A Cinemateca começa, nesta terça-feira, 1° de dezembro, a exibição de uma mostra em homenagem ao ator e diretor Anselmo Duarte, que morreu no dia 7 de novembro deste ano.
A oportunidade é ótima para quem aprecia a nostalgia que provocam filmes como o ótimo Absolutamente certo (1957), que o crítico André Setaro define como "uma comédia de costumes" e marca a estréia de Anselmo como diretor.
É uma chance imperdível também de assistir a Anselmo Duarte, Paulo Autran, Zbigniew Ziembinski e Renato Consorte atuando juntos em Veneno (1952), de Gianni Pons.
A mostra, que vai até o dia 12 de dezembro, é excelente para quem quer rever ou conhecer não só esses como o único filme brasileiro que ganhou a Palma de Ouro em Cannes em 1962: O Pagador de promessas.
Confira a programação completa.
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terça-feira, 1 de dezembro de 2009
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Umas linhas sobre Anselmo Duarte (1920-2009)

Quando Anselmo Duarte morreu, há cinco dias, este blog não existia. Por isso mesmo, me permito algumas linhas, mesmo que atrasadas.
As abordagens em torno da morte do ator e diretor em São Paulo, no último dia 7, aos 89 anos, insistiram, claro, na informação de que ele foi o único brasileiro a ganhar a Palma de Ouro em Cannes como diretor. O que é justo.
Anselmo Duarte começou a carreira como ator no filme inacabado It's all true, de Orson Welles (1942). Com O Pagador de Promessas, ele conseguiu colocar nas telas uma nova maneira de dirigir atores, que em nosso cinema tinham (e em muitos casos ainda têm) aquela característica irritante que o próprio diretor ressaltou, em entrevista: "[A interpretação dos atores dos filmes brasileiros] era muito teatral, era uma pantomima, gritos, parecia que estavam num palco, não num filme", explicou. Ele dizia que não gostava de atuar como ator.
Anselmo Duarte não se dava bem com o pessoal do Cinema Novo, com carradas de razão. Para os cinemanovistas (Glauber Rocha à frente), ou você fazia um cinema de vanguarda ("revolucionário") ou não significava nada. Uma visão excludente e preconceituosa. No II Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, em Salvador (BA), em 2006, o qual cobri para a revista Fórum, o cineasta Eduardo Escorel tocou no assunto. Disse que um dos maiores erros do Cinema Novo foi ter renegado o que tinha sido feito antes dele. Caso de Anselmo, oriundo dos estúdios da Vera Cruz.
Como se tivesse sido pecado ter existido antes do Cinema Novo. Ao ganhar a Palma de Ouro em Cannes, em 1962, Anselmo Duarte concorreu, entre outros, com filmes como O anjo exterminador (Luis Buñuel) e O eclipse (Antonioni). Talvez, por trás das críticas dos cinemanovistas a Anselmo Duarte, houvesse um motivo menos nobre do que a estética. Talvez fosse a inveja, esse sentimento tão mesquinho que foi incluído entre os sete pecados capitais.
As abordagens em torno da morte do ator e diretor em São Paulo, no último dia 7, aos 89 anos, insistiram, claro, na informação de que ele foi o único brasileiro a ganhar a Palma de Ouro em Cannes como diretor. O que é justo.
Anselmo Duarte começou a carreira como ator no filme inacabado It's all true, de Orson Welles (1942). Com O Pagador de Promessas, ele conseguiu colocar nas telas uma nova maneira de dirigir atores, que em nosso cinema tinham (e em muitos casos ainda têm) aquela característica irritante que o próprio diretor ressaltou, em entrevista: "[A interpretação dos atores dos filmes brasileiros] era muito teatral, era uma pantomima, gritos, parecia que estavam num palco, não num filme", explicou. Ele dizia que não gostava de atuar como ator.
Anselmo Duarte não se dava bem com o pessoal do Cinema Novo, com carradas de razão. Para os cinemanovistas (Glauber Rocha à frente), ou você fazia um cinema de vanguarda ("revolucionário") ou não significava nada. Uma visão excludente e preconceituosa. No II Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, em Salvador (BA), em 2006, o qual cobri para a revista Fórum, o cineasta Eduardo Escorel tocou no assunto. Disse que um dos maiores erros do Cinema Novo foi ter renegado o que tinha sido feito antes dele. Caso de Anselmo, oriundo dos estúdios da Vera Cruz.
Como se tivesse sido pecado ter existido antes do Cinema Novo. Ao ganhar a Palma de Ouro em Cannes, em 1962, Anselmo Duarte concorreu, entre outros, com filmes como O anjo exterminador (Luis Buñuel) e O eclipse (Antonioni). Talvez, por trás das críticas dos cinemanovistas a Anselmo Duarte, houvesse um motivo menos nobre do que a estética. Talvez fosse a inveja, esse sentimento tão mesquinho que foi incluído entre os sete pecados capitais.
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