sexta-feira, 30 de julho de 2010

Ibope dá 39% a Dilma Rousseff e 34% a José Serra

Notícia veiculada no Estadão nesta sexta-feira, 30 de julho de 2010, às 20h 15:

"A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, lidera a pesquisa Ibope/Estado/TV Globo com 39% das intenções de voto. José Serra (PSDB) aparece com 34%. Marina Silva (PV) mantém 7%. José Maria Eymael (PSDC), Ivan Pinheiro (PCB), Levy Fidelix (PRTB), Plínio de Arruda Sampaio (PSOL), Rui Costa Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU) não pontuaram*. Brancos e nulos são 7% e indecisos somam 12%."

Comentário: se a trinca Ibope-Globo-Estadão está dando isso, cinco pontos percentuais de vantagem a Dilma, não é crível que, se houver erro, seja contra Serra. É provável, portanto, que Dilma tenha mais vantagem do que o Ibope lhe dá.

Sendo assim, o Datafolha vai ter que corrigir seus números na próxima pesquisa, para não ser desmoralizada definitivamente. No último dia 24 de julho, sábado, o instituto dos Frias deu o seguinte resultado em sua pesquisa: José Serra, 37%; Dilma Rousseff, com 36%; e Marina Silva, 10%.

*atualizado ás 23h46 (31/07)

Alckmin diz que sistema de pedágios em SP é bem sucedido. Mas, para quem?

Fotos: Eduardo Metroviche
O tucanato sabe que a questão dos pedágios no estado de São Paulo vai lhe custar muitos votos. Geraldo Alckmin e José Serra não conseguem (e não têm como) sair da
defensiva quando o assunto é esse.

É bom que os cidadãos de outros estados tenham consciência de qual é a política tucana no mais poderoso estado do país. A equação é simples: o estado é mínimo, e o cidadão, que já não tem serviços públicos decentes, ainda paga a conta, que não custa pouco.

Na sabatina do portal Uol e da Folha de S.Paulo de que participou nesta quinta-feira, 29, o ex-governador Alckmin teve que falar sobre o tema pedágios, assim como Serra sempre tem que falar, vide a célebre entrevista ao Roda Viva da TV Cultura em que, surpreendentemente acossado por Heródoto Barbeiro, o ex-governador José Serra pediu a cabeça do jornalista à Fundação Padre Anchieta (leia e veja o vídeo aqui).

Questionado na sabatina da Folha, Alckmin defendeu o modelo de pedágios adotado pelos governos do PSDB. “A concessão feita em São Paulo é bem sucedida", disse. Ele não esclareceu “bem sucedida” para quem. Com certeza, não é para o usuário de rodovias, muito pelo contrário. O candidato tucano ao governo paulista tem defendido a política em todos os eventos em que tem que se defender do questionamento. Em Barueri, dia 14 de julho, fez o mesmo (leia aqui).

Enquanto isso, o candidato do PSB ao governo de SP, Paulo Skaf, no mesmo dia, em Araraquara, propôs descontar do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) o valor gasto em pedágios no estado. Skaf propõe o seguinte: entre 0h e 7h, o motorista poderia abater 100% do gasto com pedágios, e entre 7h e meia noite, 50%, até o limite de 50% do IPVA devido. É uma proposta razoável.

O preço do pedágio na região de Araraquara é exorbitante, assim como na região de Osasco (SP), e nas rodovias Anchieta e Imigrantes, entre outras. O trecho de 42 km na rodovia Washington Luis, de ida e volta entre Araraquara e Matão, por exemplo, sai pela bagatela de R$ 22,50. Ou R$ 11,25 por 21 km. Ou, R$ 0,53 por quilômetro rodado. Faça uma conta, leitor. Se o seu carro faz 10 km por litro (uma média), você gasta R$ 0,26 por quilômetro rodado, o que já não é pouco. O pedágio na região de Araraquara é o dobro do que você gasta de gasolina.

Já Aloizio Mercadante (PT) disse que pretende utilizar o sistema eletrônico de cobrança de pedágio (o “Sem Parar”) para reduzir os preços. “Podemos fazer o usuário pagar só pelo quilômetro efetivamente usado. Vamos sentar com as empresas e negociar um caminho bem melhor para o estado”, afirmou, segundo o repórter Fernando Augusto, do jornal Visão Oeste, de Osasco.

A proposta de Mercadante é boa, mas esbarra em dificuldades técnicas que podem fazer com que não saia do rol das boas intenções, e desta o inferno está cheio, como se sabe. Como viabilizar um sistema como o que propõe Mercadante? Demandaria investimentos em tecnologia e sistemas complexos. A proposta de Skaf é mais viável. A dos tucanos, provado está, é extorsiva e quem lucra são apenas as concessionárias, abençoadas pelo estado de SP.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Santos põe a mão na taça

Foto: Ricardo Saibun/Santos FC
No meio do jogo, recebi a mensagem via celular de um amigo, corintiano (claro), dizendo que “Ganso está muito mal”. Não entendi. No triunfo do Santos sobre o Vitória por 2 a 0 no jogo de ida da final da Copa do Brasil, na Vila Belmiro, Paulo Henrique jogou muito. Armando, desmontando a zaga adversária com toques inteligentes, dando passes incomuns e brilhantes, pensando o jogo, deixando os companheiros na cara do gol inúmeras vezes. Começou mandando uma bola na trave logo aos 12 minutos, numa cobrança de falta.

Embora eu seja um crítico do “professor” Dorival Jr., reconheço que a estrela dele brilhou hoje. Apesar de que, acho eu, poderia ter começado com Marquinhos pela meia direita. Talvez o jogo tivesse se tornado mais fácil. O garoto André não disse a que veio: infelizmente, o bom atacante que, se não me engano, fez 26 gols este ano, não consegue se concentrar desde que foi vendido ao Dínamo de Kiev. E Dorival errou de novo ao colocar Marcel no lugar de André no segundo tempo, pois o esquema continuou o mesmo e Marcel não deu um chute a gol sequer. Mas o técnico acertou ao manter Neymar após o garoto perder um pênalti de maneira bisonha e infantil aos 28min da segunda etapa. Pênalti que, recordemos, ele mesmo conseguiu de maneira brilhante, remetendo vagamente (vagamente) às pedaladas de Robinho sobre Rogério, do Corinthians, na final do Brasileiro de 2002.

Veja os gols de Santos 2 x 0 Vitória




Dorival Jr. também acertou ao substituir Robinho por Zé Eduardo, porque Robinho não jogou bem e na metade do segundo tempo não tinha mais gás; Neymar, apesar de vaiado (como a torcida do Santos é chata!), tinha que ficar em campo, pois àquela altura ainda era muito mais perigoso do que Robinho. E quando o treinador resolveu sacar Ganso para pôr Marquinhos, apesar dos protestos dos santistas que me circundavam (pela saída de Ganso, e não pela entrada de Marquinhos), eu achei que Dorival fez certo. Ganso também já estava cansado.

(A importância do meia direita Marquinhos no atual time do Santos é maior do que a torcida peixeira entende. Só o ganho que o time tem com sua bola parada já é bastante considerável. A inteligência e visão de jogo, idem.)

As entradas de Zé Eduardo e Marquinhos mudaram o jogo e levaram o Santos, enfim, ao mais do que merecido segundo gol, depois de perder uma infinidade de oportunidades ao longo de toda a partida.

E, pelo que demonstrou o Vitória, um time muito limitado, a situação dos baianos é muito difícil: 2 a 0 é um resultado quase indefensável, considerando o que o Rubro-negro jogou na Vila, não ameaçando o gol de Rafael, que foi um espectador da partida, durante os 90 minutos. O Vitória vai ter que se abrir no Barradão, para fazer um... e dois gols. Se tomar um, precisará fazer quatro. O Santos pôs a mão na taça e está a um jogo da Libertadores de 2011.

FICHA TÉCNICA

Santos 2 x 0 Vitória
28/07/2010 (quarta-feira)
Vila Belmiro, em Santos (SP)
Árbitro: Leonardo Gaciba (Fifa-RS)
Auxiliares: Altemir Hausmann (RS) e Roberto Braatz (PR)
Público: 14.060 torcedores
Renda: R$ 1.151.380,00

Cartões amarelos: Durval, Pará, Zé Eduardo e Bruno Aguiar (SAN) Schwenck, Anderson Martins, Ramon, Vanderson (VIT)

Gols: Neymar, aos 14min do primeiro tempo; Marquinhos, aos 38 minutos do segundo tempo.

Santos
Rafael; Pará, Bruno Aguiar, Durval e Alex Sandro; Arouca, Wesley e Paulo Henrique Ganso (Marquinhos); Neymar, Robinho (Zé Eduardo) e André (Marcel)
Técnico: Dorival Júnior

Vitória
Lee, Rafael Cruz (Bida), Wallace, Anderson Martins e Egídio; Vanderson, Neto Coruja, Fernando e Ramon (Renato); Elkeson e Schwenck
Técnico: Ricardo Silva

terça-feira, 27 de julho de 2010

Sancionada, lei fecha cerco a violência e corrupção no futebol

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta terça-feira, 27, a lei que endurece o Estatuto do Torcedor. Todos os que gostam de futebol e evitam ir aos estádios com medo de bandidos travestidos de torcedores agradecem.

A nova lei prevê que juízes de futebol e cartolas podem ser incriminados e presos por manipular resultados. É de se louvar que isso possa ser realidade. Só cabe uma perguntinha: será que essa lei vai pegar?

É um começo. É preciso haver fiscalização competente, mobilização das autoridades. Na Inglaterra, a tragédia de 15 de abril de 1989 (foto) provocou mudanças radicais. Naquele dia, 96 torcedores do Liverpool morreram pisoteados e esmagados num jogo contra o Nottingham Forest, pela Copa da Inglaterra, no estádio de Hillsborough, em Sheffield.

A tragédia provocou mudanças e hoje vemos os estádios ingleses servirem de modelo ao mundo.

Veja algumas previsões da nova lei brasileira:

Cartolas e juízes

- juízes de futebol e cartolas podem ser incriminados e presos por manipulação de resultados, “crime” (agora sem aspas) do qual muito se suspeita, mas... Aliás, uma das coisas mais irritantes em programas esportivos são comentaristas dizendo coisas do tipo “não acredito que o juiz teve má intenção”... “não creio em má fé”... “errar é humano”, “faz parte do futebol” etc. É emocionante como todos são crédulos e puros.

Torcida

- prisão de um a dois anos e multa para quem provocar tumulto e incentivar a violência nos estádios;

- o torcedor que praticar atos de violência e vandalismo a até cinco quilômetros da praça de esportes pode ser multado, proibido de ir ao estádio e preso por até dois anos;
- a torcida organizada que incitar a violência (por exemplo, entoando cânticos racistas ou xenófobos) pode ser impedida de frequentar jogos por até três anos.

- as organizadas serão obrigadas a cadastrar os associados ou membros, com endereço, número da identidade e CPF de cada torcedor associado e, depois, enviar os dados aos clubes.

- a torcida organizada será responsabilizada civilmente por danos causados nas imediações dos estádios ou no trajeto de ida ou volta em dias de jogos. Segundo a Agência Brasil, as organizadas haviam conseguido tirar do projeto essa determinação. Porém, no Senado, o texto original foi restabelecido.

Cambistas

- cambistas flagrados vendendo ingressos podem pegar prisão de um a dois anos, além de multa. E quem fornecer, desviar ou facilitar a venda de ingressos por preço maior do que o impresso no bilhete poderá pegar de dois a quatro anos e multa.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mano Menezes convoca seleção com Neymar e Ganso; Jucilei vai e Elias, não

A tão aguardada lista de Mano Menezes contempla, enfim, os aguardados Neymar e Paulo Henrique Ganso. Da seleção que foi à África do Sul, apenas

Thiago Silva,

Daniel Alves,

Ramires e Robinho. Não sei que catzo esses técnicos veem no tal Daniel Alves.

Curioso o ex-técnico do Corinthians ter chamado Jucilei e não Elias. Outra observação: Robinho, injustamente criticado por muita gente ranzinza depois da Copa, continua com prestígio.

Ricardo Saibun


Se o que se quer é renovação, ninguém pode reclamar. Mas, sinceramente, não lembro quem é o zagueiro

Henrique, o meia Ederson e nem imaginava que existisse um beque brasileiro chamado D

avid Luiz.

Em tempo: a convocação é para o amistoso contra os Estados Unidos, dia 10 de agosto. Não sei para quê jogos de seleções menos de um mês após o fim da Copa. Quer dizer, sei. Dinheiro.

Segue a lista:

Goleiros

Victor (Grêmio)

Jeferson (Botafogo)

Renan (Avaí)

Zagueiros

David Luiz (Benfica-Portugal)

Henrique (Racing Santander)

Réver (Atlético-MG)

Thiago Silva (Milan-Itália)

Laterais
R

afael (Manchester United)

Marcelo (Real Madrid)

Daniel Alves (Barcelona)

André Santos (Fenerbahce)

Volantes

Sandro (Inter-RS)

Hernanes (São Paulo)

Jucilei (Corinthians)

Lucas (Liverpool)

Ramires (Benfica)

Meias

Carlos Eduardo (Hoffenheim-Alemanha)

Ederson (Lyon-França)

Paulo Henrique Ganso (Santos)

Atacantes

Alexandre Pato (Milan)

André (Santos)

Diego Tardelli (Atlético-MG)

Neymar (Santos)

Robinho (Santos)

domingo, 25 de julho de 2010

Mistos de Santos e São Paulo fazem jogo ruim, mas Peixe ganha a quarta em 2010

Deu para o gasto. Pela 11ª rodada do Campeonato Brasileiro 2010, nem o São Paulo com a derrota se afundou tanto, nem o Santos com a vitória foi muito convincente. Os dois times entraram em campo com formações mistas:

O Santos, sem Pará, Léo, Arouca, Robinho, André e Wesley (este no primeiro tempo); o São Paulo, sem Miranda, Alex Silva, Jean, Rodrigo Souto, Hernanes, Dagoberto e Washington (este, até metade do segundo tempo) e Fernandão.

São tantos ausentes que, se esqueci de alguém, podem acrescentar.

No jogo em banho-maria, como se dizia antigamente, a rigor, houve somente três chances claras de gol:

1) aos 12 do primeiro tempo, Marquinhos bate falta rasteira e Rogério Ceni faz grande defesa;
2) aos 15 do segundo, Marquinhos bate falta do setor direito, a bola venenosa desvia em Renato Silva, que marca contra: Santos 1 a 0;
3) aos 35, Marcelinho Paraíba bate falta, Washington desvia e a bola bate no travessão.

Para os santistas, a vitória de 1 a 0 já vale uma escrita em 2010: quatro jogos, quatro vitórias do Santos contra o Tricolor (veja os links sobre as outras três, abaixo). E um astral um pouco melhor para a decisão contra o Vitória pela Copa do Brasil. O time da Vila continua favorito contra os baianos, mas bem menos do que era antes da Copa do Mundo.

Os são-paulinos depositam as esperanças na cartada final contra o Inter pela Libertadores, para salvar o primeiro semestre. Acho que, pelas circunstâncias, o Colorado é favorito. Joga motivado pela chegada de Celso Roth e enfrenta um São Paulo em crise e muito pressionado.

Veja o gol de Santos 1 x 0 São Paulo:



Santos x São Paulo em 2010:

São Paulo 1 x 2 Santos (7 de fevereiro de 2010)
Arena Barueri - jogo da paradinha de Neymar contra Rogério Ceni e da estreia de Robinho – Paulistão 2010

São Paulo 2 x 3 Santos (11 de abril de 2010)
Morumbi - jogo de ida da semifinal – Paulistão 2010

Santos 3 x 0 São Paulo (18 de abril de 2010)
Vila Belmiro – jogo de volta da semifinal – Paulistão 2010

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Muricy Ramalho, um homem de palavra

Foto: Wallace Teixeira/Photocamera
Eu não gosto do futebol do Muricy, que privilegia a marcação, o futebol “pegado”, as jogadas ensaiadas, e, principalmente no Palmeiras, um jogo no estilo duchas corona. Agora, uma coisa tem que ser dita: o homem tem culhão.

Dizer não à seleção brasileira não é para qualquer um. O repórter Leandro Coneição disse aqui na redação uma coisa com a qual concordo: “Eu não gosto do futebol dos times do Muricy, mas gosto da pessoa dele”.

Num texto sobre o provável substituto de Dunga que postei aqui em 4 de julho, eu dizia: “Fala-se em Muricy Ramalho. Não creio. Não tem o perfil. Particularmente, espero que não. Detesto o horrível futebol chuveirinho de Muricy”.

Sempre foi claro que Muricy não tem o perfil de ser um funcionário da CBF. Porque, apesar de ser turrão, mal humorado, ter um estilo de futebol feio, uma coisa é certa: Muricy parece ser um cara de caráter, que não se deixa seduzir por esquemas. Já imaginaram, trabalhar na CBF de Ricardo Teixeira?

E, se de fato se confirmar, esse espetacular “não” de Muricy Ramalho, informação passada à imprensa pelo dirigentes do Fluminense agora há pouco, é um gesto histórico (já pensaram, professor Vanderlei dizer não à seleção?). O que estão dizendo é que o Flu não liberou. É óbvio que, se o treinador quisesse sair, sairia. Ele não quis.

Quer dizer, ainda há pessoas de palavra no mundo do futebol. Quem tem a comemorar é o Fluminense. Que, se já era, agora é mais ainda candidato ao título brasileiro.

PS: nota da colunista Mônica Bergamo de 17h20 diz o seguinte: "O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, está aguardando um telefonema do técnico Muricy Ramalho para que ele diga se quer ou não comandar a seleção.
"Se ele quiser, nós vamos dar um jeito. Pagamos a multa contratual com o Fluminense e ele vem",
teria dito um assessor de Teixeira, segundo a jornalista.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Após a Copa, crises e incertezas dominam grandes clubes paulistas


Santos, São Paulo

Os clubes de São Paulo recomeçam a temporada, pós-Copa do Mundo, num clima de incerteza total. Domingo, tem clássico San-São na Vila Belmiro. O jogo promete ser um duelo para ver quem afunda mais na crise.

Foto: Eduardo Metroviche

Domingo, quem afunda mais na crise?

Enquanto escrevo estas linhas, o São Paulo, ao que parece, está à procura de um substituto para Ricardo Gomes, que não tem o apoio de ninguém nas hostes tricolores. Nenhum são-paulino imaginava que, às vésperas de uma semifinal de Libertadores (quarta-feira, contra o Internacional de Celso Roth), o clube estaria completamente desfocado, sem padrão tático, com escalações improvisadas e indefinido, 13 meses depois da chegada de Ricardo Gomes.

O Santos de Dorival Jr., o melhor time do Brasil no primeiro semestre, com um ataque avassalador que chegou a impressionantes 100 gols na temporada ainda na final do Paulistão contra o Santo André, terminada a Copa do Mundo, desandou. Perturbado pela investida do mercado europeu e na iminência de ver o time desmontado, sofre ainda com a falta de um técnico à altura do clube. A conquista da Copa do Brasil, dada como favas contadas antes do Mundial da África do Sul, me parece seriamente ameaçada. Com que cabeça os principais atletas do elenco, assediados pelos milhões de euros, fora os outros problemas, entrarão em campo contra o sempre perigoso Vitória na quarta-feira que vem?

Quem assistiu à vexaminosa derrota para o Atlético-PR nesta quarta-feira (2 a 0 na Arena da Baixada) viu que o time parece ter perdido a alma e a alegria, não tem padrão tático, o meio-campo sofre com a solidão de Arouca (problema antigo que o treinador parece não ver) e o setor não dá conta de conter adversários mais fortes. Como eu já disse a amigos, o Santos ganhou o Paulista apesar de Dorival Jr., que, com o elenco que tem, quase pôs tudo a perder nos jogos finais do estadual e ainda perdeu o comando depois de querer dar uma de xerife moralista antes da Copa do Mundo.

Corinthians, Palmeiras

O Timão vive um momento curioso. Líder do Brasileiro disputadas dez rodadas, tudo indica, deve perder o técnico Mano Menezes (foto: Eduardo Metroviche) para a seleção brasileira. A derrota para o Atlético-GO em Goiânia pode não significar muito na tabela de classificação, já que a equipe perdeu apenas seu primeiro jogo. Mas cair por 3 a 1 diante do lanterna do campeonato, um time fraquíssimo que, mesmo vencendo ontem, soma míseros sete pontos, acende uma luz amarela. Não se sabe quem o Timão vai negociar na malfadada janela de transferências. Mas tampouco se sabe como reagirá o time à perda de Mano Menezes e de alguns atletas importantes que podem sair, como Elias e Chicão.


O Palmeiras de Marcos (foto/ Reprodução) parece ser o único que navega em águas mais calmas, após a contratação de Felipão, o retorno de Kléber e a possível volta de Valdívia (negócio que, segundo Juca Kfouri, Vanderlei Luxemburgo quer atravessar). Porém, o próprio Scolari já avisou que o time depende de tempo e que a torcida precisa ter paciência.

11ª rodada do Brasileiro

Domingo
16h Santos x São Paulo - Vila Belmiro
18h30 Ceará x Palmeiras - Castelão
18h30 Corinthians x Guarani - Pacaembu

terça-feira, 20 de julho de 2010

Um resumo do embate pelo morro Santa Teresa, em Porto Alegre

Este blog foi procurado, nos últimos dias, por alguns leitores em busca de informações sobre o eventual desfecho do embate entre movimentos sociais de Porto Alegre (RS) e o governo Yeda Crusius em torno do morro Santa Teresa.

O desfecho, ou pelo menos uma trégua, se deu há pouco menos de um mês, quando o governo estadual retirou sua proposta da Assembleia Legislativa. Proposta que, para os movimentos sociais, equivalia a uma capitulação ao mercado imobiliário.

Para resumir, sob o pretexto de descentralizar e reestruturar o atendimento da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase – leia-se: Febem), o governo Yeda Crusius (PSDB) queria vender (ou trocar) uma área de 73,5 hectares, na zona sul de Porto Alegre (morro Santa Teresa), pertencente à instituição. Trocando em miúdos, a intenção era vender à iniciativa privada uma enorme área pública que, agora, pode até virar um parque.

Leia:

Matéria do jornal Zero Hora, sobre a retirada do projeto na Assembleia.

Matéria do Jornal Já, sobre a história da disputa.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A Folha de S. Paulo e a “neutralidade acomodada”

A Folha de S. Paulo deste domingo, 18, no caderno horrivelmente chamado “Poder”, publica um texto com tom de editorial para deixar clara sua postura isenta (sic) nas eleições deste 2010. “Folha reafirma princípios editoriais”, intitula-se, e, abaixo, a “linha fina” explica: “A Folha não apoia nenhuma candidatura; parâmetros ajudam a fazer cobertura isenta, sem deixar de ser crítica”.

Voltando a 1984, quando lançou o que chama de “primeiro Projeto Editorial”, continua o texto, “a Folha cristalizou no ‘Manual da Redação’ a opção por um jornalismo crítico, pluralista, apartidário e moderno” (leia na íntegra, só para assinantes). O jornal da Barão de Limeira, citando seu “Manual de Redação, afirma que “tais valores adquiriram a característica doutrinária que está impregnada na personalidade do jornal”. Bom, já que a Folha se encarrega de dotar a si mesma de uma aura tão humana, tendo até uma "personalidade", eu diria que se trata de uma criatura um tanto egocêntrica. Senão, não diria a seguir que, segundo ela mesma, "ajudou a moldar o estilo brasileiro da imprensa nas últimas décadas".

Tudo para dizer que “a cobertura eleitoral deste ano, assim, não poderia fugir desse script”. Claro, a Folha “não apoia nenhuma candidatura”, esclarece cabalmente o diário dos Frias, diferentemente de jornais como o New York Times, que apoiou Obama nos Estados Unidos, como explica nosso periódico.

Impressionante. Fiquei sabendo ontem dessa postura tão importante para o processo eleitoral no país, com esse texto tão esclarecedor. Ainda bem que meu amigo Emerson mo enviou, como se dizia antigamente. Senão eu poderia jurar que a Folha tem apoiado os candidatos tucanos em 2002, 2006 e 2010. Mas acho que foi impressão minha.

Só achei meio obscura a passagem do (artigo?, matéria?, arrazoado democrático?) texto, não assinado, onde afirma o seguinte: “E a atitude apartidária, que ‘obriga a um tratamento distanciado em relação às correntes de interesse’, não poderia ser ‘álibi para uma neutralidade acomodada’.”

O que viria a ser “álibi para uma neutralidade acomodada” em tal contexto? De qualquer maneira, pelo menos agora eu sei que a Folha foge da “neutralidade acomodada” como o diabo da cruz.

PS: Infelizmente, não sei em que página do jornal impresso está o texto. Como não comprei o exemplar, tentei saber desse detalhe de alguns amigos por telefone ou via MSN, mas nenhum deles tem, comprou ou assina o diário da Barão de Limeira.

sábado, 17 de julho de 2010

Os 10 Melhores Termos de Busca do Mês [4]

Com atraso de 2 (duas) semanas, seguem os dez melhores termos de busca do mês de junho de 2010, galera. Copa do Mundo toma muito tempo. Depois que acaba, "meu mundo caiu"! E você percebe que também acabaram-se as férias e tem que trabalhar.

Pra quem tá chegando agora, e pra quem sequer sabe o que é "termo de busca", explico de novo: quando você vai no Google e digita algo que quer achar, você vai parar em algum lugar, certo? Então, algumas pessoas vieram parar aqui, neste blog, digitando coisas ridículas... como as abaixo.

Esse top 10 (pra quem tá chegando agora) foi inspirado no blog Só Casando, conforme expliquei no primeiro post da série.

No mês de junho predominou o tema Copa do Mundo, óbvio. Foi difícil escolher, tantas foram as asneiras. Segue (os termos em itálico estão exatamente como foram redigidos pelos desesperados buscadores):

1) o'que que o zagueiro faz no jogo?
– Depende muito do zagueiro. Em tese, ele defende. Mas alguns atacam. É o caso de Domingos, que o Santos emprestou à nobre Lusa ainda na era Luxemburgo, depois que o zagueiro, num treino, quebrou a perna de um companheiro de equipe, o goleiro Rafael, hoje titular do time peixeiro. Aliás, há suspeitas de que Domingos jogou a Copa do Mundo disfarçado. Ele seria o Lucas Thwala, da África do Sul, comandada pelo nobre Parreira. A foto é do álbum da Panini. Vocês que julguem. Uma imagem vale mais que mil palavras. E Parreira não se pronunciou sobre o assunto.


2) jose serra competente
– Já cansei de dizer que não. Agora chega! É melhor contar piada. Sabe o que dá a mistura de vampiro com índio? Cara-pálida! ha ha ha.

3) corintiano fazendo chupeta
– em quem????? Cacete!

4) tshabalala foi campeão quantas vezes na copa do mundo?
– Nunca. Como diria Carlos Alberto Parreira: never! Pelo menos nesta encarnação.

5) quem ganhou brasil ou Holanda
– Essa pergunta é ridícula (e ainda falta a interrogação). Só pode ter sido feita por um nerd estudante de filosofia, por um viciado em entorpecentes ou um alienado mental. Me recuso a responder. Mas a foto de Felipe Melo abaixo explica tudo.


6) brasil vence holanda orixás
– Juro que aconteceu uma coisa estranha. Eu estava justamente neste tópico aqui, escrevendo a resposta ao místico que entrou com essa afirmação absurda, quando meu pé, independente da minha vontade, chutou o estabilizador embaixo da mesa, e o computador desligou. É sério. Liguei tudo de novo, o que deu um certo trampo. Por isso, como eu sempre digo, é melhor não brincar com essas coisas.

7) porque o time holandes é chamado de laranja mecanica
– Como você queria que fosse conhecido um time de eqüinos (os cavalos, criaturas tão bonitas, que me desculpem), que atendem pelo nome de Heitinga, Van Bommel e De Jong, sua anta? A sorte é que ninguém morreu, na final com a Espanha.


8) oque devo fazer para pecar preparo físico para futebol
– Prezado, acho que você quis dizer pegar, e não pecar. Preste atenção: para chegar a seu objetivo, estude a biografia de Ronaldo Fenômeno. Após decorá-la, faça tudo ao contrário.





9) jogador africano cai em campo e morre endemoniado
– meu deus!

10) leitor mineiro não tem simpatia pela candidatura de serra

– Bem feito. E o Aécio, que não é bobo nem nada, deixou Serra sozinho com o Índio, o caçador de mendigos.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

O caso Bruno na hora do almoço

Reprodução
O escabroso caso do goleiro Bruno – preso sob suspeita de matar (ou mandar matar) a ex-amante Eliza Samudio – não é chocante apenas em si (o jornal espanhol El País foi o primeiro a chamar o caso de "macabro", que eu saiba). Mas, e talvez principalmente, por revelar a mentalidade do brasileiro de classe média, se você tem a “sorte” de estar no lugar errado na hora errada.

Uma mentalidade preconceituosa, machista e hipócrita, de dar nojo. Um dia desses, eu estava almoçando num bom restaurante por quilo em Osasco, onde trabalho. Tinha ido almoçar mais cedo do que de costume porque não havia tomado café pela manhã. Por volta das 13 horas, o restaurante costuma estar cheio.

Logo depois que me sentei, um cara de cerca de 35 ou 40 anos sentou-se ao meu lado. Detesto a companhia de estranhos ao almoçar. Quando estava me levantando para pagar a conta e sair, o homem fez o mesmo, e, diante da TV ligada num noticiário que tratava (adivinhem do quê?) do caso Bruno, para meu infortúnio puxou papo. Sem mais, foi falando: “O cara [Bruno] é um imbecil”, afirmou, com o que concordei. Mas ele continuou, dizendo que “porra, é uma biscate vagabunda. Precisava matar? Dava cinco mil reais por mês pra mulher e ficava tudo certo”.

Mas o cara era pior do que a encomenda. Já chegando à fila do caixa, o imbecil continuou: “Agora, se era para matar, que fizesse direito. Deixaram pistas por todo lado...” Bem, para encurtar aquela situação bisonha, quase vomitiva, em plena hora do almoço, fingi que meu celular chamava e eu "atendi". Comecei a falar sozinho... “Não, não... Então, amanhã, hoje não. Sim, estou almoçando...” Finalmente, o sujeito pagou sua conta e saiu do recinto, e eu pude parar com aquela encenação ridícula.

Esse pequeno episódio aterrador do cotidiano revela muito mais do que parece. Não apenas a mente podre de um babaca, mas a de muitas e muitas pessoas de nosso Brasil, e não só da classe média, claro.

De qualquer maneira, tenho evitado, mais ainda, almoçar cedo depois disso.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Roman Polanski está livre

Após dez meses de prisão domiciliar em seu chalé em Gstaad, na Suíça, o cineasta Roman Polanski foi libertado na segunda-feira pela Justiça daquele país, que se negou a extraditá-lo, conforme queriam os Estados Unidos. Ele “não será extraditado para os EUA e as medidas de restrição da sua liberdade serão suspensas”, sentenciou a ministra da Justiça suíça, Eveline Widmer-Schlump. Ela observou que o cineasta está livre para ir a qualquer país que não tenha acordo de extradição com o país de Barack Obama.

Mas o mais interessante desse fim de caso foi a manifestação de Samantha Geimer, mulher da qual Polanski teria abusado sexualmente em 1977, quando ela tinha 13 anos, motivo de todo o processo, condenação e perseguição da justiça norte-americana. Ela, hoje com 46 anos, afirmou: "Estou satisfeita com a decisão e espero que o promotor público encerre o caso e termine de uma vez por todas", segundo a rádio francesa Europe 1.

Anteriormente, Samantha já havia pedido para que o caso fosse esquecido e arquivado, criticando a imprensa, pois os maiores prejudicados com a insistência em trazer os fatos à tona são ela e sua família, argumentava.

Novo filme em cartaz
Aliás, O Escritor Fantasma ("The Ghost Writer"), mais recente filme de Roman Polanski, ganhador do Urso de Ouro em Berlim (leia aqui), que tem no elenco Ewan McGregor, Pierce Brosnan e Kim Cattrall, está em cartaz em São Paulo, nos cines Belas Artes/Sala Aleijadinho, Espaço Unibanco Augusta 4, Frei Caneca Unibanco Arteplex 8 e Gemini 2.

Roman Polanski, hoje com 76 anos, teve uma vida conturbada e trágica. Em 1969, sua mulher, Sharon Tate, foi barbaramente assassinada por um maníaco.

Leia: "A vida tormentosa de Roman Polanski"

terça-feira, 13 de julho de 2010

Na TV Cultura, tensão continua; Gabriel Priolli é a bola da vez

A propósito do comentário de Victor [do blog Cartão Laranja], no post sobre a saída de Heródoto Barbeiro (abaixo) da TV Cultura. Victor nota que, ontem, segunda, na entrevista de Luiz Gonzaga Belluzzo, o apresentador foi o Heródoto.

Sim. Mas é que sua substituta, Marília Gabriela, foi contratada para começar em agosto. As informações continuam sendo as mesmas. No Estadão de hoje, 13 de julho, página D4 ("Caderno 2"), nota da jornalista Keila Jimenez diz: "Há quem acredite que, após deixar o Roda Viva, Heródoto Barbeiro vá deixar também a TV Cultura em alguns dias. A emissora nega e garante que ele será aproveitado nos outros programas jornalísticos do canal".

Em artigo de ontem no Observatório da Imprensa, intitulado "Trololó na TV Cultura" (leia aqui), Nelson Hoineff mostra que a situação na emissora paulista é complicada. Na quinta-feira, o recém-nomeado diretor de Jornalismo, o jornalista Gabriel Priolli, foi afastado do cargo. Isso depois de pautar uma reportagem sobre os pedágios nas rodovias paulistas. A Folha Online também aborda o tema. Aqui.

A TV Cultura nega que Priolli seja afastado da emissora e possíveis motivações políticas, e afirma que ele continuará na empresa, mas em outro cargo, assim como Heródoto. Já o (ex?)-governador José Serra diz que nem conhece o Gabriel Priolli.

atualizado às 21h29

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Espanha bate Holanda e mostra que se pode ganhar jogando futebol

Berço de Luis Buñuel, um dos meus cineastas favoritos, do maravilhoso poeta Federico Garcia Lorca (assassinado pelo franquismo) e de Miguel de Cervantes, a Espanha conquista a Copa do Mundo de 2010 com toda a justiça.

Constatação por si só importante, já que futebol nem sempre premia o melhor, o que faz desse o esporte mais bonito que existe.
Reprodução

Iniesta fuzila para marcar o gol do título

A segunda coisa: como alguns comentaristas bem observaram, a vitória espanhola foi muito positiva para o futebol: mostrou que, em nome da competitividade e do título, uma seleção não precisa abrir mão do talento, de jogar futebol como sabe.

Violência x futebol
A final da 19ª Copa do Mundo, no belíssimo estádio Soccer City, em Joanesburgo, mostrou uma equipe jogando futebol, ou tentando jogar, e outra destruindo e batendo. Os holandeses tomaram nove cartões amarelos e um vermelho. Deram pancada o primeiro tempo inteiro, como forma de parar o toque de bola do time de Vicente Del Bosque. Dependeram em toda a decisão do passe de Sneijder e a infiltração de Robben. Ou da jogadinha de Robben, pela direita, cortando para o meio e batendo de esquerda. Mais nada. E, como é futebol, não fosse o goleiro Casillas e a Holanda estaria comemorando.

Os espanhóis levaram cinco amarelos (um na comemoração do gol de Iniesta). Note-se que, normalmente, a Espanha não faz muitas faltas e muito menos toma cartões. Não tem sequer um volante brucutu. Aos 29 minutos do primeiro tempo, De Jong deu uma entrada com a sola, no peito de Xabi Alonso, no meio de campo. Absurda, criminosa, para mostrar o atual estilo holandês de jogar futebol. Era para o time laranja ter perdido um jogador já ali, mas o péssimo árbitro Howard Webb, condescendente, deu só amarelo. Pouco depois, o craque holandês Sneijder entrou solando, com o pé alto, contra o adversário. Nem cartão tomou.

Navas e Fabregas
Violência à parte, a Espanha começou a se impor a partir das entradas de Jesus Navas no lugar de Pedro (aos 15 do segundo tempo), dando a opção da habilidade e da infiltração pela direita, e de Fabregas no de Xabi Alonso no finzinho dos 90 minutos, o que proporcionou mais talento e agressividade a partir do meio campo.

Na prorrogação, com essas duas alterações, diante do visível cansaço dos holandeses, o toque de bola espanhol começou a fluir e, aos poucos, esgotar o adversário. E, o que parecia fatal, aconteceu a apenas 4min do fim da prorrogação. Em linda jogada, Jesus Navas partiu da lateral direita de sua defesa driblando, na velocidade chegou ao meio de campo; a bola foi para Iniesta, que, de calcanhar, tocou para Fabregas, e daí para Fernando Torres tentar o cruzamento, a bola sobrar outra vez para Fabregas, e este tocar para Iniesta fuzilar (veja o gol abaixo, neste post; no vídeo, apenas o fim desta belíssima jogada).

A nota triste da final foi constatar que a Holanda, como já observado aqui e em todo lugar, jogou o anti-futebol e optou por um esquema defensivo e violento. Historicamente, o time laranja fazia por merecer um título, após chegar à terceira final. Perdeu em 1974 para a Alemanha e em 1978 para a Argentina. Mas, levando-se em conta apenas a Copa da África do Sul e o jogo decisivo, a boa notícia é que o futebol venceu.

Diego Forlan
Muito justo o título de melhor jogador da Copa ganho pelo uruguaio Diego Forlan, que coroa a histórica a participação da Celeste no Mundial.

Outras coisas dignas de nota: a alegria do povo sul-africano. A presença da figura magnífica de Nelson Mandela.

A nota negativa, as tais vuvuzelas. Que negócio insuportável. Espero que essa moda babaca não chegue por aqui.

FICHA TÉCNICA
Holanda 0 x 1 Espanha

Holanda
Stekelenburg, Van der Wiel, Heitinga, Mathijsen e Van Bronckhorst (Braafheid); Van Bommel, De Jong (Van der Vaart) e Sneijder; Kuyt (Elia), Van Persie e Robben.
Técnico: Bert van Marwijk.

Espanha
Casillas, Sergio Ramos, Piqué, Puyol e Capdevila; Xabi Alonso (Fabregas), Busquets, Xavi e Iniesta; Villa (Torres) e Pedro (Jesus Navas).
Técnico: Vicente del Bosque.
Gol: Iniesta, aos dez minutos do segundo tempo da prorrogação.

Cartões amarelos: Van Persie, Van Bommel, De Jong, Van Bronckhorst, Heitinga, Robben, Van der Wiel, Mathijsen (Holanda); Puyol, Sergio Ramos, Capdevila, Iniesta, Xavi (Espanha). Cartão vermelho: Heitinga (Holanda)

Estádio: Soccer City, em Joanesburgo (AFS). Data: 11/07/2010. Árbitro: Howard Webb (ING). Assistentes: Darren Cann (ING) e Michael Mullarkey (ING). Público: 84.490.

Veja o gol do título, de Iniesta


quinta-feira, 8 de julho de 2010

Aldo Rebelo virou aliado dos ruralistas? Ele diz que defende pequenos produtores

O deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP), em entrevista que fiz para o Visão Oeste, rebateu as enormes e justas desconfianças que pesam sobre ele depois do relatório da reforma do Código Florestal, que o parlamentar comunista conduziu e relatou com rara dedicação e é considerado um retrocesso para a biodiversidade no Brasil.
Janine Moraes
Após aprovação do relatório, bancada ruralista
não esconde alegria, nem Rebelo

O polêmico Projeto de Lei 1876/99 foi aprovado por 13 votos a 5 em comissão especial da Câmara dos Deputados na terça-feira, 6.

Sobre as afirmações de especialistas segundo os quais, ao dar mais poder aos estados para legislar sobre políticas ambientais, seu projeto favoreceria a corrupção e o desmatamento, Aldo Rebelo afirma: “o artigo 24 [da Constituição] diz que, sobre matéria ambiental, podem legislar a União, os estados e municípios. São Paulo mesmo já tem legislação”. Portanto, “não há procedência nessa crítica”.

Outro ponto muito criticado é o que dá anistia de multas a produtores que desmataram até julho de 2008. Rebelo rebate: “[esse dispositivo] eu copiei [de] um decreto de novembro do ano passado do governo do presidente Lula”, que “deu um prazo até 2011 para que os agricultores que tivessem desmatado ilegalmente assumissem o compromisso de recompor a sua área, legalizar, e sendo assim as multas seriam perdoadas”.

O parlamentar comunista explica que a legislação vigente prevê reserva legal para 20% da Mata Atlântica, 35% do cerrado e 80% da Amazônia. “[Hoje] O estado pode legislar aumentando a reserva legal, não pode legislar reduzindo”. E isso, diz Rebelo, “não foi alterado [no projeto]”.

Confrontado com as insinuações e até acusações diretas de que seu projeto serve como uma luva aos interesses dos ruralistas, o deputado do PCdoB retruca: “O problema é que os ambientalistas não leram o projeto, e alguns deles são grandes ruralistas”. Mas, sob a justificativa de proteger os pequenos agricultores, o texto de Rebelo diminui de 30 para 5 metros a área mínima de preservação às margens dos rios. Se isso não é um convite à devastação, o que seria?

Segundo o ex-ministro Carlos Minc (PV-RJ), o projeto de Rebelo “permite aumentar em até 80 milhões de hectares o desmatamento com a diminuição de áreas de preservação”. Rebelo não se abala e retruca: “Se o ministro Minc provar que a minha proposta autoriza o desmatamento de 1 ha, eu renuncio ao meu mandato. E se ele não provar, ele podia renunciar ao dele”, desafiou.

Aldo Rebelo teria se tornado um aliado da senadora Kátia Abreu (DEM-TO)? Com o mesmo tom calmo e pausado de sempre, ele não se abala: “Não, eu não sou aliado da Kátia Abreu. Sou aliado do presidente Lula, da ministra Dilma. Agora, se as pessoas esperavam que eu fosse perseguir a Kátia Abreu, eu não tenho motivo para persegui-la. Ela tem uma posição política, e eu tenho outra”.

De acordo com ele, a produção de banana do estado SP, a de arroz no Brasil, a de maçã em SC, de uva no RS, entre outras culturas, são inviabilizadas pelas atuais regras do Conama. Uma resolução do Conama de 2002, afirma o deputado, “disse o seguinte: toda produção de arroz está proibida em várzea; toda produção de maçã, uva e café está proibida em topo de morro”.

Para ele, tal situação prejudica os pequenos. “O que vamos dizer [com o relatório de reforma do Código Florestal] é que tudo isso está permitido e o zoneamento econômico e ecológico é que vai dizer o que deve ser proibido”.

Leia aqui a entrevista na íntegra: Aldo Rebelo nega ter se aliado a ruralistas

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Heródoto Barbeiro sai do Roda Viva após questionar Serra sobre pedágio

Deu no blog Tijolaço, do Brizola Neto. O jornalista Heródoto Barbeiro é mais uma vítima da conhecida sanha do ex-governador José Serra pela cabeça de jornalistas que o desafiam. Leia-se: os que perguntam o que ele não quer ouvir ou responder. Eu não sou nenhum Heródoto Barbeiro, mas já tive a experiência de receber o silêncio do então governador como resposta a uma pergunta que fiz a ele.

Heródoto foi substituído do programa Roda Viva, da TV Cultura, pela figurinha carimbada que atende pelo nome de Marília Gabriela, depois de questionar Serra (veja vídeo abaixo) sobre o alto preço dos pedágios, que o agradável tucano diz ser "trololó de petista".

Fúria amansa alemães e faz com Holanda final inédita – e bonita

Holanda x Espanha, uma final inédita. A que ganhar, será campeã pela primeira vez. Os espanhóis bateram a favorita Alemanha jogando muito melhor. O tal favoritismo (que eu apontei) se provou enganador. Mas o que pensar diante do massacre contra a Argentina? O resultado de 1 a 0 (o mesmo da final da Euro-2008) é mais emblemático pelo gol de Puyol, o símbolo da raça da seleção de Vicente Del Bosque.

Espanhóis festejam gol de Puyol

A categoria do meio de campo espetacular e talentoso da Fúria finalmente vingou, prevalecendo sobre a inexperiência do jovem time germânico. A Espanha mandou no jogo e o fatal contra-ataque alemão não funcionou. E eu me enganei, ao dizer em posts anteriores que a seleção espanhola não me convencia.

Mas o páreo é duro. A Laranja Mecânica ganhou suas seis partidas, inclusive do Brasil, enquanto a Espanha começou a Copa perdendo para a Suíça, o paradigma de todas as retrancas, por 1 a 0.

A final é imprevisível e bonita, pelo ineditismo que a cerca. O jogo do Talento x Pragmatismo, embora a Holanda, contra o Uruguai, tenha feito sua melhor partida no Mundial, exibindo muito mais do que um futebol burocrático. Tem também o talento de seus craques Snjeider e Robben e uma capacidade de envolver o adversário com passes precisos até cansá-lo, e depois dá o bote.

Mas o forte do time laranja é mesmo a pragmática. A impressão é que realmente sabe como vencer os adversários de acordo com as características de cada um.

Copa do Mundo 2010

Final: Holanda X Espanha
Domingo, 11, 15h30

Campanhas dos finalistas

Espanha
Espanha 0 x 1 Suíça
Espanha 2 x 0 Honduras
Chile 1 x 2 Espanha
Espanha 1 x 0 Portugal
Paragua 0 x 1 Espanha
Alemanha 0 x 1 Espanha

Holanda
Holanda 2 x 0 Dinamarca
Holanda 1 x 0 Japão
Camarões 1 x 2 Holanda
Holanda 2 x 1 Eslováquia
Holanda 2 x 1 Brasil
Uruguai 2 x 3 Holanda

terça-feira, 6 de julho de 2010

Brava Celeste não resiste à forte Holanda, que faz 3 a 2 e vai à final

Torci para o surpreendente Uruguai. Pela bravura do time, que o levou às semifinais enquanto os gigantes Brasil e Argentina caíram nas quartas, e pela tradição. A Celeste fez sua primeira semifinal após 40 anos, desde a Copa do México em 1970.

Sneijder chuta para marcar o segundo

Mas não deu para a seleção de Oscar Tabárez. O time laranja dominou o jogo. É mais time. Porém, mesmo após o golaço do holandês Van Bronckhorst, aos 18, Forlán empatou aos 41 do primeiro tempo, também com um chutaço de fora da área. Mas Sneijder, aos 25 (ajudado por posição duvidosa da Van Persie) e Robben, aos 28 do segundo, num belo gol de cabeça, mataram o jogo. Maxi Pereira, aos 47, ainda descontou. Destaque para Diego Forlán, o talentoso camisa 10 que marcou quatro dos nove gols de sua equipe no mundial.

Mais uma vez, a final da Copa será entre dois europeus. Em 2006, a Itália conquistou o tetra batendo a França nos pênaltis.

Leia sobre Alemanha x Espanha no post abaixo.

As semifinais da Copa do Mundo

Tabela

Uruguai x Holanda (Cidade do Cabo)
06/07 (terça-feira) - 15h30

Alemanha x Espanha (Durban)
07/07 (quarta-feira) - 15h30

É óbvio que Holanda e Alemanha são favoritas.

Uruguai x Holanda
Segunda melhor surpresa desta Copa (a primeira é a Alemanha), o Uruguai é franco-atirador contra a Holanda pragmática, que ganhou todos os seus cinco jogos e eliminou o Brasil nas quartas. A Celeste jogará desfalcada do artilheiro Luisito Suarez, expulso ao cometer um dos pênaltis mais espetaculares da história, aos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação do jogo das quartas, em que a equipe de Diego Lugano bateu Gana na disputa das penalidades máximas. O lateral uruguaio Fucile, suspenso, também não joga. Lugano, contundido, é dúvida.

A Holanda, da qual já falei neste blog, eliminou o Brasil jogando com paciência (como disse seu técnico Bert van Marwijk). Antigamente, a Laranja Mecânica jogava bonito e perdia. Agora, joga feio para ganhar, contando com Sneijder, na armação, e Robben, para matar. O treinador da seleção européia tem dois desfalques certos: o meio campista Nigel de Jong e o lateral van der Wiel. Evidentemente, os desfalques uruguaios são mais importantes. Mas acho que dá Holanda, embora eu torça pro Uruguai.

Alemanha x Espanha

Depois de ter eliminado a Argentina espetacularmente no sábado, por 4 a 0, a Alemanha é favorita contra a paparicada Espanha, que até agora não mostrou a força que a mídia diz ter. O time espanhol de fato tem um futebol bonito, de toque de bola, mas que, a mim, ainda não encantou. Se não fosse David Villa, artilheiro da Copa até aqui com cinco gols, o que seria da preciosista equipe de Vicente Del Bosque? Em cinco partidas, a Fúria marcou apenas seis gols e perdeu uma infinidade de outros. O aguerrido, mas limitado Paraguai, quase mandou os espanhóis para casa mais cedo.

Já a Alemanha faz uma campanha soberba: 13 gols em 5 jogos, média de 2,6 por partida, incluindo duas goleadas sobre as poderosas Argentina (4 a 0) e Inglaterra (4 a 1). O incrível centroavante alemão, Miroslav Klose (na foto, ao fazer 2 a 0 contra os argentinos), já marcou 4 gols na África do Sul e está a um de igualar Ronaldo na história das Copas: o Fenômeno já assinalou 15, e o alemão de origem polonesa anotou 14. E ainda tem duas partidas a fazer nesta Copa.

Vale notar que Alemanha e Espanha se deram mal contra equipes retranqueiras: a Espanha perdeu para a Suíça na primeira rodada, por 1 a 0, mesmo placar com que a Sérvia derrotou os germânicos na segunda partida. O treinador alemão Joachim Löw tem um problema sério: substituir o jovem craque Müller, suspenso com dois cartões amarelos. A Espanha deve jogar completa. Mas aposto na Alemanha.

domingo, 4 de julho de 2010

Há vida sem Copa do Mundo. Cinema, por exemplo

Uma coisa é verdade: a Copa do Mundo faz você esquecer que outras coisas existem. Mas há vida sem Copa do Mundo.

Foto: Reprodução
Por exemplo: ainda está em cartaz o belo filme Viajo porque preciso, volto porque te amo (foto), direção de Marcelo Gomes e Karim Aïnouz. Se você gosta de cinema, o filme ainda está em exibição em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Porto Alegre.

Vá assistir, vale a pena.

Leia aqui sobre o filme.

Em São Paulo, está nas seguintes salas:

Cine Bombril 2 (tel. 3285-3696)
Espaço Unibanco Augusta, sala 5 (tel. 3287-5590)
Frei Caneca Unibanco Arteplex 8 (tel. 3472-2365)

Quem assume o lugar de Dunga na seleção?

Dunga caiu, fato previsto até pelas pedras antes mesmo da derrocada do Brasil na África do Sul. Agora, as especulações. Segundo elas, os dois mais cotados a bola da vez para assumir a nau da seleção brasileira são Luiz Felipe Scolari e Mano Menezes.

Se for Felipão, muitos aplaudirão, menos a torcida palestrina; se Mano, nenhum alvinegro terá o que comemorar na Fazendinha.

Muitos, os cariocas principalmente, querem Zico, mas o ex-craque do Flamengo é um desafeto declarado de Ricardo Teixeira. Fala-se em Muricy Ramalho. Não creio. Não tem o perfil. Particularmente, espero que não. Detesto o horrível futebol chuveirinho de Muricy.

O nome de Leonardo, ex-Milan, é cotado, mas já pensaram, aquele mauricinho, funcionário modelo de Silvio Berlusconi, comandando o Brasil? Aí vai ficar difícil torcer mesmo. Mas, pelas sombras que eternamente pairam na CBF, é plausível. Seria mudar um pouco para ficar como está. Afinal, Leonardo é queridinho dos chefões e tem trânsito fácil nos corredores do poder.

Felipão, que acaba de assinar com o Palmeiras, chegaria ao ponto de sair de um clube que sequer assumiu? Acho pouco provável. Mano não recusaria. Luxemburgo? Duvido.

As cartas, aparentemente, são essas.

Foto de Mano Menezes: Eduardo Metroviche

sábado, 3 de julho de 2010

Adiós, adiós, adiós, adiós

Alemanha 4 x 0 Argentina. Um jogo histórico, que mostra o quanto as bravatas e a arrogância são insuficientes no futebol. Vitória do futebol alegre e jovem, aliado à quase perfeição tática.

Ninguém viu Messi jogar nesta Copa. Fez ótimas jogadas contra as galinhas mortas Coreia do Sul,Grécia e Nigéria, na primeira fase. Messi é o Ronaldinho Gaúcho deles. O queridinho da “imprensa esportiva” brasileira não decidiu, não apareceu, não fez um gol sequer no Mundial. Pífio. Concorre com Cristiano Ronaldo e Rooney para ganhar o Troféu Adeus do Mundial.

Foto: Reprodução
Queridinho da mídia não fez sequer um gol

Philipp Lahm, Schweinsteiger, Müller, Ozil, Podolski e Klose entornaram o mate da cuia. Destaque para Müller, Ozil e Podolski, jovens craques de um time multirracial que incorpora as várias faces da Alemanha atual. Futebol tem que ter alma jovem e encantar. Tem que ter gols, vibração.

A milonga perdeu.

PS: o título em verde-e-amarelo é uma homenagem aos hermanos do jornal argentino Olé, que ontem estamparam a manchete “Brasil 2014” em seu site, com as letras em laranja.

Atualizado às 22h30

Confiram os gols do massacre alemão contra los hermanitos:


sexta-feira, 2 de julho de 2010

Já era. Como é duro perder

Não sei o que é mais desagradável: perder ou comentar a derrota.

Não quero parecer (nem muito menos ser) cabotino. Até porque o que eu disse em posts anteriores muitos disseram. Mas, como se viu, Dunga convocou mal: muitos volantes, nenhum meia clássico. A Holanda foi o primeiro adversário forte que o Brasil enfrentou, já que o empate com Portugal foi bom para ambos e ninguém precisou lutar muito.

Marcello Casal Jr./ABr
Necessitando mudar um jogo, como hoje, recorrer a quem? Nilmar? Uma nulidade. Grafite foi fazer excursão. Jogador criativo no meio campo? Nenhum. Com a perda de Elano (graças à entrada criminosa do marfinense Tioté, tem que repetir), o meio de campo ficou mais acéfalo ainda, constatação que já virou até clichê. O esquema de jogar bem fechado e explorar o “contra-ataque mortal” não funcionou contra a Holanda, que jogou com paciência e não deu o contra-ataque ao time de Dunga. “Contra o Brasil, tem que jogar com paciência”, disse o técnico Bert Van Marwijk depois do jogo.

Outra coisa: Felipe Melo não tem cérebro, fato que com essas palavras que usei ou outras, muita gente viu. Desde o jogo com Portugal ele procurava o cartão vermelho. Como dizia minha avó Milu: “quem procura, acha”.

Terceiro: “O time laranja, nesta Copa, abdica do futebol bonito para adotar um jogo pragmático”, estava eu dizendo em outro post, e ainda: “parece que [a Holanda] calcula como vencer e mostra a parte técnica aos poucos, em conta-gotas, na medida do necessário”.

Mas as constatações acima seriam relativizadas se, com o grande primeiro tempo que fez, diante de uma Holanda mecânica (no mau sentido), sem criatividade e previsível, o Brasil tivesse feito 2 a 0, 3 a 0. Teria praticamente matado o jogo. Já com 1 a 0, depois de grande jogada de Robinho pela esquerda, Kaká pegou da entrada da área, seu chute característico de pé direito, e o goleiro Stekelenburg, de mão trocada, tirou do ângulo. Eram 31 do primeiro tempo. Além de outras jogadas perigosas, Maicon chutou uma bola de primeira da direita, que até lembrou o gol de Carlos Alberto em 1970, mas a bola passou raspando. Não era 70, era 2010. A Holanda saiu de campo cabisbaixa, mas no lucro, porque poderia ter ido ao vestiário virtualmente eliminada.

No segundo tempo, o Brasil apagou. Antes que pudesse entrar no jogo, sofreu um gol aos 7min e meio, numa bola que Sneijder mandou para a área meio despretensiosamente e todo mundo viu: como prenúncio de um dia aziago, Júlio César, um dos melhores goleiros do mundo, falhou feio. E Felipe Melo raspou para dentro do gol. A equipe brasileira desmoronou, como um boxeador ao levar um upper fulminante. Aos 23, escanteio e a defesa ficou olhando a movimentação de Kuyt, que, no primeiro pau, desviou para Sneijder, sem sair do chão, só cumprimentar. 2 a 1.


Macho e sem cérebro
E, aos 28, Felipe Melo, o homem sem cérebro, deu um coice em Robben. Expulso com justiça. Não adianta dizer que o “grupo é vencedor” e blá blá blá. O time, que não tinha cara de campeão mesmo, conseguiu exatamente o mesmo que a seleção de Parreira em 2006: cair nas quartas. Antes, Parreira também ganhou a Copa América e a Copa das Confederações.

O grande mérito de Dunga foi ter peitado a Globo.