quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O poder da indústria e da propaganda prevalece mais uma vez

Divulgação
Mais uma vez a cidadania é vencida pelos poderosos lobbies da indústria alimentícia e a não menos poderosa indústria da propaganda. A “liberdade de expressão” a todo custo e a liberdade da indústria de enfiar lixo goela abaixo das pessoas falam mais alto do que a saúde pública e o direito do cidadão de ser protegido pelo Estado.

O governo de São Paulo vetou na noite de ontem um projeto de lei do deputado estadual Rui Falcão (PT) que proibia a veiculação na TV e no rádio, entre 6h e 21h, de publicidade dirigida a crianças sobre alimentos e bebidas pobres em nutrientes e com alto teor de açúcar, gorduras saturadas ou sódio. O projeto foi aprovado em dezembro na Assembleia Legislativa. Ele impedia a utilização de personagens e celebridades infantis na propaganda e brindes associados à compra.

O governo paulista, na pessoa do governador Geraldo Alckmin, vetou o PL sob o argumento de inconstitucionalidade, já que, segundo ele, o inciso XXIX do artigo 22 da Constituição Federal determina que a competência de tal legislação é federal, do que discordam entidades ligadas à defesa dos direitos do consumidor, segundo as quais o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), uma lei federal, já trata do tema.

O Código determina expressamente, em seu artigo 37: “é proibida toda publicidade enganosa ou abusiva”. E, no parágrafo 2°, é claro: “É abusiva, dentre outras, a publicidade que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança”. Portanto, argumentam, sob o guarda-chuva federal do Código de Defesa do Consumidor, uma lei estadual poderia e deveria regulamentar a questão.

Segundo a advogada do Idec Mariana Ferraz, qualquer iniciativa de se regulamentar a publicidade infantil tem esbarrado no interesse dos lobbies dos setores da indústria e da propaganda. “Existem outras iniciativas em âmbito federal que estão sendo debatidas”, diz. “Mas há uma estrutura muito grande por parte da indústria e do setor publicitário para impedir a aprovação de regras nesse sentido, que se valem do fato de a criança não ter a maturidade para perceber o intuito mercadológico.”

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Por quem os sinos dobram - "O vento está uivando em Santa Maria"


Tenho dificuldade de falar sobre tragédias, até mesmo de me informar sobre tragédias, principalmente as inauditas, como a que vitimou os jovens de Santa Maria.

Não tive nem ânimo para postar no blog nos últimos dias. Me parecia que qualquer coisa seria fútil e tola. E fico por aqui.

Reproduzo abaixo uma postagem retirada do perfil do facebook do meu amigo Rondon de Castro, professor de Comunicação Social da Universidade Federal de Santa Maria, que perdeu alunos e conhecidos no fatídico domingo 27 de janeiro de 2013.

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O vento está uivando em Santa Maria...dizem que são as almas se despedindo dos viventes...agora eu acredito.


"Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.
(John Donne)


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Grandes atores (1)


Estava eu zapeando quando parei em um filme que passava na televisão. Palavras ao Vento (direção de Douglas Sirk, 1956). Um melodrama hollywoodiano desinteressante, mas que traz em seu elenco o ator Robert Stack. Um ator medíocre, mas que minha mãe adorava, sobretudo por seu papel na antiga série Os Intocáveis, em que interpretava o agente Eliot Ness. Se fosse viva, dona Leila ficaria brava comigo por chamar de medíocre o galã Stack/Ness, mas, infelizmente, essa bronca ela não vai me dar.

Seja como for, o acaso (“o senhor de todas as coisas” – Buñuel) me levou a ver um trecho do filme e aqui estou para falar de atores. Grandes atores não são uma espécie muito comum, apesar dos zilhões de filmes que existem no mundo e de muitas vezes as pessoas confundirem beleza e glamour com arte dramática. O que é ser um grande ator?

Brando, grande dos grandes
Um grande ator é uma criatura que deixa de existir para dar lugar a um outro espírito, como um médium. Nesse sentido (e a subjetividade é inevitável ao se elencar nomes de qualquer gênero de arte), para mim, o grande dos grandes é Marlon Brando (1924-2004). Esse ator monstruoso que interpretou Don Vito Corleone em O Poderoso Chefão (Coppola, 1972), Emiliano Zapata em Viva Zapata! (Elia Kazan, 1952), Terry Malloy em Sindicato dos Ladrões (Elia Kazan, 1954), Walter E. Kurtz em Apocalypse Now (Coppola, 1979), entre tantos outros. Há uma sequência em O Poderoso Chefão que é impossível ver sem se emocionar: quando Don Corleone fica sabendo da morte de seu primogênito Sonny e em seguida dá as ordens para o dono da funerária fazer o “serviço” para que a mãe não veja o corpo do filho “massacrado”. A emoção aqui não se dá por artifícios de cena, por influência musical, por melodramatização de roteiro, mas unicamente pela interpretação de Brando.

Truman Capote, no belíssimo ensaio "O duque em seu domínio" (no livro Ensaios), descreve Brando, a quem conheceu ao fazer com ele uma entrevista em 1956, e fala da “facilidade de camaleão com que Brando adquiria as cores cruéis e duras do personagem, com que soberba, como uma salamandra sinuosa, ele se vestia com o papel, como sua persona evaporava”. Conta também Capote que Elia Kazan disse: – Marlon é simplesmente o melhor ator do mundo.

Bem, quem sou eu para discordar de Elia Kazan?

Hackman, durão e genial
Há atores que muitas vezes são coadjuvantes, mas, como coadjuvantes ou protagonistas, fazem invariavelmente de sua atuação a própria alma de um filme. Esse é o caso do genial Gene Hackman. Ele mostra por que é um dos melhores atores do mundo em filmes como A conversação (Coppola, 1974), Mississipi em Chamas (Alan Parker, 1988), Os Imperdoáveis (Clint Eastwood, 1992). Cito apenas três grandes filmes (porque do contrário este post seria uma enfadonha listagem de filmes), mas Hackman é daqueles atores que fazem com que você veja uma película só por vê-lo atuar, mesmo que o filme seja meia-boca. É outro monstro, com o perdão da repetição.

Hopkins, mestre
Anthony Hopkins é mais um que incorpora o espírito de criaturas que passam a existir graças a um talento assombroso. Em O Silêncio dos Inocentes (Jonathan Demme, 1991), a impressão que se tem é que o impiedoso personagem, o assassino Hannibal Lecter, se torna o mestre da policial Clarice Starling exatamente como o ator Hopkins se transforma no mentor de Jodie Foster. É com uma fascinação ao mesmo tempo iluminada e sombria que Starling/Foster interage com o criminoso Hannibal/Hopkins. Isso não se daria se o ator fosse outro que não Anthony Hopkins. O filme seria outro, indefinidamente inferior.

Esse é um filme paradigmático de uma grande atuação, porque Hopkins opera no personagem uma transformação que vai da brutalidade à doçura, da contemplação à explosão assassina, e essas nuances ele expressa em sua face como se fossem, cada uma, a face mesma da brutalidade, da doçura, da contemplação e da selvageria. É uma das maiores atuações que já vi.

Quem viu Quando Explode a Vingança (Sergio Leone, 1971) sabe por que outro que deve figurar em uma lista dessas é Rod Steiger (1925-2002). No papel do bandido Juan Miranda, contracenando com o ótimo James Coburn (que faz o terrorista John H. Mallory), ele emociona com o simples talento de interpretar.
Rod Steiger como bandido Juan Miranda
Rod Steiger atuou também em Al Capone (Richard Wilson, 1959), interpretando o personagem-título, e Doutor Jivago (David Lean, 1965), como Komarovsky, entre muitos outros, claro.

A responsabilidade do diretor certamente tem muito a ver com o fato de um ator conseguir uma grande interpretação. Isso é mais ou menos óbvio, pois os grandes se procuram. Não é mero acaso, por exemplo, que Elia Kazan e Marlon Brando trabalhavam juntos; ou que Coppola tenha procurado Brando, Al Pacino, James Caan, Robert Duvall ( esses quatro fazem parte da constelação impressionante de O Poderoso Chefão), ou Gene Hackman e outros. Essa simbiose entre grandes diretores e grandes atores é natural, como é em qualquer profissão.

O que é interessante é quando um ator que se tem como medíocre um dia tenha atuação que faz você pensar: "nossa, mas esse cara é bom pra cacete!" E você fica com uma sensação de que é um ignorante que nunca entendeu, nem intuitivamente, do que seja uma interpretação. É o caso de John Travolta, que, como ator, sempre foi um ótimo dançarino. Mas aí você assiste a Pulp Fiction (Quentin Tarantino, 1995) e fica admirado, e pensa: “meu deus, mas o John Travolta é muito bom!” Nesse caso, penso eu, trata-se apenas de um milagre de que um grande diretor como Tarantino é capaz. De fato, Travolta estraçalha nesse filme. Mas cite outro!

Acontece também o contrário. Atores que parecem enormemente talentosos e de repente decaem para um limbo de mediocridade inexplicável. Esse é o caso de Johnny Depp. Quem viu Dead Man (Jim Jarmusch,1994) e Antes do Anoitecer (Julian Schnabel, 2000), no qual Depp interpreta magistralmente dois papéis, um policial e um travesti, e hoje vê a lista de lixo industrial-cultural a que Depp se submete para rechear sua conta bancária fica espantado.

Cabe lembrar que nem sempre um grande ator é uma estrela, e já escrevi sobre isso aqui, a propósito de Vincent D’Onofrio.

Mas, enfim, esse post para por aqui. O assunto vai longe. Voltarei para continuar a falar do tema e de outros atores (e também de atrizes, claro), alguns dos quais já citados de passagem neste post, e outros não.

Leia também:

Vincent D'Onofrio: um grande ator nem sempre é um superstar

Gandes atores (2): Henry Fonda

Gandes atores (3): Paulo José: Macunaíma, Quincas Berro D'Água e O Palhaço

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Palmeiras elege Paulo Nobre presidente e, para recomeçar, precisa esquecer seus fantasmas

Reprodução
Profissionalismo, ruptura, frieza. Palavras usadas pelo novo presidente do Palmeiras, Paulo Nobre, eleito agora à noite. Ele disse também que vai separar o clube social do futebol, um nó eterno que tem custado a paz no Palmeiras desde tempos “imemoriais”...

Em comentário a post anterior, o palmeirense Paulo M. disse que “Paulo Nobre tem apoio do Mustafá”, e concluiu: “Fora!”.

Não acho tão simples assim. É esse tipo de paixão cega que tem de acabar no Palmeiras para que o clube retome seu caminho vencedor. O que tem de acabar no Palmeiras são as brigas fratricidas que há décadas vêm minando o clube por dentro.

Cartola em total decadência, ou mais, decaído, Contursi tinha de se agarrar em alguma tábua. Agarrou-se a Paulo Nobre, assim como apoiou Arnaldo Tirone na eleição passada. O que não significou nada, pois o ex-cartola todo poderoso se arrependeu do apoio a Tirone. Contursi, hoje, luta para não desaparecer. Não tem mais força, virou um fantasma.

Acho que Paulo Vinícius Coelho tem razão. Escreveu ele:

Havia um ponto perigoso: Mustafá fazer maioria no COF, o Conselho de Orientação e Fiscalização.
Não fez.
Se fizesse, o COF continuaria tendo um trabalho político, de vetar contas dos inimigos, aprovar dos aliados, como foi nos últimos vinte anos.
Mas dos 15 eleitos no COF, só quatro são ligados a Mustafá Contursi.”

Enfim, o Palmeiras tem uma nova chance. É preciso que sua comunidade, sua diretoria, sua torcida e seus conselheiros encontrem um mínimo de harmonia e deixem as politicagens e os rancores de lado. E parem de alimentar os fantasmas que assombram o clube.

domingo, 20 de janeiro de 2013

Santos estreia no Paulistão com vitória e Lula vai ao estádio ver Neymar


Nenhuma novidade. Santos vence São Bernardo por 3 a 1 no estádio Primeiro de Maio na estreia do Paulistão 2013, Neymar acaba com a defesa, faz dois gols (o primeiro, o típico taco de sinuca com que já se acostumou a matar defesas), sofre um monte de faltas, o time adversário leva seis cartões amarelos e um vermelho, todos motivados por faltas no Rey. Rotina. Digno de nota foi a presença do ex-presidente Lula, corintiano roxo, que assistiu à partida no estádio. Ninguém resiste a Neymar.
Reprodução
Ex-presidente no estádio 1° de Maio, neste sábado

Ainda não dá para avaliar o time, por um jogo cujo primeiro tempo aliás eu não vi, pois estava dormindo. O que deu para notar, pelo segundo tempo que vi, é que o camisa 9 André está fora de forma, sem movimentação e deveria dar lugar a Miralles, que no segundo tempo entrou na vaga de Cícero e fez um belo gol. O outro argentino, Montillo, em sua estreia em competição oficial demonstrou pouco entrosamento e perdeu um gol feito em passe magistral de... Neymar.

O que continua é a falta de ousadia e a mesmice parreirista de Muricy Ramalho. Com um jogador a mais desde 34 do primeiro tempo, só foi mexer no time depois dos 20 minutos do segundo, quando pôs Miralles no lugar de Cícero e, mais tarde ainda, Patito Rodríguez no do apagado e lento André.


Veja os gols de São Bernardo 1 x 3 Santos:


sábado, 19 de janeiro de 2013

MP instaura inquérito para apurar financiamento de UFC por Kassab


Da Rede Brasil Atual

O Ministério Público de São Paulo instaurou na quarta-feira (16) inquérito civil para apurar possíveis irregularidades e prejuízos aos cofres públicos relacionados ao acordo pelo qual a prefeitura de São Paulo investe R$ 2,5 milhões em patrocínio para a realização do evento UFC Brasil 2013, neste sábado, 19 de janeiro, no Ginásio do Ibirapuera. O contrato foi assinado com a empresa IMX, agência de marketing esportivo formada pela EBX, holding do bilionário Eike Batista, e a gigante multinacional IMG.


Divulgação/UFC
O lutador Daniel Sarafian, Kassab e a executiva responsável
pelo marketing do UFC, Grace Tourinho, em 28 de dezembro

O ex-prefeito Gilberto Kassab assinou o acordo em 28 dezembro de 2012, último dia útil de sua gestão. O inquérito, instaurado pelo promotor de Justiça Valter Foleto Santin, recomenda a suspensão do patrocínio do evento. A justificativa é de que “o valor destinado supera em mais de 70% a verba para eventos da Secretaria Municipal dos Esportes, Lazer e Recreação para 2013”, segundo a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital.

De acordo com a portaria de instauração do inquérito, o valor dispendido pela prefeitura para a realização do evento é um “gasto desnecessário, abusivo e excessivo de recursos públicos em atividade não olímpica”. O MP pede ao atual prefeito, Fernando Haddad, e ao secretário de Esportes, Celso Jatene, que forneçam em dez dias informações sobre a situação legal do patrocínio.

No dia da assinatura do contrato com a IMX, o então prefeito justificou o ato por considerar o evento "muito importante, que vai trazer visibilidade para a cidade”. Na ocasião, de muito bom humor, Kassab chegou a simular um combate contra o lutador brasileiro Daniel Sarafian, presente ao evento.

Leia também:

MMA: rinha de seres humanos ou de animais?

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O que esperar de Santos, Corinthians, Palmeiras e São Paulo em 2013


Com o calendário abarrotado pelo estadual e poluído pela seleção brasileira (ou seja, sem novidades), que neste ano disputa a Copa das Confederações no Brasil (quando as competições nacionais serão interrompidas, pelo menos isso), começa no próximo domingo o ano de 2013 para o futebol brasileiro. No caso deste post, do ludopédio paulista. Seguem algumas linhas sobre o que esperar dos times grandes do estado de São Paulo.

Ivan Storti- Divulgação/Santos FC
Argentino Montillo é o camisa 10
O Santos foi certeiro ao contratar o meia Montillo (ex-Cruzeiro), que, embora com características diferentes (joga mais à frente, por exemplo), chega para substituir Ganso. Marcos Assunção pode se encaixar bem no meio de campo, dando cadência a uma equipe muitas vezes afoita, e também aproveitar as incontáveis faltas sofridas por Neymar, que são quase sempre desperdiçadas. Neymar, aliás, que sofre com um esquema tático conhecido como “Neymar-dependência”, do gênio Muricy. Vamos ver se com Montillo o time muda do “dá no Neymar” para o “dá no Neymar ou Montillo”.

O time da Vila tem condições de entrar como um dos (vejam bem, um dos) favoritos aos títulos que disputar, considerando as competições mais importantes: o Brasileiro e a Copa do Brasil, que neste ano vai ser disputada de abril a novembro. Como santista, estou um pouco farto de títulos paulistas, pelo menos se se levar em conta que em 2012, com um time caro, a equipe foi tricampeã estadual e depois mais nada, tirando o simbólico mas pouco expressivo título da Recopa: foi desclassificada da Libertadores pelo Corinthians e fez uma campanha horrenda no Brasileiro.

Continuo a afirmar que não suporto o treinador Muricy Ramalho. Nem sua figura antipática, um homem mal educado e às vezes covarde ao acusar os jovens da base pelos insucessos. Isso para não falar de sua notória covardia tática.

Conheço santistas que veem um bom motivo para torcer muito no Paulista: pois o Peixe pode levantar o inédito tetracampeonato. Vá lá, o motivo é justo, mas confesso que não consigo mais ter interesse num campeonato que tem 19 rodadas que não servem para nada a não ser lotar o calendário de jogos inúteis, quase todos com timinhos violentos.
Reprodução
O namorado de Barbara Berlusconi
O Corinthians... Bem, o Corinthians, que já era fortíssimo no ano passado, quando levantou a mitológica Libertadores e acabou com o maior manancial de piadas do futebol brasileiro, além do Mundial no Japão, está ainda mais forte em 2013, com as chegadas de Pato e Renato Augusto. Isso se Pato, também conhecido como namorado de Barbara Berlusconi, estiver em condições físicas, pois é um atleta que parece estranhamente frágil em algum lugar entre os músculos e o cérebro. Mas, mesmo que nenhum deles jogue nada, a manutenção da equipe campeã e a permanência de Tite terão de ser engolidos por rivais, arquirrivais e que tais.

Seja como for, a tranquilidade do time depois de tantas conquistas é mais um fator a impulsionar o temível Alvinegro. Além, obviamente, da montanha de dinheiro que chega ao clube de todos os lados, inclusive a muitíssimo discutível verba pública via Caixa Econômica Federal, patrocinadora da camisa corintiana.

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Principal "reforço" do Verdão
O Palmeiras tem um ano paradoxal: rebaixado para a segunda divisão no Brasileiro, disputará a Libertadores em 2013, embora com chance zero de título. O grupo do Verdão na competição continental é formado por Libertad, Sporting Cristal e Tigre-ARG ou Deportivo Anzoátegui-VEN.

O Campeonato Paulista pode ser um bom laboratório para o treinador Gilson Kleina montar a equipe, cujo principal objetivo sem dúvida é o Brasileiro da Série B. Parece-me que o Alviverde não conseguirá encontrar mares calmos antes de eleger seu novo presidente e pôr fim à lamentável administração de Arnaldo Tirone, na semana que vem.

Uma providência profilática sem dúvida seria se livrar de Valdívia, que não consigo caracterizar a não ser como um encosto. O principal reforço do Palmeiras para 2013? Barcos, que renovou contrato.
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Meio campo do São Paulo agora tem dono
E o São Paulo me parece que acertou na mosca ano passado ao trazer o técnico Ney Franco. E a chegada de Ganso, cuja inteligência futebolística é impressionante, tem tudo para fazer do Tricolor do Morumbi um time ainda mais forte do que já vem demonstrando ser. Claro, isso se o meia superar sua crônica frequência no departamento médico.

Tudo indica que o São Paulo será candidato ao título da Libertadores e voltará a ser uma força do futebol brasileiro em 2013, o que não acontece desde 2008, quando foi tricampeão nacional. Em 2012, o time conquistou a pífia Copa Sul Americana, o primeiro título em quatro anos.

Contra o boliviano Bolívar na pré-Libertadores, o time não deve ter dificuldades para entrar na fase de grupos.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

O conservadorismo vulgar



Por Felipe Cabañas da Silva*

Acredito que o crescimento intelectual se dá a partir de uma arena de combates simbólicos onde intervêm forças de diversas origens e características. Do embate entre essas forças, nascem as ideias. Não acredito ser possível formar uma visão de mundo abrangente e completa sem se abrir para a diversidade inerente ao mundo das ideias. Não penso que aderir de forma cega a uma linha de pensamento específica, e paralisar-se na bibliografia que corrobora, reafirma ou recicla essa mesma linha de pensamento, possa produzir uma visão de mundo completa. Sendo assim, não sendo conservador, acho importante saber o que pensam e como pensam os conservadores.

Para isso, há uma tradição extensa e importante de intelectuais conservadores que é valioso ler, entre os quais eu incluiria Montaigne, Kierkegaard, Heidegger, Thommas Mann (embora haja controvérsias), T.S. Eliot, Raymond Aron, Jorge Luís Borges e atualmente um escritor como Mario Vargas Llosa (misturo conscientemente nomes clássicos, contemporâneos e atuais, tendo clareza da diversidade que esses nomes manifestam).

No entanto, temos no Brasil hoje um grupo de conservadores atuando na grande imprensa (cujos nomes não citarei por motivos éticos) que têm se notabilizado pela histeria, pelo baixo calão das críticas e pela forma apelativa e pouco cordial com que tratam temas da realidade social e política do país e da América Latina, além dos temas da realidade cívica que envolvem os sentimentos éticos dos cidadãos, como aborto, maioridade penal, casamento homossexual, adoção de crianças por casais homossexuais, células tronco etc.

E creio que esse grupo tem dois principais mentores (cujos nomes não é antiético citar, porque já pertencem ao patrimônio histórico-cultural): Nelson Rodrigues e Paulo Francis, dois provocadores empedernidos do “esquerdismo” no Brasil. O problema é que, como acontece com certa frequência, as criaturas estão abaixo dos criadores. Confundem provocação e apelação, questionamento e desrespeito, crítica e preconceito, e tudo sob a batuta do “direito a ser politicamente incorreto”, um novo mantra, como se manter níveis mínimos de cordialidade agora fosse um arcaísmo que perdeu o nexo.

O resultado é que o pensamento conservador é vulgarizado, parecendo mais um conjunto de ódios e preconceitos que um quadro organizado de ideias sobre o mundo e o ser humano. A mim parece interessante que continue assim.


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Felipe Cabañas da Silva é professor de Geografia e autor do blog de poesia  Versejar

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Multidão de 20 pessoas faz manifestação contra Lula e o PT na avenida Paulista



Realmente cômica a manifestação realizada na tarde de ontem, 13, na avenida Paulista, contra o ex-presidente Lula e o PT. Uma multidão de 20 pessoas realizou o histórico ato em frente ao Masp.

Da matéria da Folha de S. Paulo, que em sua versão online noticiou o evento ontem, destaco dois depoimentos engraçados. Da psicóloga Marta Abdo, 55, que passava por lá e afirmou à reportagem: "Parece meia dúzia de pessoas paradas, sem organização alguma"; e da auxiliar de almoxarifado Ângela Pires da Silva, 25, que disse achar "engraçado aquele pessoal sem se mexer".

Os manifestantes portavam faixas do tipo “Mexeu com o Brasil, mexeu comigo”. Foi um domingão realmente de grande fervor da militância tucana. O grupo já é conhecido como "Os 20 do MASP".


sábado, 12 de janeiro de 2013

PM cerca Museu do Índio, mas governo diz que não tem data para demolição




Paulo Virgilio

Repórter da Agência Brasil

Rio - Soldados do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Rio de janeiro cercam desde às 6h de hoje (12) o antigo Museu do Índio, situado no entorno do estádio do Maracanã, na zona norte da capital fluminense. O prédio, que deverá ser demolido para as obras de modernização do complexo esportivo do estádio para a Copa do Mundo de 2014, está ocupado desde 2006 por cerca de 30 índios, que ali fundaram a Aldeia Maracanã.

Segundo Afonso Apurinan, um dos indígenas moradores da aldeia, o grupo recebeu informações na semana passada de que a desocupação do prédio ocorreria neste domingo (13). “Fomos pegos de surpresa com a chegada hoje dos PMs [policiais militares]”, disse. Apurinan disse que a disposição do grupo é “resistir à desocupação”.

No dia 20 de dezembro passado, a Câmara Municipal do Rio colocou em votação projeto de lei do vereador Reimont (PT), que propunha do tombamento do prédio, onde funcionou o antigo Serviço de Proteção ao Índio, antecessor da atual Fundação Nacional do Índio (Funai). No entanto, não houve quórum para a votação, que foi adiada.

O governo do estado informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que ainda não há data prevista para a demolição do prédio do antigo museu. As obras no entorno do Maracanã estão a cargo da prefeitura do Rio e envolvem a derrubada da Escola Municipal Friedenreich, que será transferida para outro local, e do Parque Aquático Julio Delamare.


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Comentário do blog: esse é um emblemático exemplo de algo que já abordei aqui. "Orlando S. Junior, sociólogo, diz à ESPN Brasil que o processo é um desrespeito à dignidade humana e não tem a menor transparência. A comunidade não é nem consultada nem participa das decisões que promovem a “limpeza” para retirar a população humilde de onde mora."

O post, de fevereiro de 2012, está aqui: A cidadania e as comunidades estão fora da Copa do Mundo no Brasil. Nada mudou desde então.

A afirmação do sociólogo não se referia, à época daquele post, especificamente, ao caso da Aldeia Maracanã, que está, entretanto, inserido no contexto geral que acontece em todo o Brasil: o rolo compressor do poder público passa por cima das comunidades e da cidadania para que as obras para a Copa do Mundo se realizem, satisfazendo os interesses do grande negócio ao qual o Estado (em todas as esferas) criminosamente se submete. O patrimônio histórico dos índios será demolido para a construção de um estacionamento.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

São Paulo em imagens – Rua São Bento


É interessante como quase nunca prestamos atenção às coisas da cidade em que vivemos. Estas são fotos de um lugar muito significativo, emblemático, da cidade de São Paulo. A rua São Bento liga o Largo São Francisco, onde fica a célebre Faculdade de Direito (que a partir de 1934 passou a ser da Universidade de São Paulo), ao Largo de São Bento, com os tradicionais Mosteiro e Colégio de São Bento.

Hoje com 83 anos, meu pai andava por essa região com 10 anos, em 1939, quando ele trabalhava para seu irmão muito mais velho, que tinha uma alfaiataria, fazendo entregas e serviços de office boy. Numa cidade em permanente transformação, esse é um lugar que fascina porque hoje ele é, sob a chuvinha chata, praticamente como era há 73 anos, quando meu pai por lá andava sob a mesma chuvinha chata desta quinta-feira de janeiro de 2013.


 Fotos: Eduardo Maretti (clique nas imagens para ampliar)
Rua da Quitanda com rua São Bento
 


Rua São Bento
 


Edifício York (rua São Bento) - detalhe



Mosteiro e Colégio de São Bento


Veja também, da série São Paulo em Imagens:

Estação da Luz

Escultura de fios

Verão na cidade

Outono na cidade

Nossa Senhora do Crack

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

O episódio dos skatistas na Praça Roosevelt


Após a agressão da Guarda Civil Metropolitana (GCM) a skatistas na praça Roosevelt, em São Paulo, no dia 4 (veja o vídeo abaixo), a Secretaria Municipal de Segurança Urbana, à qual a GCM é subordinada, divulgou uma nota na qual afirma que a pasta “não tolera condutas como a dos agentes envolvidos em ocorrência com skatistas na Praça Roosevelt”. De acordo com a nota, “os responsáveis já foram identificados, afastados dos serviços externos e estão sendo ouvidos pela Corregedoria Geral da Guarda Civil Metropolitana, que adotará as providências cabíveis”.

Consta que moradores, comerciantes e frequentadores da praça Roosevelt  reclamam da atuação dos skatistas no local, até de madrugada.
A opinião deste blog: a truculência de agentes (guardas municipais) encarregados de promover a proteção dos cidadãos e do patrimônio público, como a verificada nesse episódio, é inaceitável. O rápido afastamento dos responsáveis pela agressão, o que foi feito, segundo a prefeitura, é louvável. Ou melhor, esperado, já que o agora prefeito Fernando Haddad se comprometeu desde a campanha a humanizar a atuação da GCM, responsável por agressões absurdas principalmente a moradores de rua.
Mas, por outro lado, diante da briga neurotizante por espaço na megalópole de São Paulo (carros, pessoas, skatistas, comerciantes, ambulantes, pedestres e motoqueiros etc.), nem sempre uns respeitam os outros. Os skatistas muitas vezes não estão nem aí para as pessoas que andam pelas ruas e calçadas.
Agem como se fossem os donos da rua e das calçadas. Acontece de você às vezes ter de sair da frente para não ser atropelado por um deles. Na avenida Paulista, por exemplo, em certos trechos você não pode passear tranquilamente. Fora o barulho, que em alguns locais realmente perturba. Não me parece que calçadas onde transitam pessoas, crianças, idosos e deficientes seja o lugar adequado para se exercitar manobras radicais.
Esse é mais um problema urbano que precisa de atenção e regras, e ação (política pública) da prefeitura. O direito à prática de nenhum esporte ou atividade deve prevalecer sobre quaisquer outros direitos dos cidadãos, muito menos ameaçar a integridade física das pessoas.