sexta-feira, 31 de maio de 2013

Muricy caiu. Até que enfim uma notícia boa no Santos


O Comitê de Gestão decidiu que Muricy Ramalho não é mais técnico do time profissional do Santos FC. A decisão foi comunicada ao treinador nesta quinta-feira (30/5).

“Muricy Ramalho assumiu como técnico do Santos FC em abril de 2011. Na ocasião, ajudou o Clube a sagrar-se bicampeão paulista, tri da Libertadores e vice-campeão mundial (...).             

Foto: Divulgação/Santos FC
“(...) O Santos FC inicia um processo de reformulação após um dos períodos mais vencedores da história de 101 anos do Clube, com seis títulos conquistados e dois vice-campeonatos em um período de 40 meses.”

Com essa nota oficial, termina o sofrido período Muricy Ramalho no Santos, com seu futebol feio, sem padrão tático e sem futuro, dois anos e um mês após o treinador assumir o comando da equipe. Na nota, o Comitê Gestor se refere a 40 meses como o período em que o clube é comandado pelo presidente Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro. O treinador ficou no Santos por 25 meses, e ganhou a Libertadores (2011), dois Paulistas (2011 e 1012) e a Recopa de 2012, a taça que reúne uma disputa em ida-e-volta entre os campeões da Libertadores e da Sul Americana do ano anterior.

Sou dos que há muito tempo defendem a saída de Muricy do Santos. Ao dizer que, entre outras coisas, o treinador “ajudou o clube a sagrar-se vice-campeão mundial” em dezembro de 2011, o comitê parece estar zombando de quem não só viu aquele jogo com o Barcelona como acompanhou a semana que o antecedeu. O discurso derrotista do treinador e a falta de qualquer proposta de jogo convincente ajudaram, isso sim, o Santos dar um dos maiores vexames de sua história recente. 

Perder do Barcelona era esperado, mas não daquela forma vergonhosa. No ano seguinte, com um  futebol covarde e totalmente incongruente com o futebol que os santistas aprenderam a amar, e um time que tinha Neymar, o Peixe novamente teve postura indigna e caiu diante do Corinthians na Libertadores jogando como time pequeno. Incapaz de jogar com a base do clube, e portanto de entender o espírito do Santos, Muricy estava sempre culpando algo, de preferência os jovens jogadores, como Felipe Ânderson, principalmente, pela sua incompetência tática.

O título da Libertadores de 2011 foi conquistado graças a um elenco que tinha Rafael, Danilo, Edu Dracena, Durval, Léo, Arouca, Elano, Ganso e Neymar, o qual Muricy organizou ao suceder Adilson Batista, que com o elenco que tinha fazia um trabalho horrível e o time estava à beira da desclassificação da Libertadores na fase de grupos. Um treinador ganhando R$ 500 mil por mês como Muricy tem que apresentar alguma coisa, afinal.

Nos campeonatos brasileiros de 2011 e 2012, o Santos fez campanhas muito ruins para um time que entrou nas disputas candidato “no mínimo” ao G-4.  Ficou em ambos com 53 pontos, em 10° em 2011 e 8° em 2012.

De maneira que, após a notícia ruim da saída de Neymar, finalmente os santistas receberam uma notícia boa e o #foraMuricy foi vencedor.

PS: Triste é pensar que dois anos da era Neymar, na minha opinião o maior jogador do Santos pós-Pelé, foram perdidos com esse treinador que nunca vou cansar de chamar de farsa. Não por culpa dele, mas de quem o contrata por fortunas absurdas e da mídia que, fora raras exceções, acha o Muricy "um dos melhores do Brasil". Enfim, não adianta chorar pelo vinho derramado.

*Atualizado às 21:13

quinta-feira, 30 de maio de 2013

O menino que fotografou Vladimir Herzog morto


A reportagem abaixo foi feita e publicada na Rede Brasil Atual na segunda-feira, dia 27. Na terça, o filho de Vladimir Herzog, Ivo, disse que o fotógrafo Silvaldo Leung Vieira foi "cúmplice" do regime que levou seu pai à morte, pois "escolheu fazer o que ele fazia e permaneceu calado por muitos e muitos anos". É compreensível. Respeito o sentimento de Ivo Herzog. Mas não concordo, com todo respeito. Silvaldo tinha 22 anos quando fez a foto. Era um guri. Não acho que culpar uma figura que também foi vítima da ditadura seja a melhor forma de fazer justiça. Afinal, Silvaldo também sofreu. E, cedo ou tarde, também veio colaborar com a verdade e dizer o que viu.


Fotógrafo reafirma montagem da cena do 'suicídio' de Herzog


Renattodsousa/Câmara Municipal de São Paulo
Silvaldo Leung Vieira no prédio onde fez a foto macabra há 38 anos (27/05/2013)

"O que trago na memória é um muro alto, portão alto de ferro e um lugar escuro e de acesso fácil.” O fotógrafo Silvaldo Leung Vieira, ex-funcionário da Polícia Civil de São Paulo, relembra com essas palavras a imagem que guardou do prédio do DOI-Codi no dia em que fez a conhecida fotografia do jornalista Vladimir Herzog morto em sua cela, no dia 25 de outubro de 1975. Ele veio de Los Angeles (EUA), onde mora desde 1979, a convite da Comissão da Verdade da Câmara Municipal de São Paulo, para visitar e fazer o reconhecimento do local em que hoje funciona o 36º Distrito Policial, no bairro do Paraíso, zona sul de São Paulo. Sobre como se sentia ao voltar ao local, olha em torno e diz: "Era um lugar mais escuro".

Segundo a versão policial na época, Herzog havia se suicidado. Mas, como ficou comprovado, ele foi assassinado um dia após se apresentar espontaneamente ao DOI-Codi, depois de ser procurado por agentes.

O fotógrafo Vieira, que na época tinha 22 anos, disse que percebeu haver algo estranho no momento em que fez a foto. Principalmente porque o corpo de Herzog estava numa posição estranha, segundo ele, para alguém que havia se suicidado, com a perna dobrada. “Num suicídio normalmente a pessoa salta de uma cadeira, ela fica pendurada, e não era aquilo que eu via”, lembra. “Foi clara (a montagem da cena) para mim. E também toda a blindagem em volta. Normalmente você vai num local e encontra PMs, carro de cadáver, você circula no local, procura coisas no chão, tenta fazer um croqui.”

Ser levado ao local praticamente sem saber para onde estava indo foi outro elemento que lhe causou “quase a certeza que aquele era um caso especial, um caso de homicídio”. “Eu nem sabia quem era, não sabia o nome. No decorrer é que vim juntando as peças. Ninguém comentou nada, vim a saber depois, no dia seguinte. Quando fui almoçar no Crusp (Conjunto Residencial da USP) já tinha comentário formado de tudo que tinha acontecido”, conta o fotógrafo.

Ele fazia um curso de fotografia na USP. “Foi uma fatalidade para mim (ter fotografado o corpo de Herzog). Eu estava iniciando a minha vida, de 21 para 22 anos.” Segundo ele, o trabalho foi rápido. “Só recebi a ordem de fotografar, não me movimentei pela sala, não vi mais nada a não ser o cadáver. Fiz a foto da porta.” Ele diz que não houve comentários, nem antes nem depois de fotografar, que pudessem suscitar quem era a vítima.

“Eu estava muito tenso, muito nervoso, e foi um choque para mim a forma com que eu cheguei aqui. Eu achava que ia ser a foto de um treinamento, por eu estar na escola, e foi uma coisa ultrassigilosa.” Vieira diz que estava nervoso ao se dirigir para o local “porque era a segunda semana minha no curso, não estava preparado. Eu sabia que ia fotografar um ‘encontro de cadáver’”, explicando que esse é um “termo técnico” para designar o trabalho. Após fazer as fotos, recebeu dos agentes a orientação de não comentar nada. Ele garante que nunca militou ou fez política, nem antes nem depois da famosa foto.

Silvaldo Leung Vieira
O agora ex-fotógrafo, com 60 anos, não se lembra de nomes e reafirma ter pouca ou quase nenhuma lembrança de seus movimentos dentro do prédio. Segundo o vereador Gilberto Natalini (PV), presidente da Comissão da Verdade paulistana, que ficou 60 dias preso e foi torturado no mesmo prédio, o local foi reformado. “A modificação física do prédio dificultou muito a identificação dos detalhes”, diz o parlamentar. “Houve uma reforma grande, e faz 38 anos, é praticamente uma vida”, completa Vieira.

Sobre a importância de sua presença no local, o fotógrafo respondeu: "Espero que mais pessoas que saibam mais do que eu venham também, e participem. Acredito que muitos funcionários presenciaram isso, e talvez até possam citar nomes."

Quatro anos depois, em 1979, Silvaldo Leung Vieira partiu para os Estados Unidos. Filho de um imigrante chinês que chegou ao Brasil em 1933, ele só voltou 15 anos depois, para ver a mãe. Em Los Angeles, recorreu a subempregos até conseguir uma vaga de aprendiz de joalheria. Ficou 25 anos no ramo. Atualmente, trabalha num abrigo para mulheres solteiras ou mães solteiras de até duas crianças em uma organização patrocinada pela igreja católica. “Dou instrução em Microsoft Office, ensino às pessoas como resumir um currículo.” Mas diz que sempre amou e continua amando a fotografia.



terça-feira, 28 de maio de 2013

Essas coisas – Carlos Drummond de Andrade








"Você não está mais na idade
de sofrer por essas coisas."

Há então a idade de sofrer
e a de não sofrer mais
por essas, essas coisas?

As coisas só deviam acontecer
para fazer sofrer
na idade própria de sofrer?

Ou não se devia sofrer
pelas coisas que causam sofrimento
pois vieram fora de hora, e a hora é calma?

E se não estou mais na idade sofrer
é porque estou morto, e morto
é a idade de não sentir as coisas, essas coisas?

domingo, 26 de maio de 2013

Valeu, Rey


Reprodução



"Galera !!
Tô aqui reunido com amigos e familiares e eles me ajudaram a escrever algumas coisas aqui...
É que não vou aguentar até segunda-feira...
Minha família e meus amigos já sabem a minha decisão. 
Segunda-feira assino contrato com o Barcelona. Quero agradecer aos torcedores do Santos por esses 9 anos incríveis. Meu sentimento pelo clube e pela torcida nunca mudará.
É eterno !!
Só um clube como o Santos FC poderia me proporcionar tudo o que vivi dentro e fora de campo.
Sou grato a maravilhosa torcida do peixe que me apoiou mesmo nos momentos mais difíceis.
Títulos, gols, dribles, comemorações e as canções que a torcida criou pra mim estarão pra sempre em meu coração...
Fiz questão de jogar a partida amanhã em Brasília. Quero ter a oportunidade de mais uma vez entrar em campo com o "manto" e ouvir a torcida gritar meu nome... como diz o hino, "é um orgulho que nem todos podem ter..."
É um momento diferente pra mim, triste (despedida) e alegre (novo desafio). 
Que Deus me abençoe nas minhas escolhas...
E estarei sempre em Santos !!"



sábado, 25 de maio de 2013

Era Neymar acaba melancolicamente



Reprodução
Home do jornal  espanhol Marca na internet hoje

E eis que chega ao fim a era Neymar.

O maior ídolo do Santos desde Pelé (pelo menos para mim) atuou 228 vezes com a camisa alvinegra e marcou 138 gols, sendo o 13º artilheiro da história do clube e o primeiro da era pós-Pelé. Esses números podem ser ligeiramente alterados, já que amanhã tem a estreia no Campeonato Brasileiro, Flamengo x Santos em Brasília, e o craque está escalado. Depois tem a apresentação na seleção brasileira para a Copa das Confederações, terça-feira (28), e adeus.

Foram quatro anos, de 2009 a 2013, em que o craque honrou a gloriosa camisa branca com dedicação, alegria, ousadia e profissionalismo. Conquistou uma Libertadores (2011), três paulistas (2010, 2011, 2012), uma Copa do Brasil (2010) e uma Recopa (2012). Desses quatro anos, infelizmente dois foram sob a "batuta" do farsante Muricy Ramalho. Muitos dizem: ora, mas ele ganhou a Libertadores para o Santos. Ora, quem ganhou a Libertadores foram Rafael, Danilo, Edu Dracena, Durval, Léo, Elano, Ganso e Neymar. Eles é que conquistaram a América para Muricy colocar em seu currículo, como eu e muitos santistas achamos.

Às 20h49 de ontem o clube postou em sua página na internet a informação de que tinha decidido vender Neymar:

"O Santos FC informa que recebeu duas propostas pelo atleta Neymar da Silva Santos Junior. Diante das proposições e das condições do contrato do jogador, o Comitê de Gestão do Clube decidiu negociar o craque.
Neymar Jr e seu pai são esperados na Vila Belmiro para escolher qual proposta irá (sic) aceitar."

Os valores da negociação não estão claros ainda. Nem, pelo menos até o momento, qual clube, Barcelona ou Real Madrid, ele irá defender. Tudo indica ser o time catalão.

Como outras (Pelé, Diego-Robinho) que incorporam o espírito do Santos, a era Neymar termina melancolicamente e sem que o torcedor do Santos tenha perspectivas claras de um futuro digno da história do clube. O presidente Luis Álvaro Ribeiro, sensível e com sérios problemas de saúde, delegou o comando ao vice Odílio Rodrigues. As decisões são tomadas pelo tal Comitê Gestor, formado por empresários. Paulo Henrique Ganso rendeu R$ 24 milhões aos cofres do clube, que usou 70% d esse dinheiro para contratar o sofrível Montillo, por cerca de R$ 17 milhões. Montillo está no Santos há 4 meses e até hoje não fez uma partida decente sequer. Por aí pode-se ver a miopia dos atuais dirigentes, que sucederam Marcelo Teixeira dizendo que inaugurariam uma nova era de profissionalismo no clube, prometeram a criação de um fundo de investimentos de R$ 40 milhões e outras coisas que nunca se tornaram realidade.

O que mudou? Não defendo Teixeira nem quero que volte. Ele, aliás, foi quem amarrou Ganso e Neymar à DIS, tirando do Santos porcentagem enorme do valor dos "passes" dos atletas. O que quero dizer é que as raposas não abandonam o Santos.

E o fato é que a segunda gestão de Luis Álavaro vai até o fim de 2014, um tempo preocupante e interminável, considerando que, hoje, ninguém sabe por quanto tempo o time continuará mergulhado no verdadeiro fim de feira em que está. Olhando o medonho futebol que tem apresentado, a ressaca da saída de Neymar e a pavorosa "gestão" de Muricy Ramalho no comando técnico, não é exagero dizer que o time da Vila Belmiro começa o Brasileiro com chances de conseguir uma "façanha" inédita em sua história: cair para a segunda divisão.

Assim, eu pergunto: o Santos está vendendo Neymar. Mas quando vai se livrar de Muricy, Luis Álvaro e esses negociantes que compõem o tal comitê gestor?


quinta-feira, 23 de maio de 2013

A história da execução do jovem casal Abi-Eçab pelo coronel Freddie Perdigão Pereira em 1968



Foto: Marcelo Camargo/Abr 

Esse senhor da foto chama-se Valdemar Martins de Oliveira. Era soldado do Exército e, segundo depoimento que prestou na Comissão da Verdade estadual de São Paulo, em 8 de novembro de 1968 ele testemunhou a execução do casal Catarina Abi-Eçab e João Antônio dos Santos Abi-Eçab pelo coronel Freddie Perdigão Pereira, um dos mais notórios monstros da ditadura brasileira que vigorou de 1964 a 1985.

João Antônio e Catarina, de 25 e 21 anos de idade respectivamente, eram estudantes de Filosofia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP e eram militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN).

Eu tenho coberto, profissionalmente, algumas audiências públicas da Comissão da Verdade presidida pelo deputado Adriano Diogo e presenciei uma das audiências da comissão municipal de São Paulo. Das que vi, o depoimento do soldado Valdemar Martins de Oliveira foi a mais marcante e impressionante, apesar de ter visto uma outra que abordou o sofrimento de pessoas que na época da repressão eram crianças e tiveram experiências terríveis.

Segundo a versão policial na época, o casal Abi-Eçab morreu em decorrência de explosão de bombas que carregava no veículo em que viajavam na BR-116, no km 69, próximo a Vassouras (RJ). Outra versão dava conta de que eles foram vítimas de um acidente: seu automóvel teria se chocado contra a traseira de um caminhão. Os jovens eram acusados de terem participado da execução do capitão do Exército norte-americano Charles Rodney Chandler, em 12 de outubro de 1968.

O senhor Valdemar Martins de Oliveira contou o seguinte:  “Chegamos na rua Hipólito da Costa (localizada no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro), onde os jovens estavam. Pouco tempo depois eles voltaram com o casal algemado e com esparadrapo grosso na boca. Na Estrada da Cascatinha tiraram o casal do carro batendo neles.”  Um dos homens da operação, chamado Miro, cujo sobrenome Oliveira afirmou não saber, foi chamado de covarde pela prisioneira Catarina Abi-Eçab. “Então ele deu um soco nela, e ela desmaiou.”  Valdemar relatou que depois a equipe se dirigiu para um sítio em São João do Meriti em alguns carros. Ao chegar ao tal sítio, João Antônio e Catarina Abi-Eçab estavam muito machucados. “Eles já estavam sem reação. Bateram muito neles. Depois deitaram eles no chão (num cômodo da casa do sítio) e o coronel Perdigão  então disse: ‘Esses aí não servem para mais nada’. Aí ele deu um tiro na cabeça de cada um”. Perguntado por um dos jornalistas presentes se se lembrava da arma utilizada, ele respondeu: “Lembro, sim. Era um Colt 45”.


Catarina e João Antônio, assassinados em 8/11/1968

“Eles não estavam envolvidos (na morte do capitão Rodney Chandler), mas era preciso dar satisfação aos Estados Unidos, então saíram como loucos procurando culpados e muita gente pagou com a vida.”
Além do depoimento chocante, minucioso, que, segundo o deputado Adriano Diogo, foi o primeiro de um membro do Exército testemunhando à comissão uma execução, foi impressionante ver aquele homem falar de tudo aquilo, a riqueza da história. Ele contou que após ter concluído o curso de paraquedismo, foi recrutado pelo comando e passou a ter aulas que se revelaram ser uma doutrinação anticomunista. “Nessas aulas era ensinado também tirar fotos, seguir pessoas, montagem de explosivos.” Foi incumbido de fotografar atos políticos promovidos por organizações e militantes de esquerda. Assim foi parar na equipe responsável pela operação.

Ele passou a discordar daqueles métodos. “Não vamos ser hipócritas, o exército existe para matar. Mas daquele jeito, bater em pessoas amarradas, indefesas. Achei errado. Usaram o uniforme do Exército para fazer aquelas coisas ruins”, disse Valdemar.

Percebendo que o então jovem recruta discordava daquilo, homens o visitaram em sua casa. “Eles me agrediram, me quebraram o braço e bateram em minha mãe” (nesse momento do depoimento ele chorou, e pediu desculpas às pessoas). Então Valdemar contou que resolveu desaparecer. Morou um tempo no Chile, entre 1970 e 1971.

Além do famigerado coronel Perdigão, ele deu outro nome que estava na operação: o sargento paraquedista Guilherme Pereira do Rosário, que morreu em 30 de abril de 1981 no frustrado e suposto atentado do Riocentro, no Rio de Janeiro. Já se comprovou que o coronel Perdigão participou do planejamento do atentado ao Riocentro. Valdemar disse que não descarta a possibilidade de o caso do Riocentro ter sido uma farsa para eliminar, como queima de arquivo, o sargento Guilherme Rosário, que morreu, e o então capitão Wilson Dias Machado, que sobreviveu e hoje é coronel.

Muito tempo depois, ao tentar resolver sua situação junto ao 27° Batalhão de Paraquedistas em Juiz de Fora, o soldado Valdemar descobriu que nos anais do Exército seu nome constava como desertor. Ele conseguiu um habeas-corpus e voltou a ser soldado em 1998. “Eu tinha 45 anos e era um recruta, fiquei assim por dois anos. Em 1999 fui licenciado e estou assim até hoje.” Uma decisão da Justiça o isentou de qualquer crime. O coronel Freddie Perdigão Pereira morreu em 1997. Teve também ligações comprovadas com a chamada Casa da Morte, em Petrópolis, onde presos políticos eram torturados e executados.

Valdemar Martins de Oliveira disse que ainda teme pela sua segurança, inclusive pelo seu depoimento na Comissão da Verdade. “Vou pagar caro”, declarou. “Tem pessoas que hoje usam farda e, com uma mão, batem na mesa; com a outra, seguram o AI-5.”

Em outro momento volto a falar mais um pouco sobre outros depoimentos a que assisti. O acima relatado vi na semana passada, mas não tive tempo de comentá-lo aqui antes.


Leia também: Em 1° de abril começou a ditadura no Brasil e a de Franco na Espanha


domingo, 19 de maio de 2013

Corinthians ganha título e castiga gestão arrogante e incompetente do Santos de Laor e Muricy



Ricardo Saibun/Santos FC
Por mais histórico que tivesse sido o Santos conquistar o inédito tetracampeonato paulista, a verdade é que a equipe de Muricy Ramalho esteve muito longe de merecer tal façanha nas finais do Paulistão contra o Corinthians. E o 1 a 1 na Vila Belmiro, que deu o título ao Corinthians, foi justo.

Como eu não tenho sido um dos defensores mais ardorosos dos tediosos campeonatos estaduais nos formatos atuais, fico à vontade para dizer que, tirando o ineditismo perdido, foi até bom para o Santos perder o título: 

- primeiro, porque, com uma campanha mediana e tendo chegado à final após duas vitórias na disputa por pênaltis, o Santos não teve em nenhum momento a chamada “pegada de campeão”. Se tivesse sido campeão, seria a premiação ao futebol de quinta categoria em vigor hoje na Baixada, sob o comando de Muricy Ramalho, cuja arrogância é inversamente proporcional ao futebol que o time apresenta nos últimos dois anos;

- em segundo lugar, porque, como time, o Corinthians é muito melhor, atualmente. A partir do banco. Tite dá de dez a zero em Muricy, que se mantém tosco e covarde em todas as situações nas quais tem de provar que sabe do riscado. Sabe porra nenhuma. Muricy é uma farsa de 500 mil reais por mês, no mínimo.

O Santos foi um time desconjuntado, esgarçado, cheio de brechas. Precisando vencer, quase nada exigiu do goleiro adversário. No primeiro jogo, no Pacaembu, tomou um vareio e não saiu já virtualmente perdido para a última partida graças a um gol que o zagueiro Durval achou numa cabeçada. Na segunda partida, na Vila, logo após Cícero fazer um golaço, a santista aqui em casa disse: “espero que o Santos não tome o empate no próximo minuto”. Dito e feito: como aconteceu no jogo de ida da Libertadores em 2012, o pusilânime Peixe de Muricy fez o mais difícil, furar a zaga corintiana, pra entregar em seguida e depois ficar ciscando e dando chuveirinho, como um time de várzea, sem padrão tático, sem nada que se veja digno de um time grande. Se não fosse o goleiro Rafael, o vaca tinha ido pro brejo no primeiro tempo.

O Santos de Muricy (e digo isso faz tempo) não tem futuro. Aliás, o Santos de Luis Álvaro Ribeiro, o popular Laor, não tem futuro. A segunda gestão do atual mandatário, caracterizada pela total falta de comando, é um desastre. 

A análise tática do Santos 1 x 1 Corinthians de hoje é o menos importante. Venceu o melhor, por inúmeros fatores. O principal é que o Santos hoje é comandado por uma turma de incompetentes. E, o pior, além de incompetentes, arrogantes.

sábado, 18 de maio de 2013

Câmara de São Paulo aprova projeto que autoriza enterro de cães em cemitérios públicos




A Câmara Municipal de São Paulo aprovou esta semana o projeto de lei 305/2013, dos vereadores Antonio Goulart (PSD) e Roberto Tripoli (PV). O PL simplesmente autoriza o sepultamento de cães e gatos em cemitérios municipais. A proposta recebeu o aval dos nobres vereadores em primeira votação. Ainda terá uma segunda.

Sou totalmente a favor da defesa dos animais, às vezes tenho dó até de matar insetos que me importunam, mas, como escrevi no post Vivemos numa sociedade humana ou canina?, creio que há algo muito errado numa sociedade que trata animais como se fossem pessoas.

Entre os argumentos da justificativa, os nobilíssimos vereadores dizem: “Os animais domésticos atualmente são considerados membros das famílias humanas, principalmente os cães e gatos, com os quais as pessoas mantêm estreitos vínculos afetivos". 

O bizarro projeto está no mesmo nível de uma reivindicação de entidades protetoras dos animais que reivindica delegacias especializadas para cuidar de problemas específicos dos amados quadrúpedes. Os autores do projeto recém-aprovado em primeira votação na Câmara de São Paulo não dizem nada na justificativa sobre impacto ambiental e a superlotação de vários cemitérios na cidade. Questões de saúde pública e também do direito público não são mencionadas. É para projetos imbecis como esses que pagamos o salário dessa gente incumbida de criar as nossas leis.

O prefeito Fernando Haddad tem a obrigação de vetar esse absurdo, se for confirmado na segunda votação (e será). Mas vai arcar com o ônus de perder os votos dos adoradores dos animais? O projeto não faz sentido. Mais do que isso, é um acinte.

Ideias oportunistas como essa – de políticos espertalhões que miram os votos dos que chamam seu cão de “filhinho” – mostram também que estamos involuindo como espécie e nossa sociedade está doente. A neurose da civilização e a carência afetiva estão levando o ser humano de volta a práticas de povos antigos ou de culturas subdesenvolvidas ou bizarras.

Cortejos fúnebres com orações, pequenos caixões quadrados e flores percorrerão os cemitérios para as famílias depositarem seus animaizinhos no jazigo da família. Vai chegar um tempo em que serão erguidas igrejas para animais santos. Imaginem: Igreja São Rex do Rosário de Pompeia. Ou: Igreja Nosso Senhor da Pata Milagrosa.

Durma-se com um latido desses.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Riquelme e Bianchi fazem a diferença



Reprodução
Fico me perguntando se o sábio Muricy Ramalho assistiu à partida Corinthians 1 x 1 Boca Juniors hoje no Pacaembu, partida em que (como já foi dito nas redes sociais) Carlos Bianchi e Riquelme fizeram a diferença, e o Boca eliminou o Timão nas oitavas-de-final da Libertadores 2013. De certa maneira, o time paulista provou uma dose caprichada de seu próprio veneno, o veneno que Tite competentemente destilou ao longo dos últimos dois anos.

O time de Carlos Bianchi, que é um enxadrista, joga compactado. É difícil furar. É uma filosofia de jogo muito parecida à de Tite, mas implementada com mais competência pelo argentino. No Corinthians, o destaque obviamente é o gigante Paulinho. Impressionante como joga esse rapaz.

Foi um jogaço. O gol de Riquelme, um golaço. Intencional ou não, um golaço. Houve erros de erros de arbitragem – e só o Corinthians foi prejudicado, com no mínimo um pênalti não marcado a favor e um impedimento de seu ataque assinalado erradamente. Mas, como disse José Trajano recentemente, hoje em dia a obsessão em se analisar os jogos a partir da perspectiva de “especialistas” em arbitragem se tornou algo enfadonho. Carlos Eugênio Simon como porta-voz da arbitragem perfeita e da moralidade chega a ser risível, parece um Joaquim Barbosa mais tosco, se é que é possível.

A verdade é que “Libertadores é assim”. É duro ser roubado num jogo desse, mas é normal. A real é que o Corinthians não jogou o bastante para bater o Boca desta vez. O reserva de luxo Alexandre Pato perdeu um gol que, se não fosse um cara protegido pelo marketing, a mídia acabaria com ele, como fez com o Devid, no Flamengo, no início do ano passado.

Comecei falando de Muricy pensando na diferença entre o baile que o Santos levou da equipe de Tite domingo, no Pacaembu, no jogo de ida da final do Paulistão (Corinthians 2 a 1), e o que apresentou o Boca de Bianchi diante do mesmo Corinthians no mesmo Pacaembu lotado. Num jogo, viu-se um Santos covarde, apequenado e acuado; no outro, embora taticamente defensivo, um Boca agressivo na marcação, na formação em bloco e no ataque à defesa adversária, com padrão de jogo e organização tática. No time portenho, aproveita-se o talento do craque Riquelme, embora já um “tiozinho”; na equipe praiana, o talento do jovem craque Neymar se perde no esquema tático de um treinador que está há dois anos no clube e ainda não achou um time.

Vendo o glorioso Corinthians penar hoje no Pacaembu, me lembrei da final da Libertadores de 2003, quando o Santos de Émerson Leão entrou pelo cano diante de um Boca (do mesmo Carlos Bianchi) igualmente compactado, que joga como se o time todo fosse uma onda, que vai e vem com os mesmos dez jogadores fazendo conjuntamente múltiplas funções. A diferença é que em 2003 o Boca tinha um timaço, e hoje é um time bastante limitado.

Voltando a 2013, enganam-se os santistas que pensam que o Corinthians, pela final do Paulista, vai à Vila Belmiro cabisbaixo pela eliminação da Libertadores. Pelo contrário. Para conquistar o inédito tetracampeonato da era profissional, o Peixe vai ter que jogar bola. Meu medo é Muricy. 

terça-feira, 14 de maio de 2013

As coisas mudaram



Marcelo Camargo/ABr


Eu tinha feito um pequeno comentário no facebook, mas a fragmentação das redes sociais nem sempre permite “completar meu raciocínio”, como já diria o sábio Vanderlei Luxemburgo.

A presidente Dilma Rousseff voltou hoje a falar em nome do Brasil, e até como a mais importante chefe de Estado da América do Sul – junto com a companheira Cristina Kirchner, é claro (risos). Foi na cerimônia de abertura do 31º Encontro Econômico Brasil-Alemanha, em São Paulo. Fico pensando como as coisas mudaram nas últimas duas décadas, ao lembrar que em 1990, sob Fernando Collor, as pessoas da minha geração não conseguiam mais acreditar em futuro para o país. 

Após 23 anos, uma ex-presa política e torturada pela ditadura militar é chefe de Estado respeitada entre os líderes dos países mais importantes do mundo, interlocutores ou parceiros econômicos como a Alemanha, da União Europeia, ou parceiros ideológicos e/ou geopolíticos, caso da Argentina e Venezuela, por exemplo.

Estou entre duas gerações: 

- a primeira, de amigos e companheiros cerca de 15 anos mais velhos do que eu, que foram torturados, alguns exilados, outros morreram. Independentemente de eu ser amigo ou não, de conhecer pessoalmente ou não, fazem parte dessa geração figuras que estiveram nos calabouços, como Dilma Rousseff, o compadre José Arrabal, o deputado Adriano Diogo (exemplos dos que sobreviveram), assim como os que desapareceram, como Iara Iavelberg, Carlos Lamarca e tantos outros.

- se a geração que me antecede conviveu com os torturadores, a que vem depois da minha, a dos nossos filhos, é a que Cazuza resume no verso: “Ideologia, eu quero uma pra viver!”. Sobre essa geração, tenho pouco a falar. Seria prematuro e injusto. Ela ainda está construindo sua história.

Enfim, politicamente (já que este post é estritamente político, e não "cultural", poético ou transcendental), estou entre essas duas gerações e penso alegremente naquele verso de Pablo Milanes cantado por Chico Buarque e Milton Nascimento no disco Clube da Esquina 2:

"E quem garante que a história é carroça abandonada/ Numa beira de estrada,/ Ou numa estação inglória/ A história é um carro alegre/ Cheio de um povo contente/ Que atropela indiferente/ Todo aquele que a negue/ É um trem riscando trilhos/ Abrindo novos espaços/ Acenando muitos braço/ Balançando nossos filhos."

Voltando à minha geração, é com satisfação que vejo a presidente Dilma dialogar seja com o colega alemão Joachim Gauck (assim como já dialogou com a premiê direitista Angela Merkel), seja no âmbito do Mercosul, com os presidentes da Venezuela ou Argentina, seja no âmbito do Brics (formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). 

Os paradigmas mudaram. E não passou tanto tempo assim. Passaram-se apenas 23 anos de Collor a Dilma, ou 28 anos do fim oficial da ditadura (1985) até hoje.

Bem, tudo isso foi uma digressão inspirada por uma simples “notícia de jornal”, como se dizia antigamente. Dilma disse hoje que as relações entre regiões (como a relação Mercosul-União Europeia) será essencial para superar crises como a que abala a Europa atualmente. Está neste link.

Quem viver verá!



domingo, 12 de maio de 2013

Atores medíocres (1) – Tom Cruise e Julia Roberts



Divulgação
Bonitinho mas ordinário (com todo respeito)
Na série Grandes Atores, que mantenho no blog (embora com assiduidade menor do que gostaria), já falei de Marlon Brando, Anthony Hopkins, Gene Hackman, Rod Steiger, Paulo José e Vincent D'Onofrio (os links das postagens estão abaixo).
Mas outro dia fiquei com vontade também de falar de atores ou atrizes medíocres, ou simplesmente ruins, embora dotados da aura de queridinhos do público e, principalmente, da indústria do cinema hollywoodiano. Esse é o típico caso de Tom Cruise.

Cite, prezado internauta, um filme em que esse ator nascido na cidade de Syracuse, no estado de Nova York, tenha feito você se emocionar, ou se admirar de como se pode ir longe na arte dramática! Tom Cruise é a antítese disso.

Até hoje, não vi sequer um filme com o ator que possa ser citado, creio, entre 300 filmes bons. Pensando bem, talvez, nem na lista dos 500 melhores filmes que se possa ver, uma película com Tom Cruise apareça. Ou mil, sei lá, a matemática engana. Você deve ter visto alguns desses: A Firma, Missão Impossível, Entrevista com o Vampiro, Colateral... Ou Magnólia, este considerado até cult por alguns críticos. Críticos no mínimo pouco exigentes. Isso para não falar no intolerável Nascido em 4 de Julho, entre outros. O mote para este post foi que dias atrás estava lá, sendo exibido na telinha, A Firma. Um thriller, mas que seria bem melhor, não digo com Al Pacino, mas com um Bruce Willis, por exemplo, que é um ótimo ator, mas que infelizmente atua em muito poucos bons filmes.

Tom Cruise é daqueles atores cujos personagens não existem. Ele interpreta sempre o mesmo boneco insípido e sem alma.

Um amigo me disse tempos atrás que não gosta de Al Pacino. Que não vê nada demais no ator que interpretou Michael Corleone em O Poderoso Chefão de Coppola, e atuou em Serpico, Scarface, Um Dia de Cão, Perfume de Mulher, O Informante (o grande filme de Michael Mann, em que Pacino contracena com Russell Crowe, e não um filme com título homônimo no Brasil que é um lixo), entre outros, alguns bons, outros não. Com Tom Cruise, não; não há um filme bão, daqueles que quando termina você fica um pouco em silêncio, ou pensa sobre. Discordo totalmente do meu amigo. Fico imaginando Tom Cruise interpretando Michael Corleone. Nesse caso, esse importante personagem da cinematografia de Coppola sequer existiria. Pois nenhum personagem de Cruise tem alma.

Enfim, Tom Cruise é um ator bonitinho, mas ordinário.

PS: Alguém poderia objetar: mas nem De Olhos bem Fechados (do gênio Stanley Kubrick) poderia ser citado como um filme no mínimo bom na carreira de Cruise? Ao que eu responderia:

Não. Por dois motivos: 1) não posso dizer que é bom um filme que não vi, e não vi justamente porque Tom Cruise é um dos protagonistas; 2) um filme não pode ser bom se esse ator é um dos protagonistas, será irremediavelmente um filme manco. Isso mostra que até os gênios erram. Kubrick errou.


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Divulgação
Julia Roberts, em O Sorriso de Monalisa
(Da Vinci treme no túmulo)
A versão feminina de Tom Cruise é Julia Roberts. Uma Linda Mulher, O Dossiê Pelicano, Erin Brockovich - Uma Mulher de Talento, filmes perfeitamente adequados à Sessão da Tarde, aquele tipo de filme a que você assiste mas que não acrescenta nada. Nem sequer emociona, pois há filmes que não acrescentam muita coisa, mas emocionam.

Julia Roberts é a atriz bonita que – como tantas outras criaturas de Hollywood que ascenderam à glória por inumeráveis motivos, menos pelo talento na arte dramática – interpretou, interpreta e interpretará a personagem sem relevância (como Tom Cruise), insípida e sem carisma, que, no fundo, é sempre ela mesma, com sua boca um pouco maior do que seria recomendável a um rosto bonitinho como o dela. Julia Roberts é uma atriz bonitinha, mas ordinária. No sentido da acepção 3 do Houaiss (“sem brilho, sem destaque; medíocre”), e não com nenhuma conotação moral, por favor.

*Este post também poderia se intitular Atores insípidos


 Leia também, da série Grandes Atores:

Vincent D'Onofrio: um grande ator nem sempre é um superstar

Gandes atores (1): Anthony Hopkins, Gene Hackman, Marlon Brando, Rod Steiger

Gandes atores (2): Henry Fonda

Gandes atores (3): Paulo José: Macunaíma, Quincas Berro D'Água e O Palhaço



Timão tenta impedir tetra inédito do Peixe



Foto: Ivan Storti - Divulgação/SFC
Na 1ª fase do Paulistão, jogo fraco terminou 0 a 0

Do Visão Oeste

Neste domingo, 16h, Corinthians e Santos fazem o primeiro jogo da final do Campeonato Paulista, no Pacaembu. Maior vencedor do estadual, o Timão busca o 27º título e impedir o tetracampeonato inédito do Peixe, que tem 20 taças da competição [o título nunca foi conquistado por nenhum clube na era do profissionalismo].

Clubes dominam futebol paulista nos últimos anos

A decisão coloca frente a frente os dois clubes que dominam o futebol paulista nos últimos anos. Desde 2009, o Timão venceu um Paulista, uma Copa do Brasil, um Brasileiro, uma Libertadores e o Mundial. O time de Neymar ganhou três Paulistas, uma Copa do Brasil e a Libertadores.

Além de alcançar o inédito tetra seguido, o Santos quer vingar a eliminação da Libertadores do ano passado, quando caiu nas semifinais diante do Corinthians. Na primeira fase do Paulistão, os clubes fizeram um clássico morno, que ficou no 0 a 0.

O jogo de volta da final será no dia 19, domingo, às 16h, na Vila Belmiro.

É a quinta final de Paulistão seguida de Neymar . E pode ser a última decisão dele com a camisa do Peixe. Crescem os rumores de que o atacante estaria de saída rumo ao Barcelona no fim do semestre. Mas o Real Madrid também quer o jogador e teria reservado o equivalente a R$ 315 milhões para contratá-lo, segundo o jornal espanhol El Mundo Deportivo.

Copa do Brasil

Na segunda fase da Copa do Brasil, os santistas bateram o Joinville-SC, por 1 a 0, fora, na quarta-feira, 8, e só precisam de um empate na Vila Belmiro no jogo de volta, dia 22, para avançarem.

sábado, 11 de maio de 2013

Passagem de ônibus ficará mais cara em junho, em São Paulo



Da Rede Brasil Atual

Após reunião de 45 minutos com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, no gabinete da Presidência da República em São Paulo, na manhã de ontem (10), o prefeito Fernando Haddad (PT) disse em rápida entrevista coletiva que não há uma data definida para promover algum reajuste no preço da tarifa de ônibus. Mas a majoração é esperada para o mês de junho, segundo a assessoria do prefeito.

Haddad afirmou que o tema não constou da pauta do encontro com Mantega. “Não discutimos esse assunto porque isso já foi discutido em janeiro.” De acordo com ele, continua valendo o que foi dito naquela ocasião. No início do ano, o prefeito e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) fizeram um acordo para evitar que a majoração nas passagens tivesse impacto na inflação. “Nos comprometemos, o governador e eu, com o ministro Mantega de que não tomaríamos nenhuma providência até superar aquele momento difícil, em que a inflação estava ameaçando ultrapassar o teto, o que já está superado, felizmente”, declarou o prefeito.

Segundo ele, a discussão com o ministro da Fazenda girou em torno de um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados sobre a dívida de estados e municípios. “São Paulo tem interesse prioritário nisso. É uma questão de sobrevivência. Discutimos também linhas de financiamento para obras de infraestrutura.” Haddad citou transportes, habitação e saúde como áreas que precisam "de grandes obras” em São Paulo.

Nos cálculos da prefeitura, a renegociação liberaria de imediato R$ 6 bilhões para investimentos. Há quatro propostas em tramitação no Legislativo federal, e o governo Dilma Rousseff tem sinalizado com a possibilidade de mudar o índice pelo qual atualmente é feita a correção dos débitos de estados e municípios com a União.

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Pensamento para sexta-feira [43] – O Sermão da Montanha (trecho)



Independentemente de se atribuir aos Evangelhos um caráter sagrado, histórico ou literário, o fato é que O Sermão da Montanha é uma das mais belas passagens do Novo Testamento.

Consta (dir-se-á um dia, talvez daqui a séculos: conta a tradição) que Mahatma Gandhi afirmou: “Se se perdessem todos os livros sacros da humanidade, e só se salvasse O Sermão da Montanha, nada se teria perdido.”

Abaixo segue apenas um pequeno trecho do capítulo 5, extraído da longa passagem que abrange os capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus:


Mateus (5, 1-12)

Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte, e como, ao sentar-se, dele se aproximassem seus discípulos, ele se pôs a ensiná-los, dizendo: 
Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados.

Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois quando vos caluniarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. 
Regozijai-vos e exultai, porque será grande vossa recompensa nos céus; pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

terça-feira, 7 de maio de 2013

De jornalistas brasileiros e ignorância


Da seção Recordar é viver


Embora este post envolva pessoas ligadas ao futebol, não é de futebol que trata, mas de jornalistas brasileiros e sua ignorância (alguns poderiam dizer má-fé, mas prefiro ser elegante e chamar de ignorância mesmo).

No primeiro dos dois vídeos abaixo, mais recente, o jornalista André Rizek, do Sportv, dá um vexame ao comentar a morte de Margaret Thatcher, há pouco menos de um mês. Tendo como interlocutor o jornalista inglês Tim Vickery, Rizek pergunta se ele “está de luto” pela morte da Dama de Ferro, não sem mostrar as capas dos jornais O Globo e Estadão, que dão destaques garrafais ao fato. Apesar da aula que recebe do inglês, Rizek ainda continua, depois, a insistir na importância da ex-primeira ministra britânica para o mundo, no século XX. Francamente, é o caso de sentir a chamada vergonha alheia. A mente colonizada do jornalismo brasileiro (incluindo os “sérios” O Globo e Estadão, dos quais Rizek tem tanto orgulho) não tem limite. E dá vergonha.





O segundo vídeo, de 2010, mostra a sábia Ana Maria Braga entrevistando o ex-jogador Petkovic (ex-Vitória, Flamengo, Santos e outros clubes). Ela pergunta “como é ter nascido num país com tantas dificuldades”. Ouçam a resposta (vejam bem, de um jogador de futebol sérvio a uma jornalista brasileira – e pensar que os atletas tupiniquins não conseguem construir uma frase sem falar de Jesus e do Senhor).



domingo, 5 de maio de 2013

Futebol: uma semana pra ninguém botar defeito



Reprodução


Ótima semana pra quem gosta de futebol. Vários grandes jogos e/ou partidas decisivas, duelos clássicos, disputas de pênaltis, rivalidades. O Palmeiras, que só precisa vencer o Tijuana em São Paulo para ir às quartas da Libertadores, e o Santos, na final do Paulista, se deram bem; o Corinthians, mais ou menos, pois patinou na Bombonera, mas pode reverter no Pacaembu e está na final do Paulista contra o Peixe; e o São Paulo, fechando pra balanço, está virtualmente fora da Libertadores e eliminado pelo Corinthians na semifinal do estadual.

De quebra, esta semana vimos os pernósticos Real Madrid e Barcelona afundarem na Liga dos Campeões.

Abaixo, como destaque da semana, pela categoria, o gol de Ronaldinho Gaúcho, o primeiro do Galo contra o São Paulo na quinta-feira, 2, uma cabeçada como uma tacada de sinuca, com precisão e categoria raras.




Pela ordem:

São Paulo 1 x 2 Atlético-MG

O grande jogo da semana foi São Paulo 1 x 2 Atlético-MG pelas oitavas da Libertadores. Não só pela partida em si, a mais bem jogada e técnica, mas principalmente pelo futebol que o Galo de Cuca vem apresentando, sem dúvida nenhuma o melhor time do país no momento. O Atlético de Diego Tardelli, Ronaldinho Gaúcho, Bernard, o zagueiro Réver, os eficientíssimos Richarlyson (lateral esquerdo, ex-São Paulo) e Pierre (volante, ex-Palmeiras) pôs o Tricolor na roda em pleno Morumbi. A mídia paulista forçou bastante a ideia de que o time do Jd. Leonor perdeu por causa da expulsão de Lúcio. Mas não vi bem assim. O que vi foi um vareio do Galo, que “cozinhou o galo” no segundo tempo após fazer 2 a 1 aos 13’. Deu olé. Claro que o time paulista exerceu no início do jogo a pressão esperada e normal de um mandante num jogo como esse. Mas com Lúcio ou sem Lúcio, o Galo ganharia. Fez o que quis e o necessário, trocou passes com precisão impressionante, ditou o ritmo da partida e virtualmente eliminou o São Paulo da Libertadores. Os belos gols de Gaúcho (acima), com a maestria conhecida, e Tardelli, com sua movimentação espetacular, foram suficientes pra matar o Tricolor.


Boca Juniors 1 x 0 Corinthians 

Eu resumiria assim o embate entre paulistas e portenhos no jogo na Bombonera: apesar de ter ouvido muitos comentários segundo os quais o time paulista fez a incompreensivelmente pior  partida em muito tempo, faltou profundidade a essa análise, que é limitada por ignorar o chamado “outro lado”. Como se o Corinthians tivesse jogado contra ninguém. A melhor análise desse duelo, das que li ou ouvi, foi a do Leandro Miranda, no portal Terra.

Diz ele: “Quem esperava o mesmo Boca de 2012, lento na armação e recuado na marcação, acertou só a primeira parte: o time é fraco tecnicamente e tem dificuldade para criar jogadas, mas defendeu de forma agressiva, pressionando os jogadores alvinegros assim que eles recebiam a bola – como o próprio Corinthians faz com frequência – e forçando o pior jogo da equipe de Tite em 2013.
“O Corinthians não está acostumado, no Brasil, a receber uma marcação agressiva como a que aconteceu na Bombonera.”

Quer dizer, o Corinthians não jogou mal porque jogou mal, como quem ganha pra comentar e não comenta bem tentou vender, mas porque o Boca aprendeu com a derrota de 2012, e, apesar de ser um time tecnicamente fraco, é comandado hoje por Carlos Bianchi, quatro vezes campeão da Libertadores: uma com o Vélez Sársfield (1994) e três com o próprio Boca Juniors (2000, 2001, 2003). A tarefa do Timão é bem difícil. O 1 a 0 é um resultado complicado de tirar com o regulamento do “gol fora”. Se o Boca fizer um golzinho daqueles típicos argentinos, bye bye. Mas a tarefa do Alvinegro está longe de ser desesperadora como a do São Paulo, que precisa bater o Galo em BH com dois gols de diferença.

São Paulo x Corinthians
Reprodução
Mais um pouco e Ceni dividia com Pato
No Morumbi, péssimo jogo e apenas algumas poucas observações: como o São Paulo bate!; o jogo foi típico de dois times com medo de perder, pois ambos sabiam que uma derrota, após as adversidades do meio de semana na Libertadores, seria catastrófica; por mais que se diga que Luis Fabiano não estava impedido num lance no primeiro tempo, para mim estava, sim, por muito pouco, mas estava); o árbitro foi muito bem ao mandar voltar o pênalti defendido por Ceni, pois o goleiro estava para lá do meio da pequena área (veja a foto) quando Pato bateu (todo goleiro adianta um pouco, dando um passo pra frente e um pro lado, ou vice-versa, mas Rogério é muito cara de pau).

Paulo Henrique Ganso e Luis Fabiano, o primeiro de maneira grotesca, perderam os pênaltis do São Paulo. Haja terapia. Os lances do menino mimado ex-Santos e do bad boy amado pela Independente simbolizam a crise são-paulina atual. O treinador Ney Franco reclamou da arbitragem e disse que o juiz "não estava preparado". Me parece que ele deveria ir chorar na cama.

Palmeiras

Como falei no início, o Palmeiras, quem diria, tem tudo para chegar às quartas da Libertadores. Após o 0 a 0 no campo de society na terça-feira, 30, basta vencer o Tijuana em São Paulo, no dia 14 de maio. No dia 15, o Timão decide contra o Boca. Antes, nesta quarta-feira, 8, o São Paulo tenta o milagre em Minas.

Sobre o Santos, já escrevi neste post.

Europa

E, para terminar, sensacional as retumbantes derrotas de Real Madrid  e Barcelona esta semana para Borussia Dortmund e Bayern de Munique, respectivamente, confirmando o baile dos jogos de ida. Os madrileños perderam de 4 a 1 na Alemanha, e, em casa, fizeram 2 a 0, em partida de final eletrizante. E os catalães não viram a cor da bola contra os bávaros. Tomaram de 4 a 0 em Munique e 3 a 0 em pleno Camp Nou, 7 a 0 no agregado. Coitado do “melhor time de todos os tempos”. É incrível, mas precisaram os alemães entrarem em campo pra desfazer esse conto da carochinha disseminado, no Brasil, principalmente, pela ESPN.


Gaúcho roubado

O Campeonato do RS foi conquistado pelo Internacional, que ganhou o segundo turno (a chamada Taça Farroupilha) nos pênaltis, do Juventude. Roubado. O Juventude teve um gol absurdamente anulado no tempo normal. Ninguém, a não ser o árbitro, viu alguma irregularidade no lance. É aquela coisa: na província, só Grêmio e Inter podem ser campeões. Uma vergonha.

"Lobão mentiu", diz Mano Brown


Como fiz uma afirmação irônica em um dos comentários ao post sobre a suposta conversa de Lobão com o Mano Brown em que teriam acertado tocar juntos na Virada Cultural, reproduzo abaixo a nota da assessoria de imprensa do rapper, desmentindo a informação.

"Informamos que o Mano Brown não ligou e não conversou com o Lobão. Eles não irão tocar juntos na Virada Cultural como está sendo noticiado na imprensa. Pedimos que os veículos de comunicação que estão noticiando esse fato esclareçam a questão com a verdade, pois o Lobão mentiu e não haverá esse show do Racionais com o Lobão".

Em seu perfil no Twitter (@ManoBrownOF), Mano Brown afirmou: "Lobão mentiu".

Pois é, como eu disse antes, o Lobão ficou doido mesmo.

Santos de Neymar chega à quinta final consecutiva e pode ser tetra



Sem encantar e sem jogadas espetaculares de Neymar, o Santos está na quinta final consecutiva do Campeonato Paulista: perdeu a decisão em 2009 para o Corinthians e ganhou em 2010, 2011 e 2012, respectivamente batendo Santo André, Corinthians e Guarani.

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Craque chega à quinta final paulista seguida
Após derrotar o Palmeiras nos pênaltis na semana passada, o Peixe despachou da mesma maneira neste sábado o bom time do Mogi Mirim, no interior. Ambos os jogos terminaram 1 a 1 no tempo normal.  No deste sábado, o Mogi abriu o placar no fim do primeiro tempo e Dracena (o zagueiro que sempre faz gol em decisões) empatou aos 31 do segundo. Nos pênaltis, Rafael pegou dois, um dos quais de maneira espetacular, quase idêntico ao que defendera contra o Palmeiras, de mão trocada.

O Santos se aproxima de um título inédito na história do Campeonato Paulista, o de tetracampeão, jamais alcançado na era profissional (o Paulistano conseguiu a façanha na época amadora, nos anos 1916, 17, 18 e 19).

Mais interessante do que o próprio jogo foi a vibração e emoção surpreendentes de Neymar ao comemorar a classificação, como se fosse o passaporte para sua primeira decisão, e não a quinta só no estadual. É impressionante esse guri.  Com 21 anos, como ele mesmo disse, desde que começou a jogar no profissional, nunca ficou fora de uma final paulista.

Coincidentemente, foi contra o Mogi Mirim, em 15 de março de 2009, que o jovem craque fez seu primeiro gol pelo Santos, o último na vitória de 3 a 0 no Pacaembu, iniciando uma trajetória que acumula três títulos paulistas, uma Copa do Brasil, uma Libertadores e uma Supercopa.

O adversário do Peixe na final sairá do duelo São Paulo x Corinthians amanhã, ambos os times pressionados pelas derrotas na Libertadores, o Timão para o Boca na Bombonera e o Tricolor para o Atlético-MG no Morumbi (vamos combinar, o São Paulo está virtualmente eliminado). Amanhã (hoje, domingo) volto, porque essa semana foi sensacional no futebol. Merece um resumo.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Lobão enlouqueceu


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O cantor e compositor Lobão, ao que parece, ficou doido de vez. Não que seja inaceitável que as pessoas tenham opiniões divergentes daquilo que este blogueiro ou qualquer outra pessoa pensa.

Mas divergir é diferente de delirar ou falar idiotices para vender livro. Ou então ele delira talvez por algum tipo de carência de holofotes ou de seca criativa. Ou é alguma seqüela.

É o que se pode supor da entrevista concedida por ele à Folha de S. Paulo de hoje a propósito de seu novo livro, Manifesto do Nada na Terra do Nunca, talvez uma mistura pop-filosófica do existencialismo sartreano com a música de Michael Jackson. Quem sabe?



A entrevista é uma verdadeira homenagem à tolice e à ignorância. Sobre ela, o rapper Mano Brown não deixou por menos: “O Lobão está sendo leviano e desinformado”, escreveu o rapper. E destilou: “Não entendo a postura dele agora. Ele que pregava a ética e rebeldia, age como uma puta para vender livro”.

Veja alguns trechos da matéria da Folha de S. Paulo

Sobre Dilma Rousseff:

"Ela foi terrorista. Ela sequestrou avião, ela pode ter matado. Como que ela pode criar uma Comissão da Verdade e, como presidenta, não se colocar? Deveria ser a primeira pessoa a ser averiguada. Você vai aniquilar a história do Brasil? Vai contar uma coisa totalmente a favor com esse argumento nojento? Porque eles mataram, esquartejaram pessoas vivas, deram coronhadas, cometeram crimes."

Sobre PT, petistas, a esquerda:

"O estopim, a causa da ditadura militar foram eles. Desde 1935, desde a coluna Prestes, começaram a dar golpes de Estado.

"Esses que estão no poder, Dilma, Emir Sader, Franklin Martins, Genoíno, estavam na luta armada. Todos esses guerrilheiros estão no poder. Porra, alguma coisa está acontecendo! Em 1991, só tinha um país socialista na América Latina, hoje são 18. São neoditaduras pífias. A Argentina é uma caricatura, o Evo Morales, o Maduro. Vão deixar o comunismo entrar aqui? É a mesma coisa que botar o nazismo. A América do Sul está se tornando uma Cortina de Ferro tropical. Existe uma censura poderosíssima perpetrada por uma militância de toupeiras."

Sobre RAP (talvez a frase mais divertida):

"Os Racionais são o braço armado do governo, são os anseios dos intelectuais petistas, propaganda de um comportamento seminal do PT."

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Há 19 anos – tinha uma Tamburello no meio do caminho


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Na manhã de 1° de maio de 1994, um domingo, estávamos em casa. Acordamos cedo para mais uma vez assistir a uma corrida de Fórmula 1. Ou melhor, para ver uma corrida de Ayrton Senna, que corria naquela temporada pela funesta Williams.

A corrida de Ímola seria a mais triste que jamais veríamos. Testemunhamos a morte do lendário piloto ao vivo. Incrédulos e tolamente esperançosos (pois ele já havia morrido na pista), só quando ouvimos, horas depois, a confirmação da notícia é que acreditamos que era verdade. Chorei.

“Tamburello era uma curva, atualmente uma chicane, no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, na Itália” (Wikipedia). Nessa curva, sete anos antes, quase o também brasileiro Nelson Piquet deixou sua vida ao bater de traseira, num gravíssimo acidente. Era uma curva maldita. Senna precisou morrer para transformarem-na em uma chicane.

Tinha chegado ao fim a carreira e a vida do tricampeão mundial (1988, 1990 e 1991) e vencedor de 41 corridas, na prova em que ele conseguira sua 65ª pole position e liderava, seguido, simbolicamente, pelo alemão Michael Schumacher, que herdaria o reinado na categoria. Com certeza a enorme antipatia que sempre nutri pelo alemão se deve à emblemática segunda posição que ele ocupava naquela corrida no instante do acidente.

Almoçamos e depois fomos andar na avenida Paulista, para espairecer. Andamos silenciosos. Parecia absurdo que as pessoas passassem pela rua conversando, rindo, como se fosse um dia qualquer. Porque não era. Era 1° de maio de 1994.

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Leia também – e relembre alguns momentos históricos de Ayrton Senna nas pistas:

"A melhor volta da história"

Pensamento para domingo: Ayrton Senna - Interlagos, 1991

Ayrton Senna é o rei de Mônaco


Dia do trabalho ou do trabalhador?


1° de maio, Dia do Trabalho, ou do trabalhador. De todas as categorias.

A começar pelo trabalhador das categorias mais organizadas atualmente, entre as quais se destacam, histórica e sabidamente, as dos metalúrgicos e dos bancários.

Foto: José Cruz/ABr


Não é por acaso que bancários e metalúrgicos são protagonistas das lutas por jornada de trabalho mais decente e humana ou contra o capital insaciável, seja nas plantas industriais, seja nas plantas financeiras nos últimos quase 200 anos: a revolução industrial (consolidada no século 19) e o chamado sistema financeiro, cujo auge pernicioso é emblematizado pelo neoliberalismo de Margareth Tatcher e suas réplicas mundo afora, foram o caldo no qual se formaram os sindicatos que se propuseram a ser vanguarda na luta por direitos.

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No Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva resume o caráter desse trabalhador ao qual me refiro acima, com seu governo popular e inédito. Mas Getúlio Vargas precisa ser mencionado. Embora seja uma liderança gerada pelas chamadas elites, conseguiu construir juridicamente direitos também inéditos, até então, à classe trabalhadora. E a CLT, embora ultrapassada, está aí para não nos deixar mentir. É incrível pensar que a CLT foi criada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1° de maio de 1943, data em que foi sancionada pelo então presidente Getúlio Vargas.

Mas o Dia do Trabalhador é também o dia daquele garçom que, independentemente de ser protegido pela CLT, te serve a saideira ou o X-salada num dia de final de campeonato (quem não gosta de um X-salada, mesmo que inconfessadamente?); ou o taxista que te leva a uma reportagem e não só leva como ajuda a fazer a reportagem; o trabalhador é o vendedor que na livraria acha o livro que você procura; a moça que é caixa do supermercado e quando você vai pagar a conta ela diz “bom dia”; o frentista do posto de gasolina, que está lá 24 horas esperando você passar na estrada precisando de gasolina; ou o professor ou professora (quem não teve um ou mais professores inesquecíveis?) que te ensinou coisas importantes.

O trabalhador é aquele cara completamente anônimo que não se enquadra em nenhuma das profissões acima enumeradas, mas que trabalha no mínimo 40 horas semanais, ou mais, ou menos, é um frila, ou um “autônomo” “terceirizado”, ou um artista de circo que faz o palhaço em circos e esquinas. Em uma palavra, um trabalhador.

Hoje é Dia do Trabalhador. Viva o trabalhador. Viva todos nós!