Holanda x Espanha, uma final inédita. A que ganhar, será campeã pela primeira vez. Os espanhóis bateram a favorita Alemanha jogando muito melhor. O tal favoritismo (que eu apontei) se provou enganador. Mas o que pensar diante do massacre contra a Argentina? O resultado de 1 a 0 (o mesmo da final da Euro-2008) é mais emblemático pelo gol de Puyol, o símbolo da raça da seleção de Vicente Del Bosque.
Espanhóis festejam gol de Puyol
A categoria do meio de campo espetacular e talentoso da Fúria finalmente vingou, prevalecendo sobre a inexperiência do jovem time germânico. A Espanha mandou no jogo e o fatal contra-ataque alemão não funcionou. E eu me enganei, ao dizer em posts anteriores que a seleção espanhola não me convencia.
Mas o páreo é duro. A Laranja Mecânica ganhou suas seis partidas, inclusive do Brasil, enquanto a Espanha começou a Copa perdendo para a Suíça, o paradigma de todas as retrancas, por 1 a 0.
A final é imprevisível e bonita, pelo ineditismo que a cerca. O jogo do Talento x Pragmatismo, embora a Holanda, contra o Uruguai, tenha feito sua melhor partida no Mundial, exibindo muito mais do que um futebol burocrático. Tem também o talento de seus craques Snjeider e Robben e uma capacidade de envolver o adversário com passes precisos até cansá-lo, e depois dá o bote.
Mas o forte do time laranja é mesmo a pragmática. A impressão é que realmente sabe como vencer os adversários de acordo com as características de cada um.
Copa do Mundo 2010
Final: Holanda X Espanha Domingo, 11, 15h30
Campanhas dos finalistas
Espanha Espanha 0 x 1Suíça Espanha 2 x 0Honduras Chile 1 x 2 Espanha Espanha 1 x 0Portugal Paragua0 x 1Espanha Alemanha 0 x 1 Espanha
Holanda Holanda 2 x 0Dinamarca Holanda 1 x 0Japão Camarões 1 x 2 Holanda Holanda 2 x 1Eslováquia Holanda 2 x 1Brasil Uruguai 2 x 3Holanda
Brasil 3 x 1 Costa do Marfim foi revelador de dois fatos:
1) depois de sua segunda partida, a seleção de Dunga é mais favorita do que antes de começar a Copa do Mundo. Ao contrário dos outros bicho-papões, o Brasil mostra a que veio. A vitória sobre a Costa do Marfim foi tão incontestável que o gol de placa de Luís Fabiano, o segundo dele e do time, foi tão ilegal quanto irrelevante para a vitória brasileira, que teria acontecido de qualquer maneira;
Camarões de Eto'o já caiu 2) é triste a performance dos times africanos nesta Copa, realizada na África. O primeiro time a ser desclassificado entre todos os 32 foi Camarões, do craque Eto'o (foto) . Dona da casa, a África do Sul está virtualmente eliminada. Mesmo que ganhe da França (e deve ganhar, pelo clima degradante na seleção francesa), ficará fora. Só Gana, no grupo D (da Alemanha), lidera e vai bem, mas, se perder dos germânicos na última rodada, pode perder a vaga para a Sérvia, se esta bater a Austrália (o que não é difícil, convenhamos).
Coices Contra o Brasil, a Costa do Marfim fez um dos jogos mais violentos que eu vi nas últimas copas. Nesta, com certeza, foi o mais violento (Portugal e Holanda, em 2006, também ficou na história como um festival de pancadaria). Repito: triste, até porque sou fã do astro deles, Didier Drogba. Mas os martinenses, que deram coices o jogo todo, não quebraram a perna de Elano e Michel Bastos por pouco. O árbitro francês colaborou com a violência. E ainda expulsou Kaká. Ridículo.
Veja os gols:
Seleções latino-americanas mandam bem Futebol por futebol, Argentina e Brasil se credenciam ao título mais do que todos, terminada a segunda rodada. E este Mundial apresenta um dado interessante: enquanto europeus e africanos patinam e apresentam um futebol medíocre (eu nem conto os asiáticos), os latino-americanos vão em frente.
- Pelo grupo A, o Uruguai meteu 3 a 0 na África do Sul com incontestável autoridade e o México destruiu a França por 2 a 0, e foi pouco. México e Uruguai se enfrentam dia 22: um empate classifica os dois times, eliminando França e África do Sul (acho que não será um jogo de compadres porque os mexicanos precisam vencer para não pegar a Argentina logo de cara, nas oitavas). Mesmo que haja um vencedor no jogo Uruguai x México, a África do Sul teria de tirar uma diferença de seu péssimo saldo de gols: os Bafana Bafana têm -3, contra +2 do México e +3 do Uruguai.;
- no grupo F, o Paraguai, líder com 4 pontos, depende de um empate contra a medonha Nova Zelândia (que a Itália foi incapaz de vencer neste domingo). Empatando, os guaranis se classificam às oitavas;
- pelo grupo H, o Chile, que venceu Honduras por 1 a 0 na primeira rodada, joga com a Suíça na manhã desta segunda-feira (11 horas), no segundo round. Vale lembrar que, por este grupo, a Suíça ganhou da Espanha por 1 a 0. Às 15h30, Honduras x Espanha fazem o outro jogo do grupo.
- Tudo isso para não falar de Argentina (grupo B) e Brasil (grupo G). São os dois grandes times que estou vendo jogar. Continuando nos campeões mundiais, além do Brasil de Kaká e Robinho e da Argentina de Messi e Verón (foto), gosto do time do Uruguai. A seleção da França dá pena. A Inglaterra decepciona até os não-ingleses; a Alemanha começou impressionando, mas a derrota para a Sérvia por 1 a 0 coloca os germânicos, cujo time é bom, mas jovem e inexperiente, em situação preocupante; e a Itália é a Itália, capaz de se classificar de novo na bacia das almas e...
Mudando de assunto: Holanda (já classificada) e Espanha continuam sendo incógnitas. Tenho dito.
Nada contra a Copa do Mundo. Nada contra o futebol, principalmente. Como grande parte da população brasileira, sou sensível ao que acontece dentro das quatro linhas, tenho um time do coração, gosto de jogar uma pelada com os amigos e cornetar o time alheio. Acho, também, que o futebol é um dado importante de compreensão da sociedade brasileira. Como afirma Gabriel Cohn, “Sociólogo no Brasil que não tiver os fundilhos das calças puídas pelas arquibancadas não entenderá este país”.
O estádio Soccer City, em Johannesburgo
Portanto, não quero cornetar a alegria popular. Mas sempre procuro vasculhar para ver o que acho por trás do espetáculo, o que fica encoberto pelo show publicitário e pelo discurso demagógico de união global que, em época de Copa, encontramos na propaganda e no “showrnalismo”.
Mais ou menos no meio do ano passado, os trabalhadores da construção civil da África do Sul entraram em greve e paralisaram as obras nos estádios da Copa. Há cerca de dois meses, foi a vez dos funcionários públicos sul-africanos entrarem em greve, aproveitando, com justa razão, os holofotes para se manifestarem por melhores condições de salários. Após o jogo Alemanha 4 x 0 Austrália, domingo, centenas de trabalhadores protestaram, desta vez contra a FIFA, por conta de atrasos nos pagamentos.
A África do Sul pós-apartheid continua uma nação dividida. Ainda há um movimento separatista africâner – os sul-africanos descendentes de holandeses –, cujo líder, Eugene Terreblanche, foi assassinado no início de abril, supostamente por dois empregados e por uma questão de dinheiro. Mas o governo acendeu o sinal amarelo e procurou imediatamente conter uma possível onda de ódio e conflitos raciais. Brasil Um pouco menos de show e um pouco mais de discussão política nesse período faria bem. Já temo que o Brasil comece a passar sua maquiagem para receber a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Se os dois eventos forem somente maquiagem e “showrnalismo”, temo que não nos farão nada bem do ponto de vista político e social.
Nos três primeiros dias da Copa do Mundo na África do Sul, poucos jogos se salvaram. Nenhuma grande partida. Gostei de África do Sul 1 x1 México, Argentina 1 x 0 Nigéria e Uruguai 0 x 0 França, pelos motivos abaixo. Mas nada de encantar.
O time que mais jogou futebol foi, claro, a Alemanha, que impôs 4 a 0 sobre a ridícula Austrália. Mas a agressividade e objetividade dos germânicos desde já deixam todos os concorrentes com as barbas de molho. A camisa alemã é coisa séria. Com média de idade de cerca de 25 anos, a jovem esquadra do técnico Joachim Löw impressionou pela sede de gols e a quase perfeição tática. Lahm, Podolski, Müller, Ozil, Klose... Esse time pode surpreendentemente ser uma das sensações da Copa. No grupo D, com Grécia, Austrália e Gana, é barbada.
Os Bafana Bafana África do Sul 1 x1 México pelo grupo A foi bom de ver, embora tecnicamente fraco, com os mexicanos se impondo e encurralando os Bafana Bafana na primeira etapa. Porém, o México não fez, e tomou no segundo tempo logo aos 9min, num lindo contra-ataque com passes de primeira: Tshabalala recebeu pela esquerda e chutou no ângulo, cruzado, fazendo o gol mais bonito da Copa até aqui, para mim. Aliás, o primeiro do Mundial.
O time de Carlos Alberto Parreira dominou o segundo tempo e poderia ter matado o jogo, mas sofreu o empate aos 34. O gol do mexicano Rafa Márquez (que joga no Barcelona) fez justiça ao placar. Destaque para o perigoso e hábil Giovani dos Santos, brasileiro naturalizado mexicano. Apesar da bela vitória alemã, destaco então África do Sul 1 x 1 México como o jogo desses três primeiros dias.
Veja os gols de Tshabalala da África do Sul e Rafa Marquez do México
Os hermanos O tradicional futebol argentino, que reúne raça e técnica e sempre conta com um craque (Messi, no atual time de Maradona), se resumiu ao primeiro tempo na vitória suada, mas merecida, contra os nigerianos por 1 a 0, no domingo. Na segunda etapa, o preparo físico da Argentina acabou, e a Nigéria poderia ter empatado. O triunfo foi conseguido com um golaço de Heinze logos ao 7min, de cabeça. O domínio da seleção sul-americana foi quase total nos primeiros 45 minutos, e Messi mostrou que não joga só no Barcelona.
A questão é: será que os argentinos estão fazendo muito sexo ou estão fisicamente mal preparados mesmo? Na hora do mata-mata, esse “fôlego” pode ser fatal. Mas, num grupo que ainda tem Coréia do Sul e Grécia, a equipe comandada dentro de campo pelo impressionante Verón deve se classificar com facilidade. Depois é que o bicho pega.
Jogo de campeões do mundo Já o futebol do 0 a 0 entre França e Uruguai, pelo mesmo grupo A, na sexta, não encantou ninguém, mas foi pra mim uma partida empolgante. Dois campeões do mundo, num jogo de estréia, não poderiam fazer mesmo senão um duelo extremamente disputado, pegado, calculado, como um jogo de xadrez. A França pressionou muito no fim, esteve a ponto de marcar, mas não conseguiu vencer a forte defesa uruguaia comandada por Diego Lugano. Achei o time francês melhor do que esperava. A equipe Celeste também poderia ter vencido, com seu tradicional contra-ataque.
O grupo A é imprevisível. Entre África do Sul, França, Uruguai e México, acho que uma vaga é dos Bafana Bafana, por jogar em casa e pela experiência de Parreira, que, porém, tem que trabalhar com um futebol naturalmente alegre (como será isso para Parreira?), mas um pouco inocente.
Inglaterra 1 x 1 EUA Vi pouco desse jogo. O suficiente para confirmar que o defensivo mas eficiente futebol norte-americano dará trabalho. Os ingleses, favoritos, pressionaram, mas pararam no ótimo goleiro Tim Howard, enquanto seu próprio arqueiro, Green, protagonizou o primeiro frango da competição. Coitado.
A Inglaterra, para mim, ainda é uma incógnita.
Segunda-feira de bons jogos Nesta segunda, dois jogos são especiais neste início de Copa do Mundo: às 8h30, Holanda x Dinamarca, pelo grupo E, que terá Japão x Camarões às 11h. A Laranja Mecânica é sempre uma atração à parte. Gosto de assistir. E, às 15h30, a atual campeã Itália pega o Paraguai pelo grupo F, jogo muito interessante, que ainda tem Nova Zelância e Eslováquia (jogam na terça).
Apenas na quarta-feira, 16, poderemos conferir se a decantada seleção da Espanha vai confirmar as expectativas, na partida contra a Suíça, às 11 horas. Antes, na terça, entra em campo o time de Dunga contra os norte-coreanos.
A Casa Branca anunciou sua Nova Estratégia de Segurança dos Estados Unidos nesta quarta-feira, 27, num documento de 60 páginas. Nele, o Brasil é tratado com grande destaque, geopolítica e economicamente.
“Nós damos as boas-vindas à liderança do Brasil e procuramos ultrapassar as datadas divisões Norte-Sul para perseguir um progresso em questões bilaterais, hemisféricas e globais”, diz o documento.
Presidente Lula recebe primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, em Brasília, nesta quinta
“O sucesso macroeconômico do Brasil, aliado com seus passos para diminuir as desigualdades socioeconômicas, fornece importantes lições para os países em toda América e África”, afirma o texto.
O Brasil é considerado ainda “líder em combustíveis renováveis” e “um parceiro importante para enfrentar a mudança climática global e para promover a segurança energética”.
Sobre a liderança militar exercida pelos EUA, o documento afirma: “esgotaremos todas as outras possibilidades antes de iniciar uma guerra, e analisaremos cuidadosamente os custos e riscos dessas ações".
Diz também que será preciso isolar Irã e Coréia do Norte se esses países não cooperarem na busca pela paz.
"Boas-vindas” Ao contrário dos relatórios da era Bush, que destacavam o termo “guerra ao terror”, o primeiro texto de estratégia de segurança da gestão Obama propõe parcerias “profundas e mais efetivas com outros centros de influência fundamentais”. Além do Brasil, nesse contexto são citadas China, Índia, Rússia, África do Sul e Indonésia.
Uma observação que não quer calar: mesmo com a importância da notícia, um texto de cerca de 4.600 caracteres do Estadão na internet não cita sequer uma vez a palavra Brasil. O título do texto: “EUA renovam estratégia de segurança e reconhecem outras lideranças mundiais”.
PS (à 0h33): Antes que alguém questione: não é contraditório que a Casa Branca divulgue esse documento, ao mesmo tempo em que a secretária de Estado Hillary Clinton combate a mediação de Brasil e Turquia por um acordo nuclear com o Irã?
Não, não é contraditório. Porque a Estratégia de Segurança dos Estados Unidos é um documento divulgado periodicamente, a cada governo, que traça as diretrizes geopolítcas dos Estados Unidos. Por exemplo, os últimos relatórios são de 2002 e 2006, assinados por George W. Bush, e eles consagravam a doutrina dos falcões de Washington, a "guerra ao terror", doutrina tão importante aos republicanos, que produziu a invasão do Iraque. A questão do Irã é conjuntural.
Treinador na coletiva Nem Paulo Henrique Ganso, nem Neymar. Dunga manteve a chamada coerência, com quase a mesma lista da partida contra a Irlanda, no início de março (veja abaixo os 23 convocados para a Copa do Mundo e *mais os sete da "lista de espera"). Grafite no lugar do deprimido e gordo Adriano, que não tinha mesmo que ir, foi uma solução normal (outra opção era Diego Tardelli) assim como Ronaldinho Gaúcho, um deus de papel. Espero que não estejam nem na lista dos sete que será divulgada no fim da tarde.
Não dá para dizer que Dunga está errado, considerando que seu discurso sempre foi o da lealdade ao grupo com que fez uma campanha vitoriosa nas Eliminatórias e ainda conquistou a Copa das Confederações (2009) e a Copa América (2007). Mas o fato é que jogadores talentosos substituídos por um elenco do soldados leais é extremo. É muito pouco.
Dupla santista ficou de fora
Eu levaria Ganso, principalmente, e Neymar. Por que não?Josué, Kléberson e Júlio Baptista, na minha opinião, são aberrações nesse time, considerando tantas outras possibilidades. Há quem não entenda a não convocação do goleiro Victor, do Grêmio, preterido. Irão Gomes (que sempre achei um frangueiro) e Doni, que nem está jogando na Roma.
“Eu não quero coerência por ter coerência, quero que os jogadores acreditem no que eu falo”, disse Dunga na coletiva. É uma frase emblemática que resume o pensamento do treinador que comandou por três anos e meio a seleção.
Agora, na lista há quatro considerados “meias”: Kaká, Ramires, Elano e Júlio Baptista. Nenhum deles é um meia. Nem Kaká, que joga como os jogadores que antigamente chamávamos ponta-de-lança (Leivinha, do Palmeiras, por exemplo).
Meias são Alex, do Fenerbahce (foto), Ricardinho (Atlético/MG), Diego (Juventus de Turim) e Paulo Henrique Ganso. Mas não teremos nenhum deles lá. Eu levaria Ganso ou Alex.
A chamada "lista de espera", composta por jogadores que podem substituir algum (uns) dos 23 inicialmente convocados, é composta pelos seguintes atletas:
– Paulo Henrique Ganso (Santos), Ronaldinho Gaúcho (Milan), Alex (Chelsea), Diego Tardelli (Atlético-MG), Sandro (Inter), Marcelo (Real Madrid) e Carlos Eduardo (Hoffenhein).
Marcelo podia muito bem ir no lugar do discreto e fleumático Gilberto (aliás, para que quatro laterais?). Ganso podia entrar no lugar de vários. À escolha. E o Gaúcho, como eu disse, não levaria de jeito nenhum. Nem no lugar do Josué.