terça-feira, 9 de agosto de 2011

Protestos continuam: 100 mil chilenos vão
às ruas de Santiago nesta terça

Segundo a agência Ansa, aproximadamente 100 mil chilenos foram às ruas de Santiago entre a manhã e a tarde desta terça-feira, 9, em mais uma marcha em protesto pela política educacional e por uma educação pública e de qualidade. Ainda segundo a agência, foram “registrados alguns focos de enfrentamentos entre grupos de manifestantes encapuzados e policiais”.

A população apoiou os estudantes lançando papéis picados e balões, além de bater panelas à porta de casa. Entidades importantes como Confederação dos Trabalhadores do Cobre (CTC), a Agrupação Nacional de Empregados Fiscais (Anef), a Central Unitária de Trabalhadores (CUT), a Confederação Nacional de Funcionários da Saúde Municipalizada (Confusam) e o Sindicato Interempresas da Construção (Sintec) participaram do ato.

Contra interesses privados/ Reprodução
Já o jornal conservador La Nación chama a atenção para a prisão de dois militantes que estariam de posse de coquetéis molotov. Há relatos de ações, embora isoladas, de vandalismo.



Direita no poder

O presidente chileno Sebastián Piñera, do partido Renovación Nacional, tomou posse em março de 2010. Ele é o primeiro direitista a conquistar o poder democraticamente após a ditadura Pinochet e também desde a vitória de Jorge Alessandri em 1958. Autodefinido como um "humanista cristiano", Piñera tem cada vez menos popularidade: hoje sua aprovação é de 26%.

No final de junho, impressionantes 400 mil pessoas protestaram nas ruas do país por melhorias na educação. Na semana passada, uma manifestação sofreu forte repressão e 800 pessoas foram detidas.

Atualizado às 17:27


PS (às 17:06 de quarta-feira, 10): Os protestos dessa terça-feira terminaram com 396 presos e 78 feridos em todo o país, segundo números do governo chileno


3 comentários:

Felipe Cabañas da Silva disse...

E incontáveis vezes a parte conservadora da mídia tupiniquim pintou o modelo universitário do Chile como um exemplo a ser seguido. Está aí. A universidade chilena se tornou tão excludente que nem a média burguesia consegue mais cursar uma universidade decente, ou consegue, com as famílias fazendo elevados sacrifícios financeiros. E o centro da onda de protestos está na juventude de classe média, que se vê cada vez mais excluída do ensino superior.

Ainda bem que no Brasil a privataria ainda não chegou à universidade pública, embora a iniciativa privada se imiscua cada vez mais nos assuntos relativos à pesquisa, cooptando cientistas com o poder do dinheiro e direcionando inovações para seus interesses. Proliferam-se, por isso, as famigeradas fundações. Enfim, a universidade pública brasileira tem inúmeros desafios para as próximas décadas, mas certamente o modelo chileno não é um exemplo a ser seguido.

Eduardo Maretti disse...


Felipe, o Hospital Universitário, da USP, maior universidade do país, corre sérios riscos de ir sendo (gerúndio inevitável) privatizado em fatias, aos poucos. A política é: sucatear pra vender. Precisamos estar atentos, pois a privataria já pode ter chegado à universidade pública, e de forma perversa, no hospital (!) da universidade. É o modelo tucano de governar, eternamente eleito pelo povo paulista.

Sobre o Chile, a universidade, o modelo universitário e a mídia tupiniquim, a classe média chilena, a onda de protestos... concordo plenamente!

Mayra disse...

Sobre esse tema, assim termina a matéria de hoje do sempre ótimo Página 12:
El próximo 18 de agosto habrá un nuevo paro nacional con marcha, que será la antesala para la paralización convocada por la Central Unitaria de Trabajadores para el 24 y 25 de este mes. En el gobierno, el presidente Sebastián Piñera citó para hoy a un gabinete político para analizar la crisis educacional.

http://www.pagina12.com.ar/diario/ultimas/20-174264-2011-08-11.html

Portanto, parece que a crise na educação está detonando toda uma outra crise social mais ampla.