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quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Na era da tecnopolítica, informação é o que está oculto


No dia 12 de novembro passado, um dia antes dos ataques a Paris pelo Estado Islâmico, o sociólogo Laymert Garcia dos Santos, que foi meu professor na PUC lá se vão muitos anos, participou de seminário na Assembleia Legislativa e falou sobre o tema informação. Mais do que a análise, como sempre sofisticada e aguda, a respeito de vários aspectos da realidade atual – as relações entre informação, mídias e política –, foi marcante a abordagem sobre a dificuldade de compreensão, por parte da esquerda, desse fenômeno hoje.

Segue um trecho da exposição de Laymert, que fala por si.


Reprodução/Youtube
Há hoje uma dimensão totalitária da linguagem e a instrumentalização da linguagem política. Não vejo como a esquerda possa reagir diante dessa ofensiva totalitária da mídia.

"O que não me satisfaz no modo como os blogs sujos combatem essa linguagem totalitária [dos meios de comunicação de massa, da ‘grande mídia’ ou como se queira chamar] é que eles não entenderam ainda, apesar de estarem mais próximos do entendimento disso, que a política hoje é tecnopolítica, não é mais só política. Quem entendeu que a política não é mais a política tradicional, mas que tínhamos passado para uma dimensão da tecnopolítica, é Julian Assange, é Edward Snowden e outros menos heroicizados, mais desconhecidos, gente que entendeu a potência e o poder da informação (...) Eles entenderam que o poder e o controle hoje se dão em torno da informação, estão com quem detém a informação e a torna acessível. O Facebook, por exemplo, acho que sabe fazer tecnopolítica. Quando ele consegue vender para milhões e milhões de pessoas que o que interessa é mais do mesmo. De certa maneira, ele conseguiu trazer para o campo das novas mídias uma coisa das velhas mídias. O que a Globo faz é mais do mesmo. No Facebook também é mais do mesmo, porque o Facebook é o meu espelho. Eu só reconheço as coisas que estão lá, só me interesso pelo reconhecido. Não o conhecido, mas reconhecido. Todo mundo vai se comprazer em ficar olhando para um espelho narcísico, para si mesmo, para seus amigos ou sua própria imagem, ou para tudo aquilo que é mais do mesmo. Informação é diferente disso: informação é o diferente, não o mesmo.

Por que digo que Assange e Snowden são intelectuais do futuro? Porque eles entenderam que o problema da dominação é a questão da informação, vão procurar o que é o mais guardado, o que não pode ser exposto. O contrário do que faz o Facebook. ' O que o poder dos poderosos não quer mostrar? É isso que nós vamos mostrar. É isso o que interessa.’ Então (...), ao invés de ficar olhando para o próprio espelho, você cria uma ruptura, porque aparece uma outra dimensão, que é dada precisamente porque ela é aquilo que quem detém o poder não quer mostrar. Porque no mundo de hoje tudo é exposto, menos aquilo que devia ser exposto. O que devia ser exposto é o que Snowden mostra: todos nós somos vigiados, todos temos nossos dados manipulados (...) O que fazem as grandes corporações, como Google, Facebook? ‘ Temos especialistas que vão trabalhar com os sentimentos das pessoas, dos afetos das pessoas, os rastros afetivos, sociais, linguísticos, o cartão de crédito etc, e todos esses rastros deixados pelas pessoas vão nos permitir fazer uma leitura delas e conhecê-las melhor do que elas mesmas (...) É isso que é capitalismo hoje. São essas informações que vão contar.

O usuário comum do Facebook vai estar lá se deliciando com sua própria fotografia, sem saber que tem uma outra instância onde ele está sendo programado o tempo inteiro para ter a reação X, que vai ser cada vez mais ele ficar contente com seu narcisismo. Vejo a esquerda querer se contrapor a essa ofensiva – que trabalha neste nível, no nível da tecnopolítica – ainda com uma política da representação. Mas você está lidando com uma coisa que tem uma dimensão de ficção científica, e lida com isso dessa maneira, como se você estivesse no século XIX? É claro que você vai perder todas.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

E se a mentira de Veja tivesse mudado o resultado da eleição?






E se o "jornalismo de esgoto" – como se referiram à revista Veja os presidentes nacional e estadual do PT, Rui Falcão e Emidio de Souza – tivesse de fato logrado mudar o rumo da eleição do dia 26 e impedido a vitória de Dilma Rousseff?

A quem o PT, a coligação, seus eleitores e a democracia brasileira iriam recorrer? Evidente que, depois de uma eleição consolidada, mesmo que com resultados induzidos por uma reportagem mentirosa e eleitoralmente criminosa, seria praticamente impossível reverter a situação, até mesmo depois de comprovada a fraude promovida pelo "jornalismo de esgoto".

O Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal, chamados a intervir para reparar o desfecho de um processo democrático comprovadamente contaminado pela "liberdade de informação" do jornalismo de esgoto, decidiriam por novas eleições, dada a gravidade do crime praticado pela revista? Duvido, até porque não é crível que tal decisão, mesmo embasada no "bom direito", fosse depois respeitada pela raivosa e protofascista oposição brasileira, formada pelos políticos tradicionais, pela mídia e pelos eleitores de Aécio Neves, eleitores cujo caráter golpista e truculento ficou claro nas manifestações e nas agressões racistas nas redes sociais e nas ruas, onde as agressões chegaram a ser físicas. Os tribunais estariam, de fato e de direito, diante de uma situação institucionalmente explosiva.

Aécio teria ganho a eleição, estaria configurado um golpe e haveria diante de nós uma encruzilhada diante da qual não acredito, como disse, que os tribunais tomassem uma decisão de anular o pleito por evidente contaminação e crime eleitoral grave.

Como então se recuperaria a credibilidade de uma República em que a eleição, o mais importante fato político e coroamento da democracia, tivesse sido decidida pela mentira e pela fraude?

Não se sabe quantos votos a sujeira espalhada pela revista da Abril desviou de Dilma para Aécio nas últimas 24 horas antes da eleição. Fala-se em 3 milhões, mas esse número é evidentemente um chute. Seja como for, parece lógico supor que um contingente significativo de indecisos votou no PSDB devido à capa da publicação da Marginal.

Em matéria de hoje (30), o jornal Valor diz que "o advogado que representa Alberto Youssef, Antonio Figueiredo Basto, negou envolvimento na divulgação de informações que teriam sido prestadas pelo doleiro no âmbito da delação premiada, sobre o conhecimento de suposto esquema de corrupção na Petrobras pela presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 'Asseguro que eu e minha equipe não tivemos nenhuma participação nessa divulgação distorcida'", diz a matéria. Ou seja, a matéria (da Veja) é uma farsa.

Em post publicado ontem no blog do Valter Pomar, intitulado "Comemoração e luta", a direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda volta a insistir na necessidade de "fazer reformas estruturais, com destaque para a reforma política e para a Lei da Mídia Democrática".

O post defende "a construção de um jornal diário de massas e de uma agência de notícias, articulados a mídias digitais (inclusive rádio e TV web), com ação permanente nas redes sociais, que sirvam de retaguarda e de instrumento do campo democrático-popular na batalha de idéias". Na minha opinião, já passou da hora de isso ser construído.

Os golpistas não ganharam, desta vez. Mas não descansarão.

Até porque as eleições de 2018 já começaram. Basta ver as movimentações políticas e o comportamento da oposição a Dilma no Congresso Nacional, encabeçada por lideranças do PMDB como Eduardo Cunha.

Em vídeo divulgado hoje, o ex-presidente Lula sugere que a revista da marginal seja tratada com indiferença. “A gente tem que ver que a Veja é uma revista de oposição ao governo. Pronto, acabou. A gente vai sofrer menos, não tem azia." Essa posição de Lula é ingênua. A revista poderia ter mudado o resultado de uma das mais importantes eleições do país e da história da América Latina. Não concordo com essa visão fleumática de Lula.

É preciso uma legislação que coíba severamente, com punições e multas pesadas, muito pesadas, essa sem-cerimônia criminosa com que veículos de imprensa e TV plantam notícias falsas, sem provas, e depois fica tudo por isso mesmo.

Nos Estados Unidos, país considerado modelo ocidental de democracia e liberdade pelos eleitores de Aécio Neves, o sujeito pode apresentar uma denúncia, no jornal, na revista ou na TV. Mas tem que provar. Senão terá de responder à justiça. Paulo Francis fez acusações gravíssimas de corrupção na Petrobras, e foi processado pela empresa nos Estados Unidos, segundo as leis americanas. Note-se, o governo de então não era do PT, mas de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, ano da morte de Francis, de infarto, dizem que muito estressado e deprimido por saber que sua situação jurídica era irreversível e teria de pagar uma indenização milionária à Petrobras.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Não é bem assim, Joaquim



Valter Campanato/ABr


De repente, algumas vozes de "formadores de opinião" vindas da chamada "grande mídia" lacerdista começam a se manifestar, mesmo que timidamente, em oposição ao caráter autocrático, antidemocrático e antirrepublicano do presidente do Supremo Tribunal Federal. Em uma palavra, fascista. Certamente, o fato de vozes da mídia fazerem uma "reflexão" não se dá por acaso. Mas também, minha gente, não precisa ficar de repente achando o máximo que Gilberto Dimenstein tenha resolvido questionar a conduta nefasta (como disse o deputado Ricardo Berzoini) do presidente da mais alta corte do país, Joaquim Barbosa, contra vários direitos violados nos episódios recentes envolvendo a prisão de José Genoino, José Dirceu e Delúbio Soares, sem falar na condução de todo o julgamento da Ação Penal 470, por demais conhecida.

Janio de Freitas, tudo bem. Tem sido voz resistente faz anos, muitos anos. Mas o texto de Dimenstein é ruim e medroso. Diz ele, por exemplo (os grifos em itálico são meus):

"Não tenho condições de dizer se o que estão fazendo com o José Genoino obedece ou não a lei. Talvez obedeça."

"Pegar um homem doente, que passou por uma operação gravíssima e jogá-lo numa cadeia. O ato pode ser legal. Mas é irresponsável."

É o que diz Dimenstein em seu texto publicado ontem, 20. Como se dissesse: "Genoino talvez seja  um criminoso. Mas, coitadinho, merece piedade".

Não é isso. Genoino nem é criminoso nem merece piedade. Nenhum combatente de valor, como Genoino e Dirceu, merece piedade. 

Mas é claro que o articulista tão bem informado entende alguma coisa de direitos individuais, e sabe também que o tal "domínio do fato" foi uma filigrana jurídica (para dizer o mínimo) utilizada para justificar condenações sem provas. No entanto, Dimenstein prefere ficar no "talvez" da primeira frase acima citada de seu artigo, e no verbo "pode", na segunda.

A verdade é que se fazem cada vez mais presentes as vozes a questionar esse estado de coisas que violenta direitos individuais e atropela mandamentos jurídicos, a Justiça de um homem só que coloca em xeque a própria credibilidade da "mais alta corte do país".

Como diz Helena Sthephanowitz em seu blog da Rede Brasil Atual, "não parece ser por virtude, mas por esperteza, que William Bonner passou um minuto no Jornal Nacional de quarta-feira (20) lendo a notícia: Divulgada nota de repúdio contra decisão de Joaquim Barbosa".

A impressão é de que Joaquim Barbosa se empolgou demais, e foi mais longe do que deveria ou poderia ter ido. Como se lentamente, dos intestinos da República, uma voz começasse a dizer: "Não é bem assim, Joaquim".

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

"STF deu estatuto legal a uma teoria nascida na Alemanha nazista", diz PT sobre "mensalão"


Após a distribuição de nota oficial a jornalistas presentes no diretório nacional do PT, na tarde desta quarta-feira, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, concedeu entrevista coletiva à imprensa. Nela, Falcão não acrescentou muito ao teor do texto previamente divulgado. No qual, aliás, não faltaram a ênfase e um tom há muito reclamado por petistas e mesmo não petistas perplexos diante do julgamento da ação penal 470, vulgo “mensalão”.
Foto: Uiara Lopes/PT
Leia abaixo trechos da nota oficial divulgada pela Executiva Nacional (a íntegra está em link abaixo dos trechos aqui citados).

1. O STF não garantiu o amplo direito de defesa

O STF negou aos réus que não tinham direito ao foro especial a possibilidade de recorrer a instâncias inferiores da Justiça. Suprimiu-lhes, portanto, a plenitude do direito de defesa, que é um direito fundamental da cidadania internacionalmente consagrado (...).

2. O STF deu valor de prova a indícios

Parte do STF decidiu pelas condenações, mesmo não havendo provas no processo. O julgamento não foi isento, de acordo com os autos e à luz das provas. Ao contrário, foi influenciado por um discurso paralelo e desenvolveu-se de forma “pouco ortodoxa” (segundo as palavras de um ministro do STF). Houve flexibilização do uso de provas, transferência do ônus da prova aos réus, presunções, ilações, deduções, inferências e a transformação de indícios em provas (...).

3. O domínio funcional do fato não dispensa provas

O STF deu estatuto legal a uma teoria nascida na Alemanha nazista, em 1939, atualizada em 1963 em plena Guerra Fria e considerada superada por diversos juristas. Segundo esta doutrina, considera-se autor não apenas quem executa um crime, mas quem tem ou poderia ter, devido a sua função, capacidade de decisão sobre sua realização (...).

Ao lançarem mão da teoria do domínio funcional do fato, os ministros inferiram que o ex-ministro José Dirceu, pela posição de influência que ocupava, poderia ser condenado, mesmo sem provarem que participou diretamente dos fatos apontados como crimes. Ou que, tendo conhecimento deles, não agiu (ou omitiu-se) para evitar que se consumassem. (...).

Ao admitir o ato de ofício presumido e adotar a teoria do direito do fato como responsabilidade objetiva, o STF cria um precedente perigoso: o de alguém ser condenado pelo que é, e não pelo que teria feito (...).

Trata-se de uma interpretação da lei moldada unicamente para atender a conveniência de condenar pessoas específicas e, indiretamente, atingir o partido a que estão vinculadas.

4. O risco da insegurança jurídica

As decisões do STF, em muitos pontos, prenunciam o fim do garantismo, o rebaixamento do direito de defesa, do avanço da noção de presunção de culpa em vez de inocência. E, ao inovar que a lavagem de dinheiro independe de crime antecedente, bem como ao concluir que houve compra de votos de parlamentares, o STF instaurou um clima de insegurança jurídica no País.

Pairam dúvidas se o novo paradigma se repetirá em outros julgamentos, ou, ainda, se os juízes de primeira instância e os tribunais seguirão a mesma trilha da Suprema Corte (...).

5. O STF fez um julgamento político

Sob intensa pressão da mídia conservadora—cujos veículos cumprem um papel de oposição ao governo e propagam a repulsa de uma certa elite ao PT - ministros do STF confirmaram condenações anunciadas, anteciparam votos à imprensa, pronunciaram-se fora dos autos e, por fim, imiscuiram-se em áreas reservadas ao Legislativo e ao Executivo, ferindo assim a independência entre os poderes.

Único dos poderes da República cujos integrantes independem do voto popular e detêm mandato vitalício até completarem 70 anos, o Supremo Tribunal Federal - assim como os demais poderes e todos os tribunais daqui e do exterior - faz política. E o fez, claramente, ao julgar a Ação Penal 470 (...).

Leia a íntegra da nota oficial  neste link.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Mensalão: “Abrem-se as cortinas e começa o espetáculo, torcida brasileira”


A frase do título, do inesquecível narrador de futebol Fiori Gigliotti, me ocorreu porque cabe perfeitamente ao show midiático com que a “grande imprensa” a partir de hoje nos brindará a todos, pobres mortais, com o início do julgamento do “mensalão” pelo STF. Estão em questão os destinos de 38 réus, cerca de 500 testemunhas e mais de 50 mil páginas de autos.

“Fazer justiça é condenar todos”, afirma procurador. Esta é a manchete de O Estado de S. Paulo de hoje, dia do início do julgamento. A declaração, do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, cai bem ao espetáculo em que a condenação parece se impor antes do próprio julgamento. E me remete ao brilhante, senão histórico, artigo de Jânio de Freitas na Folha de S. Paulo da última terça-feira, 31. Diz Janio: “O julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal é desnecessário. Entre a insinuação mal disfarçada e a condenação explícita, a massa de reportagens e comentários lançados agora, sobre o mensalão, contém uma evidência condenatória que equivale à dispensa dos magistrados e das leis a que devem servir os seus saberes”.

Ou seja, o inciso LVII do artigo 5° da Constituição (presunção de inocência) parece ter sido definitivamente banido da Constituição brasileira. Mas ele está lá, podem acreditar, e diz: "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória".

O texto na íntegra, que vale apena ler, está aqui: para assinantes (do Uol ou da Folha)

Já a Folha de hoje investe na suposta suspeição que pesa sobre o ministro do STF José Dias Toffoli, ex-advogado do PT e ligado ao ex-presidente Lula, que, segundo a voz corrente, deveria se declarar impedido ou ser impedido de participar do julgamento. A Folha mancheta: STF começa julgamento com ministro sob pressão.

E a revista Veja... Bem, a Veja saiu com a capa ao lado. Mas ela faz de conta que não existe nem nunca existiu ligação entre seu diretor da Sucursal em Brasília, o jornalista Policarpo Júnior, e o presidiário Carlinhos Cachoeira. Mas as ameaças e chantagens com fins escusos que têm a revista dos Civita como âncora continuam, como você pode ler aqui: Convocação de Policarpo Jr à CPMI agora é inevitável .

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Com a velha receita de sempre, jornalismo marrom estilizado de Veja pauta a mídia brasileira


É a mesma receita de sempre: a revista Veja sai com uma denúncia para pôr fogo no circo, normalmente quando há algo relevante acontecendo no país ou algum interesse a ser preservado. Ou revelado, quase sempre a partir de fontes suspeitas e informações plantadas por gente como Carlinhos Cachoeira.

Por exemplo: em épocas de eleições, ou num momento em que uma CPI está instalada para supostamente apurar ligações muito sinistras entre certos políticos e o "empresário" Cachoeira e deste com um destacado jornalista da mesma revista semanal. Ligações, aliás, ignoradas por toda a "grande imprensa" que se une em favor de seus interesses cinicamente fantasiados de interesses nacionais.

No início do mês, chegamos ao paroxismo desse alinhamento, quando o jornal O Globo, em editorial, mergulhou no pântano para sair de lá enlameado em defesa da Veja, dizendo, entre outros disparates: "Blogs e veículos de imprensa chapa branca que atuam como linha auxiliar de setores radicais do PT desfecharam uma campanha organizada contra a revista Veja, na esteira do escândalo Cachoeira/Demóstenes/Delta". Segundo o veículo dos Marinho, é uma "retaliação pelas várias reportagens da revista das quais biografias de figuras estreladas do partido saíram manchadas".

Globo que, como se sabe, tem seu maior poder concentrado na televisão, a poderosa concessão pública sob cuja sombra construiu seu império. Mas, às favas com o interesse público que, segundo a Constituição, deveria prevalecer nos serviços de concessão de rádio e televisão. Não estamos na Argentina.

E a roda-viva continua. Esta semana, mais uma "reportagem" desse símbolo do jornalismo marrom estilizado. Desta vez, Gilmar Mendes, o ministro do STF, já fonte de Veja de outros carnavais, diz ter ouvido de Lula um pedido de adiamento do julgamento do mensalão... Pronto. Passamos a semana ouvindo a repercussão em homepages e portais, para os quais o verbo negar tem importância fundamental. "Lula nega", "Jobim nega" e assim por diante. O verbo negar, para o jornalismo, é um importante recurso de retórica de entrelinhas. De tanto ser repetido (Lula nega, Lula nega, Lula nega, Lula nega) o refrão acaba se tornando uma verdade reafirmada ao contrário.

No Brasil de Veja e de Globo, quem tem que provar não é quem acusa, mas quem é acusado. Uma total inversão de valores jurídicos.

Eu "brigo" com meus amigos que deixam o costumeiro lixo de Veja importunar-lhes o fígado. Não leio essa revista, e às vezes, quando sem querer clico em um link seu na web, saio rapidamente, me persigno e fico a lembrar que, infelizmente, apesar de seu jornalismo ser um lixo, sua capa é importante. Como escreveu o jornalista Flávio Gomes, num texto de 2010: "a capa da Veja, embora a revista seja uma droga indizível, tem importância, sim. Afinal, ela é vista por alguns milhões de pessoas, repousa amarrotada durante meses em mesinhas de consultórios médicos, dentistas e despachantes, e as pessoas a notam nas bancas de jornais, ao lado de mulheres peladas. E algumas pessoas ainda puxam assunto em mesas de bares e restaurantes dizendo 'li na Veja’, e tal. São os 'formadores de opinião'. Uau."

A verdade é que a minha parte eu faço. Não leio essa revista, nem para “saber o que eles dizem” (justificativa de que meu fígado discorda), embora isso contamine o Brasil incessantemente, e ninguém sabe até quando, se até a presidente Dilma Rousseff recentemente deu entrevista e foi capa da publicação. O que eu achei que a presidente poderia não ter feito. Mas fez, afinal o governo federal é um dos maiores anunciantes do país.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Jornalismo, futebol e mídia


A um dia de um dos maiores fatos esportivos dos últimos tempos, Santos x Barcelona pela final do Mundial de Clubes, um jogo esperado por todos os que gostam de futebol, a home page da ESPN Brasil dá como destaque o Tite (maior) e a luta UFC.


A um dia de Santos x Barcelona, destaques da ESPN Brasil são Tite e UFC

No caso da ESPN Brasil, existe a justificativa mercadológica, já que a emissora não tem direitos de transmissão do Mundial de clubes da FIFA. Na programação do canal está previsto o seguinte para as 08:30 de domingo (horário de Santos x Barcelona): "Turfe - Troféu Carlos Pellegrini".

Mas se têm justificativa mercadológica, as edições do site da ESPN Brasil pecam jornalisticamente, porque privilegiam um corintianismo irritante. Porque até as pedras sabem que pelo menos hoje o Santos é mais importante do que o Corinthians. Já a TV Globo, que detém o monopólio da transmissão da Libertadores e do Mundial em canal aberto, simplesmente não transmitiu Santos 3 x 1 Kashiwa Reysol na quarta-feira para o Brasil. O jogo foi ao ar apenas para o estado de São Paulo. Os santistas de todo o resto do país que não têm condições de ter TV a cabo ficaram com a Ana Maria Braga.

Essa opção tosca da Globo gerou protestos nas redes sociais da internet que, por sua vez, provocaram até desculpas esfarrapadas da emissora dos Marinho, tentando justificar a não-transmissão do jogo do Santos (nem vale a pena reproduzi-las). Pergunto: se fosse Corinthians ou Flamengo, a Globo optaria por Ana Maria Braga? Não.

No ano que vem a norte-americana Fox entrará pesado na transmissão da Libertadores no Brasil. Sabiam?

Até lá, a Globo talvez entenda que precisa ser mais democrática para, a longo prazo, manter o seu poder. Até porque isso tem tudo a ver com a propalada, e ainda tão distante, democratização dos meios de comunicação, a regulamentação dos artigos 220 a 223 da Constituição de 1988, e por aí vai.

domingo, 23 de outubro de 2011

Uol tenta desmoralizar o Enem


Notícia publicada no portal Globo.com
às 13:59: “O tema da redação do Exame Nacional do Ensino Médio 2011, o Enem, é ‘Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado’. Os textos de referência são os artigos ‘Liberdade sem fio’, da revista ‘Galileu’ e ‘A internet tem ouvidos e memória’, do portal Terra. Há ainda uma tirinha do cartunista André Dahmer, da série ‘Quadrinhos dos anos 10’.”

De acordo com O Globo, “A informação contraria o boato de que o tema da redação teria vazado neste sábado (22). Segundo estudantes de Petrolina, em Pernambuco, a proposta da banca relacionava 'o povo indígena e a Justiça brasileira'. O Ministério da Educação (MEC) já havia negado, ontem, o vazamento. O órgão assegurou que as provas estavam lacradas sob a proteção do Exército.”

Repercussão no Uol às 15:08: “O jornal O Globo em seu site divulgou o tema da redação do Enem 2011: ‘Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado’. A nota foi publicada no site com horário de 13h59 - a reportagem do Uol visualizou a matéria pela primeira vez às 14h34. Os primeiros candidatos só poderiam começar a sair dos locais de prova às 15h”.

A matéria do Uol cita o Ministério da Educação e diz que, “Segundo a pasta, isso não configura quebra de sigilo da prova, uma vez que o tema foi divulgado depois de o início da mesma. Para o MEC, o fato não configura falha na segurança”.

O que a matéria do Uol quer sugerir e incutir na cabeça das pessoas, pelas entrelinhas, é: o fato configura falha na segurança.

O que eu quero observar com este post é o seguinte: a necessidade que a mídia tem de atacar o Enem é cristalina. Porém, apesar desse esforço, até a notícia do site do Globo reconhece, como mostrado acima (vou repetir), que a “informação contraria o boato de que o tema da redação teria vazado neste sábado (22)”. Isso porque, como vimos, segundo O Globo, estudantes de Petrolina, em Pernambuco "disseram que a proposta da banca relacionava ‘o povo indígena e a Justiça brasileira’”, o que não se confirmou.

Referindo-se à matéria do Globo, O Uol manteve durante boa parte do domingo a informação na home do portal com a chamada “Jornal divulga proposta de redação do Enem antes da liberação dos candidatos”. Ou seja, o intuito óbvio é colocar o sistema Enem sob suspeita, embora seja uma forçada de barra.

De acordo com a matéria do Uol, "um aluno que estava dentro de um local de prova passou o tema" à reportagem. Eu pergunto: por que esse aluno tinha tanto interesse em passar a informação à reportagem? Quem é esse aluno?

Esse é um tema para se refletir. O Enem desagrada muita gente poderosa que quer o Estado longe da educação.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Dilma vai abrir Assembleia das Nações Unidas nesta quarta-feira

Do Blog do Planalto: “Em sua participação na Reunião de Alto Nível sobre Doenças Crônicas Não-Transmissíveis [na sede da Organização das Nações Unidas] nesta segunda-feira (19/9), em Nova York, a presidenta Dilma Rousseff defendeu que é fundamental aliar programas de saúde pública a políticas de promoção e inclusão social. A presidenta ressaltou a grande incidência de doenças crônicas em populações mais pobres.”

Disse Dilma em seu discurso: “O Brasil defende o acesso aos medicamentos como parte do direito humano à saúde. Sabemos que é elemento estratégico para a inclusão social, para a busca de equidade e para o fortalecimento dos sistemas públicos de saúde.”

Capa desta semana
No entanto, se você der uma olhada (nem precisa ler) nos maiores jornais de São Paulo, a impressão é que não são brasileiros. A Folha de hoje não traz sequer uma chamada de capa a respeito. O Estado de S. Paulo traz uma chamada sem foto: “Dilma defende na ONU quebra de patente de remédio". Retirando o fato de seu contexto eminentemente político, a matéria do Estadão foi jogada na página A16, na editoria “Vida”, como se a presidente estivesse fazendo um discurso num seminário do Conselho Federal de Medicina.

Nesta quarta-feira, 21 de setembro, Dilma vai ser a primeira mulher a abrir a Assembleia Geral das Nações Unidas. Mundo afora a chefe de Estado Brasileira é mais reconhecida do que pela medíocre mídia de seu próprio país. Esta semana, ela foi capa da revista americana Newsweek. Mas aqui, entre as semanais tupiniquins, nada.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Lula faz o discurso e Dilma governa,
para desespero da mídia

Se tem uma coisa que a presidente Dilma Rousseff dificulta são as pautas fáceis para a imprensa. Com toda a crise nos Transportes, manchetes diárias sobre a corrupção em Brasília etc., Dilma se mantém como a gestora competente que sempre foi, impassível, fria e distante dos microfones, para desespero dos mancheteiros.

Mas eis que, de repente, quem aparece falando? O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta quinta-feira em Recife, por exemplo, Lula se pronunciou sobre a crise no Ministério dos Transportes. "Pune quem tem que punir e acabou", disse.

A frase em si não significa muito. O significado é o gesto (A Imortalidade - Milan Kundera). Querem que Lula ponha o pijama e pare de falar e militar, mas Lula não vai vestir o pijama. A oposição fica apavorada ante a ideia de que, se for candidato em 2014, Lula será imbatível. E por isso investe na intriga.

Congresso da UNE, em Goiânia, dia 14 de julho
Foto: Antonio Cruz/ABr

Muito claramente, a oposição midiática (pois a combalida oposição política só existe alimentada pela mídia) tenta opor Dilma a Lula perante a opinião pública. Por exemplo, dizendo que Lula interfere no governo Dilma. Avaliação que ignora o fato de que não importa exatamente se é Lula ou Dilma quem governa, pois ambos trabalham e militam juntos.

Com seu estilo, Dilma impõe um governo pragmático, comandado por uma mulher avessa aos holofotes, até onde isto é possível. Nesta quinta-feira, por exemplo, a presidente escalou o ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, para dizer que, numa pasta como a do Ministério dos Transportes, com orçamento de R$ 14 bilhões, é impossível que não haja corrupção.

Enquanto isso, Dilma cumpre uma agenda protocolar, o que se pode constatar ao procurar as fotos do dia no banco de imagens da Agência Brasil.

Lula gosta de falar. Na semana passada, questionou as acusações de que a União Nacional dos Estudantes (UNE) organizou um congresso "chapa branca" por ter sido patrocinada por entidades estatais como a Petrobras ou a Caixa Econômica. "Você liga a televisão e tem propaganda de quem?”, questionou , para lembrar que TV Globo, revista Veja, Folha de S. Paulo, O Estado de São Paulo, entre outros, recebem gordas verbas de anunciantes federais. “Para eles é democrático, para vocês [a UNE] é chapa branca (...) alguns jornais se acham nacionais, mas os grandes [veículos] de São Paulo não chegam ao ABC”, ironizou o ex-presidente. “Há quanto tempo não faço um discursinho!”

Não tem problema nenhum Lula falar e Dilma não falar. Mudou o estilo, mas o projeto é o mesmo iniciado em janeiro de 2003.

Há senões. Por exemplo, o governo Dilma tem um débito urgente com a pasta da Cultura. O movimento contra o retrocesso da agenda de Ana de Hollanda está crescendo e será tema de posts neste blog.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Jornalista sequestrada pela polícia síria continua desaparecida

A jornalista Dorothy Parvaz, da rede Al Jazeera, desapareceu depois de desembarcar em Damasco na última sexta-feira. Ela havia viajado de Doha, capital do Catar, para cobrir os conflitos na Síria.

A Al Jazeera (English) pediu a imediata liberação da jornalista depois que oficiais sírios confirmaram sua detenção, seis dias depois de seu desaparecimento. Anteontem, o ministro do Exterior iraniano, Ali Akbar Salehi, pediu às autoridades de Damasco, em uma coletiva em Doha, que dessem atenção ao caso.

Imagem no site da Al Jazeera

Antes da certeza de que Dorothy, cidadã americana, canadense e iraniana, estava com autoridades sírias, Mohamed Abdel Dayem, Coordenador do Programa no Comitê para a Proteção dos Jornalistas no Oriente Médio e Norte da África (CPJ), afirmou que havia "fortes indícios" de ela tinha sido presa no aeroporto de Damasco ao desembarcar. "A provável prisão de Dorothy é apenas o último episódio de um esforço do governo sírio para instituir um 'apagão' na mídia", disse.

"Sem precedentes"

Há duas semanas, Dayem informou que o número de ataques contra profissionais de imprensa no Oriente Médio e norte da África desde o início deste ano é "sem precedentes".

Segundo ele, 14 jornalistas foram mortos em todo o mundo este ano. Dez deles no Oriente Médio e norte da África. Detenções, destruições de equipamentos e ameaças de morte são usadas para intimidar os profissionais.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Em 2006, oposição ("grande imprensa") atirava com sua bala de prata num 29 de setembro

Vamos relembrar, que recordar é viver. Pois não podemos esquecer que, em março passado, Judith Brito, executiva da Folha de S. Paulo e presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), deu a seguinte declaração:

- A liberdade de imprensa é um bem maior que não deve ser limitado. A esse direito geral, o contraponto é sempre a questão da responsabilidade dos meios de comunicação. E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. E esse papel de oposição, de investigação, sem dúvida nenhuma incomoda sobremaneira o governo [Lula].

Há quatro anos


Uma lembrança um pouco mais antiga. Em setembro de 2006, a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda no primeiro turno era iminente. Mas não aconteceu porque, valendo-se do chamado “escândalo do dossiê”, a oposição (leia-se “grande imprensa”) conseguiu a proeza de levar seu candidato, Geraldo Alckmin (PSDB), ao segundo turno.

Na noite do dia 29 de setembro de 2006, exatamente quatro anos atrás (mas era sexta-feira), o Jornal Nacional ignorou a queda de um avião da Gol (o maior acidente aéreo da história do país) para ocupar todo o tempo falando da bomba de lixo desferida contra a candidatura petista. A Folha de S. Paulo, claro, e todos os parceiros midiáticos da candidatura tucana, repercutiram a cobertura do JN no dia seguinte, sábado, 30, véspera da eleição. A Folha deu a famosa capa trazendo a foto do dinheiro apreendido e, abaixo, outra foto, esta do presidente Lula, encapuzado, de forma subliminar a colar nele a imagem de um criminoso.

Faltou 1,4% para Lula se reeleger no primeiro turno. Conseguiram, enfim, adiar a decisão do povo brasileiro. Mas foi inútil e tiveram que engolir o metalúrgico barbudo, reeleito consagradoramente contra um Geraldo Alckmin que terminou o pleito com menos votos no segundo do que no primeiro turno.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Para lembrar: a mídia contra a democracia em quatro momentos históricos

As vésperas das eleições têm sido invariavelmente tensas, desde que a população brasileira retomou o direito de votar, pós-ditadura. Não só nas eleições presidenciais. Exemplo inesquecível: a eleição de Leonel Brizola em 1982, no Rio, quando houve uma tentativa espúria de golpe, o chamado “caso Proconsult”, que o combativo ex-companheiro de João Goulart conseguiu abortar.

Brizola foi também personagem de outro momento histórico (item 3, abaixo), quando a TV Globo foi obrigada a lhe dar um direito de resposta de mais de três minutos em 1994. A participação decisiva da mídia no episódio do seqüestro de Abílio Diniz, em 1989, que ajudou a eleger Fernando Collor, é outro emblema do golpismo e do desprezo pela democracia. Relembrem, abaixo.


1) Caso Proconsult
Em 18 de novembro de 1982, com a demora na divulgação dos resultados da eleição para o governo do Rio de Janeiro, o então candidato Leonel Brizola, do PDT, apontado como virtualmente eleito na boca de urna, foi à imprensa internacional para denunciar uma tentativa de fraudar a apuração a favor do candidato do PDS e da ditadura, Moreira Franco. Foi o chamado escândalo da Proconsult (nome da empresa encarregada de apurar os votos). Trabalhando a favor da conspiração, a TV Globo foi forçada a recuar. Brizola venceu o combate, foi eleito e governou o estado. Leia mais clicando aqui.

2) Lula x Collor
Em 1989, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial entre Lula e Fernando Collor, o empresário Abílio Diniz foi estranhamente sequestrado por ativistas políticos (argentino, chileno e canadense) que, supostamente, pretendiam com o resgate arrecadar fundos para a guerrilha em El Salvador. Collor ganhou, com apoio da Rede Globo, que ainda editou o último debate entre os candidatos de maneira suja. Se eram de fato militantes de esquerda (nunca se sabe), eram muito burros aqueles seqüestradores.

3) Brizola x Globo, de novo
Atacado pela TV Globo, que o chamou de senil, novamente Leonel Brizola, governador do RJ, venceu uma batalha e conseguiu um direito de resposta de mais de três minutos. O texto de Brizola foi lido por Cid Moreira no próprio Jornal Nacional. Era o dia 15 de março de 1994, ano de eleições para presidente da República e governadores de estado. O histórico direito de resposta está abaixo:



O link do video acima está aqui: http://www.youtube.com/watch?v=ObW0kYAXh-8

4) Mídia x Lula
Em 2006, depois de mais ou menos aceitar a inevitável eleição de Lula em 2002 após o catastrófico governo de Fernando Henrique Cardoso, e amparados na certeza de que o governo do metalúrgico fracassaria, os barões da grande imprensa tentaram de fato um golpe. A revista Veja trabalhou sistematicamente por quase todo o primeiro mandato de Lula tentando enfraquecê-lo com seu jornalismo marrom, produzindo manchetes que se alastravam para os jornais e que se auto-alimentavam em profusão, principalmente a partir do chamado “escândalo do mensalão”.

Veja não conseguiu abalar a popularidade do presidente, e, diante da iminente reeleição do petista, a mídia golpista estampou em capas apoiadas por manchetes as célebres fotos ilegais, tiradas por um policial, do dinheiro apreendido – no chamado “escândalo dos aloprados” – e supostamente destinado a comprar um dossiê contra o então candidato ao governo de São Paulo José Serra (PSDB), sempre Serra, que parece estar presente em todos os lugares onde aparece o termo “dossiê”. Por falar em jornalismo marrom, a capa inteira da Folha de S. Paulo de então – com Lula abaixo da página, encapuzado, proporcionando a óbvia associação com a imagem de um criminoso – é o mais acabado exemplo desse gênero de subjornalismo que o jornal da família Frias conseguiu produzir.

5) O trocadilho vagabundo de Veja

Por tudo isso, não surpreendem coisas do nível da capa de Veja desta semana, com a “manchete” valendo-se de um trocadilho vagabundo: “O polvo no poder”, para “denunciar” o “escândalo” da quebra do sigilo de adversários políticos do PT. A manchete denota, de resto, como é mesquinha e calhorda a elite brasileira diante da idéia do “povo no poder”, que é justamente o que ela sempre temeu. A frase de Veja é um significativo sintoma de seus temores. Talvez até um ato falho, em formato semântico. O problema para a publicação dos Civita, que se gaba de ter 1 milhão de assinantes, é que esse milhão é pouco diante dos 30 milhões de cidadãos que os oito anos de Lula elevaram às classes médias.

Por tudo isso, apesar da dianteira de Dilma Rousseff nas pesquisas, “é preciso estar atento e forte” nesta reta final do processo eleitoral. Não será surpresa se novas bombas de lixo forem atiradas contra a democracia pela aliança entre José Serra e a vergonhosa imprensa deste país.