Mas eu diria que o destaque não é nem o Corinthians ter voltado ao topo (com os mesmos 58 pontos do Vasco, mas uma vitória a mais), e sim o show de gala que Neymar deu no Pacaembu sábado, fazendo os quatro gols da goleada do Santos sobre o Atlético-PR por 4 a 1, “fora o frete”, como diz um amigo meu, já que o moleque marcou outros dois tentos anulados.
Quanto ao título, vamos nos restringir a Corinthians e Vasco como os favoritos. Na sequência, o time paulista joga em Minas contra o virtualmente rebaixado América-MG e depois recebe o mesmo Atlético Paranaense trucidado por Neymar, no Pacaembu. O Vasco encara o Santos na Vila e depois faz o clássico com o Botafogo no Engenhão. Portanto, em tese, nas próximas duas rodadas o Timão tem boas chances de abrir vantagem.
Antes de mudar de assunto, vejamos os gols de Neymar e de Corinthians 2 x 1 Avaí.
Neymar: barba, cabelo e bigode:
Corinthians, líder no sufoco:
Pontos corridos ou mata-matas?
Mudando de assunto, em comentário a um post anterior, o amigo corintiano Luciano sugeriu um “tópico”: “vamos ver qual a opinião da galera a respeito da volta do octogonal?”. Ou seja, os mata-matas, o sistema de disputa do título brasileiro até 2002, quando o Santos ganhou a final do Corinthians por 3 a 2 no Morumbi.
Houve um momento, antes e logo depois de instaurado o novo modelo de pontos corridos (2003), que defender os mata-matas era uma espécie de pecado. Se você defendesse a ideia, era considerado um ignorante, quase um imbecil, contrário a tudo o que é moderno e justo, o sistema europeu (o que é bom para a Europa é bom para o Brasil). Mas, ao fim da nona edição do Campeonato Brasileiro por pontos corridos, já não há tanta unanimidade assim.
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Santos de Robinho: o último campeão nos mata-matas |
Em favor do modelo atual, há o argumento principal de que é mais justo. Já a fórmula de jogos eliminatórios conta com outro argumento: o de que futebol é espetáculo e emoção, e portanto que se dane o sistema politicamente correto dos pontos corridos. Confesso que tenho pensado que o segundo argumento é mais convincente, e digo isso de consciência tranqüila, já que meu Santos foi campeão tanto em mata-matas (2002) como em pontos corridos (2004), assim como Fluminense, Flamengo, São Paulo e Corinthians (sem contar os títulos anteriores a 1971).
O ideal seria não um octogonal, mas um quadrangular. Classificariam os quatro primeiros. O primeiro e o quarto fariam uma semifinal em dois jogos; o segundo e o terceiro, outra. Os vencedores (os de melhor campanha jogando pelo empate) fariam as finais. O problema é que faltariam datas (semifinais e finais seriam mais quatro rodadas). Alternativas: o Brasileiro poderia ter 18 times, o que daria ao final 34 rodadas (17 por turno); mas o Brasil é muito grande e 20 equipes me parece certo; então, enxugar os estaduais seria uma solução (é um absurdo um Paulistão com 20 clubes); infelizmente as datas da seleção brasileira, digo, balcão de negócios, parecem ser inegociáveis.
O Campeonato de 2011, “o mais emocionante da era dos pontos corridos”, corre o risco de terminar melancolicamente. Isso porque não vejo nenhum dos times que podem conquistar o título com cara de campeão brasileiro. O equilíbrio se dá pela mediocridade. Num campeonato de nível alto, nem o Corinthians de Tite, nem o Vasco do interino, nem o imprevisível Flamengo ou os oscilantes Botafogo e Fluminense seriam campeões. A interferência de um calendário horrível, da seleção (balcão de negócios), da janela européia, fazem com que o tal modelo tão incensado dos pontos corridos seja discutível e muito menos justo do que na teoria.
Claro que haverá quem diga que para corintianos, vascaínos, fluminenses, botafoguenses e flamenguistas está tudo muito emocionante em 2011. Mas para mim o Campeonato Brasileiro, e não é só o deste 2011, virou um tédio.