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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Dilma tem o apoio de quem não pensa só em si



Chico, Fernando Morais, Nachtergaele e Beth  
Luis Fernando Veríssimo, Chico Buarque, Matheus Nachtergaele, Beth Carvalho, Paulo Betti, Hugo Carvana, Ivana Bentes e Maria da Conceição Tavares, entre muitos outros artistas, intelectuais, produtores culturais e jornalistas assinam o manifesto de apoio à candidatura de Dilma Rousseff.

Segundo o manifesto,“o Brasil precisa de mudanças, como as manifestações de rua do ano passado revelaram (...) aprofundar as transformações na educação e na saúde públicas, na agricultura, consolidando com ousadia as políticas de cultura, meio ambiente, ciência e tecnologia, e combatendo, sem trégua, todas as discriminações (...) o Brasil precisa urgentemente de uma reforma política. Mas precisa mudar avançando e  não recuando ".

Deve-se notar que há algumas vozes dissonantes. As de Caetano Veloso e Gilberto Gil, por exemplo, que declararam voto em Marina Silva. Tempos atrás, dona Canô, mãe de Caetano, puxou a orelha do filho publicamente, porque ele tinha chamado Lula de "analfabeto", e declarou voto em Dilma. Infelizmente, dona Canô já morreu. Nada contra Caetano ou Gil votarem em Marina. É da democracia. Mas Caetano dizer que Marina representa a "chegada de evidentes fenótipos negros no posto da Presidência da República. Isso não é pouco", é bastante ridículo. "É a sociedade brasileira se movimentando para crescer com dores suportáveis", escreveu ainda Caetano, que tem uma obra tão bonita, e poderia nos poupar de tamanhas tolices.

Abaixo, a íntegra do documento assinado por Luis Fernando Veríssimo, Chico Buarque, Matheus Nachtergaele etc:

Os brasileiros decidem agora se o caminho em que o país está desde 2003 é positivo e deve ser mantido, melhorado e aprofundado, ou se devemos voltar ao Brasil de antes - o do desemprego, da entrega, da pobreza e da humilhação.

Nós consideramos que nunca o Brasil havia vivido um processo tão profundo e prolongado de mudança e de justiça social, reconhecendo e assegurando os direitos daqueles que sempre foram abandonados. Consideramos que é essencial assegurar as transformações que ocorreram e ocorrem no país, e que devem ser consolidadas e aprofundadas. Só assim o Brasil será de verdade um país internacionalmente soberano, menos injusto, menos desigual, mais solidário.

Abandonar esse caminho para retomar fórmulas econômicas que protegem os privilegiados de sempre seria um enorme retrocesso. O brasileiro já pagou um preço demasiado para beneficiar os especuladores e os gananciosos. Não se pode admitir voltar atrás e eliminar os programas sociais, tirar do Estado sua responsabilidade básica e fundamental.

O Brasil precisa, sim, de mudanças, como as próprias manifestações de rua do ano passado revelaram. Precisa, sem dúvida, reformular as suas políticas de segurança pública e de mobilidade urbana. Precisa aprofundar as transformações na educação e na saúde públicas, na agricultura, consolidando com ousadia as políticas de cultura, meio ambiente, ciência e tecnologia, e combatendo, sem trégua, todas as discriminações.

O Brasil precisa urgentemente de uma reforma política. Mas precisa mudar avançando e não recuando. Necessita fortalecer e não enfraquecer o combate às desigualdades. O caminho iniciado por Lula e continuado por Dilma é o da primavera de todos os brasileiros. Por isso apoiamos Dilma Rousseff.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O MinC – de Gilberto Gil a Ana de Hollanda

Divulgação/site oficial
A cantora, compositora e atriz Ana de Hollanda – irmã de Chico Buarque – será a ministra da Cultura de Dilma Rousseff.

Não sei quais são as propostas de Ana, o que ela pode fazer na pasta. Não posso nem elogiar nem criticar. Afinal, muitos bombardearam a nomeação de Gilberto Gil em 2003 e, ao fim e ao cabo, a gestão de Gil foi bastante razoável. Ser filha de Sérgio Buarque de Hollanda – esse historiador extraordinário cuja obra dispensa comentários – não garante que ela será uma boa ministra, mas seus princípios (filha de quem é) aliados às diretrizes de um governo popular descendente de Lula dão certa tranqüilidade. A nova ministra tem alguma experiência: foi secretária Municipal de Cultura de Osasco entre 1986 e 1988 e diretora do Centro de Música da Funarte, de 2003 a 2007.
Gil e Lula

Quando Gilberto Gil foi nomeado ministro da Cultura logo no início do primeiro mandato de Lula, a escolha foi recebida com desconfiança. Um artista ser ministro!? Mas, no decorrer de sua gestão, Gil fez um trabalho interessante, porque tentou democratizar as verbas da cultura, historicamente insuficientes e sempre monopolizadas por setores conhecidos.
O ministro Gil foi bastante criticado por parte da comunidade artística. O poeta Ferreira Gullar (ex-comunista), o cineasta Luiz Carlos Barreto, Gerald Thomas (a própria encarnação da egolatria), atores como Marco Nanini e até o velho parceiro de Tropicália, Caetano Veloso, estavam na linha de frente dos descontentes. Os argumentos eram vários. Mas, na verdade, o motivo das críticas era um só. Esses e outros figurões da produção cultural brasileira, autoconsiderados portavozes da cultura do país, acostumados a ser financiados pelo Estado, perderam parte da mamata e, no fundo, era isso o que os incomodava.
Em ótima entrevista a Pedro Alexandre Sanches da revista CartaCapital, em janeiro de 2006, Gil rebateu essas críticas com autoridade: “Eles tinham acesso a recursos que estão sendo redistribuídos...”.

"...Os artistas consagrados e bem-sucedidos não gostam de ser elencados na classe dominante, mas são. Nós somos classe dominante", disse então Gilberto Gil. “Estamos tentando trabalhar com um pouco mais de atendimento periférico, com os Pontos de Cultura, as políticas para museus que estamos descentralizando.”

“[Sobre cinema] Acredito que essas queixas são em relação ao atendimento geral que o ministério e as estatais vêm dando aos filmes, adotando políticas públicas de fomento um pouco mais abertas e democráticas”. 
Com Gil, sob Lula, o MinC, na medida do possível, tentou deslocar o eixo dos privilégios, uma política que espelhou, ou tentou espelhar, a política social do governo em outras áreas. Não é tarefa fácil desbastar privilégios tão incrustados na produção cultural de um país continental. De qualquer maneira, isso irritou profundamente os que encaravam o MinC como uma espécie de cartório ou despachante dos seus próprios interesses, quais sejam, dos latifundiários da cultura no Brasil. O sucessor de Gil, Juca Ferreira, manteve a linha, com discrição. Com Ana de Hollanda, espera-se que essa política seja aprofundada.
Leia aqui na íntegra a importante entrevista de Gilberto Gil a CartaCapital, em janeiro de 2006

Atualizado à 00:21.