Reprodução/Youtube
Ainda não conhecia e acabo de ver a polêmica peça
publicitária d' O Boticário para o Dia dos
Namorados (você pode assistir em link abaixo neste post).
A primeira observação é que a campanha é muito feliz,
enquanto propaganda em si. Criativa e delicada. Em segundo lugar, a peça é oportuna,
diante da onda reacionária que está em todos os segmentos da sociedade
brasileira por parte de pessoas que não entendem a realidade ou fingem que estão
em outro planeta.
Curiosamente, um "consumidor" encaminhou uma
reclamação a um site da grande imprensa para dizer que "o Boticário perdeu
a noção da realidade, empurrando essa propaganda que desrespeita a família
brasileira. Não tenho preconceito mas acho que a propaganda é inapropriada para
a TV aberta", disse o missivista, concluindo: "a partir de hoje não
compro mais nem um só sabonete lá e eu era cliente".
O destaque da fala do tal consumidor é a cômica frase "o
Boticário perdeu a noção da realidade". De qual realidade essa pessoa está
falando? É também típica a observação "Não tenho preconceito mas...",
com a qual os preconceituosos costumam abrir suas perorações.
Dias atrás o pastor Silas Malafaia – esse porta-voz do obscurantismo
medieval – "conclamou" seus seguidores evangélicos a não comprar no
Boticário depois da campanha. O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária), que não serve para nada, pois é controlado pelas próprias empresas de propaganda, abriu um processo para "julgar" a peça do Boticário devido às reclamações que recebeu.
Curioso que os homofóbicos preocupados com a saúde mental de
uma sociedade doente (aliás, de uma doença da qual eles próprios são o principal sintoma), não se preocupam com a excrescência do Big Brother da TV
Globo.
Também não se preocupam com as campanhas publicitárias de
carro, que descaradamente incentivam a velocidade e o poder de imbecis que compram
suas máquinas e saem pelas ruas atropelando o bom senso e matando pessoas.
Ou as piores publicidades que existem, as de medicamentos,
que incentivam a automedicação e o uso de substâncias cujos verdadeiros efeitos
ninguém, a não ser os laboratórios, conhece.
Estas sim, as propagandas de drogas, deveriam ser proibidas
pelo Estado, mas os governos que se sucedem não têm coragem de se impor contra
esse tipo de abuso, reféns covardes que são da "liberdade de
expressão" em nome da qual tudo pode.
O incentivo ao consumo de drogas de laboratório e à insanidade de motoristas cujos brilhantes automóveis são armas de matar nas ruas do país – isso, sim, deveria ser proibido.