sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A vida tormentosa de Roman Polanski

Roman Polanski, o cineasta francês de origem polonesa, diretor de O Bebê de Rosemary, deve ser solto segunda-feira, sob fiança de 3 milhões de euros, pela justiça suíça.

As informações são de que, monitorado eletronicamente, ele vai cumprir prisão domiciliar em seu chalé de Gstaad. O cineasta está preso na Suíça desde 26 de setembro, a pedido da justiça dos Estados Unidos, que quer sua extradição. Polanski é acusado de ter mantido relações sexuais com a Samantha Geimer, quando esta tinha 13 anos, em 1977. A então menina teria sido drogada e alcoolizada.

O paradoxal desta história é que a própria Samantha parece ter perdoado o cineasta. Para ela, a mídia é a atual vilã da história. Como lembrou o crítico Ricardo Kalil em seu blog, ela abandonou oficialmente as acusações contra Polanski, defendeu um Oscar de melhor diretor ao cineasta por O Pianista (2003) e declarou que ele já pagou o preço pelo crime.

E disse mais: ao jornal New York Daily News, declarou: “Eu sobrevivi a quaisquer danos que o senhor Polanski pode ter me causado quando criança. Superei isso há muito tempo. Ele fez algo horrível comigo, mas foi a mídia que arruinou minha vida. A publicação continuada de detalhes sobre o caso fere a mim, a meu marido, filhos e mãe”.

Aos 76 anos, Roman Polanski segue uma vida de tormentos, como tem sido desde sua juventude. Em 1969, sua linda mulher, a atriz Sharon Tate, foi barbaramente assassinada, aos oito meses de
gravidez, por um grupo de satanistas liderados por um homem chamado Charles Manson.

Polanski e Sharon Tate

Na foto ao lado, Polanski e Sharon, em foto tirada há 40 anos e que será leiloada pela casa de leilões Christie's em 7 de dezembro, em Nova York.

Os místicos buscam associações com o sobrenatural para sua trajetória. Um ano antes do crime, em 1968, Polanski havia feito sua obra prima O Bebê de Rosemary, que conta a história de um jovem casal (interpretado por Mia Farrow e John Cassavetes) que se muda para um prédio habitado por estranhas pessoas. Estas vão se revelando adoradoras do demônio. A jovem (Mia Farrow) é drogada, concebida e dá à luz uma criança: o filho das trevas.

Detalhe: o filme teve como locação o edifício Dakota, onde moraram Judy Garland e Boris Karloff. O Dakota foi cenário de O Bebê de Rosemary e do assassinato de John Lennon, que morava em um apartamento com Yoko Ono. Lennon foi assassinado por Mark David Chapman em 8 de dezembro de 1980 em frente ao edifício.

PS - Segundo o ministério da Justiça da Suíça, Polanski deve continuar preso até sexta-feira. A justificativa é que ele ainda não depositou os 3 milhões de euros (R$ 7,8 milhões) relativos à fiança. O ministério afirmou nesta terça-feira, 1°, que o pagamento deve ser feito nos próximos dias.

Filmografia de Roman Polanski (como diretor)

Oliver Twist (2005)
O Pianista (2002)
O Último Portal (1999)
A Morte e a Donzela (1994)
Lua de Fel (1992)
Busca Frenética (1988)
Piratas (1986)
Tess - Uma Lição de Vida (1979)
O Inquilino (1976)
Chinatown (1974)
O Bebê de Rosemary (1968)
A Dança dos Vampiros (1967)
Armadilha do Destino (1966)
Repulsa ao Sexo (1965)
A Faca na Água (1962)

Atualizado às 18h39 de 1° de dezembro

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Clã dos Rigotto pode matar o jornal JÁ, de Porto Alegre

Em decorrência de uma reportagem publicada em maio de 2001 sob o título
"O Caso Rigotto – Um golpe de US$ 65 milhões e duas mortes não esclarecidas", o importante, combativo e resistente jornal , de Porto Alegre, que existe há 24 anos, está sendo asfixiado por uma condenação, na Vara Cível do Tribunal de Justiça do RS, que o obriga a indenizar a matriarca da família, Julieta Vargas Rigotto, em 54 mil reais.

O caso está no Supremo Tribunal Federal, onde o recurso interposto pelo deve ser julgado pelo ministro Joaquim Barbosa.

Em texto no Observatório da Imprensa de ontem 24, o jornalista Luiz Cláudio Cunha desabafa: "Se o não voltar, não será mais um jornal a morrer, diante do silêncio inexplicável de alguns, da omissão de muitos, da complacência de todos nós. A morte iminente de um jornal como o JÁ – somado ao desalento de um jornalista como Elmar Bones – é um fundo golpe nas convicções de todos que acreditam nos fundamentos da democracia, da justiça, da verdade e de uma imprensa livre".

O ganhou o Prêmio Esso de reportagem em 2004, pela matéria A tragédia de Felipe Klein, de Renan Antunes de Oliveira.

O caso tem tudo a ver neste momento em que tanto se discute a democratização dos meios de comunicação, por meio da Confecom ou não. Daqui de São Paulo, eu desejo sorte e força a Elmar Bones e a minha amiga e competente jornalista Patrícia Marini em Porto Alegre. E no STF.

Você pode saber mais sobre essa sinistra história aqui.
E conhecer o jornal JÁ na internet aqui

Atualizado às 23h37

Visita de Ahmadinejad ao Brasil incomoda Obama

Lula e Ahmadinejad/ José Cruz - AgBr
Mais uma mostra de que o Brasil é cada vez mais e protagonista da política internacional. O jornal norte-americano The New York Times publicou ontem, 24 de novembro, a notícia de que o presidente norte-americano, Barack Obama, enviou, na segunda-feira, uma carta de três páginas ao colega brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. O tema foi a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil, no mesmo dia. A matéria do diário é intitulada "Obama escreve ao líder do Brasil sobre o Irã".

Segundo o NYT, Obama não criticou Lula explicitamente por hospedar o iraniano, cujo país foi incluído por seu antecessor, George W. Bush, no eixo da mal, junto com Coréia do Norte e Iraque.

Na carta, o presidente dos EUA teria demonstrado confiar em que o brasileiro usaria a ocasião para manifestar apoio ao esforço internacional para levar o Irã a um compromisso sobre suas ambições nucleares e que o desenvolvimento da tecnologia para produzir energia atômica deve ter fins pacíficos e civis.

"Mr. da Silva na segunda reiterou seu apoio ao direito de o Irã desenvolver sua tecnologia nuclear para usar na produção de energia, como o Brasil está fazendo", disse o NYT. O jornal menciona ainda a "tensão" recente entre Brasil e EUA devido aos propósitos do governo Obama de militarizar ainda mais a Colômbia e também a questão de Honduras.

O presidente Lula ainda não havia respondido a carta e, segundo o jornal de Nova York, estava pensando em telefonar ao colega estadunidense. Em abril, num encontro do G-20, Obama se referiu ao presidente brasileiro dizendo: “Esse é o cara. Adoro esse cara. Ele é o político mais popular da Terra".

Veja a matéria do New York Times aqui

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Brasileirão: Quem vai amarelar por último?

Palmeiras cabisbaixo/Eduardo Metroviche
Muitos, durante a semana passada, apostaram suas fichas no Flamengo. Mas o Flamengo não passou do 0 x 0 com o Goiás no Maracanã e a alegria da derrota do São Paulo para o Botafogo durou pouco. O Campeonato Brasileiro está de fato emocionante, mas parece que ninguém quer ganhar o título. E com isso, mais uma vez, o São Paulo está com a mão na taça.

Se o time do Morumbi conseguir o tetra seguido, até Paulo Vinícius Coelho, da ESPN-Brasil, já admitiu semanas atrás que será “ótimo para o São Paulo”, mas ruim pro futebol brasileiro. O time de Ricardo Gomes só precisa vencer o Goiás em Goiânia, no próximo fim de semana. Isso porque certamente vencerá seu último jogo, contra o rebaixado Sport, provavelmente no Morumbi. Quer dizer, o time tem que conquistar seis pontos que, na verdade, são três.

Meu compadre chileno-brasileiro Daniel Razon, gremista aqui e torcedor de La U no Chile, fazia contas até outro dia, ainda botando fé no Tricolor gaúcho. Em vão, naturalmente. E meu amigo Frédi Vasconcelos, atleticano-mineiro, foi levado a concluir que, infelizmente, seu Galo já era (quanto ao título, não ao G-4, até porque a matemática leva a crer nisso). Mas, como Frédi diz neste post, “o título ficará para quem amarelar menos”. E está difícil: é uma amarelada geral, de Palmeiras, Atlético-MG, Flamengo e Inter (que esgotou antecipadamente sua cota de amareladas). Quem vai amarelar por último?

Impressionante. O Palmeiras voltou a respirar, com a derrota do São Paulo para o Botafogo e o empate do Flamengo com o Goiás no Maracanã lotado. O Inter, que bateu o Galo no Mineirão, também está vivo.

Mas Flamengo, Inter e Palmeiras, que ainda brigam pelo título, têm de torcer pelo Goiás fervorosamente. Um empate do São Paulo em Goiânia já elimina do título Palmeiras e Inter, pois com uma igualdade o São Paulo chegaria a 63 pontos no penúltimo jogo. Como deve ganhar do Sport no último, chegaria a 66 pontos. Colorado e Verdão só podem chegar a 65.

Com uma eventual derrota do Tricolor paulista, Flamengo (contra Corinthians em SP), Internacional (contra Sport em Recife) e Palmeiras (contra o Galo lutando pelo G-4, no Palestra) têm de fazer a sua parte.

Tudo isso para não falar que meu Santos, depois dos 4 a 0 contra o cabisbaixo Coritiba na Vila, está definitivamente fora do risco de ser rebaixado. O que importa agora é o Santos Futebol Clube mudar de rumos. Eu, que já defendi Marcelo Teixeira (e acho que seus méritos são inegáveis, embora por métodos discutíveis), penso que agora o clube precisa mudar. Tudo bem, é hora de a oposição se impor, vencer as eleições e fazer um projeto. Eu confesso que tenho certo temor dessa novidade que os santistas não sabemos ainda se pode dar certo ou se é pura enganação. A conferir.

Brasileirão - Classificação após 36ª rodada
( pontos, vitórias, saldo de gols)

1. São Paulo 62 17 13
2. Flamengo 61 17 11
3. Internacional 59 17 17
4. Palmeiras 59 16 12
5. Atlético-MG 56 16 4
6. Cruzeiro 56 16 1

Empresários progressistas ressaltam avanços da Conferência de Comunicação de SP

Luchetti e Rovai na Conferência de Osasco/Divulgação

Foi fechada e anunciada no Plenário Juscelino Kubitschek da Assembléia Legislativa de São Paulo neste domingo, 22 de novembro, a chapa de 20 pequenos empresários progressistas entre os 84 representantes das sociedades civis empresariais da 1ª Conferência Paulista de Comunicação, que representarão o estado de São Paulo na etapa nacional.

Entre esses 20 do campo progressista estão, por exemplo, Joaquim Palhares (Carta Maior), Renato Rovai (revista Fórum) e Alberto Luchetti (allTV). Eles, que, como delegados, participam da Conferência Nacional em dezembro, defendem junto com a sociedade civil propostas que, se implementadas, configurariam enorme avanço no país, mesmo para grande parte da população que (por interesse ou desinformação) não está nem aí para o assunto, incluindo jornalistas, cada vez mais dependentes de um mercado construído por oligopólios (deveriam se preocupar mais com isso do que com a obrigatoriedade ou não do diploma).

Em debate, a democratização das comunicações por meio de medidas como a própria democratização das verbas publicitárias, o fim da propriedade cruzada, o interesse público como critério para as concessões, que devem ser laicas, a proibição ou limitações à absurda publicidade direcionada às crianças, entre muitas outras propostas que estão no cerne da regulamentação jamais feita do artigo 220 da Constituição.

A mesma Constituição que "garante" que "todos são iguais perante a lei" (artigo 5), pura retórica, "proíbe" também expressamente (no artigo 220) o monopólio no setor das comunicações: "Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio".

Conversei na manhã de domingo, na Assembléia Legislativa, com dois representantes desse grupo dos 20 empresários que lutam pela democratização. Eles sabem das dificuldades, mas, pragmáticos, ressaltam os avanços.

Para Alberto Luchetti, da allTV, o pequeno número de empresários do campo progressista é um dado a ser levado em conta, mas ele destaca outro: os avanços têm que ser feitos passo a passo. "Eu acho que é preocupante mesmo. Do nosso lado, dos empresários, são 600 delegados, nós somos em 20 apenas, os pequenos empresários. Então nossa batalha vai ser muito grande. Por isso que eu falei, tanto na conferência municipal de Osasco como na de São Paulo, que vai ser uma luta muito árdua. Mas se a gente der um passo, por menor que ele seja, é o primeiro passo", diz Luchetti. "Essa conferência é um marco na história da comunicação nesse país porque ela abre o diálogo".

Renato Rovai, da revista Fórum, também chama a atenção para o diálogo. "O processo da democracia é isso; dentro dos debates, do contraditório, você pode construir caminhos. Aqui a gente construiu. Se a gente tivesse apostado que não há diálogo, a gente não tinha vindo pra essa conferência, não teria inscrito nossos 20 delegados e não teria feito essa cerimônia, esse momento bonito, ter montado uma chapa junto com a Abra e a Telebrasil", afirma Rovai.
Embora realista, Alberto Luchetti dá um aviso aos céticos: "Eu posso garantir a você o seguinte: nós somos apenas 20 numa delegação de 600 delegados. Mas nós não voltaremos de mãos vazias".

Rovai rebate as críticas ao acordo que possibilitou a indicação de "apenas" 20 nomes para representar os veículos progressistas. "Acordo é sempre bom. Os acordos são construídos dentro da realidade, dentro das possibilidades da conjuntura. A gente merecia mais? Acho que sim, mas a gente conseguiu essa acordo, fruto de um grande debate, de organização e nós estamos comemorando. Porque foi o único estado que conseguiu isso".

Para ele, mesmo setores mais conservadores já admitem a necessidade de se avançar: "Basta ler o editorial do Estadão de hoje (domingo, 22). Ele sinaliza que até os grandes veículos de comunicação consideram que é preciso democratizar o setor no Brasil".

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Oposição em SP quer explicações sobre caso Rodoanel

Eduardo Metroviche

Por Leandro Conceição
Do jornal
Visão Oeste


A oposição ao governo Serra na Assembleia Legislativa quer convocar o secretário de Estado dos Transportes, Mauro Arce, para dar explicações sobre o desabamento de três vigas de 85 toneladas das obras do trecho Sul do Rodoanel sobre a rodovia Régis Bittencourt. O acidente feriu três pessoas, no km 279 (Embu), na sexta-feira, 13.

Na próxima terça, 24, a Comissão de Serviços e Obras Públicas da Assembleia deve votar o requerimento pela convocação do secretário.

Auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) feita em 2007 e 2008 apontou que as empreiteiras haviam mudado o material descrito em contrato e usado vigas pré-moldadas para baratear os custos.

Em evento de inauguração da nova sede do 14º Batalhão da Polícia Militar, no Jardim Ipê, em Osasco, na terça-feira, 17, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), negou que o fato tenha contribuído para a queda das vigas. “Não houve isso. Foi uma questão de natureza contratual. No final, houve um acordo e o próprio TCU assinou o Termo de Ajustamento de Conduta, junto com o Ministério Público Federal, o resto é folclore”, disse Serra.

Irregularidades
Uso de material mais barato, superfaturamento e crimes ambientais estão entre as 79 irregularidades apuradas e consideradas “graves” pelo TCU.

A oposição tenta emplacar uma CPI sobre o Rodoanel desde 2001. Mas, com maioria na Assembleia, tucanos e aliados conseguiram impedir a criação desta entre outras mais de 60 CPIs arquivadas. Dos 94 deputados estaduais, 73 são da base de Serra. Para criar a CPI, são necessárias 32 assinaturas.

Os tucanos acusam o PT de uso eleitoral do acidente. “É uma questão eleitoral, normal durante o processo eleitoral, mas a Assembleia é soberana”, disse o governador. “É uma coisa normal do PT, que sempre trabalhou em cima de oportunismo. Não iriam perder a oportunidade”, ataca o deputado João Caramez (PSDB).

O deputado Enio Tatto (PT) reclama da falta de fiscalização do estado, como na tragédia da Linha 4 do Metrô. “Vão acabar colocando a culpa só nos engenheiros da obra ou nas empreiteiras. A responsabilidade nunca chega ao governador e ao secretário”, afirmou ao Uol.

O Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e a Dersa abriram investigações para apurar as causas do desabamento.

Leia mais no jornal Visão Oeste

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

"La main du Dieu" leva França à Copa do Mundo

Reprodução/Henry mata e ajeita a bola com a mão
La main du Dieu de Thierry Henry deu a vaga à França na Copa do Mundo de 2010. Num jogo dramático, em que precisava apenas do empate, os franceses, em casa, perdiam da Irlanda até os 12 minutos do primeiro tempo da prorrogação. Mas, após uma cobrança de falta da intermediária, a bola passou pela defesa dos britânicos e Henry fez um dos gols mais escandalosamente ilegais de que eu me lembro: além de já estar impedido no momento do lançamento, o francês não só matou como ainda ajeitou a bola para cruzar na cabeça de Gallas, que empatou o jogo. A França havia vencido a partida de ida, na Irlanda, por 1 a 0.

Com o empate, está na copa do Mundo.

Agora, pelo menos Maradona não é o único privilegiado que teve a ajuda de Deus para decidir um jogo capital para uma seleção campeã do Mundo. O escândalo do gol de Henry é do mesmo nível, até porque, sem ele, os franceses, atuais vice-campeões, estariam fora da África do Sul.

Portugal conseguiu sua vaga ao bater a Bósnia-Herzegóvina por 1 a 0 fora de casa. Os lusitanos já haviam triunfado sobre os bósnios no jogo de ida, por 1 a 0, no Estádio do Dragão. O Uruguai empatou com a Costa Rica (1 a 1) e confirmou sua vaga. Com isso, estarão na Copa 2010 todos os sete campeões do Mundo: Brasil, Itália, Alemanha , Argentina, Uruguai, Inglaterra e França.

Confira todos os classificados à Copa do Mundo:

África
Argélia
África do Sul
Gana
Costa do Marfim
Nigéria
Camarões

Ásia
Áustrália
Coreia do Sul
Japão
Coreia do Norte

América do Sul
Brasil
Paraguai
Chile
Argentina
Uruguai

Américas do Norte e Central e Caribe
México
Estados Unidos
Honduras

Europa
Holanda
Inglaterra
Espanha
Alemanha
Dinamarca
Eslováquia
Sérvia
Itália
Suíça
Grécia
Portugal
Eslovênia
França

Oceania
Nova Zelândia

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

O crescimento da Petrobras, que não virou Petrobrax

Plataforma para o Campo de Roncador/Divulgação
Duas notícias sobre a Petrobras fazem pensar que tragédia teria sido a privatização dessa gigante estatal brasileira de capital aberto. Como sabemos, Fernando Henrique Cardoso queria a qualquer custo entregar a companhia, que já tinha até nome para depois de privatizada: Petrobrax.

A primeira notícia li na Folha Online. A matéria informa que, segundo a consultoria Economática, "a Petrobras registrou o segundo maior lucro líquido entre as 25 maiores empresas de capital aberto do continente americano (sem considerar as companhias canadenses)", com um resultado de US$ 4,107 bilhões no terceiro trimestre.

Agora, vejam bem o prejuízo do país se a estatal tivesse sido totalmente privatizada, como queria Fernando Henrique Cardoso. Ainda segundo a matéria citada, no final de 2002 a Petrobras valia US$ 15,4 bilhões no mercado, e ficava na 121ª colocação do ranking entre empresas dos Estados Unidos e América Latina.

De acordo com o novo levantamento, do último dia 9, a Petrobras já é a terceira maior do continente americano, por valor de mercado: US$ 207,9 bilhões. De 2003 a 2009, ou seja, durante os dois governo de Lula, a companhia saltou 118 posições e cresceu US$ 192,5 bilhões.

A matéria da Folha mostra crescimento parecido da Vale (US$ 11 bilhões para US$ 141,9 bilhões). Só que a Vale FHC conseguiu entregar. Por falar em FHC, no dia 15, domingo, o jornal El País (Espanha) publicou uma entrevista com o ex-presidente tucano. O título: "A economia já está globalizada, agora é preciso globalizar a política", diz Fernando Henrique Cardoso. Gostaram? Vamos não apenas globalizar a política, mas antes, claro, para que tudo caminhe bem, temos que privatizá-la. Pela privatização da política já!

Na entrevista ao El País, ao discorrer sobre o modelo de governo "social-democrata à americana" como "o do Chile, Uruguai, Brasil", FHC diz: "que diferença há entre meu governo e o de Lula no modelo econômico? Muito pouca: é basicamente social-democrata, quer dizer, respeito ao mercado, sabendo que o mercado não é tudo". Que simplicidade, que clareza de raciocínio do príncipe! Só não entendi uma coisa. Não foi ele, o príncipe, que disse em recente artigo que o Brasil caminha perigosamente para um "autoritarismo popular"? Então como podem ser ambos os governos, de FHC e Lula, tão parecidos assim?

Mas, voltando à Petrobras, a segunda notícia é que ela chegou ao sexto lugar no ranking das "250 Principais Empresas de Energia Globais", segundo a Platts, especializada em informações sobre energia e commodities. A companhia subiu seis posições em relação ao ano passado, "ultrapassando empresas de países emergentes como Rússia e China", de acordo com a própria empresa em seu site.

Por essas e outras é que os governos FHC e Lula são tão parecidos. Enquanto o primeiro entregou a Vale ao capital internacional, no segundo o país tornou-se ou está em vias de se tornar autossuficiente em petróleo.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O Brasil é flamenguista


Parece que, com exceção dos são-paulinos, os torcedores do país inteiro viraram Flamengo na reta final do Campeonato Brasileiro. A três rodadas do fim da competição, o Mengo demonstra ser o único time capaz de acabar com a já enfadonha hegemonia do time do Morumbi, que pode chegar ao quarto título nacional seguido.

A espetacular arrancada do Rubro-negro na reta final (sete vitórias, dois empates e uma derrota nos últimos dez jogos) e o futebol solidário e eficiente, com o comando de Petkovic e Adriano, credenciam o time.

Como em 2008, quando o Grêmio deixou escapar um título que parecia ganho, este ano foi o Palmeiras que amarelou, talvez pressionado por não ganhar um Brasileiro desde 1994 e nenhum grande título desde 1999, quando levantou a Libertadores sob a batuta de Felipão. Além disso, parece cada vez mais claro que a contratação de Muricy Ramalho, com seu futebol previsível e feio, foi um erro fatal da cúpula palmeirense. O Flamengo do humilde Andrade é o contraponto perfeito à solução oposta adotada pelo Verdão quando resolveu colocar Muricy no lugar de Jorginho. Em termos de ânimo, futebol bonito e união do elenco, o time de Jorginho parecia muito ao Flamengo de Andrade. Mas Jorginho deu lugar a Muricy e deu no que deu.

O empate do time do Palestra diante do lanterna Sport desanimou até o palmeirense mais otimista. Mas, se vencer o Grêmio em Porto Alegre nesta quarta, o time de Muricy volta à briga e o campeonato embola de novo. O São Paulo tem 62 pontos e 17 vitórias. O Flamengo, 60 e 17. O Palmeiras, 59 e 16. Internacional (56), Atlético-MG (56) e Cruzeiro (55) só disputam vaga à Libertadores. E o Palmeiras, se bobear, nem no G-4 vai ficar.

O Verdão tem uma tabela difícil. O Grêmio não perdeu nenhum jogo no Olímpico neste campeonato. Como o Tricolor gaúcho jogará bastante desfalcado, o Palmeiras ainda pode surpreender. O que não dá ânimo à sua torcida, porém, é o péssimo futebol que o time vem jogando e o moral do time, que está abaixo do solo. Em Porto alegre, o Alviverde joga sua última cartada nesta quarta-feira, em mais um jogo antecipado de maneira absurda pela Rede Globo com o beneplácito da CBF. Se passar pelo Grêmio, o time de Muricy terá ânimo para buscar o título, mas terá duas pedreiras: o Atlético-MG (c) e Botafogo (f).

O Flamengo tem pela frente o Goiás (no Rio), o Corinthians (f) e o Grêmio novamente no Maracanã. O São Paulo pega o Botafogo no Engenhão, o Goiás em Goiânia e o Sport Recife em casa (não se sabe se no Morumbi devido à punição do STJD).

Os não são-paulinos devem apostar suas fichas no desesperado Botafogo, que precisa ganhar de qualquer maneira do time do Morumbi, pois está apenas dois pontos à frente do Fluminense, o primeiro na zona do rebaixamento, e que vem conseguindo uma reação épica. Mas, se o Tricolor empatar com o Bota neste fim de semana e o Flamengo bater o Goiás no Maracanã, o time carioca assume a liderança com uma vitória a mais. Aí, vai ser difícil segurar o time do Imperador.

domingo, 15 de novembro de 2009

Os gestos de José Serra

Foto: Eduardo Metroviche
Na sexta-feira, 13, estive no evento de inauguração da sede da Rede TV!, em Osasco. Passaram por ali algumas das maiores lideranças do país: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva; a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff; o governador de São Paulo, José Serra (PSDB); o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; o senador Aloizio Mercadante; a ex-prefeita paulistana Marta Suplicy; o ex-prefeito Paulo Maluf; o presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer; o prefeito de Osasco e pré-candidato ao governo de SP, Emidio de Souza, e vários representantes de seu staff e secretariado, entre outros.

Eu fiz a seguinte pergunta ao governador José Serra, na única vez na vida em que olhei essa estranha personalidade olhos nos olhos, de perto:

– Governador, alguns órgãos de imprensa ventilam a possibilidade de o senhor vir a não ser candidato à presidência da República...

O governador Serra mal esperou que eu terminasse a pergunta (e sequer terminei), deu dois leves tapinhas, “carinhosos”, digamos assim, em meu braço, deu-me as costas e saiu andando. Nenhuma palavra, apenas um sorriso sutil, de escárnio. A resposta à pergunta deste jornalista foi esse simples mas significativo gesto.

Curioso, o gesto, e os recorrentes gestos do governador paulista. Como todos os repórteres que não cantam a sua cartilha sabem, ele jamais responde a uma pergunta que não seja de seu agrado e aprovação.

O curioso é que, no curto discurso que fez para saudar a inauguração do novo endereço da Rede TV!, Serra ressaltou a importância da informação.

A informação, segundo ele, é fundamental para a democracia. Agora, a pergunta que não quer calar, e que o governador tucano não quis responder, é: Serra será candidato à presidência da República?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Imprensa internacional vê Brasil com otimismo

"A senhora Rousseff tem provado ser ela mesma uma competente
administradora", diz The Economist

Matéria do jornal Brasil Econômico desta sexta-feira, 13, assinada por Daniel Haidar, mostra mais uma vez que o otimismo ou a visão positiva sobre o Brasil não é "coisa de petistas", como alguns cansados querem fazer crer. Segundo a matéria, um levantamento feito pela empresa Imagem Corporativa "diz que 85% das 783 reportagens [entre 1° de julho e 30 de setembro] sobre o país, de 12 influentes jornais estrangeiros, apresentaram visões 'positivas'". Vejam bem: 85%.

Entre os veículos analisados pela pesquisa estão os mais influentes do mundo, da Europa e Estados Unidos, como os britânicos Financial Times e The Economist, os norte-americanos New York Times e Washington Post, o espanhol El País e o francês Le Monde e outros. Da América do Sul, é utilizado conteúdo do El Clarín e do chileno El Mercúrio.

Na imagem que ilustra este post, a edição francamente favorável da britânica The Economist é visível a partir da escolha da foto, que dá o tom positivo das personalidades de Lula e Dilma Rousseff, de quem se diz: "A senhora Rousseff tem provado ser ela mesma uma compente administradora".

Em outro exemplo, eu li no espanhol El País: "Para mais de 60% [dos mexicanos] é evidente que depois da crise será o Brasil e não o México quem se alçará como líder entre as nações da América Latina, e pensam assim porque percebem que o governo brasileiro está enfrentando melhor que o mexicano a emergência econômica."

Ainda de acordo com a matéria do Brasil Econômico, a maioria dos registros nas reportagens pesquisadas "se referia à importância do Brasil na política internacional, como integrante do G20 e do bloco Bric (Brasil, Rússia, Índia e China)".

Mas, se um extraterrestre viesse dar de repente no Brasil, e se soubesse ler português, ficaria com medo após folhear os jornais de nossa "grande" imprensa. Provavelmente pensaria que caiu, por um buraco do tempo, num país à beira de um assustador "autoritarismo popular", onde só existe a corrupção, a violência e os interesses de uma casta que governa a nação, comandada por um "analfabeto", apenas para seu próprio proveito e para enganar o povo.

Ainda bem que existem os blogs, a internet e a imprensa internacional.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Umas linhas sobre Anselmo Duarte (1920-2009)


Quando Anselmo Duarte morreu, há cinco dias, este blog não existia. Por isso mesmo, me permito algumas linhas, mesmo que atrasadas.

As abordagens em torno da morte do ator e diretor em São Paulo, no último dia 7, aos 89 anos, insistiram, claro, na informação de que ele foi o único brasileiro a ganhar a Palma de Ouro em Cannes como diretor. O que é justo.

Anselmo Duarte começou a carreira como ator no filme inacabado It's all true, de Orson Welles (1942). Com O Pagador de Promessas, ele conseguiu colocar nas telas uma nova maneira de dirigir atores, que em nosso cinema tinham (e em muitos casos ainda têm) aquela característica irritante que o próprio diretor ressaltou, em entrevista: "[A interpretação dos atores dos filmes brasileiros] era muito teatral, era uma pantomima, gritos, parecia que estavam num palco, não num filme", explicou. Ele dizia que não gostava de atuar como ator.

Anselmo Duarte não se dava bem com o pessoal do Cinema Novo, com carradas de razão. Para os cinemanovistas (Glauber Rocha à frente), ou você fazia um cinema de vanguarda ("revolucionário") ou não significava nada. Uma visão excludente e preconceituosa. No II Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, em Salvador (BA), em 2006, o qual cobri para a revista Fórum, o cineasta Eduardo Escorel tocou no assunto. Disse que um dos maiores erros do Cinema Novo foi ter renegado o que tinha sido feito antes dele. Caso de Anselmo, oriundo dos estúdios da Vera Cruz.

Como se tivesse sido pecado ter existido antes do Cinema Novo. Ao ganhar a Palma de Ouro em Cannes, em 1962, Anselmo Duarte concorreu, entre outros, com filmes como O anjo exterminador (Luis Buñuel) e O eclipse (Antonioni). Talvez, por trás das críticas dos cinemanovistas a Anselmo Duarte, houvesse um motivo menos nobre do que a estética. Talvez fosse a inveja, esse sentimento tão mesquinho que foi incluído entre os sete pecados capitais.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Caetano x Lula: uma triste polêmica

Caetano Veloso ter chamado o presidente Lula de "analfabeto" é algo em si lamentável. Ponto.

Preconceituosa e gratuita, a agressão provocou uma reação em cadeia entre pessoas que ao mesmo tempo gostam do artista (ou de sua arte) e simpatizam com o presidente da República, ou, pelo menos, estão longe do espectro político representado pelos leitores do jornal O Estado de S. Paulo. Caso deste blogueiro.

"O velho e bom Caetano não muda nunca”, disse minha prima Silvia em troca de e-mails, ressalvando: “Ainda bem que gosto da arte dele. Como sempre, com um discurso pretensamente intelectual e neutro, mas assumindo uma postura reacionária e conservadora". É outra verbalização para o que Rodrigo Vianna resumiu bem ao dizer, em seu blog: "O Caetano das letras e músicas antológicas deixa no chinelo o Caetano preconceituoso e tolo das entrevistas".

Já outra amiga, Mayra, doutoranda pela Faculdade de Educação da USP (sua tese é sobre Noel Rosa), demonstra inconformismo: "Acho deprimente que Caetano tenha virado um personagem, pequeno, de si mesmo. Antes, falar bobagem era meio que desmitificar a voz do artista, de quem se cobrava muito o engajamento político. Agora, ele virou só um blefe desrespeitador, sem brilho algum, um velho que fala merda despudoradamente e não tem celular. Pena".

Mayra e Silvia estão entre os que crescemos ouvindo avidamente incontáveis canções geniais como "Tropicália", "Baby", "Qualquer Coisa", "Terra", "Coração Vagabundo", "O Estrangeiro", "Língua", "Muito", "Oração ao Tempo", entre tantas outras obras-primas, incluindo "Odeio", do penúltimo disco, Cê.

Certa vez, no fim dos anos 70, meu primo (hoje amigo e artista plástico) Marco Ferreira estava de repente em casa, onde eu vivia com meus pais e irmãos, no Parque Jabaquara (São Paulo). Eu não o via desde a infância, e já éramos pós-adolescentes. Entre as possibilidades de vencer o silêncio que se instalara entre duas pessoas naturalmente tímidas como nós (e que se admiravam a distância), estava, lógico, colocar um disco para tocar. Pus Bicho, de Caetano.

Quando tocou "Odara" ("Deixa eu cantar/ pro meu corpo ficar Odara...") Marco comentou de repente: "Quando queriam que Caetano fosse contra a ditadura, que protestasse, que cantasse contra os generais, ele fez Odara". Com admiração velada mas evidente, o comentário de Marco, que nunca foi um esquerdista do tipo dinossáurico (maniqueísta, de cartilha), e tampouco o era com pouco mais de 20 anos, resumia duas coisas irrefutáveis para muitos de nossa geração: 1) a genialidade de Caetano, que nos ensinara e ainda ensinaria tantas belezas de nossa arte, música, poesia e cultura; 2) a arte de Caetano é intrinsecamente política, mas não foi feita para consumo de militantes, pois está muito além de uma visão dualista do mundo, como aliás é qualquer arte que sobrevive a seu próprio contexto histórico.

Por tudo isso é que disse, no título, que essa é uma triste polêmica. E por tudo isso, Caetano Veloso deveria preservar (ou ter preservado) pelo menos sua imagem antes de enveredar dessa maneira infeliz por uma seara que não é a sua. O estranho da entrevista concedida ao Estadão é Caetano permitir-se falar de um assunto (política) que sempre afirmou (inclusive em seu ótimo livro Verdade Tropical) não estar entre seus preferidos, já que sua interlocutora, Sonia Racy, é uma jornalista de Política e nada preocupada com Zii e Zie, o novo disco do artista.

Caetano dar uma entrevista sobre política a uma velha cobra da "grande imprensa", que só sabe e respira política, esse foi um erro do qual ele poderia ter poupado seus muitos fãs que não são ligados ideologicamente à oligarquia paulista preconceituosa e racista que se deliciou com o xingamento a Lula. (Claro que reconheço que ele tem também muitos fãs do lado de lá, do lado dos cansados.)

É um paradoxo um artista genial, intérprete das coisas da negritude, ter-se transformado, momentaneamente ou não, num porta-voz dos preconceitos mais reacionários da "minoria branca" paulistana.

Seja como for, vou continuar a ouvir os lindos disco de Caetano. E votarei na Dilma Rousseff, candidata do presidente Lula.

Pra terminar. Se você gosta de política, leia Norberto Bobbio. É bem melhor do que entrevistas de Caetano Veloso.

Fez-se a luz!


A inauguração deste blog era para ter sido ontem. Com o apagão (muito estranho apagão), não deu. Mas, enfim, fez-se a luz! A idéia de Fatos Etc. é retomar abordagens que – por força do cotidiano – fui deixando para trás ao longo dos anos: a Cultura.

Não como sinônimo daquele lixo que preenche os chamados cadernos de variedades (ah, os cadernos de variedades!), e sim como conceito mais amplo que engloba as artes, a política, o comportamento, o futebol, por exemplo. Cultura como Cultura.

Em outras palavras, um blog tematicamente livre que pretende discutir, evidentemente sob a ótica jornalística, os temas da pauta nossa de cada dia, incluindo reportagens e entrevistas. É isso. Bem-vindos à nau.