sábado, 29 de setembro de 2012

Sem vergonha é a visão tucana do que significa liberdade de imprensa


Ao chamar o repórter da Rede Brasil Atual de “sem vergonha”, mais uma vez fica estampado, registrado e carimbado qual o verdadeiro apreço de José Serra pela “liberdade imprensa”. Assim mesmo, entre aspas. Ele e seus correligionários (pois a truculência não emana apenas de Serra) acham absolutamente normal que as impolutas Eliane Catanhêde e Miriam Leitão, entre muitas outras figuras, representem seus interesses em veículos de grande penetração.

Mas os que veiculam outras versões, esses são feitos por "sem-vergonhas", de acordo com a visão fascista que eles têm de liberdade de imprensa.

Veja o vídeo do ocorrido na tarde de ontem:


Liberdade de imprensa para Serra é a liberdade de mentir e não responder o que não lhe convém, e, diante de questões que não lhe agradam, retrucar ao repórter com a indefectível pergunta: “de onde você é?” E, se o profissional autor da pergunta que incomoda for de uma das empresas que o apoiam, ele exerce seu direito à “liberdade de imprensa” telefonando para os chefes de redação para pedir a cabeça do tal repórter desobediente.

No caso da Rede Brasil Atual, o tucano não pode ligar para o chefe da redação e pedir a cabeça do repórter. Então sua assessoria dispara uma nota para toda a imprensa dizendo que “O PT deu início (...) a uma nova e lamentável estratégia eleitoral em São Paulo. Enviou um repórter da Rede Brasil Atual (...) para tumultuar a coletiva de imprensa do candidato José Serra”. Nota que alguns portais da mídia tradicional que estão ao seu lado chegam a publicar na íntegra.

Os tucanos não admitem as novas mídias, aquelas que dão uma versão diferente da versão oficial que estão acostumados a divulgar como querem nos veículos que controlam, Folha, Estadão, Globo, Grupo Abril.

O que é sem vergonha é a visão tucana do que significa liberdade de imprensa.

xxxxx

Veja também, sobre o relacionamento de Serra com a imprensa:

Heródoto Barbeiro sai do Roda Viva após questionar Serra sobre pedágio

Os gestos de José Serra

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Pensamento para sexta-feira – Pablo Neruda: Ainda


XIII

Cresce o homem em tudo que cresce
e se acrescenta Pedro com seu rio,
com a árvore que sobe sem falar
por isso minha palavra cresce
e cresce:
vem daquele silêncio com raízes,
dos dias do trigo,
daqueles germes intransferíveis,
da água extensa,
do sol correndo sem seu consentimento,
dos cavalos suando na chuva.

XXI

Vivi na desordem de pátrias não nascidas,
em colônias que ainda não sabiam nascer,
com bandeiras inéditas que se ensanguentariam.
Vivi na fogueira de povos malferidos
comendo o pão estranho em meu padecimento.



Do livro Ainda (do original Aún), de Pablo Neruda – tradução de Eliane Zagury (José Olympio, 1976)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A eterna alegria de torcer pro Santos


Peixe é campeão da Recopa



Acima os gols do jogo, dos quais o primeiro é um golaço, por toda a jogada


Santos é campeão da Recopa Sul Americana após bater Universidad de Chile no Pacaembu por 2 a 0. Bonito de ver mais uma vez o hino entoando os timbres do glorioso Alvinegro Praiano, que nunca é demais ouvir. E a alegria

dos jovens meninos e principalmente do menino Rey, sempre sorrindo e dando show, sempre disposto e ousado, que conquista seu sexto título pelo clube desde 2010 (três paulistas, uma Copa do Brasil, uma Libertadores e a Recopa) e disse ao fim do jogo em meio à comemoração: “eu amo esse clube”;

de André ao ser entrevistado, com largo sorriso: “Aqui eu só comemoro” (ele foi campeão paulista e da Copa do Brasil em 2010 antes de ser negociado);

de Léo, um dos maiores ídolos da história recente do clube, o que ganhou mais títulos (oito) da era pós-Pelé (os conquistados por Neymar mais os dois brasileiros de 2002 e 2004);

de Felipe Anderson, o jovem menino de 19 anos no qual eu levo muita fé e que o treinador mais de uma vez, de maneira covarde, em momentos de derrota, acusou de ter “defeito de fábrica”, mas hoje exibia a autoconfiança e a expressão de dever cumprido, bonita em todo jovem que, como ele, quase um adolescente, exibe quando é incentivado e vence, comemorando seu primeiro título jogando uma partida final;

de um pequeno torcedor, criança de uns oito ou dez anos na arquibancada, a nova geração, exibindo orgulhoso a faixa de seu time (parecido a um menino que ontem vi no busão, com seu boné do Peixe, sorrindo feliz ao ouvir meu elogio: “que lindo seu boné!).

E assim o Santos levanta mais um troféu internacional para a sua enorme galeria de títulos. Um título que, confesso, não me empolgou muito em si, mas que tem importância, pois estão ali disputando os dois campeões continentais do ano anterior (o Peixe da Libertadores e La U da Copa Sul Americana e que só estão ali depois de uma jornada vitoriosa e difícil). E, ao fim e ao cabo, por tudo que falei, um título que emociona também. Como dizia um antigo amigo meu, todos os títulos são importantes. Hoje e sempre, agora quem dá bola é o Santos.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Haddad passa Serra no Ibope e Soninha diz que votaria no petista contra Russomanno


Fotos: Divulgação
A semana começou muito positiva para a campanha de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. Nesta noite o Ibope divulgou pesquisa que mostra pela primeira vez o candidato petista à frente do tucano José Serra. Ele está em segundo lugar com 18%, contra 17% do tucano. O representante do neomalufismo, do PRB e da Igreja Universal do Reino de Deus, Celso Russomanno, continua liderando, com 34%.

Os números são quase idênticos ao do estudo do Vox Populi de quatro dias atrás, em que Russomanno tem 35%. O resto é igual.

Em relação à pesquisa Ibope anterior, de 13 de setembro, Haddad subiu três pontos e Serra, que tinha 19%, caiu dois.

Se isso se revelar como uma tendência na próxima pesquisa, tanto melhor. Nesse caso, a chance do candidato do PT estar no segundo turno será consideravelmente maior do que se esperava até a semana passada.

No Ibope de hoje, aumentou a rejeição a Serra, de 38% para 40%, enquanto 16% dizem que não votam em Haddad e 14% rejeitam Russomanno.

A questão que não quer calar é: o Datafolha, que deu 21% a 15% a favor de Serra na semana passada, vai ter que ser mais rigoroso com sua margem de erro no levantamento que vai divulgar amanhã... A ver.

Soninha
Foto: Reprodução
Outro fato desta terça-feira 25 é estritamente político. No debate da TV Gazeta realizado no fim da noite de ontem e início da madrugada de hoje, a candidata Soninha Francine (PPS) disse algo para lá de significativo.

Lá pelas tantas, ao discorrer sobre política e alianças, disse: “Minha oposição ao PRB [de Russomanno] é tão grande que no segundo turno, entre ele e Hadadd, eu votaria em Haddad”.

Considerando que Serra disputa, pelo menos segundo as pesquisas, um lugar no segundo turno “cabeça a cabeça” com Haddad, por que a ex-petista não preferiu colocar Serra no confronto com Russomanno? Talvez porque estivesse querendo dizer exatamente o que disse, em outras palavras, que passaria por cima até de seu ódio pelo PT para derrotar Russomanno. Mas ninguém tinha colocado tal questão. Ou seja, ela – que é uma aliada ferrenha de Serra – tocou no assunto porque quis.

O tucano deve ter ficado furioso. O fato é que a candidata do PPS pode ser criticada por muita coisa, mas não por ser tola. Talvez ela parta para o ataque contra Haddad antes do dia 7 de outubro, para equilibrar as coisas. Mas desdizer o que disse não vai ser possível. E Haddad não vai desprezar o capital eleitoral de 4% (segundo o Ibope) de que a moça dispõe hoje.

A “revelação” de Soninha é significativa por ser ela notória aliada do candidato tucano. Seus partidos andam juntos tanto em Brasília, no Congresso Nacional, quanto em São Paulo, na Assembleia Legislativa e na Câmara Municipal.

O tom predominante no debate foi de preocupação com a possibilidade de Russomanno vencer as as eleições mesmo sem ter programa de governo ou estrutura partidária e social para governar a cidade.

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Santos continua sem futebol e sem alma, Timão segue bem, Verdão deve subir, Tricolor tem Ganso


Vendo Atlético-MG 0 x 0 Grêmio, fiquei pensando em como tem sido desastroso o segundo mandato do presidente do Santos, Luis Álvaro Ribeiro, o Laor. Depois de uma novela enfadonha e mal gerenciada, PH Ganso é do São Paulo. Enquanto isso, Elano – que sob Vanderlei Luxemburgo volta a jogar bem – e Zé Roberto formam um meio de campo muito competitivo no Tricolor gaúcho. E o meio de campo do Santos não existe.
Ricardo Saibun - Divulgação Santos FC
Para ele, todo mundo é burro
Elano foi despachado porque não tinha mais ambiente num time em que ele (versátil e talentoso) se resumia a defender e cobrir a lateral direita (escrevi sobre isso aqui, no início do ano), no estilo tosco de Muricy Ramalho, que no sábado, após a lavada que seu time tomou da Lusa (3 a 1 no Pacaembu), discutiu com um repórter que insinuou que a equipe não faz treino tático. Será que faz? Dizem que não. Mas todo mundo é burro e ignorante para ele. Muricy, que não assume responsabilidade e vive montado na arrogância, tem carta branca do apático presidente. O treinador está desmontando o time do Santos. Tirando Neymar, ninguém joga bem no time de Muricy.

E, ao que parece, o “professor” vai ser um longo castigo para a torcida santista. Laor se acomodou com os títulos conquistados e parece satisfeito em pagar uma fortuna para a fraude chamada Muricy Ramalho. Quem vê os jogos do Santos sabe que o time não tem padrão tático, não tem gana, não tem nada. Sem Neymar, não existe.

Zé Roberto poderia ter vindo, mas o Santos de Laor preferiu deixá-lo ao Grêmio, que disputa o título, enquanto o time praiano, jogando há muito tempo um futebol de dar dó, dorme sobre os louros da vitória do único título do ano do centenário, o Campeonato Paulista. Para um time caro como o do Santos hoje, é muito pobre a campanha de 2012. Pobre e vergonhosa.

Botafogo 2 x 2 Corinthians foi um bom jogo. O Corinthians continua na sua toada, jogando bem mesmo sem precisar fazer nada no Brasileiro (ao contrário do Santos) e mostrando não apenas que não ganhou o Brasileiro e a Libertadores por acaso como tem boas condições de vencer o Mundial em dezembro. Mas o juizinho Sandro Meira Ricci operou o Botafogo neste domingo.

O São Paulo luta pelo G-4. Se Ganso estiver bem, deve crescer e pode roubar a vaga do Vasco.
Reprodução
Kleina deixou a Ponte. Salva o Verdão?/
E o Palmeiras, que voltou a ter alma após a saída de Felipão e a entrada de Gilson Kleina, ameaça ressuscitar. Tenho a sensação de que conseguirá escapar da degola. Para isso, tem que contar com mais tropeços do Coritiba, que parece ser o único time o qual o Verdão ainda pode ultrapassar. O Coxa, que vem capengando, está apenas 5 pontos à frente.

sábado, 22 de setembro de 2012

Já vai tarde. Mas valeu, Paulo Henrique Ganso



Ouvi nos últimos dias santistas esbravejarem contra a ida de Paulo Henrique Ganso para o São Paulo. Uns desejando que o atleta se machuque, que quebre a perna, e assim por diante.

De minha parte, em post que publiquei aqui no blog no começo do mês, eu disse esperar "que Ganso saia do Santos e seja feliz em outro lugar". Parece uma espécie de maldição da meia-esquerda: Pita e Ailton Lira, dois outros gigantes canhotos que vestiram a sagrada camisa 10 do glorioso Alvinegro Praiano, também se transferiram pro São Paulo.

Como santista, acho chato. Mas por isso vou torcer pro rapaz quebrar a perna, ter câncer ou se transformar numa nulidade? Acho que pensar assim é pensar pequeno. O atleta tem todo o direito de escolher onde quer trabalhar, independentemente de disputas empresariais.

Como santista, acho melhor pensar no que Ganso fez pelo Santos. O título paulista de 2010, por exemplo (junto com Neymar, Wesley, André etc) ou o jogo com o Cerro Porteño, em assunção, no Paraguai, pela primeira fase da Libertadores de 2011.

Se o Peixe tivesse empatado aquela partida (que vi "malemá", pois estava fechando o jornal em que na época trabalhava) estaria fora da Libertadores na primeira fase! Ganso teve atuação primorosa, no primeiro duelo do time sob o comando de Muricy Ramalho, desfalcado de Neymar. O gol da vitória (2 a 1) foi de Maikon Leite, com passe de Ganso. Sem aquela atuação do camisa 10 e aquele passe, talvez os santistas estivéssemos até hoje sem uma Libertadores após a era Pelé.

Portanto, até que enfim essa desagradável novela chegou ao fim. E que Ganso seja feliz no São Paulo, onde, parece, vai vestir a camisa 8. A 10 ele envergou no Alvinegro da Vila Belmiro.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Voto no Serra porque...


Seção Recordar é Viver

Este vídeo foi publicado no YouTube em 2010, no processo eleitoral da campanha à presidência da República. A hashtag, que fez muito sucesso, era #votoserrapq. É muito atual. A galera que fez é da UnB. Pela assinatura do vídeo o perfil deles no twitter é @bras_e_des




quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Pensata sobre Maria Madalena a partir
de uma notícia



Fragmento de papiro supostamente do século II
traz a frase: "Jesus disse a eles: minha mulher..."


Pouco menos de dois anos atrás li o excelente Os Manuscritos do Mar Morto, livro do americano Edmund Wilson (1895-1972). Ele trata de uma incrível descoberta feita por acaso em 1947 por uma tribo de beduínos, pastores de cabras, na margem ocidental do Mar Morto: os manuscritos de Qumram, uma série de textos enrolados dentro de jarros de argila datados de aproximadamente 2 mil anos, que estavam escondidos em cavernas.

Eram centenas de textos e fragmentos de textos bíblicos que comprovaram a existência de uma seita de ascetas judeus, a seita dos essênios, que viveram em Qumran do século II a.C. até aproximadamente 70 d.C., quando os romanos tomaram Jerusalém.

A partir desse achado nas margens do Mar Morto, Roland Guérin de Vaux (1903-1971), padre dominicano francês, diretor da Escola Bíblica, uma instituição acadêmica, católica e francesa dedicada a estudos teológicos, e Gerald Lankester Harding (1901-1979), arqueólogo britânico, dedicaram-se a explorações e pesquisas que acabaram culminando com a descoberta das ruínas do mosteiro onde esses ascetas viviam, perto de onde se acharam os manuscritos pelos beduínos: “O que eles desenterraram é espantoso: um antiquíssimo edifício de pedra, contendo de vinte a trinta aposentos, 13 cisternas e grande parte de seu equipamento intacta. A um lado, entre o edifício e o mar, existe um cemitério com mais de mil túmulos. A construção tem o aspecto de um mosteiro, e uma série de elementos não apenas sugere como prova de maneira praticamente inquestionável que se trata de uma das moradas – senão a sede – do que no passado era conhecido como a seita dos essênios”.

Fílon de Alexandria (que viveu aproximadamente entre 20 a.C. e 50 d.C.) e o judeu Flavio Josefo (37 - 100 d.C) foram os primeiros a falar sobre os essênios, que viviam segundo costumes rigorosos, tendo se afastado do judaísmo tradicional. A descoberta gerou discussões que persistem até hoje sobre o Jesus histórico e o Jesus do cristianismo que começou a se propagar no mundo a partir do primeiro século de nossa era.

Bem, sou um ignorante no assunto. Mas, lendo o livro de Wilson e, mais recentemente, uma obra homônima (Os Manuscritos do Mar Morto, do biblista francês André Paul), mesmo para mim que sou leigo, fica a impressão (por indícios, não provas concretas) de que muita coisa se apagou da história por interferência do que depois veio a ser a Igreja Católica. Com o perdão da heresia, mas, parafraseando Shakespeare, há mais mistérios entre a história e nós do que possa supor nossa vã filosofia. No segundo livro acima citado, Paul escreve: “Jesus de Nazaré começou a manifestar-se na Judeia, perto do Jordão e não longe da margem norte do Mar Morto. Frequentou uma fraternidade de ascetas onde se impunha um profeta de nome João, o qual administrava o batismo a todo judeu que o quisesse. Nessa época, a comunidade de Qumram era ainda viva e dinâmica. Ninguém sabe nem saberá com rigor se Jesus a frequentou”.

Escrevo isso como digressão, sem pretender chegar a uma conclusão, afinal nem os historiadores e arqueólogos chegaram. Mas a pensata me ocorreu a partir da notícia de hoje (terça, 18 de setembro/2012) de que foi achado um pequeno fragmento de papiro supostamente do século II, escrito em copta (língua falada no Egito na época de Jesus), em que estaria escrita a frase "Jesus disse a eles: minha mulher..." A informação é baseada em estudo da Universidade de Harvard, conforme revelou a professora Karen King. O pergaminho teria sido achado no Egito ou na Síria.

O que é mais interessante disso tudo – e independentemente de se crer ou não, ser religioso ou não – é que o caminhar da história tende a desmistificar muitas coisas, e revelar outras. Nesse sentido, a história (e todas as outras ciências que com ela caminham paralelamente) é uma ciência apaixonante.

Uma revelação que já parece cristalina é que Maria Madalena (ou Maria de Magdala) foi muito mais do que a igreja de Pedro permitiu que fosse contado.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Haddad parte para embate, Serra se esquiva e Russomanno sofre poucos ataques em debate


Da Rede Brasil Atual

São Paulo – Mais quente que os anteriores, o debate promovido na noite de segunda-feira (17) entre os candidatos à prefeitura de São Paulo marcou uma clara mudança de postura do petista Fernando Haddad, mais afirmativo, e a tendência de José Serra de se esquivar de confrontos, evitando apresentar perguntas aos rivais diretos.

O encontro não começou como se esperava. Com um formato inusitado, o primeiro bloco teve início com uma pergunta do jornalista Mário Sérgio Conti para todos os candidatos, que deveriam responder sobre o porquê da liderança de Russomanno, o que ensejou a oportunidade para todos os contendores apontarem suas armas ao candidato do PRB. A pergunta foi: "O que pensa da trajetória política e o perfil de Russomano e por que ele lidera as pesquisas?"

O encontro foi promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, pela TV Cultura e pelo YouTube em um teatro no centro da capital. Participaram os candidatos representantes de oito partidos com assento na Câmara dos Deputados: Celo Russomanno (PRB), Carlos Giannazi (PSOL), Fernando Haddad (PT), José Serra (PSDB), Gabriel Chalita (PMDB), Levy Fidelix (PRTB), Paulinho da Força (PDT) e Soninha Francine (PPS).

Na primeira pergunta, Fidélix indagou se Russomanno está preparado para governar a cidade. Serra e Haddad disseram que a eleição ainda não está definida. Paulinho declarou achar a pergunta “estranha”. Soninha, que nesse momento deu a resposta mais arguta, atribuiu a popularidade de Russomanno à exposição midiática durante muitos anos, e afirmou que ele foi subestimado, livrando-se das trocas de acusações.

Ao contrário de debates anteriores, nos quais ficou na defensiva e pouco agrediu, Fernando Haddad adotou postura mais afirmativa e polemizou com Serra. Por exemplo, quando Soninha, cujo partido é aliado do PSDB de Serra, perguntou ao petista por que Lula o escolheu para ser candidato, e não a ex-prefeita Marta Suplicy. A candidata do PPS aproveitou para emendar que Marta foi preterida e, sob “ordem de Lula”, trocando cargo por apoio (em alusão a sua nomeação ao Ministério da Cultura), veio a São Paulo apoiar Haddad. Este retrucou dizendo que a ex-petista estava sendo deselegante com a ex-prefeita e mulher Marta Suplicy. “Marta não recebe ordens”, disse Haddad. Mas, perguntada sobre que iniciativas de gestões passadas manteria se eleita, Soninha citou os corredores de ônibus criados na gestão da atual ministra da Cultura.

Haddad aproveitou para criticar Serra. Afirmou que foi escolhido por Lula “para não acontecer com o Senado o que aconteceu na prefeitura de São Paulo” (lembrando que o tucano renunciou à prefeitura em 2006 para se candidatar ao governo do estado), e atribuiu a “situação dramática” da capital ao fato.

Bastante questionado sobre o "namoro” com o prefeito Gilberto Kassab (PSD) e o acordo com o deputado federal Paulo Maluf (PP), o petista respondeu, como em debates anteriores, que o PP faz parte da base de Lula desde 2004 e integra o Ministério das Cidades, e destacou que isso facilitará a chegada de recursos e projetos para São Paulo, o que não se dá hoje porque, segundo ele, não há boa vontade da prefeitura.

Quando pôde perguntar ao oponente do PSDB, o candidato do PT afirmou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apoiou a candidatura tucana e Serra achou normal. Se é normal, argumentou Haddad, por que Serra declarou que Dilma “meteu o bico” ao apoiar a candidatura do PT em São Paulo? Serra, adotando postura cautelosa, como de resto em todo o debate, respondeu que usou “uma expressão citada comumente” e que ela “não tem conotação agressiva”. Mas alfinetou falando que Dilma mexer no Ministério da Cultura em troca de Marta apoiar a candidatura Haddad é usar a máquina do governo. Na mesma fala, Haddad tocou num ponto sensível de Serra, dizendo que ele não agrega, remetendo ao descontentamento no próprio PSDB com seu candidato, considerado responsável pela divisão do partido.

Serra perguntou a Russomanno se ele pretende nomear integrantes da Igreja Universal caso seja eleito. O candidato do PRB garantiu que não, e demonstrou a habilidade usual: "não existe guerra religiosa em São Paulo. As religiões se respeitam", disse, declarando-se católico e lembrando que o Brasil é um Estado laico. Voltou a citar o ex-vice-presidente José Alencar, “fundador do PRB”, católico fervoroso".

O candidato do PSDB foi questionado pela bancada de jornalistas sobre a polêmica declaração de Fernando Henrique Cardoso, que recentemente afirmou haver “fadiga” em São Paulo em relação a seus governantes, o que causou mal estar nas hostes tucanas. “O eleitor está cansado do senhor?”, ouviu o tucano, e respondeu que FHC não disse isso. Sobre sua rejeição (46%, segundo o Datafolha) voltou a afirmar que a decisão se dá no dia da eleição.

O peemedebista Chalita foi inquirido sobre quem apoiaria no segundo turno, e não respondeu, garantindo ter certeza de que estará na disputa.

Gianazzi não poupou criticas e ataques a Chalita, Haddad e Serra. Disse que, contra as “alianças fisiológicas”, seu partido, o PSOL, está com o povo. “Defendemos a aliança com a população e a sociedade civil”. Ele defendeu a eleição direta para subprefeitos e o cancelamento da dívida da prefeitura.

A proposta mais excêntrica, de novo, foi de Fidélix. Ele propôs os motomédicos para resolver parte dos problemas da saúde.

sábado, 15 de setembro de 2012

Lula e Marta dividem palanque com Haddad em comício no Capão Redondo




O ex-presidente Lula e a ex-prefeita Marta Suplicy participaram de comício do candidato Fernando Haddad no Capão Redondo, zona sul de São Paulo. A periferia da zona sul é um dos grandes de redutos eleitorais do PT na cidade. O outro é a zona leste.

Haddad ressaltou em seu discurso o começo de sua carreira no governo da Marta (em 2001, ele foi nomeado subsecretário de Finanças e Desenvolvimento Econômico na gestão da então prefeita e ficou no cargo até 2003).

Haddad, que discursou depois de Lula, afirmou ser “mais fácil ganhar essa eleição do que falar [no comício] depois do presidente Lula”. Mencionou os governos petistas para alfinetar o prefeito de São Paulo: “Estamos falando de um governo [Lula e Dilma] aprovado por 80% da população, e não de um governo reprovado por 80 % da população”.

Atacou o candidato tucano José Serra: “Um candidato teve a petulância de dizer que a Dilma está ‘metendo o bico’ aqui em São Paulo. O bico ela não vai meter, porque não é tucana”. Esta semana, Serra afirmou em evento de campanha: “Ela [Dilma] vem meter o bico em São Paulo, mas faz parte das regras do jogo. Ela vem dizer aos paulistanos como eles devem votar. Ela, que mal conhece São Paulo, vem aqui dar o seu palpite”.

No comício, Haddad voltou a dizer que “Serra é prefeito de meio mandato e Kassab é prefeito de meio expediente”.

Prometeu acabar com “o papa níquel da Controlar no primeiro dia do meu mandato.”

Lembrou o caminhoneiro José Machado, que sofre de catarata e teve o prontuário médico revelado pela prefeitura de São Paulo (sua doença foi questionada no programa do horário eleitoral serrista).

No coração de uma das regiões onde Marta Suplicy é mais popular na cidade, Haddad disse: “Vamos resgatar todas as bandeiras do governo Marta”.

Por fim, ironizou o adversário tucano: “Não vamos nos deixar levar pelo nervosismo do Serra”, lembrando a campanha suja pela presidência da República em 2010 ("Dilma comeu o pão que o diabo amassou". disse).

PS: depois do Capão Redondo, outro comício com os mesmos protagonistas foi realizado no Grajaú, também na zona sul de São Paulo.

*Atualizado às 21:39

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Pensamento para sexta-feira [número 36] - Santa Maria Egipcíaca


Trecho do Oratório de Santa Maria Egipcíaca, de Cecília Meireles


E.M.
Senhor, senhor, senhor, eu sou Maria,
aquela do porto de Alexandria,
que desde menina vivo dedicada
a amar quem passa pela cidade.
Como posso cantar para a Eternidade,
se a minha vida é só para breves instantes?
E como poderei amar a Divindade,
se apenas mortais têm sido os meus amantes?
Senhor, eu não sou romeira nem peregrina,
eu sou a que fugiu de casa, quando era menina,
a que era tão leve, tão bela e graciosa
que nem a palmeira, que nem a brisa, que nem a rosa.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Palmeiras de Felipão à beira do precipício


Atualizo o post apenas para registrar, sem necessidade de nova postagem, que o Palmeiras não é mais "de Felipão". O treinador foi demitido hoje. Contra o Corinthians, no domingo, o técnico interino será Narciso, que já treinou times "sub" do Santos (onde fez sua carreira como atleta) e Corinthians. Sem mais, o resto do posto continua atual.
Atualizado às 02:05 de  14/09/2012



Reprodução
O destaque do futebol paulista nesta 24ª. rodada do Brasileirão é infelizmente – e digo sinceramente – o Palmeiras. Com mais uma derrota (1 a 3 contra o Vasco no Rio), o time de Felipão está na penúltima colocação no campeonato, com 20 pontos, sete a menos que o Flamengo, o 16º., último antes da zona da degola. O Verdão precisaria ganhar, pelo que se calcula, ao menos 24 pontos em 42 possíveis nas 14 rodadas restantes. Ou 57% dos pontos a disputar. Considerando que o Alviverde tem um aproveitamento de 28% até agora, ou seja, precisa dobrar isso, a situação já é dramática.

Vi o jogo do Palmeiras até o 3º. gol do Vasco. Depois mudei pra partida que terminou com a vitória do Atlético-MG sobre o São Paulo por 1 a 0. Dois comentários: estou torcendo pro Galo ser campeão, porque é um time insinuante, aguerrido, rápido, apresenta um futebol muito mais bonito do que o feio jogo do Fluminense de Abel Braga, com aquele joguinho pragmático, e porque o Galo tem Ronaldinho Gaúcho (sim, estou me contradizendo, pois já critiquei muito o jogador, mas é muito legal vê-lo em campo no Brasileirão). E ponto. E o segundo comentário sobre Galo x Tricolor: como joga bola o Rogério Ceni. Ponto.

O Santos, ufa, bateu o Flamengo por 2 a 0 com dois golaços marcados no fim do jogo. Por Victor Andrade, o novo menino, e Neymar, o experiente menino. Doze pontos atrás do 4º. colocado, o Vasco, o Peixe deve terminar na zona neutra. Muito por causa do lixo ético e futebolístico chamado seleção brasileira, que nos tira Neymar (e eventualmente outros atletas) durante grande parte do torneio, e também devido ao trabalho sofrível de Muricy Ramalho, que deixa muito a desejar, embora ainda haja quem o considere um grande técnico (não é o meu caso: acho que o ano do Santos é tão medíocre que até a torcida deixa a desejar, porque ela deveria estar clamando no estádio um “fora Muricy” bem sonoro, mas está meio amortecida como o clube e a gestão do segundo mandato de Luis Álvaro Ribeiro).

Quanto ao empate do Corinthians no Pacaembu com a Ponte Preta por 1 a 1, com gol do Timão ao seu estilo, nos estertores da partida, nada a comentar. O Alvinegro faz um campeonato protocolar, esperando o Chelsea em dezembro. Embora, nesse contexto, o time de Tite esteja fazendo um papel mais decente do que o Santos de Muricy no ano passado.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Marta no Minc e a engenharia política

Não vejo nada de errado com “engenharia política”, desde que não ultrapasse os princípios éticos.

A queda da ministra Ana de Hollanda do Ministério da Cultura era aguardada ansiosamente pela comunidade cultural. Os motivos estão bastante claros. Não vou repeti-los e eles estão aqui neste post, de março do ano passado: Dilma tem que pôr fim à arrogância de Ana de Hollanda.

Marta Suplicy é um nome interessante. No mínimo, ela vai retomar o caminho da democratização da cultura, estancado com a pífia e, para muitos, suspeita gestão do ministério, cuja política reaproximou as políticas culturais do Ecad.

Mas a postura surda do governo Dilma sobre o assunto, que ignorou os apelos de amplos setores culturais durante um ano e meio e só agora, por motivos de “engenharia política”, resolveu mudar a ministra, mostra que o Minc continua não sendo prioridade para a presidente pelo seu valor e importância intrínsecos.

A nomeação de Marta seria uma “engenharia” política do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff para atrair o suplente da senadora, Antonio Carlos Rodrigues (PR), à campanha de Haddad em São Paulo.

Vamos ver no que dá

terça-feira, 11 de setembro de 2012

O 11 de setembro, 11 anos depois


Onze anos se passaram desde aquela terça-feira ensolarada em São Paulo e em Nova York. Muitas vezes perguntei e respondi à pergunta: “onde você estava no 11 de setembro de 2001?”

Eu estava em casa, tinha acabado de tomar café da manhã e liguei o computador para ver as notícias da manhã. Estava frilando. Li num dos portais da rede: “pequeno avião bate em torre do WTC”. A matéria dizia que as estimativas eram de alguns feridos e talvez alguns mortos, menos de dez.

Como as informações rapidamente ficaram mais alarmantes, liguei a TV na CNN e ainda vi o segundo avião bater na torre. Acordei minha mulher, liguei para amigos, meus irmãos, não tinha como falar com meu filho (e isso me incomodou, porque eu queria falar com ele, que estava na escola), telefonei para meu pai, que, com seus 72 anos, disse: “eu acho que é o fim do mundo, Eduardo”. Em todos os lugares, bares, restaurantes, perplexidade.

Naquele dia não trabalhei. Ficamos grudados na TV, feito rãs iluminadas por uma lanterna. Perplexos, dominados por uma estranha emoção, uma emoção até então inédita e difícil de explicar.

Bem mais tarde naquele dia, talvez no dia seguinte, li o belo texto de Paul Auster, que se segue, e que fala por si.


E assim começa o século 21

Notas esparsas
Paul Auster
11 de setembro de 2001, 16h

Nossa filha de 14 anos começou hoje a cursar o ensino médio. Pela primeira vez na sua vida, ela tomou o metrô do Brooklyn para Manhattan -sozinha. Ela não vai voltar para casa esta noite. Os trens do metrô não estão funcionando em Nova York, e minha mulher e eu demos um jeito de ela passar a noite com uns amigos no Upper West Side. Menos de uma hora depois de ela passar sob o World Trade Center, as torres gêmeas caíram por terra.

Do piso superior de nossa casa, podemos ver a fumaça enchendo o céu da cidade. O vento sopra na direção do Brooklyn hoje, e o cheiro do fogo se entranhou em cada cômodo da casa. Um odor terrível, acre: plástico incinerado, fios elétricos, materiais de construção.

A irmã de minha mulher, que mora em TriBeCa, só dez ou 12 quarteirões ao norte do que um dia foi o World Trade Center, nos telefonou para contar sobre os gritos que ela ouviu após a primeira torre desabar. Amigos dela, que vivem em John Street, ainda mais perto do local da catástrofe, foram evacuados pela polícia depois que a porta do edifício deles foi posta abaixo pelo impacto. Eles andaram em direção ao norte em meio a entulho e escombros -os quais, contaram a ela, continham restos humanos.

Depois de ver as notícias pela televisão a manhã inteira, minha mulher e eu fomos dar uma volta pelo bairro. Muitas pessoas cobriam seus rostos com lenços. Alguns usavam máscaras de pintor. Eu parei e falei com o homem que corta meu cabelo, que estava parado em frente à sua barbearia vazia, com uma cara angustiada. Algumas horas antes, ele disse, a dona do antiquário ao lado tinha falado ao telefone com seu genro -que tinha ficado preso em seu escritório, no 107º andar do World Trade Center. Menos de uma hora depois de ela falar com ele, a torre desabou.

O dia inteiro, enquanto eu via as imagens horríveis na tela da televisão e observava a fumaça pela janela, eu fiquei pensando sobre meu amigo, o equilibrista Philippe Petit, que caminhou na corda-bamba entre as torres do World Trade Center em agosto de 1974, logo depois de concluída a construção dos edifícios. Um homenzinho dançando em um arame a mais de uma milha de altura do solo -um ato de beleza indelével. Hoje, o mesmo ponto se tornou um lugar da morte. Fico assustado ao ponderar quantas pessoas morreram. Todos nós sabíamos que isso poderia acontecer. Nós falamos da possibilidade por anos, mas agora que a tragédia nos atinge, é muito pior do que qualquer um jamais imaginou. O último ataque estrangeiro em solo americano aconteceu em 1812. O que aconteceu hoje não tem precedentes, e a consequência desse assalto será, sem dúvida, terrível. Mais violência, mais morte, mais dor para todos.

E, assim, finalmente começa o século 21.

domingo, 9 de setembro de 2012

A volta da vespa noturna


Algumas pessoas se lembram de um post (que fez sucesso aqui) em que abordei minha difícil relação com os insetos.

Naquele post, mencionei uma vespa “disfarçada de mariposa” (uma espécie de pequena mariposa noturna – na verdade uma vespa noturna). Um inseto agressivo e estranho, que quando você olha parece uma mariposinha inofensiva, mas se você vai mexer com ele vê que não é o que parece e pode te atacar. Como me atacou.

Ontem um exemplar dessa simpática espécie entrou de novo aqui no apartamento.

Clique na foto para ampliar


Dessa vez não se incomodou comigo, mas ficou ali no abajur em forma de prato, onde pôde fazer a festa com os insetos mais toscos, que entram ali para morrer com o calor da lâmpada. Foi um banquete da vespa noturna, que depois de se alimentar, ficou hibernando e no dia seguinte, claro, não estava entre os insetos torrados pela lâmpada. Tinha sumido. Foi embora, é um inseto inteligente.

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Tentamos fotografar o fabuloso inseto, e entre várias fotos estragadas, uma se salvou. O inseto que eu chamo de vespa noturna é esse das fotos, a segunda um destaque ampliado da outra mais acima.

Eu ainda vou procurar um entomólogo (estudioso de insetos) para que me explique sobre a vespa noturna. Se conseguir, volto para explicar.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Pronunciamento de Dilma Rousseff de 7 de Setembro


"Nosso modelo se apoia em estabilidade, crescimento e inclusão"





PS: Comentário - Dilma anuncia redução das tarifas de energia elétrica e pacote de investimentos que incluem 133 bilhões de reais em rodovias e ferrovias. "Esse plano significa um novo tipo de parceria entre poder público e a iniciativa privada que trará beneficios para todos os setores da economia e para todo o povo brasiileiro", diz a presidente da República. "Ao contrário do antigo e questionável modelo de privatização de ferrovias que torrou o patrimônio público para criar dívidas e monopólios."

Pergunto: precisa que Dilma vá a palanques de candidatos que concorrem nas eleições para se dizer que ela está apoiando seus candidatos? Não, não precisa. A oposição pode até espernear dizendo que Dilma está usando a máquina. Mas o que é governar senão usar a máquina? A oposição está numa encruzilhada – sem propostas, sem projeto e sem discurso.

Atualizado à 00:08

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Maranhão 66, de Glauber Rocha


Assistam ao curta-metragem Maranhão 66, do diretor baiano Glauber Rocha, morto aos 42 anos nem 1981.

O documentário é sobre a posse do então jovem José Sarney como governador do Maranhão em 1966, pela Arena, o partido criado pela ditadura militar para sustentar politicamente o regime.

São só 11 minutos de projeção (como se dizia antigamente). Vale a pena.



Ficha técnica

Maranhão 66 - Curta-metragem, 35 mm, preto-e-branco, 11 minutos. Direção: Glauber Rocha. Produção: Luiz Carlos Barreto e Zelito Viana - Mapa Filmes. Diretor de Produção: Zelito Viana. Fotografia: Fernando Duarte. Som Direto: Eduardo Escorel. Montagem: João Ramiro Melo

terça-feira, 4 de setembro de 2012

"José Serra mente", diz Marta no Twitter


A senadora Marta Suplicy (PT-SP) rebateu nesta terça-feira (4) no Twitter a ataque de José Serra (PSDB), em seu horário eleitoral, à gestão dela entre 2001 e 2004 como prefeita de São Paulo. Segundo Serra, ela deixou a prefeitura falida.

Há oito dias, Marta se engajou na campanha de Fernando Haddad e previu que o petista iria ao segundo turno com Russomanno.

Seguem as postagens de Marta no twitter e, abaixo delas, tal como postado no perfil da senadora, o documento citado por ela (“Balanço/2004, assinado por Mauro Ricardo, secretário de Finanças do Serra”).



1) José Serra mente. Usou de má-fé no passado e continua com o mesmo expediente. (segue)

2) Em janeiro de 2005 (Serra) poderia pagar todos os compromissos que venciam naquele mês porque dispunha de dinheiro em caixa (segue)

3) Deixamos na PMSP R$ 358, 6 milhões, p/ contas q somavam R$ 267, milhões. Superávit de + de R$ 91 milhões, segundo constatou o TCM (segue)

4) Serra tinha outros interesses políticos, fabricou o caos, deixou de pagar fornecedores, assustou credores, criou situações falsas (segue)

5) Serra deixou se formarem filas de gente desesperada à porta da Prefeitura. Mais prova de sua má-fé? (segue)

6) Serra arrecadou, até o final de junho de 2005, mais de R$ 7,42 bilhões, e teve despesas de pouco mais de R$ 5,15 bilhões. (segue)

7) Serra deixou + de R$ 2,27 bilhões investido no mercado financeiro, em meados de 2005. Poderia ter pago credores da PMSP. Fabricou caos!

Balanço/2004, assinado por Mauro Ricardo, secretário de Finanças do Serra, comprova: deixei R$ 358,6 milhões em caixa

http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//arquivos/secretarias/financas/contas-publicas/Balanco-Financeiro-2004.pdf

Debate da Rede TV! começa quente e acaba frio


Sem dúvida o debate da Rede TV! foi muito melhor do que o da Band, mas só até o fim do segundo bloco.

No primeiro bloco, como tuitei, achei que Haddad (seguro e objetivo) e Chalita se saíram bem. Chalita tomou a iniciativa do ataque a Serra logo no começo, dizendo que ele fechou muitas escolas. Serra caiu na armadilha e disse que Chalita não falava a verdade. Chalita lembrou Paulo Preto e a promessa não cumprida do tucano de ficar na prefeitura até o fim de seu mandato anterior, e emendou: “Quem não diz a verdade não sou eu”, disse o ex-secretário de Educação de Alckmin, a quem continuou citando incessantemente como aliado.

No decorrer do debate, Fernando Haddad acabou insistindo demais em sua experiência nos governos Lula e Dilma. Tudo bem que ele precisa se afirmar e ser mais conhecido, mas insistir demais na mesma tecla parece banalizar o argumento, aos olhos do telespectador. Teve que responder sobre o apoio de Paulo Maluf em pergunta de Soninha, e respondeu o que devia, tentando explicar que governar num sistema democrático como o nosso exige acordos e que o PP faz parte da base do governo Dilma. Mas adianta? Soninha é aliada de Serra, pessoal e partidariamente, e até trocou figurinhas e gentilezas com o "radical" Gianazzi, que retribuiu. Pareciam até dois velhos amigos do colegial.

Russomanno, líder nas pesquisas, tenta falar diretamente com o povo, experiente que é em atuação diante das câmeras. Com um tom um pouco pastor, com voz mansa, ao mesmo tempo em que lembra bandeiras como o combate à violência, tentando atrair o voto mais conservador e/ou despolitizado. E dirigindo-se diretamente ao telespectador, sempre, como “você”.

Gianazzi, fiel ao estilo PSOL, atacou o PT como pôde. Houve um momento em que colou em Serra o selo da “Privataria Tucana” (lembrando o livro de Amaury Ribeiro Júnior). Depois, dirigiu a Haddad a lembrança do “mensalão” (o que repetiu por todo o debate, mesmo que indiretamente). Gianazzi é tão de esquerda que ao debater diretamente com Soninha, sendo candidato à prefeitura, preferiu de novo criticar Haddad e sua gestão no governo federal, mencionando só de passagem o PSDB, cuja gestão da educação no estado de SP e na capital é uma tragédia que está jogando uma geração inteira no analfabetismo funcional. Por que o professor Gianazzi não enfatiza isso, preferindo atacar o PT, o governo federal, mesmo quando fala de educação na cidade que diz querer governar?

Do meio pro fim o debate foi ficando morno e os candidatos adotaram postura mais defensiva e cautelosa. Quando tiveram a chance de debater tête-à-tête, Haddad e Serra, por exemplo, preferiram a cautela e a cordialidade.

Nas considerações finais,

Serra falou de sua vocação “para servir ao próximo”;

Gianazzi disse que é hora de mudança e de se mudar São Paulo e a Câmara dos Vereadores (neste caso, boa lembrança). Mas demonstra ressentimento demais, uma raiva inexplicável do PT de Lula e Dilma;

Paulinho insistiu em eleições de subprefeitos e em levar emprego para perto da casa das pessoas. Prometeu acabar com as multas e a inspeção veicular;

Russomanno encerrou ao estilo pastor: “Quero agradecer do fundo do meu coração, agradeço a você”, diz, diretamente ao telespectador... “Eu quero me dirigir a você”... “Quero defender você na prefeitura de São Paulo”;

Haddad disse ser essencial inserir São Paulo num grande projeto nacional. Falou com firmeza, demonstrou segurança;

Chalita repetiu o que já começa virar uma ladainha: É preciso “dar as mãos ao governo Alkmin, dar as mãos ao governo para o governo Dilma, acabar com as picuinhas.”;

A Soninha riu muito. Ria o tempo todo, meio deslumbrada com seu debut em uma eleição majoritária. Nem consegui ouvir suas considerações finais, aí o debate já estava frio;

E por fim, Fidélix. Além do aerotrem e do banco da cidade, propôs uma novidade: criar a secretaria de mobilidade urbana;

Atualizado às 02:03

sábado, 1 de setembro de 2012

Que Ganso saia do Santos e seja feliz em outro lugar (diretoria do clube tem que sair da inércia)


Em 24 de dezembro de 2011, portanto há oito meses, escrevi um post dizendo: “Está mais do que na hora do Santos negociar Paulo Henrique Ganso (...) de modo que seja bom para todos os lados”. De lá para cá, tudo o que aconteceu corroborou essa posição. O jogador não conseguiu em todo esse tempo superar as divergências com o clube, não chegou a acordo, rejeitou ofertas da diretoria, continuou longe do futebol apresentado em 2010, se contundiu, desfalcou o clube e fracassou nos Jogos Olímpicos, sequer sendo escalado.

Ivan Storti -  Divulgação/ Santos FC
Os refluxos de sua insatisfação continuam a despontar, quase sempre em momentos de jogos importantes do time.

O presidente do clube, Luis Álvaro Ribeiro, está certo em defender os direitos do Santos. E se o São Paulo não faz uma oferta digna do que vale o jogador e fica com esse seu costumeiro jogo de mídia, típico do clube do Jardim Leonor, então que não se negocie o atleta com o rival.

Mas a situação é insustentável e já começou a interferir no próprio desempenho do time em campo. Se um dos mais badalados atletas de uma equipe é xingado de mercenário como foi na derrota para o Bahia esta semana (3 a 1 na Vila), é óbvio que o clima prejudica o time. A torcida nem tem razão nem deixa de ter razão. Simplesmente torcedor é assim. Por sua postura, a torcida entende que o atleta não é digno de vestir o manto sagrado, a camisa 10 que já pertenceu a Pelé. Ponto.

Parece-me, portanto, que se por um lado Laor deve defender o lado do clube, por outro está mais do que na hora de ele, com sua diretoria e seu conselho, ter competência e colocar fim nessa desagradável novela. Porque o que começa a parecer é que ele está se deixando levar pela inércia ou mesmo por um sentimento de desforra e rancor típico de cartolas das antigas. Ou então não consegue resolver o imbróglio. Ingrato o rapaz de fato é. E não é bem assessorado. Já perdeu muito dinheiro, inclusive.

É uma pena, pois é um grande jogador e vai fazer falta como cérebro no meio campo, talento raro que é. E até por isso não é possível que não haja solução para a novela. A verdade é que Ganso, ao contrário de Neymar, não é santista. Não que torcer para um clube seja condição para se jogar nele, claro, menos ainda nos dias de hoje. Mas que Ganso saia e seja feliz em outro lugar.