçalves, de Pesqueira, de Pernambuco**.

Na noite anterior haviam chegado os panfletos contra Dilma na cidade de Canindé.

No dia seguinte à bronca que tomaram Serra e tucanos de alto calibre na missa, como Tasso Jereissati (que, segundo comentários, queria partir para cima do padre), em missas diferentes outros padres falaram, em seus sermões, sobre o ocorrido no dia anterior e pediram para os fiéis não traírem o presidente Lula.

**atualizado às 16h55

Ouça:




E, de brinde, o depoimento de Chico Buarque:

Relatos sobre a truculência tucana [1] – Osasco

A truculência da campanha tucana, dos eleitores de José Serra e seus correligionários, em todos os lugares do país, tem chocado as pessoas verdadeiramente de bem nestas eleições.Truculência moral, mas também física. Ou seja, fascista em todos os sentidos. Que usa o aborto para desviar a atenção dos projetos que de fato interessam ao país, mas também, no espaço público e no discurso, não hesita em usar a violência física. No debate da Band na semana passada (leia aqui), Dilma Rousseff chamou a atenção para a disseminação do ódio, pelos tucanos. A disseminação do ódio, como disse Dilma, não está de acordo com o espírito de tolerância do povo brasileiro.

Vou colocar aqui neste blog relatos que exemplificam tal truculência, moral ou física. O primeiro deles diz respeito a uma festa do reeleito deputado estadual por Osasco Celso Giglio (PSDB-SP). Lembra Fernando Collor. O próximo post sobre o tema será sobre a caminhada pró-Dilma Rousseff na Vila Madalena, no último sábado, bairro de classe média alta da cidade de São Paulo. O relato de hoje (fato da semana passada) é o seguinte:

Na quarta-feira 13 de outubro, seis agentes do Demutran de Osasco (órgão equivalente à CET da cidade de São Paulo) foram agredidos por participantes de uma festa de comemoração pela reeleição do tucano Celso Giglio, na avenida dos Autonomistas. Para os brasileiros que não sabem, Osasco é uma cidade industrial de 700 mil habitantes na zona Oeste da Grande São Paulo, governada pelo prefeito Emidio de Souza, do PT.

Os agentes do Demutran foram até o local da festa tucana para apurar reclamações de estacionamento irregular, carros bloqueando garagens, pontos de ônibus e sobre a calçada (a classe média paulista tucana acha que o mundo pertence a ela). Os agentes públicos foram recebidos a socos e pontapés pela simpática claque tucana.

Leiam, clicando aqui, a matéria do jornal Visão Oeste.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dilma venceu por pontos o debate da Rede TV! contra o ex-governador de SP

Em função do debate da Rede TV! entre José Serra e Dilma Rousseff, vou adiar para amanhã o início das postagens sobre exemplos da truculência tucana.

Quanto ao debate da Rede TV!, para mim, os destaques são esses:


1. Foi uma contenda entre um político estilo raposa (Serra) versus uma gestora (Dilma). Nesse contexto, a petista começou perdendo. As falácias, o domínio do discurso evasivo e fugidio, dissimulado e mentiroso de José Serra (travestido com a máscara tecnocrata do governador competente) se impuseram no início. A inabilidade política de Dilma Rousseff contra o discurso político profissional de José Serra foi a tônica dos dois primeiros blocos.

2. No momento das perguntas das jornalistas aos candidatos, Renata Lo Prete, da Folha de S. Paulo, introduziu a questão Paulo Preto a Serra, com todas as letras (no twitter, apareceram brincadeiras do tipo: “amanhã Renata Lo Prete amanhecerá desempregada”). O ex-governador de SP fugiu de responder, engoliu em seco, desconversou. Escapou falando do “mensalão”. A patricinha Patrícia (desculpem o trocadilho involuntário) Zorzan, da RedeTV!, perguntou a Dilma sobre o caso Erenice Guerra. Ao contrário de Serra, Dilma respondeu: “As pessoas erram, Erenice errou”. Marcou a diferença dizendo que erros existem, mas uns respondem, outros não. Foi curioso que tanto Dilma quanto Serra começaram suas respostas dizendo: “a pergunta é oportuna”.

3. Privatizações, Petrobras etc. Dilma insistiu muito no tema, do qual Serra fugiu como o diabo da cruz. Com esse tema em pauta, o tucano ficou boa parte do debate na defensiva, nas cordas. Às perguntas diretas, sempre começava as respostas mudando de assunto, geralmente remetendo-se à questão anterior, fosse qual fosse.

4. São Paulo. José Serra, sem perceber, se comportou em todo o debate (e na campanha) como um paulista, e não um candidato à presidência do Brasil. Sem se dar conta de que na Bahia, no Nordeste quase inteiro, no Rio Grande do Sul, no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, a massa está pouco se lixando para o que pensa o truculento tucanato paulista, que, desde que existe, nada apresentou ao país.

[Parênteses necessário: Minas é o xis da questão: governado pelo tucano Aécio Neves, o enorme estado não parece sensibilizado pelo discurso vazio do PSDB de SP, que negou a Aécio decidir em uma convenção quem seria o candidato do partido. Serra impôs sua pauta e seu próprio nome, isolou-se, e depois implorou que Aécio fosse seu vice. Movido pela voz de Minas, Aécio deu o troco silencioso a José Serra (leia aqui: Mineiros repelem a arrogância de José Serra). Tucanos de primeira hora, como Tasso Jereissati, entre outros, ficaram muito contrariados, e Serra acabou tendo como vice o neo-fascista Índio da Costa, do DEM. Que, aliás, lhe foi apropriado, porque Serra nesta eleição jogou no lixo o que restava de sua história mentirosa, com sua campanha obscurantista, suja, de acordo com a cartilha da mais retrógrada direita, importada do marketing do republicano norte-americano John McCain.]

5. Resumindo, no debate da Rede TV! José Serra caiu numa armadilha como um pato, pois comportou-se, mais do que um tucano, como um tucano paulista. Dilma questionou o tempo todo a péssima gestão de Serra no governo do estado de São Paulo em saúde, educação e segurança (gestão infelizmente aprovada pela reacionária população do estado dos antigos barões do café). E ele falou o tempo todo como paulista. Fico imaginando um baiano, um gaúcho, um mineiro, um cearense, um pernambucano ou um carioca vendo o discurso de José Serra. Para a sorte do ex-governador de SP, a audiência do debate da Rede TV! foi baixo, parece que não passou de 4%, segundo o Ibope.

6. Por tudo isso, acho que, se fosse uma luta de boxe, Dilma teria vencido por pontos. Como foi um debate político, venceu por pontos. Também.

domingo, 17 de outubro de 2010

Aborto: quando a máscara cai

Não acho que uma campanha deva ser pautada por assuntos que dizem respeito a questões de foro íntimo das pessoas. No entanto, a baixaria instaurada pela campanha de José Serra e da grande mídia que o apóia elegeu o baixo nível como sua arma, e o aborto como tema para desviar a atenção de uma discussão de alto nível sobre o destinos do país, divulgando panfletos apócrifos e espalhando boatos sinistros sobre a posição de Dilma Rousseff sobre o aborto. Estratégia digna da direita bem conhecida dos tempos de Fernando Collor (quem diria, hein, José Serra) e, mais recentemente, da campanha de John McCain contra Barack Obama nos Estados Unidos.

Assim, é importante que o leitor saiba que o cinismo e a hipocrisia, ferramentas dos tucanos, foi desmascarada com a notícia de que Monica Serra, esposa de José Serra, já fez aborto. Logo ela, que afirmou publicamente ser Dilma Rousseff a favor de matar criancinhas.

O jornal Correio do Brasil deu antes. E, neste sábado, 16, foi nada menos do que a colunista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo, que deu a informação no jornal que se arroga o direito de pautar o país.

Leia clicando aqui a matéria do Correio do Brasil

Leia clicando aqui a matéria de Mônica Bergamo, da Folha (só para assinantes)

PS: a partir da noite de hoje, vou começar a postar no blog relatos que exemplificam a truculência tucana, nas ruas e espaços públicos.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Campanha suja de Serra agora usa telemarketing

A imundície da campanha de José Serra continua. As mentiras são disseminadas agora por telemarketing. A matéria é do tradicional jornal Correio Brasiliense, da capital federal, que diz:

“Enquanto fala de religião em todos os eventos que faz nessa etapa da campanha, o telemarketing de Serra opera freneticamente. Em São Paulo e em outros estados, centenas de militantes estão ligando para a casa dos eleitores. A maioria é mulher. Elas ligam em horário comercial no telefone fixo e procuram saber se há eleitor de Marina Silva (PV) na residência. Caso haja, as atendentes insistem na tecla de que a petista é a favor do aborto e que ela hoje se diz contrária apenas para ludibriar o eleitor.”

TSE
Eu falei com a assessoria de imprensa do Tribunal Superior Eleitoral. Ela disse não poder emitir juízo de valor sobre a legalidade ou não de tal prática. Mas, segundo a assessoria do TSE, qualquer cidadão pode entrar com uma representação contra mais essa infâmia da campanha imunda dos tucanos.

Onde está a assessoria jurídica do PT?

Leia a matéria do Correio Brasiliense na íntegra clicando aqui.

Carta de Dilma - Clique aqui para ler, também na íntegra, a carta de Dilma Rousseff divulgada nesta sexta-feira, 15, para esclarecer a população sobre os boatos difundidos nos meios religiosos sobre aborto, liberdade religiosa e família.

Qual futuro queremos?

Artigo

Por Valter Pomar*

Publicado originalmente no site do jornal Visão Oeste em 14/10/2010

Dilma ganhou o primeiro turno. Mas ainda não ganhou a eleição. Previsível, pois mesmo Lula teve que disputar segundo turno, tanto em 2002 quanto em 2006. Só não percebia isto quem trocou a análise política pela estatística.

Dilma tem tudo para vencer o segundo turno da eleição presidencial. Mas, para ganhar, é preciso saber que podemos perder. Pois quem acha que a partida está ganha, não disputa com vontade.

Dilma vencerá no segundo turno, se mantiver ao seu lado quem já votou nela; se recuperar eleitores simpáticos a ela, mas que votaram em Serra e Marina; se conseguir o voto de quem não votou, se absteve, votou branco ou anulou (o contingente dos que não optaram por candidato algum é maior do que o total de eleitores de Serra). Dilma conseguirá estes votos se a campanha politizar, polarizar e mobilizar.

O terrorismo religioso e a onda de calúnias ganharam espaço, em parte, devido à falta de debate político.

É bom lembrar que a ascensão material das camadas populares, proporcionada pelo governo Lula, não foi acompanhada de politização similar, motivo pelo qual as ideologias de direita continuam muito influentes.

Politizar, polarizar e mobilizar a base política e social que apoia o governo Lula e a candidatura Dilma, em defesa do que fizemos, mas principalmente do que faremos. Confrontar os dois projetos que estão em disputa. Comparar os governos FHC e Lula.

E colocar o futuro do povo brasileiro no centro do debate.

*Valter Pomar integra o Diretório Nacional do PT

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A igreja católica defende a vida. Sim, a vida dos ricos e poderosos do mundo

Panfletagem em Aparecida revela o cinismo e a hipocrisia dos lobos em pele de cordeiro

Lemos na imprensa e ouvimos no rádio desde ontem que as comemorações do Dia de Nossa Senhora Aparecida foram usadas com fervor pelos católicos obscurantistas para fazer antipropaganda contra a campanha de Dilma Rousseff, em nome, segundo eles, da defesa da vida e contra o aborto.

É bom frisar, ou lembrar, que essa não é a Igreja, por exemplo, do franciscano Dom Paulo Evaristo Arns, que, em 1989, como arcebispo de São Paulo, liberou os fiéis a votar em Luiza Erundina, um homem que fez de sua profissão de fé um trabalho maravilhoso pela democracia, pelos direitos humanos, pela Teologia da Libertação e pela vida. Não foi coincidência que, em 1989, a Arquidiocese de São Paulo tenha sido reduzida e esvaziada pelo reacionário papa João Paulo II, uma das encarnações do lobo em pele de cordeiro.

A panfletagem em Aparecida, Contagem (MG) e outras cidades contra a candidatura Dilma é só mais um exemplo de por que a igreja católica no Brasil perde mais e mais fiéis. Ela se perdeu no tempo e é incapaz de verdadeiramente estar ao lado do povo.

Revela também o seu cinismo e hipocrisia. Como é fartamente conhecido e divulgado, seus organismos e templos são territórios onde se dissemina a pedofilia e outras práticas sexuais, inclusive o aborto. Basta uma pesquisa na internet que qualquer cidadão encontra relatos sobre elas. Vou citar uma, que está numa edição da revista Veja (sim, Veja) de março de 2001: A matéria é intitulada “Estupro na Igreja” e diz: “uma série de cinco documentos divulgados na semana passada pelo National Catholic Repórter [de Kansas City, nos Estados Unidos] (...) lançou luz sobre um drama ignorado pela imensa maioria do 1 bilhão de católicos no mundo: os abusos sexuais de padres contra freiras, que incluem estupros e abortos forçados”. Entendeu, leitor? Dou até o link, aqui.

O texto distribuído no último fim de semana no Brasil mostra a face verdadeira da igreja católica na defesa do obscurantismo e dos poderosos do mundo – como fez tantas vezes (ao apoiar a sangrenta ditadura franquista na Espanha, assim como os regimes militares no Brasil e no Chile, entre outros).

Em tempo: o texto disseminado durante as celebrações pela padroeira do Brasil é assinado pelos membros da Regional Sul 1 da CNBB, comandada pelo bispo de Santo André (SP) dom Nelson Westrupp.

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PS: [atualizado às 20h06] - Católicos e evangélicos assinam e divulgam manifesto de apoio e voto em Dilma Rousseff:.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Da série "Recordar é viver": Ciro Gomes fala de José Serra

Esse vídeo já foi publicado em outros blogs, mas quem não viu, trata-se de entrevista do deputado Ciro Gomes em setembro de 2009, onde fala de Fernando Henrique Cardoso e José Serra.

Algumas frases:

“Passamos a maior crise da história do capitalismo moderno e o Brasil não quebrou.”

“Uma das primeiras providências que o Serra tomou quando tomou posse na prefeitura [de São Paulo] foi privatizar a conta da prefeitura. Tirou de um banco do Estado e botou num banco privado.”

“Essa gente dilapidou o patrimônio brasileiro.”

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

No debate da Band, Dilma finalmente politizou a campanha – e ganhou por nocaute técnico

Só vou ler outras opiniões de blogs, sites ou jornais depois de dizer o que achei do debate de Band, o primeiro do segundo turno, entre Dilma Rousseff e José Serra. Se estivéssemos falando de boxe, eu diria que Dilma ganhou por nocaute técnico. Como estamos falando de política, gostei muito porque pela primeira vez o PT politizou o debate, e Dilma lembrou o velho Leonel Brizola.

Exemplo inicial: para abrir o debate, tendo que discorrer (como propôs a Band) sobre um ponto chave de suas propostas, os candidatos puderam dar, cada um, seu próprio tom. Serra começou falando da educação, dizendo ser a coisa mais importante. Dilma iniciou prometendo a continuidade do projeto em vigor, de distribuição de renda e erradicação da pobreza. E, como pedia sua militância há semanas, politizou o discurso: educação de qualidade é valorizar o professor, não tratá-lo a cassetetes.

Dilma continuou no ataque (e Serra ficou na defensiva quase todo o debate). Disse Dilma: “sua campanha me ataca, calunia e difama”. Deu uma informação sobre o modus operandi fascista: Índio da Costa, o vice de Serra, organiza grupos para fazer o jogo sujo. E questiona o tucano sobre essa forma de fazer campanha utilizando o “submundo”.

A tentativa de Serra de, insolitamente, acusar Dilma de ter duas caras, aproveitando a capa da revista Veja que está nas bancas, se virou contra ele. Dilma retrucou: você tem mil caras.

Finalmente, Dilma politizou também a questão do aborto. Perguntou a Serra: você vai prender as 3,5 milhões de mulheres que fazem aborto no Brasil de forma precária? Por falar em Veja (essa pústula da imprensa brasileira), foi sintomática a insistência de José Serra em se reportar à imprensa como sua testemunha. Várias vezes usou esse argumento. Ora, como diria Mino Carta, até o mundo mineral sabe que Folha, Estadão, Veja etc são os principais cabos eleitorais de José Serra.

Muito pertinente a insistência de Dilma sobre a questão da tolerância, dizendo que a campanha de Serra dissemina o ódio, um ódio incompatível com o espírito do Brasil, espírito contrário às discriminações étnicas ou religiosas. Não precisou nem dizer explicitamente que Serra é fascista.

Politizar foi também insistir na questão das privatizações, na questão da Petrobras que os tucanos de FHC queriam vender transformada em Petrobrax.

Pesquisa Datafolha

Tudo isso para não dizer que a primeira pesquisa Datafolha do segundo turno, divulgada sábado, mostra exatamente o mesmo quadro que mostrava a primeira do segundo turno de 2006, Lula x Alckmin: 54% a 46% dos votos válidos para Lula. É praticamente impossível que Dilma Rousseff não seja presidente eleita no próximo dia 31 de outubro de 2010.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

No segundo turno, acusações sem rosto serão desmascaradas e Dilma será eleita

As lideranças em torno de Dilma Rousseff (PT) retomaram a campanha do segundo turno com algumas iniciativas importantes. A primeira, dia 5, foi o anúncio, feito pela própria candidata, da entrada do deputado federal Ciro Gomes (PSB) na coordenação.

Liderança importante, principalmente no Nordeste do país, mas não só, Ciro ajudará a corrigir um dos maiores problemas da campanha no primeiro turno, inexplicavelmente despolitizada e, como conseqüência, refém do marketing mais do que deveria e vulnerável aos ataques do adversário reconhecidamente inescrupuloso.

Internet contra boataria e mentiras



A segunda iniciativa fundamental, embora tardia, é o lançamento da página na internet http://www.dilma13.com.br/verdades, voltada exclusivamente a combater e desmentir boatos, baixarias e a sujeira que a campanha tucana adotou, abraçada ao ideário fascista com uma naturalidade repugnante. Uma das mentiras mais disseminadas, antes da mais sórdida de todas (sobre o aborto), é aquela segundo a qual a candidata petista não pode entrar nos Estados Unidos. A foto acima mostra encontro, no ano passado, de Dilma com o presidente Barack Obama, na Casa Branca, ambos observados pelo presidente Lula. Este ano, ela foi a Nova York para um evento promovido pela Câmara do Comércio Brasil-EUA. Ou seja, Dilma vai aos Estados Unidos quando quer.

Em Osasco, o prefeito Emidio de Souza (PT), que coordenou a campanha de Aloizio Mercadante ao governo, deu coletiva na quarta-feira. Ele criticou o que chama de "acusação sem rosto" e prometeu: “O segundo turno será para esclarecer as coisas”, avisou o osasquense, afirmando ainda que “o tema mais importante [a partir de agora] não é a campanha subterrânea que está sendo feita pela internet [pelos tucanos], mas sim a comparação entre os governos de Lula e FHC”. Ok, mas a passividade diante dos ataques da “campanha subterrânea” não pode continuar.

O
s apoios dos governadores eleitos no primeiro turno, como os petistas Jaques Wagner na Bahia e Tarso Genro no RS, Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro, no Ceará, além de Sérgio Cabral (PMDB) no Rio, entre outros, tendem também a configurar movimentos politizadores.

A campanha na TV tem que ser menos marketeira e mais política. Vamos ver. É o que esperamos.

Leia também:

Soninha Francine, coordenadora da campanha de José Serra, disse à revista TPM que já fez aborto. Leia clicando aqui.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Brasileirão 2010: faltando dez rodadas, não se pode prever o campeão

Na 28ª rodada do Campeonato Brasileiro (que se completa nesta quinta-feira), os destaques na minha opinião foram três alvinegros.

O Santos, que, repleto de reservas e jovens da base, destruiu o Fluminense no Engenhão*, fazendo 3 a 0 com show de Zé Eduardo (autor dos três gols, dos quais dois golaços) e Arouca; o Atlético-MG de Dorival Júnior, que, de virada, derrotou o Corinthians por 2 a 1 em Sete Lagoas, numa partida em que o Galo demonstrou ser tecnicamente muito fraco, mas com uma garra que poucas vezes se vê e o apoio impressionante da fanática torcida (com essa pegada, o time não cai); e, como destaque negativo, o próprio Corinthians, que somou apenas dois dos últimos 12 pontos que disputou e cai de produção justamente na reta final do campeonato.

Veja os gols de Fluminense 0 x 3 Santos




Flu, Corinthians ou Cruzeiro?


A situação não está nada boa para os lados do Parque São Jorge. O time, que já não conta mais com Ronaldo, durante a semana perdeu Jorge Henrique (que, com ruptura do músculo, só volta em 2011) e Dentinho, que voltou ao departamento médico após poucos minutos de jogo contra o Galo. Desde a vitória contra o Santos por 3 a 2, o Timão perdeu para Inter (3 a 2) e Atlético-MG (2 a 1) e empatou em casa com Botafogo (1 a 1) e Ceará (2 a 2). Fora tudo isso, a equipe sofre com um desgaste físico visível (o caso mais óbvio é o de Roberto Carlos). E Elias defende a seleção brasileira.

O Fluminense parece que não quer mesmo ser campeão. Mesmo com todos os tropeços corintianos, o Tricolor carioca não decola. Se tivesse vencido o Santos – que, com todos os desfalques e muito diferente do primeiro semestre, demonstrou ser um time superior – teria colocado seis pontos à frente do Timão, que tem um jogo a menos.

**E o Cruzeiro vem logo atrás. Na noite de hoje, tem um difícil duelo contra o Goiás no Serra Dourada. Com um ponto a menos que o Corinthians e quatro atrás do Flu, o Cruzeiro ultrapassa o Timão se vencer esse jogo, e entrará nas últimas dez rodadas em ascensão, ao contrário dos desgastados Corinthians e Fluminense. No domingo, a Raposa recebe justamente o Fluminense, em Uberlândia.

Ainda hoje, tem Palmeiras x Avaí no Pacaembu. Se vencer, o Verdão vai a 42 pontos e continua sonhando com uma vaga na Libertadores, embora o time possa consegui-la pela Sul-Americana.

Reta final

Já os santistas, depois da vitória categórica contra o time de Muricy Ramalho, ainda têm motivos para sonhar. O Peixe, com 42 pontos, teoricamente pode chegar a 45 se vencer o jogo a menos que tem a fazer, na quarta que vem, 13, na Vila, contra o Internacional, mesma data de Vasco x Corinthians no Rio. Mas, antes, Neymar e cia pegam, também em casa, o bom Atlético-PR, também na Baixada, no sábado. O Furacão acaba de perder o técnico Paulo César Carpegiani para o São Paulo.

Na semana que vem, portanto, ninguém terá jogo a menos e aí veremos quem vai ter o fôlego de campeão. Lembrem-se, no ano passado, faltando dez rodadas para acabar o campeonato, o líder era o Palmeiras, com 54 pontos, 12 a mais que o Flamengo, então em sexto lugar. O Rubro-negro foi o campeão, como se sabe.

Veja a comparação entre as classificações de 2009 e 2010 faltando dez rodadas (**após Goiás 0 x 1 Cruzeiro e Palmeiras 4 x 1 Avaí):




















*Ao falar do jogo Flu 0 x 3 Santos, escrevi que havia sido no Maracanã. Errei. Foi no Engenhão. Atualizado às 14h38.

** (atualizado à 00h 55): O Cruzeiro venceu o Goiás no Serra Dourada na noite desta quinta, 7, por 1 a 0, e assumiu a vice-liderança do Brasileiro.
** O Palmeiras, mesmo goleando o Avaí no Pacaembu, por 4 a 1, continuou em 9° lugar, atrás de Santos e Grêmio, com os mesmos 42 pontos, pelos critérios de desempate.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

“Ida para o segundo turno mostra que não se pode subir no salto alto”, diz João Paulo Cunha

Em coletiva concedida na cidade de Osasco na manhã desta quarta-feira, o deputado federal reeleito pelo PT João Paulo Cunha (foto: Eduardo Metroviche) mencionou o "salto alto" entre os fatores que impediram a vitória de Dilma Rousseff no primeiro turno. “A ida para o segundo turno foi um susto positivo, para mostrar que não se pode subir no salto alto, [foi uma] uma lição de humildade. No segundo turno será outra campanha.”

O deputado – o petista mais votado na eleição em São Paulo, com 255 mil votos – demonstrou otimismo ao falar de Marina Silva, “uma companheira que ficou no PT por 30 anos”, completando: “Estou seguro que ela não fará uma opção contra o presidente Lula e Dilma”.

Mas, para João Paulo, além do salto alto, o segundo turno decorreu de outros fatores: “calúnias por rádio, jornal e internet, o episódio da Casa Civil”. Dilma deveria ter sido mais agressiva na campanha? “Deveria, mas não foi isso o que determinou o resultado”, avaliou.

Perguntado sobre a revista Veja, o parlamentar contou que um amigo encontrou uma função para a publicação da editora Abril: “usa para forrar a gaiola do passarinho, ela tem a altura certa para a função”.

Da série relembrar é viver: Serra ataca Marina

No debate da TV Globo da semana passada, o tucano José Serra foi questionado por Marina Silva sobre a falta de políticas sociais nos governos tucanos de São Paulo. Marina disse na ocasião que Serra faz “discursos de conveniência”. O ex-governador, que tentava no debate mostrar uma face amistosa e simpática, deixou-se trair pela personalidade truculenta e atacou:

“Você e a Dilma têm muito mais coisas parecidas do que quaisquer outros candidatos aqui. Você estava no PT até há pouco. Você estava no governo do mensalão, não saiu do governo, continuou lá, como ela [Dilma]...”

Curioso que agora José Serra quer os votos de Marina.

Veja a passagem do debate em que o tucano ataca Marina Silva

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Abel pode estar chegando à Vila Belmiro. Ele é o cara?

Segundo matéria do jornal O Estado de S. Paulo, “a convicção da diretoria do Santos e do técnico Abel Braga de que tudo vai caminhar bem nas próximas semanas para que ele assuma a equipe é tão grande” que o treinador “já dá até palpites na formação do grupo para 2011”.

Abel está no Al Jazira, dos Emirados Árabes. Seu contrato vai até maio e a multa é de US$ 2 milhões, mas cai pela metade em dezembro. Abelão declarou na semana passada que, em dezembro, talvez resolva na conversa e consiga sair sem multa. Disse ainda: “Já treinei os quatro grandes do Rio, Inter, Atlético-MG, Atlético-PR e ainda quero trabalhar em São Paulo”, ao Jornal da Tarde. Como o time do Morumbi acaba de contratar Paulo César Carpegiani, seu destino pode se confirmar mesmo como sendo a Vila Belmiro.

Das opções cogitadas, entre as quais também Paulo Autuori, me parece que Abel é o melhor nome.

As grandes conquistas de Abel Braga foram a Libertadores da América e o Mundial de Clubes em 2006, pelo Internacional. Até então, o treinador não tinha um cartel de títulos muito rico, tendo conquistado dois estaduais no Paraná (com Atlético Paranaense em 1998 e Coritiba, em 1999), e dois no Rio de Janeiro (Flamengo em 2004 e Fluminense, em 2005).

Em 2004, ele era o técnico do Flamengo quando o Rubro-negro perdeu a final da Copa do Brasil para o Santo André, no Maracanã, por 2 a 0, naquela que “foi a maior decepção na minha carreira”, segundo declarou na época.

Abel é também conhecido pelo temperamento forte.

PS (atualizado às 17h25): À ESPN Brasil, o treinador desmentiu os contatos com o Peixe. "Não conversei com o Santos. Tenho emprego aqui, um contrato em vigor".

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Brasileiros adiam decisão. E o estado de São Paulo volta a afirmar: sou ignorante e reacionário

Dilma Rousseff não ganhou no primeiro turno. A notícia não é tão ruim, pois é quase impossível que perca a eleição no segundo round daqui a quatro semanas.

Quando vi o presidente Lula admitir hoje de manhã que poderia haver segundo turno, achei que haveria mesmo [esse texto foi postado na madrugada de segunda-feira, para mim ainda domingo...*] . Arredondando, Dilma ficou com 47%, Serra com 33% e Marina com 19%.

Em 2006, Lula também não levou no primeiro turno: teve 48,61% dos votos válidos, contra 41,63% de Geraldo Alckmin. A situação dos tucanos em 2006 era melhor do que hoje. Mas, em 2010, há o fator Marina Silva. A esquerda dissidente há 4 anos era Heloísa Helena, que teve apenas 6,85% dos votos (6,6 milhões). Na eleição de hoje, Marina Silva (uma estranha dissidente da esquerda, abraçada pela direita e pela mídia) recebeu 19% (19,6 milhões de votos). Uma votação surpreendente. Mas seus eleitores esperam mais do que um apoio acrítico a Serra. Vai ser interessante saber o que a suposta discípula de Chico Mendes tem a declarar, e para onde vão seus quase 20 milhões de votos – o lado de cá ou o lado de lá?

A campanha de Dilma Rousseff errou feio, ao entrar na onda da despolitização. Preferiu jogar pelo 0 a 0. Marina Silva aproveitou esse vacilo e levou a eleição ao segundo turno. Conseguiu roubar muitos votos que Dilma não conquistou pela falta de um mínimo de agressividade. E que Serra não conquistaria porque não tem de fato um discurso decente, nem proposta clara para o país.

Sobre São Paulo: é triste ser paulista. Que povo reacionário, e ignorante. Mais uma vez Alckmin. Tiririca, com mais de 1,3 milhão de votos, o deputado federal mais votado! E quase que nem Marta Suplicy se elege para o Senado. Foi por pouco. Muitos dos que votaram em Marta anularam o segundo voto para senador, por discordarem do segundo candidato da chapa, Netinho de Paula, que, como político, é um ótimo enganador. E o voto nulo acabou sendo decisivo. Não fosse ele, o estado teria colocado, no Senado, Aloysio Nunes Ferreira e o tal Netinho de Paula.

Os bons ventos vêm do Rio Grande do Sul e da Bahia, dois grandes colégios eleitorais, que elegeram Tarso Genro e Jaques Wagner.

E vamos então ao segundo turno, pelo Palácio do Planalto.

Leia também: 

Do Jornal JÁ, de Porto Alegre: Vitória de Tarso abre nova era na política gaúcha

*atualizado às 21h45

domingo, 3 de outubro de 2010

Institutos de pesquisa não se arriscam e preferem deixar a palavra final ao eleitor

Sobre as pesquisas divulgadas na véspera das eleições de 2010 para a presidência da República e o governo de São Paulo, penso que todas fizeram pequenos ajustes e ninguém quis se arriscar (*exceto Datafolha, sobretudo para SP, pelo que vai abaixo). Se fosse apostar, eu cravaria que Dilma leva no primeiro turno por margem apertada (sofridos 50,9%, digamos) e Mercadante e Alckmin vão para o segundo.

- Nos levantamentos sobre a presidência da República, chama a atenção que todos os institutos parecem (mais ou menos) mostrar um leve crescimento de Marina Silva (PV), assim como pequena queda de Dilma Rousseff (PT) e a estagnação de José Serra (PSDB), este com apenas eventuais oscilações. Impossível aferir o que é real, pois tudo o que mudou em relação às pesquisas anteriores está muito perto da margem de erro, senão dentro dela.

- Nas pesquisas sobre o estado de SP, a discrepância entre os números do Ibope e do Datafolha (*) é incompatível com a lógica. O Datafolha mostra 28% para Mercadante contra 55% de Alckmin. O Ibope, 51% a 33% para o tucano. Os 28% que o Datafolha dá a Mercadante estão quatro pontos percentuais abaixo dos 32% que o PT historicamente deveria ter. Os 33% que o Ibope dá ao petista é muito mais próximo da realidade. Vamos ver o que as urnas dizem.

Veja os números (votos válidos):

Presidência da República


Ibope

Dilma Rousseff (PT): 51%
José Serra (PSDB): 31%
Marina Silva (PV): 17%
Outros candidatos: 1%
*Margem de erro: 2 pontos percentuais para + ou -- 3.010 entrevistas entre sexta-feira (1º/10) e sábado (2/10). Registro no TSE n° 33.252/2010. ParaTV Globo e "O Estado de S. Paulo"

Datafolha

Dilma Rousseff (PT): 50%
José Serra (PSDB): 31%
Marina Silva (PV): 17%
Plínio de Arruda Sampaio (PSOL): 1%
*Margem de erro: dois pontos percentuais para + ou -- 20.960 entrevistas entre sexta-feira (1º/10) e sábado (2/10). Registro no TSE n° 33.480/2010. Para TV Globo e pelo "Folha de S.Paulo"

Vox Populi/Band/iG (tracking diário)

Dilma Rousseff (PT): 53%
José Serra (PSDB): 30%
Marina Silva (PV): 16%
*Margem de erro: 2,2 pontos percentuais para + ou -
2.000 entrevistas (um quarto renovado diariamente). Registro no TSE n° 27.428/10



Governo de São Paulo


Ibope

Geraldo Alckmin (PSDB): 51%
Aloizio Mercadante (PT) : 33%
Celso Russomanno (PP) : 8%
Paulo Skaf (PSB): 6%
Fabio Feldman (PV): 2%
*Margem de erro: dois pontos percentuais para + ou -
2.002 entrevistas de quinta-feira (30/9) a sábado (2/10). Registros n°s 89835/2010 (TRE) e 33245/2010 (TSE).


Datafolha

Geraldo Alckmin (PSDB): 55%
Aloizio Mercadante (PT): 28%
Celso Russomano (PP): 9%
Paulo Skaf (PSB): 5%
*Margem de erro: dois pontos percentuais para + ou -3.248 entrevistas em 66 municípios dias 1° e 2 de outubro. Registros n°s 90.363/2010 no TRE e 33.578/2010 no TSE.

Atualizado às 13h57

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Debate da Globo encerra campanha sem nada mudar. Dilma será nossa presidente

O debate da TV Globo encerrando a campanha presidencial de 2010 não mudou nada. Se nada acontecer de anormal, a eleição está decidida. Nenhuma pergunta de José Serra a Dilma Rousseff, nem vice-versa. Dilma começou muito bem, falando do tema trabalho, grande conquista do governo Lula.

Atacar a tudo e a todos (com o chavão "todos são iguais"), como faz Plínio de Arruda Sampaio, igual aos adolescentes de seu PSOL, é um discurso subliminarmente de direita. Os membros do PSOL são ressentidos. Eles atacam mais o PT do que o PSDB, dizendo-se de “esquerda”.

Plínio, como bobo da corte, começou o debate atacando o PT, como sempre. Como eu não canso de dizer, o PSOL é de direita.

A certa altura, o repórter Leandro, na redação do jornal, comenta sobre Marina Silva: “Essa mulher tem uma habilidade tremenda para dizer, dizer e não dizer nada”.

O segundo bloco começou com Dilma escolhendo Marina, para falar sobre infra-estrutura. Marina, com seu blábláblá, discorreu sobre um plano “aonde” (sic) prevaleça a sustentabilidade, a melhoria de qualidade de vida, priorizando-se a ferrovia. Com isso concordo. Dilma propõe integração entre rodovia, ferrovia e hidrovias.

No terceiro bloco, Marina Silva e Serra fazem tabelinha, embora Marina tenha elogiado o programa “Minha Casa Minha Vida”, “um bom programa”, segundo ela, “mas insuficiente”.

De repente, Marina ataca Serra: “não se fazem as coisas em passe de mágica e não vi você resolver os problemas de habitação em seu governo”, disparou contra o tucano. Ela citou o Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo, como exemplo de descaso com a população.

Marina pergunta a Dilma sobre segurança: Dilma cita as UPP’s, no Rio de Janeiro, como exemplo de combate à violência junto com ação social. Marina elogia de novo mais um programa do governo de que participou. A essa altura, se Marina tirava votos de alguém, sem dúvida eram de Serra.

Plínio diz que resolve “facilmente” a falta de saneamento. Como? Não pagando a dívida externa. Risível. Está no século passado. E, para variar, ataca Dilma de novo. Ressentido.

No quarto bloco, perguntada pelo sempre disposto a atacá-la Plínio Sampaio sobre por que, entre outras coisas, não defende a redução da jornada de trabalho para 40h, Dilma escorregou, deu uma resposta burocrática sobre a manutenção da legalidade e acabou não respondendo.

Depois, cutucada, a petista alfinetou Marina: não adianta teoria, tem que fazer. “Quando a gente é governo, a gente não acha, a gente tem que fazer. O Brasil foi o último a entrar na crise e o primeiro a sair”, disse Dilma, referindo-se à crise financeira internacional que começou no fim de 2008 e atravessou boa parte de 2009. Mandou bem, aí.

Sobre o Bolsa Família, diz Serra: “Vou fortalecer, amplificá-lo e planejá-lo melhor”. Pura falácia. “Até esse programa o Alckmin começou em 2001 em SP”, completa. Área social é muito mais que isso, disse. Falácia.

Para surpresa de muitos (minha também) Marina ataca Serra, que diz que ela é igual a Dilma, foram do mesmo governo “do mensalão”. Marina conseguiu o que Dilma não tentou, por jogar na defesa. A verde provocou Serra, ele perdeu a calma e mostrou por um momento sua face truculenta. Ponto para Marina.

Considerações finais
Marina encerrou tentando tirar mais alguns votinhos do tucano: “Que fiquem as duas mulheres para o segundo turno, para debater em tempo igual”.

Serra: “apresentei as minhas idéias para o Brasil”. Que idéias? É porque o povo não viu idéia nenhuma que Serra chafurda na derrota, que deve vir já no domingo, mas senão, virá com certeza no segundo turno. “Vou ao domingo com verde e amarelo no peito”, disse o patriota para seus apoiadores no Clube Militar.

Mães de família usando o Bolsa Família para vestir seus filhos, o pequeno agricultor, o trabalhador, falou Dilma para o povo que não quer saber de falácias, e sim de emprego, feijão com arroz na mesa e dignidade. “Estou preparada para ser a primeira presidente.” O Brasil só será desenvolvido quando erradicar a pobreza, terminou a petista.

E Plínio: “estou falando do futuro”. Creio que não, Plínio, creio que não. Foi Lula quem falou de futuro durante oito anos.

Quem está com a palavra, agora, é a futura presidente do Brasil, Dilma Rousseff, do PT.

Veja entrevista coletiva de Dilma após o debate