sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Norma autoriza médico a permitir morte natural


Um avanço. Nova norma do Conselho Federal de Medicina (CFM) autoriza os médicos a suspender tratamentos cujo objetivo é apenas manter artificialmente a vida de pacientes terminais que manifestem essa vontade, desde que conscientes, no gozo de suas faculdades mentais, como se diz.

As regras estabelecem critérios para o uso de tratamentos considerados invasivos ou dolorosos em casos nos quais não há possibilidade de recuperação. Em resumo, como alguns médicos estão falando, passa a ser legal, dentro da ética médica, que o paciente tenha uma morte natural. E portanto mais humana.

Não tem nada a ver com eutanásia, que é diferente. Pela eutanásia, o médico induz o paciente à morte. A nova regra da medicina brasileira, aprovada ontem e publicada hoje, apenas autoriza o profissional a não ministrar, por exemplo, medicamentos ou procedimentos inutilmente dolorosos e ineficazes. Ela é chamada ortotanásia.

     Segundo o dicionário:
     1. morte natural, normal
     2. Derivação: boa morte, sem sofrimento

A resolução tira um enorme peso da consciência do médico. Pois o que acontecia é que muitas vezes ele não tinha mais soluções possíveis para manter uma pessoa viva, mas era obrigado a usar de procedimentos artificiais, que sabia inúteis, para isso.

“É de fato uma evolução. Essa é uma tendência mundial. Ainda bem que o Brasil adotou a norma”, diz a médica Elisa Machado Terra, de Rio Claro (SP).

STF aboliu a presunção de inocência da Constituição


No final do post anterior, me referi à condenação do deputado João Paulo Cunha, do PT, pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, como "nota a lamentar". Para não parecer leviano, explico.

O artigo 5°, inciso LVII, da Constituição brasileira de 1988 "reconheceu a situação jurídica do inocente", como diz um artigo de um trabalho acadêmico que leio na internet, um dos muitos que você pode achar fazendo uma rápida pesquisa.

Diz o Art. 5°., inciso LVII:

- Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.

Nossa Constituição tem como uma de suas cláusulas pétreas (em outras palavras, mandamentos intocáveis, muitos deles baseados na Declaração dos Direitos Humanos das Nações Unidas de 1948) aquela que responsabiliza o acusador pelo ônus da prova, e não o contrário. No julgamento do deputado petista pela Suprema Corte, deram-se votos que reconhecem algo como uma presunção da prova. Presume-se que os indícios equivalem a provas. A mídia exige a condenação e uma corte de presumíveis seres impolutos profere o julgamento.

A Suprema Corte que condenou João Paulo Cunha é a mesma (com ministros diferentes, é claro, mas a mesma) Corte Suprema que absolveu Collor, que a seu benefício respeitou a presunção de inocência. O mesmo tribunal que, por um despacho do ministro Gilmar Mendes, uma decisão monocrática, por duas vezes alforriou Daniel Dantas.

O jornalista Paulo Moreira Leite, que, como se sabe, não é nenhum defensor da revolução socialista, escreveu na revista Época (da Globo) há uma semana, quando o julgamento contabilizava dois votos, o de Joaquim Barbosa e do próprio Lewandowski, O divergente:

"Lewandowski foi ouvir o outro lado, foi perguntar aquilo que ninguém sabia e não queria saber.

Não inocentou ninguém por princípio. Tanto que na véspera ele deu um voto igual ao do relator.

Mas ele deixou claro que enxerga a denúncia de uma forma mais sofisticada, diferenciada, numa visão que se encaminha para negar que todos estivessem envolvidos na mesma atividade, fazendo as mesmas coisas, porque todos fariam parte de uma 'organização criminosa', sob comando de um 'núcleo político', e outros 'núcleos' estruturados e organizados. É claro que Lewandovski enxerga o crime, o roubo, a bandalheira. Mas sabe que há casos em que é legítimo falar em corrupção. Em outros, há crime eleitoral."

É interessante a observação de Paulo Moreira Leite.

Em 2005, no estouro do "mensalão", João Paulo Cunha falou em entrevista ao jornal Visão Oeste, de Osasco, concedida a mim e ao Renato Rovai, que não fez nada diferente do que sempre fizeram as campanhas de todos os partidos em campanhas anteriores. Ele defendeu o financiamento público de campanhas e não negou o caixa 2 naquela conjuntura, na referida entrevista, pelo contrário: "Eu fiz o que todos fazem, do PSDB, do PMDB, do PT, usei dinheiro do caixa do partido para pagar a campanha, para pagar uma pesquisa. Moro na mesma casa, sou casado com a mesma mulher, não mandei dinheiro para os paraísos fiscais, não pus nada no bolso".

Não sei, mas tenho a impressão de que a condenação de João Paulo Cunha é um precedente muito perigoso.

E, é bom lembrar, Marcos Valério tem um histórico com o PSDB anterior ao de suas relações com o PT.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pesquisas apontam tendência de Haddad e Russomanno se enfrentarem no 2° turno


Em coletiva concedida no centro de São Paulo, Haddad respondeu ataques de Serra

Muito parecidas, as pesquisas Datafolha e Vox Populi divulgadas hoje confirmam uma possibilidade de que falei aqui 12 dias atrás, a do tucano José Serra nem passar para o segundo turno.

 Elza Fiúza/ ABr
"Serra subestima capacidade do eleitor de compreender", diz petista

No Datafolha, Russomanno (PRB) se manteve com 31% das intenções de voto e Serra teve queda acentuada de cinco pontos, caindo de 27% para 22%. A boa notícia (melhor ainda) vem da vigorosa ascensão do petista Fernando Haddad, que foi de 8% para 14%. Seguem-se Gabriel Chalita (PMDB), com 7%, Soninha Francine (PPS), com 4%, Paulinho da Força (PDT), com 2%, Ana Luiza (PSTU) e Carlos Gianazzi (PSOL), ambos com 1%. Os demais não pontuaram.

A rejeição de Serra alcança a enorme marca de 43% dos entrevistados que dizem que não votariam de jeito nenhum no candidato.

No Vox Populi, Russomanno também tem 31%, e o tucano, 21%. E Fernando Haddad subiu seis pontos e aparece com 14%, como no Datafolha. Chalita tem 5%, Soninha, 4% e Paulinho da Força (PDT) tem 2% pelo Vox Populi.

Artilharia de baixarias

Resta-nos agora esperar para que lado vai apontar a artilharia de baixarias de Serra (para Haddad, para Russomanno?, para ambos?), que andou chamando a proposta de Bilhete Único mensal da campanha do PT de “bilhete mensaleiro”. Sobre baixo nível, o próprio petista deu uma resposta bastante eloqüente em entrevista coletiva hoje no centro de São Paulo.

Disse ele sobre os ataques ao bilhete mensal: “Não posso dizer que é desinformação, porque os tucanos são os primeiros a se orgulhar de conhecer o exterior. Se eles estão falando isso, não posso considerar que é por ignorância, porque eles vivem se regozijando de conhecer as cidades do mundo, e em qualquer lugar do mundo o bilhete de três horas convive com o bilhete semanal e o mensal”, disse Haddad.

A baixaria contra a proposta “é uma forma de subestimar a capacidade do eleitor de compreender”, afirmou, emendando: “Será que a campanha do Serra não é capaz de compreender uma ideia que funciona em toda grande cidade do mundo?”

Na coletiva, Fernando Haddad disse também que, se eleito, vai criar a Secretaria das Mulheres, que “teria uma atuação junto às demais pastas no sentido de estabelecer politicas próprias para as mulheres de São Paulo”, tais como melhorar o serviço oferecido pelas creches, combater a violência doméstica, entre outras.

A matéria sobre a entrevista coletiva está neste link da Rede Brasil Atual.

A nota a lamentar foi o julgamento que culminou com a condenação de João Paulo Cunha no STF. Cunha foi condenado por uma prática, o uso do caixa 2, que todos os partidos e candidatos fortes sempre fizeram antes dele na história recente da democracia brasileira.

Reflexão sobre o robô Curiosity


Ficção científica ou realidade?

Como diria Sócrates: "Só sei que nada sei".

Ou, como disse Shakespeare: "há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que supõe a nossa vã filosofia".



Estou lendo Criação Imperfeita, de Marcelo Gleiser, livro de um físico que pretende falar para leigos de coisas como a idade do Universo, coisas simples assim. Leio por curiosidade. Há conceitos ali que fogem à minha capacidade de compreensão e de qualquer um que não tenha estudado física a fundo. Às vezes penso até que fogem à capacidade de compreensão do próprio Marcelo Gleiser, e de qualquer ser humano que habite ou tenha habitado a Terra.

O homem comemora a chegada de um pequeno robô a Marte, um mero planetazinho vizinho, e tenta medir a idade do incomensurável, medir propriedades da matéria, de partículas e de corpos que estão a centenas de milhões ou bilhões de anos-luz da Terra? Hum. A ideia do big-bang parece demasiadamente pretensiosa.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Marta entra na campanha de Haddad e prevê duelo com Russomanno no 2° turno


Ricardo Stuckert
Ex-prefeita almoçou com Lula nesta segunda-feira
Ao anunciar que vai a partir de agora se engajar na campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo, depois de almoçar com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-prefeita e senadora Marta Suplicy falou poucos minutos com a imprensa, no Instituto Lula, em São Paulo.

O almoço com Lula aparentemente serviu para aplacar a mágoa da ex-prefeita, preterida na escolha que culminou com a indicação do ex-ministro da Educação. Marta conversou por exatos dois minutos e meio com os repórteres que a aguardavam à porta dos instituto, e afirmou: “Eu sempre disse que quando começasse a campanha de fato e eu percebesse que faria a diferença, eu entraria. E é isso que vou fazer. Foi uma conversa muito boa. Fazia tempo que eu não conversava tão longamente com o presidente. Falamos de muita coisa, muitos assuntos, muito Brasil e muita política”.

Perguntada sobre as intenções de voto de Haddad, “menos de 10%”, disse um repórter, ela demonstrou otimismo: “Vai virar tanto que é capaz de dar Haddad e Russomanno” no segundo turno.

A presença de Marta Suplicy na campanha é considerada fundamental para a conquista de votos em vastas áreas da periferia de São Paulo, onde ela tem grande popularidade, especialmente nas zonas Sul e Leste da cidade.

domingo, 26 de agosto de 2012

Dois clássicos, duas viradas; dois gols de Neymar, dois de Luis Fabiano


Palmeiras 1 x 2 Santos, Corinthians 1 x 2 São Paulo, ambos no Pacaembu.

E acaba o primeiro turno do Campeonato Brasileiro, com nenhum paulista no G-4 e o surpreendente Atlético-MG de Cuca na liderança. Próximo da zona da Libertadores entre os paulistas só o São Paulo com 31 pontos, em quinto lugar, quatro a menos que o Vasco, em quarto.

Não vi nem acompanhei a vitória do Peixe sobre o Palestra, no sábado. Nem dava. Aniversário do irmão palmeirense Paulo, na casa dele, em São Bernardo. Só deu pra comemorar a vitória, meio discretamente. Pelos melhores momentos, a impressão de um jogo bom. O gol alviverde surgiu aos 41 do primeiro tempo, mas numa cobrança de falta perfeita Neymar igualou o placar minutos depois. No segundo tempo, aos 17, novamente o craque balançou a rede, num chute de fora da área, colocado, que o goleiro Bruno aceitou.

Destaque ainda para a incrível chance desperdiçada por Barcos, aos 43 do segundo tempo, em grande defesa do goleiro Rafael na cabeçada a queima-roupa.



E no domingo, o São Paulo quebrou uma escrita: Desde 2005 o time do Morumbi não batia o rival no Pacaembu, período em que o Alvinegro ganhou seis partidas. E hoje o tabu teria sido mantido se o rolo compressor corintiano dos primeiro 15 minutos, quando imprensou o adversário em seu campo e teve várias chances, tivesse rendido mais do que o único gol marcado pelo time logo aos 5 minutos (notem a pressão corintiana no lance que originou o tento do time).



Mas o São Paulo conseguiu equilibrar o jogo e Luis Fabiano, aos 23 minutos do primeiro tempo e 16 do segundo, deu números finais ao marcador da partida, que acabou sendo justa.

Na tabela, situação preocupante do Palmeiras, que encerra o primeiro turno da competição na zona de rebaixamento (17°, 16 pontos). A Portuguesa está bem acima do Verdão, com 22 pontos, em 14° lugar.

O Santos, em 10°, tem 26, nove a menos do que o quarto colocado Vasco da Gama. Diferença que pode ser tirada em 19 rodadas. Infelizmente, a seleção-balcão-de-negócios-brasileira vai continuar desfalcando o Peixe de Neymar com amistosos inexpressivos e ridículos. Uma lástima, um absurdo, mas já reclamei tanto disso que cansei.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Pensamento para sexta-feira [número 35] - Escorpião


POESIA




A lenda onírica do escorpião

Aquilo que é natural:
uma explosão espalhando um coração:
galáxia fictícia
que gerou um sistema solar inteiro
de planetas desabitados.
E, fechados em um círculo de fogo,
um escorpião e um homem
travando a batalha egoísta
por um universo que pertencia às estrelas,
por um chão que aos olhos cabia fecundar
– Talvez em sonhos.
A mensagem de um milhão de mitos
transformou o chão do homem em uma poça
envenenada pela cauda do animal acuado na noite.
E de manhã já não havia mais nada.
Apenas a criação da criatura,
que em minutos levou o veneno aos céus.
Orion está morto.

(Edu Maretti/1983)

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Romário ataca Mano Menezes: "Você é imbecil, idiota e não tem capacidade de dirigir a Seleção"


Elza Fiuza/ABr
Batalha campal entre o ex-jogador e agora deputado federal Romário e o treinador da seleção brasileira, Mano Menezes. Depois da perda da medalha de ouro nos Jogos Olímpicos, Romário dissera na Record esperar “que ele nunca mais vista camisa da seleção porque ele é fraco e a culpa foi dele pela derrota" (aqui). Depois, Mano rebateu, dizendo em entrevista ao jornal Marca Brasil : “Entendo o que ele quer. O Romário é um aproveitador que precisa de espaço na mídia. E agora o espaço é dado para quem bate no técnico da Seleção”.

E na noite de ontem o Baixinho contra-atacou com artilharia pesada em seu site. “Mano Menezes disse que sou um aproveitador e que preciso de espaço na mídia. Dá pena dele. Mais uma característica negativa que ele tem. Ele deve estar falando de outro Romário”, disparou.

E foi além. Dirigindo-se ao próprio treinador, o deputado federal pelo PSB continuou:

Treinador da Seleção, tem que ser capaz, corajoso, destemido, sério e honesto dentro das suas convocações e esquemas de jogo. Você não chega nem perto dessas qualidades. Você convocou mal, por interesses dúbios, levando Hulk em cima da hora e deixando David Luiz. Escalou mal os 18 jogadores que você tinha na mão. Lucas é disparado o melhor da seleção, depois do Neymar. Você é imbecil, idiota e não tem capacidade de dirigir a Seleção.”

No twitter, mais artilharia (clique na imagem para ampliar)

E ainda:

Você é tão atrasado taticamente que não conseguiu chegar a final de uma Copa América. Você não tem palavra. Me lembro que lá atrás você falou o seguinte: Eu vou resgatar o futebol brilhante que o Brasil teve. Não fez porque não tem capacidade, inteligência, segurança, hombridade para fazer isso. Você é medroso, você é pior treinador de todos os tempos da Seleção.”

Aguardemos os próximo capítulos.

A íntegra da carta de Romário a Mano Menezes está aqui.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Na TV, Haddad começa bem, Serra fala da 'origem humilde na Mooca', Soninha anda de bicicleta...


Começou o horário político na TV.

Pela ordem, Paulinho da Força apareceu listando sua militância pelo trabalhador.

Russomanno, fiel ao estilo que apela para o emocional, mostrou seu vice Flavio D’Urso contando uma historinha do sábio e do passarinho para dizer que “o destino está em nossas mãos”(risos).

Soninha, mais do mesmo, andando de bicicleta e dizendo “eu amo São Paulo”.

A propaganda de Fernando Haddad me pareceu muito boa, considerando que é uma espécie de programa “muito prazer”, que começa por apresentar o candidato ainda pouco conhecido.

Tecnicamente, o programa usou recursos que impressionam, e, ainda bem, não ficou na ladainha de jingle e apresentação asséptica de propostas. Mostrou de cara uma agressividade bem dosada e um dinamismo de imagens convincentes. Ao falar um texto andando enquanto sua imagem percorria vários bairros de São Paulo, o primeiro dia de campanha de Haddad leva o telespectador a introjetar uma imagem dinâmica e de força.

Ao dizer que São Paulo “não quer mais prefeito de meio expediente, nem de meio mandato”, lembra à população, sem citar nomes, a catástrofe que tem sido o governo municipal com Kassab, parceiro de Serra. Ao afirmar que a vida “melhorou dentro de casa, mas piorou da porta para fora de casa”, lembra as pessoas da horrível gestão kassabista e ao mesmo tempo as conquistas trazidas pelos governos Lula e Dilma (resta saber se a população paulistana, majoritariamente individualista e ingrata, reconhece essas conquistas).

Ao mostrar Lula no simbólico Ipiranga, manifestando seu apoio ao candidato petista e fazendo a comparação óbvia com Dilma (“que no começo ninguém conhecia”), o programa naturalmente politiza a campanha (mas não pode ficar só nisso).

Chalita relembrou sua trajetória como professor e mostrou o (para mim) surpreendente apoio da grande escritora Lygia Fagundes Telles. Chalita voltou também a bater na tecla de sua proposta conciliadora de trabalhar por São Paulo com os governos estadual e federal. Citou Alckmin, “com quem tenho uma relação de respeito e amizade”, nas entrelinhas dirigindo-se aos insatisfeitos tucanos, muitos dos quais não suportam e declaradamente não apóiam Serra.

E Serra, como sempre, começa com sua historinha de origem humilde de um paulistano que nasceu na Mooca. Conta sua biografia com um sorriso de professor “dedicado a fazer o bem”, como disse uma das mocinhas contratadas para atuar em sua campanha.

Lembrou sua parceria com Kassab, o prefeito com uma avaliação popular próxima do chão, para mencionar obras, obras e mais obras que fizeram “São Paulo avançar em todos os setores”.

Mostrou também Alckmin, o governador, com quem disse que fará uma parceria para governarem juntos, “para o bem de São Paulo”. Só precisa avisar o Alckmin.

*Atualizado às 23:33

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Datafolha mostra mais nuvens escuras no cenário de José Serra


Antonio Cruz/ABr
Semana passada, após pesquisa do Ibope, postei aqui que “Serra pode nem ir ao segundo turno”. Hoje, após divulgada nova pesquisa Datafolha segundo a qual o tucano caiu três pontos percentuais desde a última pesquisa (de um mês atrás) e está atrás de Russomanno (31% x 27%), até o Josias de Souza já discute essa possibilidade.

Haddad tem 8%, segundo o Datafolha (pesquisa muito parecida à do Ibope), mas como a margem de erro é de três pontos, o petista poderia estar com 11%, como Serra com 24% ou 30% (esta última hipótese é muito improvável, devido ao quadro geral e evolução dos números). Margem de erro é sempre uma desculpa justificável para distorções quase injustificáveis em pesquisas eleitorais, e duvido que algum eventual erro favoreça Haddad.

Além disso, o enorme crescimento da rejeição a Serra na pesquisa Datafolha (subiu de 32% para 38%) indica que o cenário está ficando sinistro para o candidato que muitos identificam com o personagem do livro de Bram Stoker.

É óbvio que a tendência de crescimento de Haddad vai se confirmar com a propaganda na TV, que começou hoje para vereadores, mas não tive tempo de assistir.

É preciso ver que estratégia Russomanno vai adotar: diante do cenário, vai se manter impávido tentando passar uma imagem superior diante dos que estão atrás, até porque sua rejeição é de apenas 12%? Vai atacar Serra, tentando derrubar o tucano mais ainda? Ou vai atacar Haddad?, sabendo que (penso eu) o embate com o petista deve ser mais difícil do que com Serra no segundo turno, não só pela grande rejeição do homem que rachou o PSDB paulista como também pelo apoio de Lula ao ex-ministro da Educação, que tem baixa rejeição (15%).

Além de tudo, o “apoio” de Alckmin a Serra vai ser com aquele mesmo entusiasmo efusivo com que Aécio Neves “apoiou” o próprio Serra em 2010. E a estreita ligação com Kassab deve escurecer ainda mais as nuvens que pairam em torno de José Serra.

Embora disfarce, Alckmin apoia Chalita, que tem 6% nas intenções de voto e 11% de rejeição. Na semana passada, militantes do PSDB, como o presidente do diretório zonal do partido no Jabaquara, Milton Kamiya, e seu vice, Rômulo Santos, declararam apoio a Chalita, o que sem dúvida não é por acaso. “Sou tucano, voto Chalita", mostravam as inscrições nas camisetas dos descontentes. "Dizem que o PSDB é um partido de elite, e, hoje, infelizmente, é mesmo”, afirmou Kamiya na ocasião, para justificar o abandono do barco de José Serra.

domingo, 19 de agosto de 2012

Com golaço de zagueiro, Santos bate Timão na Vila





Um jogaço.

Santos 3 x 2 Corinthians, na Vila Belmiro. Jogo digno das tradições do “clássico vovô”, o mais antigo do estado de São Paulo. Com o cumprimento de André, que, à vontade na casa que o revelou, fez dois gols, como quem diz: “olá, como vai?” E o zagueirão Bruno Rodrigo fez o golaço de cabeça, o da vitória, subindo no 25° andar.

O segundo gol de André e do Santos foi irregular. Impedimento triplo. Mas lembro de, às vésperas da semifinal da Libertadores, um corintiano dizer: “vamos ganhar com um gol roubado. Vai Corinthians!”. Então tá tudo certo. Corintiano acha que quando é a favor é um prêmio à raça e ao espírito, e quando é contra é coisa de anticorintianos. “O corintianismo é tedioso” (Luiz Carlos Azenha).

Lembram de Pelé e Coutinho? Neymar e André. Oxalá.

Mas o Corinthians de Tite é muito difícil de bater. Tite montou um dos times brasileiros mais fortes e competitivos dos últimos tempos, goste-se ou não de seu estilo, time que, como já disse antes, não ganhou a Libertadores por acaso. A equipe joga em bloco, o time inteiro joga junto o tempo todo, movimentando-se como um bloco (este é o melhor termo) de fato, lembrando um pouco o Boca Juniors de 2003, embora aquele Boca fosse mais forte, porque tinha craques, e o Corinthians de 2012 não tem. É um time operário.

O goleiro santista Rafael foi o melhor jogador em campo no primeiro tempo. Aos 28, o Corinthians fez 1 a 0 com justiça (pois mandou no jogo nos 20 primeiros minutos), mas em jogada que só um craque poderia fazer, Neymar, espetacular como sempre, na velocidade e na inteligência, dando um drible na defesa inteira,venceu três marcadores e cruzou para o comparsa André mandar às redes e empatar aos 36.

Léo entrega, hermano empata e zagueirão fecha o placar

Divulgação/Santos FC
Zagueiro Bruno Rodrigo comemora gol da vitória

No segundo tempo André fez o 2 a 1 na jogada discutida logo aos 3, mas graças a Léo o Timão empatou aos 36 (ducha de água fria). Léo, aliás, muito merecidamente querido pela torcida santista, não dá mais, aos 37 anos. Parece com raciocínio lento. Entregou incontáveis bolas dominadas de presente, e numa delas o adversário saiu dominando e a jogada culminou no 2 a 2 aos 36, do argentino Martínez.

Mas o empate que parecia certo foi desfeito pela cabeçada fulminante de Bruno Rodrigo em cobrança de escanteio (de quem?) de Neymar, dois minutos depois. O zagueirão vem substituindo muito bem o capitão Edu Dracena e hoje foi um dos melhores em campo, além de ter decidido a partida. O melhor, como sempre, foi Neymar. O argentino Patito Rodríguez entrou muito bem nesse time. Desinibido, ousado, provocou alguns salseiros na zaga corintiana: é um jogador importante como abridor de retrancas como a do time de Tite.

O jogo foi pegado, mordido, muito disputado o tempo todo, mas leal, apesar de algumas escaramuças. A disposição e aplicação santista foi impressionante, digna de nota, principalmente no segundo tempo.

O Peixe está em 11° lugar, com 23 pontos, 11 a menos que o Grêmio, na 4ª colocação.

O próximo adversário é o Palmeiras, a asa negra, no Pacaembu, no sábado às 18h30. O Timão também faz um clássico, no domingo, às 16h, contra o instável São Paulo de Ney Franco.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Lembrando Carlos Drummond de Andrade,
aos 25 anos de sua morte


Hoje faz 25 anos da morte do (para mim) maior poeta brasileiro da nossa história, Carlos Drummond de Andrade, que se foi em 17 de agosto de 1987. Em homenagem a esse gigante da literatura universal, segue um lindo poema dele, que dá título também a um de seus livros. Viva Drummond!


Sentimento do mundo

Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transige
na confluência do amor.

Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,
eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.

Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.

Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.

Quando os corpos passarem,
eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrados
ao amanhecer


esse amanhecer
mais noite que a noite.

Serra corre risco de nem chegar ao segundo turno


Como não poderia deixar de ser, o candidato petista à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, comemorou a subida de três pontos percentuais na pesquisa Ibope (divulgada pela Globo ontem, 16 de agosto) em relação ao levantamento anterior (3 de agosto). Ele foi de 6% para 9%, enquanto Serra ficou nos mesmos 26% e Celso Russomanno oscilou de 25% para 26%. Haddad disse que já era esperado por sua campanha um crescimento antes do horário eleitoral na TV.

Mas o que chamou mais a atenção na pesquisa do Ibope foi a gigantesca rejeição ao tucano. Em simulação de um eventual segundo turno entre ele e Russomanno, este venceria Serra por 42% a 35%.

Segundo a pesquisa, 37% dos entrevistados não votariam no tucano de jeito nenhum. Em seguida, mas muito atrás, com rejeição de 16%, vem Levy Fidelix, o homem do aerotrem. E 14% afirmaram que não votariam, em nenhuma circunstância, em Fernando Haddad, Paulinho da Força, Soninha Francine e Eymael. Russommano tem só 11% de rejeição e Gabriel Chalita, 9%. Ana Luiza, Carlos Gianazzi e Anaí Caproni aparecem com 7%

Ou seja, Serra tem uma rejeição cerca de duas vezes e meia à manifestada pelos eleitores em relação a Haddad e quase três vezes e meia maior do que Russomanno. O candidato do PRB que se cuide, pois, nessas circunstâncias, dossiês podem surgir a qualquer momento...

Continuo achando que, como em 2010 na eleição presidencial, a campanha petista à prefeitura em São Paulo está muito pouco politizada.

Hoje (li na Folha Online) Serra passeou de trem para, heroicamente, se misturar ao povo. Mas não convenceu e ouviu protestos. Um falou a ele para voltar no horário de pico: "Vem aqui às 18h para ver como a gente fica". Outro, que tinha sido abordado pela sempre simpática entourage de Serra, berrou: "Manda votar nele de novo para ele abandonar a prefeitura".

Não é exagerada a hipótese de que Serra não chegue sequer ao segundo turno. Não mesmo.

As intenções de voto (estimulado) da pesquisa são as seguintes:

Celso Russomanno (PRB) – 26%
José Serra (PSDB) – 26%
Fernando Haddad (PT) – 9%
Gabriel Chalita (PMDB) – 5%
Paulinho da Força (PDT) – 5%
Soninha (PPS) – 5%
Ana Luiza (PSTU) – 1%
Carlos Giannazi (PSOL) – 1%
Eymael (PSDC) – não pontuou
Levy Fidelix (PRTB) – não pontuou
Miguel (PPL) – não foi citado
Anaí Caproni (PCO) – não foi citada
Em branco ou nulo – 12%
Não sabe – 10%

De volta, Neymar desequilibra e Santos quebra jejum fora de casa. Bem-vindo, Neymar!



Bons companheiros: Neymar e André (de volta) comemoram 1° gol

A diferença é notável. O time que fez mais gols na história do futebol mundial (11.841 tentos, segundo o site oficial do clube) não havia marcado sequer um mísero gol fora de casa no Campeonato Brasileiro, que já está no fim do primeiro turno.

Neymar voltou – junto com Ganso e o goleiro Rafael – depois de um mês e meio servindo a seleção e com ele o time venceu o Figueirense em Florianópolis por 3 a 1, de virada. O camisa 11 fez um belo gol (justamente o primeiro fora de casa no Nacional), bem ao seu estilo (deixando dois marcadores na saudade e chutando de fora da área) e correu como sempre, o jogo todo, incansável. Aliás, achei um absurdo o jovem craque entrar em campo hoje, depois de uma maratona pelas Olimpíadas e ainda ter jogado ontem (sim, ontem!), na Suécia, pela seleção brasileira.

Mas parece que ele mesmo quis jogar, e desequilibrou. Impressionante esse moleque. Sua disposição é algo para deixar qualquer santista orgulhoso. Ganso continua sua toada meio devagar, mas sem dúvida deu qualidade ao meio de campo. André, que reestreou com a camisa alvinegra, teve atuação discreta e foi substituído pelo argentino Miralles.

O segundo gol (aliás golaço) foi do lateral direito Bruno Peres, que entrou driblando como um autêntico atacante e fuzilou o arqueiro Wilson. E o terceiro surgiu de uma roubada de bola e passe preciso de Miralles para Neymar, que, sozinho, preferiu ser camarada e só tocar para Ganso, que vinha de trás e empurrou para o fundo da meta.

Está certo que o Figueirense é o lanterna do campeonato. Mas em casa, ainda na mais na fase vivida pelo Peixe, qualquer adversário assusta. Ou assustava. Pois com Neymar em campo quem vai ficar assombrado são os adversários. Domingo tem o Corinthians na Vila. Uma partida que o time de Muricy Ramalho tem obrigação de vencer.

Ainda restam 21 rodadas e 63 pontos em disputa. É difícil, mas, a 11 pontos do quarto colocado Grêmio, o Peixe ainda pode chegar na zona de classificação à Libertadores.

Os gols da partida estão neste neste link.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Jorge Amado, 100 anos, eterno intérprete da Bahia


Reprodução
Já cansado da lida de mais um dia que acabou, pois já passa da meia-noite, vou traçar umas poucas linhas para falar de Jorge Amado, que nasceu há cem anos (Itabuna, 10 de agosto de 1912) e morreu há 11 (em Salvador, a 6 de agosto de 2001). Duas efemérides quase na mesma semana.

Quando Jorge Amado morreu, um amigo jornalista, Enrique Portilla (chileno, mas que à época morava no México), figura interessante que eu tinha conhecido tempos antes num bar na região da Paulista em São Paulo, se comunicou comigo para encomendar uma matéria sobre Jorge para o jornal Reforma, do México. Matéria para a qual falei com algumas personalidades das letras brasileiras, como Lygia Fagundes Telles, Moacyr Scliar e Millôr Fernandes. Essa matéria foi publicada no jornal mexicano sob o título "El heroe de Bahia", e ainda está lá, nos arquivos do jornal, mas para acessar o texto (que tenho impresso, guardado numa pasta) é preciso ser assinante do jornal ou fazer um cadastro.

Gosto muito de Jorge Amado. Sempre penso que ele foi menos brilhante quando confundiu as letras com sua militância no Partido Comunista. Mas sempre foi um grande escritor, um contador de histórias cuja sensibilidade era capaz de captar e registrar a cultura de um povo inteiro, o povo da Bahia, como uma antena.

Povo que não eu conheço tão bem como gostaria, embora adore Salvador e tenha me encantado com o Recôncavo quando lá estive fazendo uma reportagem. Sou descendente de italianos pelo lado paterno, mas minha avó materna era baiana de uma cidade antigamente chamada Santana dos Brejos, nome que hoje não existe mais. Hoje é conhecida só como Santana. Tiraram o lado feio (mas poético) do nome da cidade que é mencionada por Euclides da Cunha em Os Sertões, pois Antônio Conselheiro passou por Santana dos Brejos.

É incrível a história e os arquétipos. Pensar que meus bisavós maternos foram contemporâneos do Conselheiro, que podem ter visto o homem passar por ali, até tê-lo visto, ou apenas terem ouvido falar de sua sombra passar por lá. Glauber Rocha.

Mas voltando a Jorge Amado. Sua obra é rejeitada por certos setores academicistas da USP. Puro preconceito da elite intelectual paulistana, diga-se. O Jorge Amado de A morte e a morte de Quincas Berro D’água, de Gabriela cravo e canela, de Mar Morto e tantos outros livros não pretendeu revolucionar a linguagem, mas apenas contar histórias do povo baiano, seus mitos e lendas, suas paixões e sua realidade sem pecado. Daqui a cem anos, com certeza, Jorge Amado será lembrado, e duvido que os irmãos Campos sejam, com toda a sua erudição concretista indefensável, com suas obras brilhantes, sim, mas fragmentárias e sempre caudatárias de algo maior. Jorge Amado, não. Ele não precisa de intérpretes concretistas.

É possível comparar Jorge Amado com Gabriel García Márquez, embora o colombiano trafegue mais pela via do realismo fantástico, e o brasileiro por um outro tipo de linguagem, onde o fantástico existe (Mar morto), mas nunca se afasta tanto da realidade.
Foto: Edu Maretti
O cara sem camisa é o Marujo, pescador de Pedra Furada
Em Salvador existe um lugar chamado Pedra Furada, aonde um amigo que fiz lá, o Zezéu, dono de uma empresa de transporte turístico, me levou uma vez e, depois, outra vez, quando lá estive com Carmem em 2007.

A Pedra Furada fica perto do Bonfim. Depois de descer uma ladeira impressionante, você acaba numa viela de pescadores. Pobre. Onde você come um peixe e uma moqueca absolutamente divinos.

É difícil entender Jorge Amado se você não conhece lugares assim, como a Pedra Furada, perto do Bonfim. Mas é possível, senão entender, pelo menos sentir.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Nas manchetes, Jefferson volta à ribalta


Wilson Dias/ABr
Em 2005, então deputado põe gelo no olho

A Folha de S. Paulo e o Estadão, como se esperava, saem hoje com manchetes destacando a versão do íntegro, ético e confiável ex-deputado e presidente do PTB, Roberto Jefferson, repercutindo a fala de seu advogado, Luiz Francisco Corrêa Barbosa, no julgamento do “mensalão” no STF.

Manchetes:

O Estado de S. Paulo: “Advogado de Jefferson diz que Lula ordenou mensalão”.

Folha de S. Paulo: “Lula ordenou esquema, diz defesa de Jefferson”.

Já a manchete de O Globo é mais equilibrada e relativiza o destaque (e, por tabela, a própria credibilidade) dado a Jefferson pelos diários paulistas: “Para enfraquecer procurador, Jefferson agora acusa Lula”.

Sempre acho digno de destaque o que os jornais manchetam. Num país em que a leitura de jornais tem índices risíveis, a manchete serve como uma espécie de “verdade” por atacado, e a repetição dessas “verdades” visa enraizá-las na mente das pessoas, no inconsciente coletivo. Fica lá na banca em todos os lugares (“O sol nas bancas de revista/me enchem de alegria e preguiça/Quem lê tanta notícia?” – Caetano, "Alegria, Alegria"), vai para clippings, é repercutida em telejornais etc. Enquanto as manchetes fazem o serviço principal, as ressalvas e outras versões ficam relegadas a espaços secundários e notas internas.

Mas qual a credibilidade de um homem com a “folha corrida” de Roberto Jefferson? Senão, lembremos (uso a Wikipedia como fonte para ficar no neutro, afinal ninguém pode dizer que a Wikipedia é de esquerda...):

Jefferson passou a ser conhecido nacionalmente durante o processo de impeachment do então presidente Fernando Collor, em que atuou como militante da ‘tropa de choque’ de deputados que tentavam defender o então presidente.”

Em 1993, seu nome foi citado entre os envolvidos no esquema de propina na CPI do Orçamento.”

Em 2005, a revista Veja divulgou o suposto envolvimento de Roberto Jefferson num escândalo de corrupção nos Correios, na qual houve fraude a licitações e desvio de dinheiro público. Com a iminência da instauração de uma CPI no Congresso Nacional, Roberto Jefferson denunciou a prática da compra de deputados federais da base aliada ao governo federal (PL, PP, PMDB) pelo partido oficial: o PT. A prática ficou conhecida como o ‘mensalão’.”

No dia 14 de setembro de 2005, o mandato de Jefferson foi cassado, perdendo seus direitos políticos por oito anos.”

Sete anos depois de cassado, eis que Jefferson retorna à ribalta e tem, talvez, seu último momento de estrelato. E a versão desse homem é a fonte das manchetes dos dois maiores jornais de São Paulo...

Mas, por outro lado, a mesma Folha, em suas páginas internas, informa: “Julgamento do mensalão não afeta avaliação do governo, diz Datafolha” (que pena, hein, Folha?). A matéria revela que “62% classificam administração Dilma como boa ou ótima, índice só 2 pontos abaixo do recorde”. Na pesquisa, diz o jornal, o “Datafolha também pediu para cada entrevistado atribuir uma nota de 0 a 10 ao desempenho da administração Dilma Rousseff. A nota média foi 7,4. Em abril, a nota foi só um pouco melhor: 7,5”.

Resta esperar como Jefferson vai aparecer na próxima edição da Veja, que, com certeza, não vai nos brindar com a verdade e a autocrítica, falando das ligações do jornalista Policarpo Jr., diretor de redação da revista em Brasília, com o presidiário Carlinhos Cachoeira.

Por falar nisso, a Rede Brasil Atual informa que a CPMI do Cachoeira está analisando a convocação de Gurgel, Policarpo, Civita e governadores. Leia aqui .

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Heróis e decepções do Brasil nos Jogos Olímpicos


Encerro minha participação nos Jogos Olímpicos (sic) para dizer que não se pode nem afirmar que houve evolução da participação brasileira de Pequim para Londres pelo fato de a delegação do país ter trazido de Londres 17 medalhas (3 de ouro, 5 de prata e 9 de bronze) contra 15 de Pequim em 2008 (3, 4 e 8, respectivamente).

Como já disse, o que não se tem no Brasil são políticas de incentivo ao esporte olímpico, como há na Jamaica, cujo PIB é de 13,9 bilhões de dólares, segundo a The Economist em setembro de 2011, contra US$ 2,2 trilhões do Brasil.

Isso não mudou com os governos Lula e Dilma. E com políticas de incentivo não quero dizer patrocínio ou investimento puro e simples, mas uma política que considere o esporte de fato como um fabuloso meio de inclusão social e seja incentivado estruturalmente, não em pessoas ou atletas individualmente.

Na Jamaica, o atletismo faz parte do currículo das escolas e por meio de uma política federal bem sucedida são destinados mais de US$ 110 milhões ao esporte por ano (Estadão, 11 de agosto de 2012). Aqui, dinheiro público pode fomentar a indústria, o emprego e a economia, mas setores como o esporte, que pode tirar milhões de crianças das ruas, ah, isso não pode, dinheiro público é sagrado.

Enfim, no quadro final de medalhas, o Brasil ficou em 22° lugar, quatro posições abaixo do país de Bob Marley, que, em 18° lugar, amealhou 4 de ouro, 4 de prata e 4 de bronze.

Os destaques do Brasil

A judoca Sarah Menzes, Arthur Zanetti nas argolas e o vôlei feminino com suas medalhas de ouro foram as exceções que emocionaram o país, juntamente com o boxe. A “nobre arte” brasileira merece muitos louvores por sua melhor campanha na história em Olimpíadas, com os irmãos Esquiva (prata) e Yamaguchi Falcão (bronze), além da boxeadora Adriana Araujo, bronze. Assim como Yane Marques, com seu heróico bronze no pentatlo moderno no último dia de competições. Aplausos também para Thiago Pereira com sua prata na natação (400 m medley). Mas, tirando o vôlei, esporte coletivo, são todos heróis e batalhadores solitários, que não são fruto de política séria alguma.

As decepções

Fabiana Murer (que deu outro vexame bizarro no salto com vara), Maurren Maggi e Cesar Cielo (bronze nos 50 m) decepcionaram. Mas Maurren e Cielo merecem todo o respeito por seus triunfos dourados, memoráveis, em Pequim. Já Fabiana... Em seu caso, sim, será uma afronta se dinheiro público for investido nela para os Jogos do Brasil em 2016, sob qualquer forma, até patrocínio de bancos públicos. A moça não merece.

Daiane, de novo, fracassou
Tirando o solitário ouro de Arthur Zanetti nas argolas, a ginástica artística brasileira foi um rotundo fracasso. Os irmãos Diego e Daniele Hypolito deram exemplo de como é incipiente a modalidade no país, assim como a sempre incensada Daiane dos Santos, que mais uma vez amarelou.

E o futebol... O medíocre futebol de Mano Menezes deu pena e não merecia de maneira alguma, num golpe de sorte, ter empatado o jogo na cabeçada de Oscar nos acréscimos na final contra o México. E só voltou com a prata porque o nível dos adversários em Londres foi muito baixo. Diferentemente do vôlei masculino, que trouxe a prata com justiça.

Atualizado às 23:52

sábado, 11 de agosto de 2012

Vôlei espetacular!


"Se a gente pedisse pro Woody Allen pra fazer um filme, nem ele conseguiria, mesmo com a comptencia dele."

A frase acima é da líbero Fabi, ao falar da antológica conquista da medalha de ouro (o bicampeonato olímpico) do vôlei feminino brasileiro na final contra os Estados Unidos neste sábado. Provavelmente ela deve ter visto o filme Match Point, filme  do diretor americano de 2005.

Fotos: Reprodução/Portal Terra
A musa Jaqueline comemora, na melhor partida de sua vida

Em determinado momento do jogo eu postei na minha conta no twitter, acho que durante o terceiro set, ainda sob a possibilidade de a equipe perder para os EUA: "Engraçado como muda o significado de uma medalha de prata. Se o vôlei feminino ficar com a prata, merecerá palmas - mesmo. O futebol não merece". Porque o vôlei das meninas do Brasil, tirando o catastrófico primeiro set, esmagou o time americano.

Meninas não esqueceram a ironia: quem viveu, viu
Esse foi o jogo da carreira de Jaqueline, espetacular, na defesa e no ataque,virando bolas como nunca fizera antes. Dani Lins também fez uma partida incrível. Sheilla deu o toque de craque, virando pontos de pura intuição, improvisação e técnica. Fabiana. Fabi. Enfim, o time todo é dourado.

Méritos, muitos méritos para José Roberto Guimarães, que ganha sua terceira medalha de ouro olímpica, em Barcelona com o time masculino (1992) e a seleção feminina (Pequim 2008 e Londres 2012).

Fabiana
Em tempo, o Brasil ganhou por 3 sets a 1 (11-25, 25-17, 25-20 e 25-17) e é o primeiro país a conseguir dois títulos seguidos nos Jogos Olímpicos.

A menina da foto ao lado é a Fabiana, que fez o ponto da vitória na partida das quartas-de-final contra a Rússia, que foi um jogo mais difícil do que a semifinal (contra o Japão) e a final contra os Estados Unidos.

Futebol fica só com a prata e Romário detona Mano Menezes: "a culpa foi dele pela derrota"


"O Mano é um bom técnico para o Corinthians, pra clube. Espero que ele nunca mais vista camisa da seleção porque ele é fraco e a culpa foi dele pela derrota." Esse foi Romário (ex-gênio da área e hoje deputado), comentando na Record, após a confirmação do estigma: o Brasil segue sonhando com uma medalha de ouro no futebol (masculino) nos Jgos Olímpicos. Não foi desta vez (veja vídeo da fala de Romário abaixo).

Reprodução
Zagueiro Thiago Silva consola o inconsolável Lucas

A mediocridade do time brasileiro ficou patente em vários aspectos. Taticamente, a equipe foi dominada pelo México, que, aliás, conquistou o ouro com toda justiça. Mano Menezes começou escalando errado: Alex Sandro, que no Santos sempre foi um sofrível lateral esquerdo, foi inexplicavelmente escalado para jogar no meio de campo, onde ficou perdido, sem saber onde e como jogar.

Os volantes Sandro e Rômulo são duas nulidades técnicas. Como o México jogou o tempo todo se defendendo, já que fez um gol aos 30 segundos de jogo, cabe perguntar por que ele continuou jogando com os dois volantes sofríveis, enquanto Oscar não conseguia sozinho organizar e vencer a forte marcação de um México fechado.

E também perguntar por que Mano Menezes não ousou antes, colocando Lucas, por exemplo, que entrou aos 40 do segundo tempo, quando já era tarde. Lucas teria sido mais útil do que Pato, que entrou no lugar do horrendo lateral Rafael. Pato, um jogador mais de frente, pouco pôde fazer e Lucas, vindo de trás, ajudando Oscar e Neymar, poderia ter causado danos à defesa mexicana, se tivesse entrado antes.

E o tal Rafael, tão arrogante quanto lamentável? Entregou o gol logo de cara e quase presenteou os mexicanos com outro no segundo tempo, quando o zagueiro Juan berrou com ele e os dois quase se pegaram dentro de campo. Quer saber? Deixando o politicamente correto, eu teria me sentido realizado se Juan tivesse dado uma bofetada nesse rapaz. E por que não jogou Danilo na lateral direita, posição em que conquistou a Libertadores pelo Santos? As escolhas de Mano Menezes são injustificáveis.

Em resumo, a seleção mexicana mereceu porque é mais time, mais bem armada taticamente, mais preparada e superior como time. O choro convulsivo de Lucas* após o jogo foi comovente e emblemático. Além da dor da derrota, deve ter passado pela cabeça dele que poderia ter ajudado a ganhar o ouro. Mas Mano não quis. Preferiu o touro Hulk, depois o centroavante Pato, dois volantes medíocres e um futebol sem criatividade e burro.



*Atualizado às 18:38: O choro convulsivo de Lucas, e não de Juan, como escrevi erradamente antes

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Pensamento para sexta-feira [número 34] - Laurie Anderson



O Superman





O Superman. O judge. O Mom and Dad. Mom and Dad.
O Superman. O judge. O Mom and Dad. Mom and Dad.

Hi. I'm not home right now. But if you want to leave a
message, just start talking at the sound of the tone.
Hello? This is your Mother. Are you there? Are you
coming home?

Hello? Is anybody home? Well, you don't know me,
but I know you.
And I've got a message to give to you.
Here come the planes.

So you better get ready. Ready to go. You can come
as you are, but pay as you go. Pay as you go.
And I said: OK. Who is this really? And the voice said:
This is the hand, the hand that takes. This is the
hand, the hand that takes.
This is the hand, the hand that takes.
Here come the planes.
They're American planes. Made in America.
Smoking or non-smoking?

And the voice said: Neither snow nor rain nor gloom
of night shall stay these couriers from the swift
completion of their appointed rounds.

'Cause when love is gone, there's always justice.
And when justice is gone, there's always force.
And when force is gone, there's always Mom. Hi Mom!

So hold me, Mom, in your long arms.
So hold me, Mom, in your long arms.
In your automatic arms. Your electronic arms.
In your arms.
So hold me, Mom, in your long arms.
Your petrochemical arms. Your military arms.
In your electronic arms.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A lenda


Reprodução

Os deuses do Olimpo se rendem à lenda Usain Bolt. Gênio do esporte, carismático, showman, bem-humorado como sempre, ele conquistou a segunda medalha de ouro em Londres e o bi nos 200m, com 19s32, nesta quinta-feira.

Os jamaicanos Yohan Blake (com 19s44) e Warren Weir (19s84) ganharam a prata e o bronze respectivamente. Mais um feito extraordinário, provando para quem tinha alguma dúvida que o país de Bob Marley não ganha no por acaso, mas porque tem uma política pública consistente e séria de fomento ao atletismo, ao contrário do nosso Brasil também verde-e-amarelo.

Na semana passada, Bolt já havia conquistado o ouro nos 100m rasos, com o tempo de 9s63, quebrando o recorde olímpico, que era dele mesmo. "Jamais vou dizer que sou o maior até ter vencido os 200. Essa é a questão, defender com sucesso meus títulos, porque é o que vai fazer de mim uma lenda", disse o irreverente atleta após conquistar o ouro nos 100m no domingo passado. Pois então agora pode ser considerado o maior.

Antes das provas, Bolt faz um sinal da cruz e balança o dedo indicador para o céu num gesto que parece dizer: "olha lá, hein mano!". Sensacional. Com o ouro de hoje, ele é o primeiro na história a vencer os 100m e 200m em duas Olimpíadas seguidas.

Usain Bolt luta também pelo bi na prova de revezamento 4x100. A final será nesta sexta-feira, 10 de agosto, às 17h20.

São Paulo em imagens – Noturno



Clique para ampliar
Carmem Machado

Butantã (zona Oeste)

Santos, enfim, vence uma. Palmeiras derrota Botafogo no RJ. E, no basquete, deu Argentina


Eis que, tirando Olimpíada, corre uma semana tão morta em notícias que me deparo com o Campeonato Brasileiro em sua 15ª rodada. E eis que o Santos vence.

Os destaques da rodada foram justamente as vitórias do Santos por 4 a 2 sobre o Cruzeiro na Vila (apenas a terceira do time em 15 partidas) e do Palmeiras sobre o Botafogo de Seedorf em pleno Engenhão, por 2 a 1, com direito a um gol alviverde, de Barcos, tão mal anulado, por um impedimento tão equivocado do bandeira, que não é possível acreditar em boa-fé, com o perdão do eufemismo. Aquele impedimento nem a minha avó marcava. Mas com apito amigo e tudo, o Fogão perdeu e vai cumprindo a tradição pela qual é tão conhecido nos últimos anos (e bota anos nisso), a do velho e bom pangaré paraguaio, e já ocupa a 7ª posição na tabela.

Dos quatro gols do Santos, destaque para o primeiro, golaço de Felipe Ânderson, que o treinador Muricy, para justificar seus próprios erros, às vezes acusa de ter “defeito de fabricação”.



Com o triunfo, o Peixe dá uma respirada e sobe para honroso 14° lugar, com 16 pontos, três à frente do primeiro time na zona do rebaixamento, exatamente o Palmeiras, que tem 13. Dois pontos acima do Santos e cinco do Palestra, segue o Corinthians com sua campanha protocolar, à espera do Chelsea em dezembro, e que nesta quarta-feira empatou com o vice-lanterna Atlético-GO no Pacaembu em 1 a 1.

Faltando 23 rodadas para o fim do campeonato, o Alvinegro Praiano está 11 atrás do Grêmio de Vanderlei Luxemburgo, que hoje, em quarto lugar, fecha o G-4.

Se o Alvinegro da Vila começar a ganhar e engrenar com a volta de Neymar na companhia, quem sabe, do meia-atacante argentino Patito Rodriguez, que vem agradando nos treinos, e de Victor Andrade, a nova promessa, de repente dá pra beliscar uma vaga à Libertadores. O jovem de 16 anos que me lembra Claudio Adão fez hoje seu primeiro gol pelo Santos. Mas, sem Ganso, falta um cérebro à equipe. E Muricy vai ter coragem de escalar o moleque Victor Andrade quando Neymar voltar? Duvido. Muricy não ousa. Prefere reclamar.

Entre os paulistas, o São Paulo, em 6° lugar, é o de melhor campanha, com 25 pontos, dois atrás do quarto colocado Grêmio de Vanderlei Luxemburgo.

Vasco, Atlético-MG, Fluminense e Grêmio são hoje os times que compõem o G-4. Acho difícil que o campeão não seja um desses quatro.


Basquete brasileiro cai em Londres


Por que Magnano preferiu Splitter e não Varejão?
E pra não dizer que não falei de Jogos Olímpicos, e já que mencionei Olimpíada no início, registro a derrota do basquete masculino do Brasil para a Argentina por 82 a 77, perdendo a vaga nas semifinais num jogo que os brasileiros teriam vencido até com certa facilidade, não fosse o lamentável aproveitamento em lances livres (Tiago Splitter é uma piada), o velho individualismo brasileiro que compromete o coletivo, o emocional que sempre falha na hora H.

Não gosto de teorias da conspiração e não sou especialista em basquete. Mas por que o pivô Anderson Varejão praticamente não jogou hoje se jogou, e bem, na campanha até aqui, e o pivô Splitter, mesmo com atuação comprometedora, ficou em quadra até o fim? Não entendi. Rubén Magnano, o técnico da seleção brasileira, é argentino. Mas prefiro deixar a teoria da conspiração pra lá.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Vitória histórica das meninas do vôlei


Vitória épica

Épico o triunfo brasileiro das meninas do vôlei contra o grande time da Rússia, passando às semifinais, fase em que pegará o Japão. Impossível não se emocionar junto com as garotas. É por momentos como esse que o esporte vale a pena.
Sheilla vibra com ponto final

O time brasileiro salvou seis match points e ainda superou um erro grotesco do juiz, que deu fora uma bola que foi dentro em quase meio metro. Foi uma demonstração de maturidade e garra. O Brasil ganhou no tie-breake com um saque venenoso de Fernanda Garay: as russas se atrapalharam, devolveram a bola e veio a porrada indefensável de Fabiana. Enfim, 3 sets a 2, com 24-26, 25-22, 19-25, 25-22, 21-19.

Sheilla, no set decisivo, um monstro. Chamou o jogo pra si, foi pra cima e marcou sua atuação como decisiva para despachar as russas.

Jaqueline: musa dos Jogos
E, de quebra, com tantas musas e loiras participando de incontáveis modalidades, o time brasileiro de José Roberto Guimarães tem uma das atletas mais bonitas dos Jogos Olímpicos, a ponta Jaqueline, com sua brejeirice de personagem de Jorge Amado.

Viva o Brasil!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Arthur Zanetti é ouro. Má notícia é que Brasil continua dependendo de talentos individuais


Divulgação COB
A boa notícia é a conquista do ginasta Arthur Zanetti, de São Caetano (SP), que ganhou hoje em Londres, pela primeira vez na história dos Jogos Olímpicos para o Brasil, uma medalha de ouro em prova de argolas, modalidade da ginástica artística. O atleta conseguiu 15.900 pontos, contra os 15.800 do segundo colocado, o chinês Yibing Chen, campeão mundial e olímpico.

A notícia não tão boa é que nosso país continua dependendo de talentos individuais que brilham como estrelas efêmeras. Quer dizer, não há políticas públicas consistentes para fomentar um real desenvolvimento do atletismo e outros esportes no Brasil.

E o desempenho brasileiro em 2012 dificilmente vai atingir ou superar significativamente o de Pequim 2008, que já foi considerado decepcionante.

Na China, o Brasil ficou em 23º lugar, com 15 medalhas no total, três de ouro, quatro de prata e oito de bronze: conquistaram o ouro há qutro anos Cesar Cielo (natação, 50m livre), Maurren Maggi, no salto em distância (com a marca de 7,04 ), e a seleção feminina de vôlei. Em Londres, com a conquista de Arthur Zanetti, a menos de uma semana do fim dos Jogos Olímpicos, temos duas medalhas de ouro, uma de prata e cinco de bronze (oito medalhas).

A judoca piauiense Sara Menezes fez história ao ganhar na semana passada o ouro na categoria ligeiro (até 48 kg). (Veja aqui).

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ninguém ganhou o debate da Band


No primeiro debate da campanha, o petista Fernando Haddad poderia ter sido mais agressivo. Não com ataques gratuitos, mas estrategicamente mesmo. Por exemplo, no último momento, em que podia fazer uma pergunta a Soninha (PPS), Levy Fidélix (PRTB) ou Gabriel Chalita (PMDB), mas escolheu Fidélix. Aí Haddad jogou na retranca à la Muricy Ramalho. Porque ter perguntado a Soninha ou Chalita daria mais caldo, mesmo que na réplica. Daria debate. E mais votos. Haddad precisa conquistar eleitorado, é urgente que sua campanha se dê conta de que é preciso sair da defesa desde já, principalmente considerando que o julgamento do mensalão está no ar.

Ao ser atacado por Carlos Giannazi (PSOL) em questões como a aliança com Maluf, o mensalão e a corrupção, Haddad foi direto (como deveria ser sempre) e, para resumir, quis dizer que: 1) uma coisa são alianças político-partidárias necessárias para governar um país ou uma grande cidade (e eu acrescento: muito diferente do que gerir um grêmio estudantil, como o PSOL pensa que é o Brasil), e 2) outra coisa bem diferente é de fato governar. Acho que Haddad insistiu demais na tecla de seu currículo como ministro de Lula e Dilma. Ok, quem vota nele sabe disso, mas e quem não vota? Quem não vota precisa ter dele e de seu temperamento mais informações do que isso para votar.*

Sobre corrupção, Haddad lembrou bem: “Marta Suplicy usou colete à prova de balas para combater a corrupção [no transporte público] e criar o bilhete único” em São Paulo. Isso é verdade. O candidato petista foi bem ao rebater o argumento capcioso de Soninha, que acusou o governo federal de estimular a inundação de carros em São Paulo (e portanto o trânsito, contra as benditas bicicletas) ao incentivar a compra de carros novos via benefícios fiscais (redução de IPI). “Na Europa e nos Estados Unidos, comprar carro é incentivado. Mas lá eles não usam o automóvel, que têm, porque eles têm transporte público”, disse Haddad (só acho que quando ele disse EUA quis dizer Nova York).

Gabriel Chalita começou o debate muito bem e terminou com um discurso meio vazio e populista ("quero cuidar das pessoas dessa cidade", disse em suas considerações finais).

O que chamou a atenção em sua performance foi o claro pendor negociador típico do PMDB. Por exemplo ao insistir na necessidade de a prefeitura trabalhar em parceria com os governos do estado e federal.

Chalita (e isso certamente não foi por acaso) também fez questão de expor a fratura do PSDB paulista entre Serra e Alckmin, ao ressaltar sua participação como secretário de Educação de Geraldo Alckmin em outros carnavais, ao mesmo tempo em que criticou duramente José Serra: “Nem a gestão dele [Serra], nem a de Kassab melhoraram em nada a educação em São Paulo”, disse. Chalita não usou essa carta por acaso. Quem vive em São Paulo sabe que o governo do peemedebista Orestes Quercia, embora tivesse contra si incontáveis acusações de corrupção, deu muito alento e trabalho ao povo que trabalha com cultura e educação no estado de São Paulo. Quercia foi para educação e cultura o que Maluf foi para obras e avenidas.

Russomano, ingrato, renegou Paulo Maluf e se manteve numa posição estratégica de não deixar de cutucar ninguém. Disse, por exemplo, que “a Sabesp não tem cumprido o que promete e cobra por serviços [de saneamento básico] que não presta”. Eu trabalhei vários anos na região de Osasco como jornalista, e posso afirmar que nas cidades da Região Oeste da Grande São Paulo isso é fato.

Bóris Casoy (sic) fez uma pergunta boa para José Serra, sobre pedágios, e Serra garantiu que não vai criar um pedágio urbano. Mas o fato é que o governo tucano de Alckmin (que Serra tanto evocou como aliado no debate) já está criando um pedágio urbano (leia aqui). “Não, não vou criar [pedágio urbano]”, garantiu o ex-prefeito que governou por dois anos e abandonou São Paulo para tentar ser presidente da República. Como diria Macunaíma: “Jacaré acredita?”.

De resto, Serra pareceu hesitante, gaguejava às vezes, e, do ponto de vista do marketing, deve ser difícil trabalhar, porque é uma criatura esquisita. Me pareceu muito mal no debate, insistindo na aliança Serra-Kassab-Alckmin que, no mundo político, todo mundo sabe que é uma aliança fraturada, como Chalita, como quem não quer nada, não deixou de lembrar.

Carlos Giannazi do PSOL começou me motivando a escrever um comentário no Twitter: “Giannazi talvez nem saiba, mas ele é de direita. O resultado de sua práxis, como se diz, e de seu discurso, só interessa a Serra, Veja etc”. Porque, fiel ao discurso de partidos ressentidos como o dele e o PSTU, Giannazi só atacava o PT.

Mas no fim o correligionário de Heloísa Helena resolveu equilibrar, atacando Serra a partir de um embate com Paulinho da Força. O deputado do PSOL detonou Paulinho e Serra ao mesmo tempo, ao dizer que o candidato do PDT (presidente da Força Sindical) apoiou Serra no arrocho ao servidor público. “O seu partido ajudou Serra a massacrar o servidor”, disse Giannazi a Paulinho. E depois mostrou a capa do livro A privataria tucana, de Amaury Ribeiro Jr, enquanto o mediador do debate lhe dizia que seu tempo havia esgotado.

*Atualizado às 13:03

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Mensalão: “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo, torcida brasileira”


A frase do título, do inesquecível narrador de futebol Fiori Gigliotti, me ocorreu porque cabe perfeitamente ao show midiático com que a “grande imprensa” a partir de hoje nos brindará a todos, pobres mortais, com o início do julgamento do “mensalão” pelo STF. Estão em questão os destinos de 38 réus, cerca de 500 testemunhas e mais de 50 mil páginas de autos.

“Fazer justiça é condenar todos”, afirma procurador. Esta é a manchete de O Estado de S. Paulo de hoje, dia do início do julgamento. A declaração, do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, cai bem ao espetáculo em que a condenação parece se impor antes do próprio julgamento. E me remete ao brilhante, senão histórico, artigo de Jânio de Freitas na Folha de S. Paulo da última terça-feira, 31. Diz Janio: “O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal é desnecessário. Entre a insinuação mal disfarçada e a condenação explícita, a massa de reportagens e comentários lançados agora, sobre o mensalão, contém uma evidência condenatória que equivale à dispensa dos magistrados e das leis a que devem servir os seus saberes”.

Ou seja, o inciso LVII do artigo 5° da Constituição (presunção de inocência) parece ter sido definitivamente banido da Constituição brasileira. Mas ele está lá, podem acreditar, e diz: "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória".

O texto na íntegra, que vale apena ler, está aqui: para assinantes (do Uol ou da Folha)

Já a Folha de hoje investe na suposta suspeição que pesa sobre o ministro do STF José Dias Toffoli, ex-advogado do PT e ligado ao ex-presidente Lula, que, segundo a voz corrente, deveria se declarar impedido ou ser impedido de participar do julgamento. A Folha mancheta: STF começa julgamento com ministro sob pressão.

E a revista Veja... Bem, a Veja saiu com a capa ao lado. Mas ela faz de conta que não existe nem nunca existiu ligação entre seu diretor da Sucursal em Brasília, o jornalista Policarpo Júnior, e o presidiário Carlinhos Cachoeira. Mas as ameaças e chantagens com fins escusos que têm a revista dos Civita como âncora continuam, como você pode ler aqui: Convocação de Policarpo Jr à CPMI agora é inevitável .

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Livro Escritores – 43 entrevistas da Revista Submarino já tem uma década


Este post trata de uma efeméride. Uma autopropaganda, coisa que quem me conhece sabe que não gosto muito de fazer. Mas vá lá, merece: há dez anos, em julho de 2002, era lançado o livro Escritores – 43 entrevistas da Revista Submarino, pela editora Limiar, organizado por este escriba que vos fala, em cujo lançamento alguns leitores/colaboradores deste blog estiveram presentes.

Incrível como uma década passa rápido.

Claro que não é intenção deste post fazer uma resenha (para saber um pouco mais do livro, seguem duas resenhas, via links da revista Isto É e do Observatório da Imprensa).

Mas o engraçado é que um amigo (o repórter Fernando Augusto) que não tem nada a ver com aquela história me mandou um e-mail no início de julho dizendo o seguinte: “tô escrevendo porque cheguei do cinema agora há pouco. Vi o filme E aí, comeu?, com o filho do Chico Anysio. Curioso é que numa cena aparece a estante de um dos personagens e lá está o seu livro [Escritores]”.

"E assim se passaram dez anos”, como canta Gal.

Naquele tempo, dez anos atrás, na orelha do livro, Luís Antonio Giron escreveu: “Era o ano da bolha. Bons tempos aqueles do final do século XX, em que a internet inflava e surgia, no Brasil, o site Submarino (...) Aos poucos, amadureceu a idéia de desenvolver uma revista virtual de cultura que complementasse o conteúdo comercial. E veio à luz a Revista Submarino (...) e apareceram nomes novos, alguns enormemente talentosos (...) A equipe, brilhante, produziu o melhor conteúdo cultural na internet brasileira na belle époque da bolha”.

Bem, há uma década, extinta a Revista Submarino, cada um daquela equipe partiu para seu caminho entre as veredas da vida, e por isso Giron ainda escreveu na orelha: “a equipe migrou para outros sites e searas, mas ainda degusta um instante de brilho na cultura brasileira”. Há dez anos.

O livro Escritores é apenas uma pequena parte do que o site (há muito tempo extinto) da Revista Submarino produziu em suas editorias de Literatura, Cinema (cujo editor era Paulo Santos Lima) e Música. As entrevistas publicadas no livro eram, por sua vez, apenas uma parcela da editoria de Literatura. Mas, enfim, algo – infelizmente pouco – se salvou de tanta coisa importante que se produziu e se perdeu naquele projeto. Esse pouco, apenas da editoria Literatura, está em Escritores.

Na gênese do projeto do conteúdo do Submarino estava seu idealizador e coordenador editorial (João Wady Cury), seguido pelos editores Alessandro Greco e Priscila Lambert, Alessandro e Priscila comandando em um contexto posterior, o do projeto subseqüente: a Revista Submarino, com URL própria e tudo, cujo arquivo foi a fonte do livro Escritores.

Alguns então jovens repórteres, com brilhantismo, fizeram entrevistas históricas: Renato Domith Godinho (que entrevistou Paulo Coelho e Tariq Ali), Emerson Lopes Silva (Ferréz), Camila Claro (Millôr Fernandes), Terciane Alves (Milton Hatoum), apenas para citar algumas entrevistas com escritores brasileiros e internacionais que o livro traz.

Outros nem tão jovens entrevistaram Christian Jacq (Mauro Hossepian), e outros menos jovens ainda falaram com Michael Cunningham (Hamilton dos Santos), Lygia Fagundes Telles (José Arrabal) e Maria Kodama (Gerson de Faria).

Deste que vos fala há uma entrevista-testamento feita anos antes com Antonio Callado, até então inédita, com o angolano Pepetela, com Carlos Heitor Cony (junto com a repórter Terciane Alves), entre outras.

Isso tudo é apenas um resumo. O livro, modéstia à parte, vale a pena.