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segunda-feira, 23 de junho de 2014

É Neymar e mais dez. Mas Camarões é tão ruim que não dá pra tirar conclusões



Resenha da Copa do Mundo [5 - segunda-feira 21 de junho]


Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil


Brasil 4 a 1, show de Neymar, num jogo em que o time finalmente ganha certa confiança.Vírgula.

Não dá pra considerar o péssimo time de Camarões como um parâmetro, como alguns comentaristas já observaram. O pior time africano da Copa, até o jogo de hoje, não havia marcado um gol sequer. Contra qualquer time razoavelmente bem montado, Neymar não sairia gingando no meio de buracos como os da defesa e de todos os setores do time de Camarões com aquela facilidade. Mesmo assim, o arremedo de time dos Leões chegou a empatar o jogo e dar alguns sustos...

As duas laterais brasileiras são vulneráveis, principalmente no setor direito de Daniel Alves, que parece um ex-jogador em atividade (vide o gol camaronês). Será um deus-nos-acuda se o arguto e inquieto técnico do Chile, o argentino Jorge Sampaoli, souber aproveitar...

A zaga brasileira parece segura, mas até agora ainda não enfrentou um ataque poderoso, e em alguns momentos das três partidas do grupo A deixou espaços preocupantes.

O meio de campo, como também já se observou, ganhou vida com Fernandinho no lugar de Paulinho, o jogador fantasma. Mas terá encorpado o suficiente para enfrentar times mais poderosos do que Croácia, México e o pobre Camarões?

Hulk, risível no ataque, onde Fred jogou um pouquinho, um pouquinho só, a mais do que nos jogos anteriores, e fez até gol. Mas só.

O Chile no sábado vai ser um jogo interessante. Será o melhor time que o Brasil terá enfrentado na Copa. Mas a tradição, a freguesia chilena e o fato de o time de Felipão jogar em casa deve no mínimo balançar a autoconfiança do time andino, que de resto parece que já começou a fraquejar ante a ótima seleção da Holanda. O retrospecto a favor do Brasil contra o Chile em Copas do Mundo é esmagador: 4 a 2 em 1962 no Chile (semifinais), 4 a 1 em 1998 (oitavas) e 3 a 0 em 2010 (oitavas). 11 gols a favor e 3 contra.

Jornal Marca da Espanha hoje
Retrospecto não ganha jogo e acho que esse deve ser o duelo mais difícil entre as duas seleções em Copas, mas aposto na vitória brasileira. "Se Neymar não jogasse no Brasil, o que seria de nós?", questiona José Trajano. Todos os jornais do mundo, da Itália à Argentina, da França à Espanha (foto ao lado, da versão online do jornal espanhol Marca) destacam a grande atuação do camisa 10. É como dizíamos no futebol de rua: "é Neymar e mais dez".

A outra oitava já definida será um grande jogo: Holanda e México. A tarefa dos holandeses, me parece, será mais difícil do que a dos brasileiros. 

Nas quartas-de-final nosso adversário será contra o 2º. do grupo D (Uruguai, Itália ou Costa Rica) ou 1º. do C (Colômbia).


quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O Brasil de Jango e de Zé Dirceu


A história e seus simbolismos.

No dia 14 de novembro de 2013, véspera do 124° aniversário da República, os restos mortais do ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe de 1964, foram recebidos com honras militares pela presidente Dilma Rousseff, e um dia antes o Supremo Tribunal Federal decretou a prisão do ex-ministro José Dirceu, um dos construtores do Partido dos Trabalhadores, assim como de José Genoino, que mora numa casa comum de classe média no Butantã, em São Paulo.

Os fatos e o simbolismo histórico falam por si.

Marcello Casal Jr./Agência Brasil
A presidente Dilma e a viúva de Jango, Maria Thereza Goulart

Hoje é um dia de encontro do Brasil com a sua história. Como chefe de Estado da República Federativa do Brasil participo da recepção aos restos mortais de João Goulart, único presidente a morrer no exílio, em circunstâncias ainda a serem esclarecidas por exames periciais." (Dilma Rousseff)


Alexandre Maretti
Como advogado, respeito a decisão do Supremo, mas respeitar não quer dizer que concorde. O STF fechou os olhos para centenas de depoimentos, para a inexistência de provas e depoimentos que incriminassem o ex-ministro José Dirceu (...) Tanto da parte da defesa quanto de José Dirceu e da família, há uma indignação em relação ao que foi decidido ontem. Mas ele está sereno e vai cumprir mais uma situação de sua intensa vida.” (José Luís Oliveira Lima, advogado de José Dirceu)

sexta-feira, 15 de março de 2013

Dilma é muito melhor no improviso


Mudando da água pro vinho, ou melhor, de papa pra Dilma, segue a inspirada coletiva da presidente hoje (15), muito mais interessante (e em alguns momentos divertida) do que quando fala com uma mise-en-scène institucional. Ela falou com os jornalistas após lançar o Plano Nacional das Relações de Consumo e Cidadania, que reúne medidas para proteção do consumidor, elaborado a partir de  propostas de órgãos de defesa do consumidor e com a participação de ministérios, agências reguladoras e do Banco Central.

Alguns trechos:

Desoneração da cesta básica: "O governo acha que é fundamental reduzir o tributo. Agora, nós precisamos que essa consciência seja também dos empresários, dos senhores donos dos supermercados, para que de fato a desoneração seja algo que todo mundo ganhe".

Perguntada por um repórter se o governo adotaria medidas repressivas contra donos de supermercados que não acompanhem a desoneração tributária, Dilma afirmou: "Minha querida, aquela ação do prende e arrebenta acabou. O governo dialoga, o governo persuade".

Sobre o papa: "eu comparecerei lá em Roma, na medida em que me convidaram e o Brasil é um país que tem uma população católica muito expressiva (...) estou representando enquanto presidente essa população católica do nosso país".

Veja a entrevista:




Em janeiro de 2012, 13 meses atrás, a presidente concedeu em Cuba uma entrevista em que mostra que seu jeito durão às vezes cede a uma boa risada. Ela falava de direitos humanos em Cuba, e se divertiu com a ansiedade e até grosseria de repórteres no afã de conseguir alguma coisa. Está aqui: De ótimo humor, Dilma concede coletiva em Cuba


sábado, 10 de março de 2012

Agressões a moradores de rua serão discutidas por autoridades em reunião em Brasília


BARBÁRIE


Foto: ABr
Brasília – A secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (vinculada à Secretaria Nacional de Direitos Humanos), Salete Valesan Camba, condenou a onda de agressões a moradores de rua. Só hoje (10), dois moradores de rua foram mortos a tiros em Brasília e um terceiro queimado em Campo Grande (Mato Grosso do Sul). O assunto será tema da reunião da Coordenação do Comitê das Populações de Rua, no fim do mês, em Brasília.

“Há a necessidade de uma política federativa, construída a partir de ações comuns do governo federal com os governos estaduais e municipais e o apoio da sociedade. É preciso prevenir a violência e combatê-la”, disse à Agência Brasil Salete Camba. “Estamos muito preocupados. Parece que há uma circulação de violência. Isso é muito grave. A sociedade precisa se indignar e não pode aceitar tudo isso como normal.”

Segundo a secretária, desde o ano passado os governos se uniram em busca de alternativas para garantir assistência aos moradores de rua. Salete Camba lembrou que recentemente as agressões se voltaram às comunidades empobrecidas de São Paulo. “A partir daí, houve vários casos”, acrescentou.

Na manhã de hoje, por volta das 7h, dois moradores de rua de Brasília foram assassinados a tiros. Eles dormiam sob árvores, em uma região nos arredores da capital. Pelas investigações preliminares, o atirador disparou várias vezes contra os homens.

O caso é investigado pela 21ª Delegacia de Polícia. Ainda não há informações sobre as motivações do crime. A perícia esteve no local e localizou cápsulas das balas utilizadas. Os dois homens mortos estavam sem documentos.

Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, um morador de rua também foi vítima de agressões hoje. O jovem, de 22 anos, foi amarrado a uma árvore e teve 40% do corpo queimados. Ele está internado.

Há duas semanas em Brasília, um comerciante contratou um grupo de jovens para queimar dois homens que moravem em frente à loja dele. Uma das vítimas morreu e a outra está internada em estado grave no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).

A polícia identificou os homens que atearam fogo aos moradores de rua. Segundo os policiais, o comerciante que contratou os homens pagou R$ 100 pelo crime. De acordo com o comerciante, os moradores de rua atrapalhavam seu negócio.

No dia 20 de abril completa 15 anos de um crime que chocou o país. Jovens da classe média alta incendiaram e mataram o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos. Em 1997, o índio foi morto no momento em que dormia em uma parada de ônibus na Asa Sul de Brasília. O local ganhou uma praça com o nome do indígena.

Da Agência Brasil

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A cidadania e as comunidades, por enquanto, estão fora da Copa do Mundo no Brasil

Por falta de tempo, não comentei aqui a excelente série de reportagens da ESPN Brasil sobre a situação das comunidades afetadas pelas obras da Copa do Mundo no Brasil, no sempre imperdível programa Histórias do Esporte, que vi num dos dias de carnaval.

As oportunidades de “progresso”, pelo que se deduz da reportagem, se restringem praticamente aos donos do capital que investem no mercado imobiliário e nas grandes obras viárias nas cidades que sediarão a Copa.

“A segunda Copa no Brasil será dos Brasileiros? Deixará legados aos brasileiros?”, questiona a reportagem na introdução, com locução do ótimo Luis Alberto Volpe.

Reprodução
Crianças na zona Leste de São Paulo: elas terão direito a quê?


“Em Manaus, o direito mais elementar é desrespeitado”, diz a matéria, mostrando uma líder comunitária questionando o “nosso” dinheiro investido em obras de estádio. Imaginem, para que servirá uma super-arena em Manaus passados os 30 dias da Copa? Em Brasília, outra arena fantástica para 70 mil pessoas que depois será um elefante branco. Quem jogará lá? Brasiliense e Gama?

Higienização

No Rio de Janeiro, o projeto de higienização urbana que vitima as pessoas mais simples é mais cruel, pela magnitude e simbolismo do futebol na Cidade Maravilhosa, o que realça a enorme contradição entre interesse público e “interesse público”. Orlando S. Junior, sociólogo, diz à ESPN Brasil que o processo é um desrespeito à dignidade humana e não tem a menor transparência. A comunidade não é nem consultada nem participa das decisões que promovem a “limpeza” para retirar a população humilde de onde mora. “A gente não consegue nem dormir”, diz Nadia Datsi, sobre as máquinas praticamente em seu quintal, com medo de que “a qualquer momento” a polícia apareça para despejar os moradores.

Ainda no Rio, defensores públicos (os advogados do povo) estão afastados do contexto, sob a omissão do governo federal.

Em Fortaleza, há um campinho de uns moleques que jogam bola em seu bairro. Justamente esses, que são o símbolo da riqueza ludopédica do Brasil, serão expulsos, pois o campinho da comunidade Montese está na rota do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e de suas casas. É um triste paradoxo. Logo ao lado deles, há um motel, mas este não está ameaçado.

No local, muitas pessoas vivem há 60, 70 anos. Esses verdadeiros degredados, diz o governo do Ceará, serão indenizados e “receberão um imóvel dentro do programa Minha Casa Minha Vida quitado pelo governo do Estado”, como se pode ver em matéria de Nicolau Soares para a Rede Brasil Atual. Será? A verdade é que a população dessas comunidades de Fortaleza está desorientada e sem informação sobre seu destino.

São Paulo e Cuiabá

Em São Paulo, a população vai sofrer o preço do progresso. Não tanto pelas obras do estádio do Corinthians em si, mas pelas obras do entorno e as adequações urbanas necessárias para que o mundo veja a Copa do Brasil com imagens de “boniteza”, como disse de maneira tão pungente um morador humilde de Itaquera à reportagem da ESPN Brasil. Essa população terá imóveis do Minha Casa, Minha Vida?

Em Cuiabá (MT), as obras estão adiantadas, mas igualmente há pouca transparência e quase nenhum “controle social”. “Tem gente que não quer estádio, mas saúde.” A líder comunitária Francisca Xavier ironiza: “Eles dizem que é em benefício do povo”. O secretário extraordinário da Copa na cidade, Eder de Moraes, responde com uma frase emblemática: “Não podemos focar o interesse público em uma pessoa, que age em causa própria”.

Esta é uma total inversão de valores, que confunde o interesse público de fato (o que está no artigo 5° da constituição) com interesses privados focados no retorno, em lucro, das centenas de milhões de reais investidos. A mensagem que mais me marcou na matéria televisiva foi isso: justamente esses meninos cujos campinhos serão eliminados do mapa, em Fortaleza ou São Paulo, são aqueles que mais deveriam ser incentivados, seja com projeto como os CEUS que Marta Suplicy fez na capital paulista, seja com investimentos em esportes mesmo, que lhes dessem outra opção para serem cidadãos que não fossem as ruas.

E assim caminham as obras para a Copa do Mundo no Brasil.

Este post é também fruto da necessidade de fazer uma revisão, no mínimo um intervalo para reflexão, em relação ao que escrevi aqui no post sobre o Itaquerão, em agosto de 2010. E olha que eu nem falei aqui sobre a questão jurídica, a tal Lei Geral da Copa, que é outro assunto.

Você pode ver alguns vídeos da série de reportagens da ESPN Brasil clicando neste link

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

As inscrições de Brasília


Isso é arqueologia contemporânea:

 

 Clique na foto para ampliar
"Brazilia de hoje é o Brazil amanhã", diz inscrição
Foto: José Cruz/ABr

Da Agência Brasil

Oculto por mais de 50 anos, foi descoberto na última segunda-feira (8), por servidores terceirizados da Câmara, um fosso fechado por concreto, que data da construção do prédio do Congresso Nacional em 1959, antes da inauguração da nova capital, em 1960. Na parede de concreto do fosso, foram encontradas mensagens deixadas pelos trabalhadores da obra.

São frases que expressam o sentimento político dos operários e falam da solidão e da esperança no futuro: “Que os homens de amanhã que aqui vierem tenham a compaixão dos nossos filhos e que a lei se cumpra”; “Duraleques CE de lequis”; “Si todos brasileiros focem digninos de honra e honestidade, teríamos um Brazil bem melhor. Só temos uma esperança nos brasileiros de amanhã. Brazil de hoje, Brazil de amanhã”; “Amor, palavra sublime que domina qualquer ser humano”.

Leia matéria da Agência Brasil, na íntegra: Descobertas frases de trabalhadores que construíram o Congresso Nacional


quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O significado da entrevista de Lula aos blogueiros

A entrevista concedida pelo presidente Lula a blogueiros independentes na manhã desta quarta-feira tem importância mais simbólica do que pelo que ele disse ou deixou de dizer. O presidente falou de maneira descontraída aos blogueiros Renato Rovai, Leandro Fortes, Altino Machado, Rodrigo Vianna, Eduardo Guimarães, José Augusto, Altamiro Borges, Tulio Vianna, Pierre Lucena e Sr. Cloaca (entrevista está linkada no final deste post).

Só o fato de Lula conceder a coletiva aos blogueiros (ao mesmo tempo em que alguns portais da grande mídia também transmitiram o evento) mostra o reconhecimento da importância dos blogs – claro que não apenas os representados hoje em Brasília – pelo presidente e, mais do que isso, sinaliza que o Planalto não ignora que o essencial é a internet continuar livre, ao contrário do que querem os defensores do AI-5 digital, projeto do senador Eduardo Azeredo (PSDB) que pode colocar rédeas na liberdade da rede mundial no Brasil. Sinaliza também para a premência de levar adiante as prioridades tiradas da I Conferência Nacional de Comunicação, há um ano (veja aqui), fundamentalmente a regulamentação dos artigos 220 a 223 da Constituição de 1988, o que nunca foi feito. A luta política em torno da reforma do sistema de comunicação do Brasil será árdua.

Uma passagem da entrevista dá a dimensão do porquê os “coronéis” das comunicações têm pavor da liberdade proporcionada pela internet. Disse Lula: “Ela [mídia] é desmentida em tempo real, tem que se explicar. Acho isso extraordinário (...) Acho que vamos trabalhar para democratizar a mídia eletrônica e vamos trabalhar para que o leitor brasileiro fique cada vez mais sabido, inteligente, eu diria. Controlador da sua própria vontade, e isso está acontecendo no Brasil agora”.

Desde a eleição de 2006 a internet vem sendo decisiva e, naquela ocasião, subestimada pelos simpatizantes da direita raivosa ou cordial, como já notara então Luiz Carlos Azenha num post, em seu blog, intitulado “Poder da internet no Brasil foi desconhecido por analistas políticos” (não tenho o link para esse texto, do blog antigo do Azenha, embora tenha o texto que salvei em Word). Nele, escrevia o autor do blog Vi o Mundo há quatro anos:

Sejam benvindos a um país mais complexo, em que o poder dos coronéis locais, montados em suas concessões de emissoras de rádio e tevê, se esgarça nas franjas.
Se você não sabe o que é uma lan house, nem foi a Parelheiros, não se sinta um idiota - no sentido grego da palavra.
Lan house é internet de pobre.
Um real por hora.
Está lá, em todo bairro pobre de toda cidade brasileira.”

Nestas eleições de 2010, blogosfera e twitter serviram como ferramenta decisiva da militância, permitindo o desmentido dos boatos em tempo real, por exemplo, e foi [a internet] fundamental à eleição de Dilma Rousseff, apesar de não haver estudos ainda sobre em que medida ela possa ter sido mais ou menos decisiva.

Quase no final da entrevista, o presidente lembrou o já célebre episódio da bolinha de papel (lembre clicando aqui), dizendo ter ficado estarrecido (termo não foi esse) com a tentativa de enganar a população por parte da campanha tucana. “O Serra deve desculpas ao povo”, disse Lula.

Atualizado às 14h51

Veja a entrevista (observação: nos primeiros dois minutos, aproximadamente, não há som. Tenha paciência que ele vem. Mas maximize o som no ícone correspondente, embaixo, à esquerda da tela do vídeo)