segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Heródoto Barbeiro deixa CBN e vai para Rercord

Em julho, polêmica com José Serra
A CBN confirmou a saída do jornalista Heródoto Barbeiro da emissora. Ele foi para a Record News. O anúncio da saída de Heródoto da CBN foi feito na sexta-feira, 25 de fevereiro.

Milton Jung comandará o matutino Jornal da CBN, no lugar de Heródoto, a partir da semana que vem, segundo o site Comunique-se. Assim, Milton deixa de apresentar o CBN São Paulo, no qual será substituído pela radialista Fabíola Cidral.

A mudança é significativa. Heródoto, um dos mais populares jornalistas do rádio brasileiro, vai para o grupo que trava uma batalha feroz com a Globo (dona da rádio CBN). A Record já conta com Paulo Henrique Amorim, outro peso pesado.

Em julho do ano passado, Heródoto Barbeiro protagonizou no programa Roda Viva, de TV Cultura, uma discussão com o então candidato à presidência da República José Serra que custou seu cargo de apresentador no também conhecido “Roda Amiga”, que é apresentado hoje por Marília Gabriela.

Relembre aqui: Heródoto Barbeiro sai do Roda Viva após questionar Serra sobre pedágio

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Diretoria age rápido, demite Adilson e torcida do Santos agradece


A torcida santista teve uma boa notícia neste domingo de clássico (o bom São Paulo 1 x 1 Palmeiras), com muita chuva na capital paulista. Adilson Batista caiu.
 Foto: Ricardo Saibun (detalhe) 
O site oficial do Santos F. C. divulgou a seguinte nota às 19:05 deste domingo:

Adilson Batista não é mais treinador do Santos FC. A decisão foi tomada após reunião entre presidência e Diretoria de Futebol.
“O auxiliar-técnico Marcelo Martelotte, que nas últimas semanas assistiu a jogos e estudou atentamente os adversários do Santos FC na Taça Libertadores da América, comandará o elenco no jogo desta quarta-feira (2) contra o Cerro Porteño, na Vila Belmiro
.”

Poucas vezes, como santista, vi a torcida comemorar a queda de um treinador com tamanha euforia. Eu terminei o post de ontem (à 00:19, aqui, ou logo abaixo), após o 1 a 1 com o São Bernardo na Vila Belmiro, dizendo: “Adilson Batista teria feito um favor ao Santos se tivesse pedido demissão hoje.”

A derrota para o Corinthians (aqui) e antes a lamentável apresentação contra o Táchira pela Libertadores (aqui) mostraram que Adilson não sabe armar, comandar, substituir e nem entender o que é o Santos Futebol Clube. O fato é que a diretoria do Santos está de parabéns, por ter sido rápido como a situação exigia. Com a saída do péssimo "igrejeiro" Adilson Batista, penso eu que o Santos volta a ter chance na Libertadores.

A lista de erros cometidos pelo comandante de 11 jogos e uma derrota é tão grande que eu não consigo entender como ainda pode haver os politicamente corretos que acham um absurdo sua demissão.

Erros fatais de Adilson Batista (*)

Li, em alguns sites, listas de erros cometidos pelo "professor", praticamente nenhum deles que não tenha sido mencionado esparsamente em posts aqui no blog.

Nem dá para dizer qual foi o pior erro. Mas a absoluta falta de padrão tático foi um dos principais. O treinador apelidado de professor Pardal  foi do 4-3-3 ao 4-4-2 com improvisações sem sentido, como, entre outros, o lateral Danilo no meio, enquanto Pará virou volante, até o 4-3-1-2. Com o elenco que tem, com os gastos do clube para montá-lo, era inadmissível para o torcedor que o time apresentasse o futebolzinho apresentado.

Ter deixado Felipe Anderson e o zagueiro Vinícius fora da Libertadores mostrou o obscuro lado dos interesses do técnico. Ele trouxe à Vila o goleiro Aranha, o volante Charles e o lateral Jonathan. Os dois primeiros não têm sequer condições físicas de jogar e o último está visivelmente mal. Diogo, contratado por sua indicação, até agora é uma negação. Enquanto insistia com seus apadrinhados, Zé Eduardo e Maycon Leite foram para o banco, dando lugar por exemplo a Róbson, jogador meia-boca que nunca agradou na Vila, desde os tempos quando era protegido de Vanderlei Luxemburgo.

E não me venha o Casagrande, como ouvi agora no Globoesporte, dizer que Adilson caiu tanto no Corinthians como no Santos porque são dois clubes onde há jogadores que mandam demais. Tenha dó. O descontentamento do elenco e dos principais líderes do time é decorrência da postura lamentável e incompetente do técnico, e não o contrário.

* Atualizado às 13:20

Até quando?


Divulgação/ Santos FC
Depois do decepcionante 1 a 1 do Santos com o São Bernardo na Vila hoje pelo Paulistão (ou Paulistinha, como preferem Juca Kfouri e a torcida são-paulina), a situação de Adilson Batista se complica um pouco mais. Principalmente porque, nesse jogo, ele já começou a correr atrás do que havia perdido pelos erros anteriores. Se tivesse inventado menos contra Táchira (0 a 0) e Corinthians (1 a 3), Adilson poderia estar no lucro antes do jogo de hoje e não precisaria escalar a “força máxima” contra o time do ABC, considerando que tem um jogo fundamental na próxima quarta-feira com o Cerro Porteño, pela Libertadores. Resultado: saiu da Vila Belmiro hoje mais queimado do que entrou. Novamente escalou mal, substituiu mal e ainda deu azar, a receita padrão dos técnicos perdedores.

Provavelmente ele não vai tomar um cafezinho na padaria “A Santista” na segunda-feira. Foi chamado de burro como resposta à pífia apresentação de hoje. Pelas entrevistas de Léo e Zé Eduardo, e pelo que se sente nos arredores da Vila e nos botecos onde os santistas conversam, parece claro que o ambiente na Baixada está no nível do chão, infelizmente.

Dá pra perceber que Adilson Batista rachou o elenco (o que se vê no semblante do lateral Léo, por exemplo). A torcida santista está muito contrariada com as atitudes estranhas do “comandante”, que não inscreveu nem o zagueiro Vinícius nem o meia Felipe Anderson na Libertadores, enquanto o volante Charles, baleado, sem condições de jogo, foi relacionado (não vou nem dizer o que se comenta por aí porque pode soar leviano, mas o mínimo que se diz é que Adilson é um “igrejeiro”).

Quarta-feira tem o Cerro na Vila, um jogo de risco. Se ganhar bem, Adilson Batista respira. Se não ganhar, não vejo como nem por que o Santos deveria mantê-lo no cargo. Quando a torcida não vai com a cara do sujeito, não há Cristo que ajude. E a torcida do Santos parece que não suporta mesmo esse professor.

Há até quem já calcule o seguinte: se o Santos empatar ou perder do Cerro Porteño, o time sairia no lucro. Porque Adilson caindo com um resultado negativo, o Cerro se credenciaria à primeira vaga e o Peixe disputaria a segunda posição do grupo 5 da Libertadores com o Colo Colo, num mata-mata antecipado, e, mesmo classificado em segundo, teria força na sequência, com um novo treinador. Porém, se o Santos ganhar na quarta, uma euforia enganosa vai segurar Adilson, mas apenas para o time cair logo mais à frente, nas oitavas ou quartas-de-final no máximo.

Eu, cá entre nós, acho que Adilson Batista teria feito um favor ao Santos se tivesse pedido demissão hoje.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

TV Globo e CBF versus Clube dos 13: a encruzilhada do futebol brasileiro

Mais importante do que os aspectos meramente esportivos, a briga pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro pela TV é prévia de uma disputa maior. Disputa que envolve a pauta da Conferência Nacional de Comunicações, realizada no fim de 2009 após as fases municipal e estadual durante o segundo semestre daquele ano. Nessa pauta, estão listados os pontos que urge discutir (em diálogo entre Executivo, Legislativo e sociedade civil) para modificar e modernizar o arcaico sistema de comunicações no Brasil.

Foto: Eduardo Maretti

O cerne da questão é: as TVs e rádios são concessões públicas no país. Portanto (como já escrevi em outro post neste blog) deveriam responder à determinação do artigo 220 da Constituição, que precisa ser regulamentado à luz do interesse da cidadania, e não dos interesses privados. Em seu parágrafo 5º, o artigo 220 da Constituição de 1988 diz expressamente: “Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”. Essa é a discussão de fundo do imbróglio CBF/TV Globo versus Clube dos 13.

Onde fica o consumidor/torcedor?

Vamos ponderar: se a TV Globo é, tecnicamente, a melhor opção para transmitir um evento (o Campeonato Brasileiro), e de fato é, isso não lhe pode dar a prerrogativa do monopólio. Com sua hegemonia (conquistada, lembremos, durante o regime militar no país), a Globo determina absolutamente tudo: qual jogo você vai assistir, no horário que ela estipula.

Às 16 horas do domingo (ou às 22h de quarta-feira), nenhum habitante do Estado de São Paulo, por exemplo, pode ver uma partida de futebol em canal aberto que não seja o “jogo da Globo”. A Band pode transmitir também, mas o mesmo evento da Globo. Se seu time não estiver na telinha, você pode ver o jogo do seu time, claro, desde que pague o pay-per-view, que é da Globo.

Mais tarde, no horário noturno do domingo (ou às 19h30 dos dias de semana), você tem duas opções: 1) assiste à partida na TV a cabo (Sportv, da Globo) ou, se seu time não está nessa partida, você pode ser assinante do pay-per-view (da Globo) e vibrar com seu time pela Globo.

Esse monopólio é obsceno e tem que acabar.

Copa do Brasil
A ESPN Brasil ter conquistado o direito de transmitir a Copa do Brasil via TV a cabo já é um avanço. E eu não digo em relação a direitos das empresas de comunicação, mas a direitos do consumidor mesmo. O cidadão brasileiro não pode se resignar a ser refém do que quer a Rede Globo sempre. E a cumplicidade Globo/CBF é outra obscenidade.

Quando eu era moleque, os jogos de futebol das quartas-feiras eram às 21 horas. A gente ia ao Morumbi ou ao Pacaembu ver as partidas. O jogo acabava às 23 horas e você pegava o busão, ia pra casa. Hoje, os jogos começam quase 22h e quando acaba não tem sequer metrô. O que querem os executivos globais? Que não haja povo no futebol? Que o futebol seja uma merda de um Big Brother esportivo? Então a Globo que discuta com a sociedade, seja mais democrática, aceite fazer parte de um sistema, e não ser ela própria o sistema. E que deixe de achar que manda no mundo.

O Imbróglio
Até a quinta-feira, 24, alguns jornais garantiam que, liderados pelo Corinthians, os quatro grandes do Rio e o Coritiba haviam rompido com o Clube dos 13, ficando ao lado da CBF de Ricardo Teixeira e TV Globo. Mas a história não é bem essa, há muitas dúvidas. Os clubes que estariam por aderir à rebelião corintiana (vide Globo/CBF) seriam os quatro grandes do Rio e Coritiba, além de Grêmio, Cruzeiro, Goiás, Vitória e Palmeiras. O grupo a favor do presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, e contra CBF/Globo, seria formado por São Paulo, Internacional, Atlético-MG, Atlético-PR, Bahia, Portuguesa, Sport e Guarani. A posição do Santos é de cautela e silêncio. Patrícia Amorim, mandatária do Flamengo, tentou ser diplomática: “Não há interesse em romper com o Clube dos 13, mas de retomar a essência”.

As questões jurídicas e financeiras estão pesando. O presidente corintiano começou a semana agressivo e irredutível. Na quinta-feira à tarde, Andrés Sanchez declarou que estava mesmo rompendo com o C 13. "Eu estive com a Record ontem (quarta-feira). Fiquei mais de duas horas com eles. Cada um vai procurar o que é melhor para si", disse o presidente do "Timão", revelando uma ignorância absoluta sobre algo maior do que ele próprio e seu clube, que é o futebol brasileiro. Já passou o tempo da pré-democracia e Sanchez nem sabe disso.

O Corinthians enviou carta pedindo a desfiliação do C13. Mas, para sair, terá de pagar uma dívida de R$ 25 milhões. Sanchez disse que isso não será problema. Não será? O clube do Parque São Jorge corre o risco de achar que manda em tudo, que não precisa de ninguém, que as associações são inúteis, e acabar isolado.

Além do São Paulo, o Atlético-MG é outro em discórdia com a CBF faz tempo. Alexandre Kalil, presidente do Galo, disse ao Terra Magazine: "A Globo não quer pagar mais, não quer negociar, quer lucro de R$ 1 bilhão todo ano e matar os clubes".

Enfim, ninguém pode prever o desfecho dessa briga. Uma briga muito maior do que parece.

Atualizado às 04:45 e 16:03

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"Que bandeira é aquela?"

No Jornal Nacional de ontem, 22 (terça), o apresentador William Bonner pergunta a Fátima Bernardes: "Que bandeira é aquela?" É que o programa havia exibido a bandeira do Líbano para ilustrar o noticiário sobre a Líbia... Veja o vídeo e, abaixo dele, as bandeiras.





A Líbia não é apenas um país que vive trocando de bandeira (já teve quatro desde 1951) como tem a mais simples do mundo atualmente, um estandarte monocromático verde, simplesmente (foi instituída por Kadhafi em 1977). Mas o povo que se levanta para derrubar Muammar Kadhafi quer a volta da bandeira que vigorou de 1951 a 1969, a mais bonita, criada quando o país se tornou independente da Itália em 1951. Vou ficar nessas duas.

Bandeira da Líbia de 1951-1969, que o povo
insurgente quer tornar novamente oficial:





Bandeira da Líbia atual:


E, para ninguém mais confundir, vai abaixo a bandeira do Líbano, país-origem de uma enorme colônia no Brasil: são 7 milhões os libaneses (ou descendentes) aqui, mais do que no próprio Líbano, que tem uma população estimada em cerca de 4 milhões de pessoas. Incrível, não? Os camaradas libaneses-brasileiros devem ter ficado chateados com Bonner e Fátima ontem.

Bandeira do Líbano


terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Kadhafi promete banho de sangue



Muammar Kadhafi acaba de se pronunciar sobre a violentíssima situação de seu país. O cenário de onde o ditador líbio discursou parecia um bunker, longe de palácios e ostentações. Disse que vai executar quem descumprir as leis do país. Não pretende renunciar e afirmou que morrerá pela e na Líbia. Autoafirmou-se “o líder da Revolução, sinônimo de sacrifícios até o fim dos dias” e que “esse é o meu país, de meus pais e meus antepassados". Há 41 anos no poder, ele deixa claro com isso que o país “dele” provavelmente deve continuar nas mãos de seu clã. Ontem, seu filho Sayf al-Islam al-Kadhafi fez discurso ameaçador.

"Os aviões de guerra e os helicópteros estão bombardeando indiscriminadamente um setor após o outro. Há muitos mortos." A frase é de uma testemunha citada pela Al Jazeera sobre o mais sangrento conflito no norte da África e Oriente Médio este ano. Apesar de estimativas de "mais de 200", de 400 mortos ou outras, ninguém pode dizer quantos já morreram. Apesar da brutalidade do Estado, que ataca a população com tanques, aviões de guerra e armamento pesado, ontem dois coronéis líbios se recusaram a atacar a população com caças e desertaram. É pouco, mas simbólico*.
Em entrevista à emissora de rádio France Info, o presidente da Federação Internacional de Direitos Humanos, Patrick Baudouin, afirmou: "O que ocorre hoje é um crime contra a humanidade". Ele pediu intervenção do Conselho de Segurança da ONU "para ativar a ação do Tribunal Penal Internacional (TPI)", segundo o site português Diário Digital. A alta comissária para os direitos humanos da ONU, Navi Pillay, pediu uma investigação sobre os brutais ataques contra os manifestantes e a população civil, que, para ela, são crimes contra a humanidade.

O fato é que, com cerca de 46 bilhões de barris de petróleo em suas reservas e com forte exportação para a Europa, a Líbia se tornou o mais preocupante palco dos conflitos contra os ditadores naquela região do mundo, até aqui. O temor de que os conflitos e rebeliões tomem conta do Irã e até Arábia Saudita deve estar deixando muitos líderes mundiais sem sono.

Hoje, terça-feira, 22, o petróleo passou de 108 dólares o barril. O poderio econômico do país de Kadhafi faz com que naturalmente os conflitos lá sejam muito mais violentos do que no Egito.
Os interessados em assistir ao vivo a emissora do Catar Al Jazeera (em inglês) com as informações mais recentes dos acontecimentos podem acessar neste link

* (Atualizado às 15:44) - Segundo a Reuters, soldados líbios na cidade de Tobruk disseram que eles não apoiam mais Muammar Kadhafi. Segundo a agência, soldados disseram que o leste do país está fora do controle do governo. Tobruk já estaria nas mãos da população. "Todas as regiões do leste estão agora fora do controle de Kadhafi... O povo e o Exército estão lado a lado aqui", afirmou o major do Exército, Hany Saad Marjaa.

A cidade de Tobruk (ou Tubruq, Tubruch) se localiza num ponto estratégico, no Mediterrâneo, no Nordeste do país, muito próximo do Egito. Não à toa, foi palco de batalha entre alemães e britânicos pelo seu domínio (na Segunda Guerra Mundial).

Leia também: Mubarak cai e povo egípcio emociona o mundo

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Corinthians 3 x 1 Santos: crônica de uma derrota anunciada (com Adilson Batista não dá)

Não vi o jogo. Ouvi no rádio, primeiro na CBN, mas o som estava muito ruim (muita interferência dos raios que caíam?) e então mudei para o Oscar Ulisses. Como no início, pelo rádio, não estava entendendo direito a escalação do Santos, liguei para meu amigo Glauco, do Futepoca, que me informou que o Santos tinha Arouca, Rodrigo Possebon, Elano e Róbson, além de Diogo e Neymar.

Não entendo Róbson nesse time. Nem Diogo. Como não entendi três volantes contra o poderoso Táchira, da Venezuela. Róbson era queridinho de Vanderlei Luxemburgo – ou estarei enganado? – quando Luxemburgo argumentava que Neymar era um “filé de borboleta” e por isso precisava crescer muito ainda para ser titular.

O Peixe do gênio Adilson Batista continua sendo um Santos desfigurado, medroso, sem padrão tático, sem cara, indeciso, um time que não sabe se defende ou se ataca, e não faz nem uma coisa nem outra. Depois das apresentações lamentáveis, o treinador dá entrevistas evasivas, pífias, que não dizem nada (procurem por aí, eu não tenho saco para ocupar espaço com a tolice recorrente do cara). Vocês hão de convir que, num time no qual um Elano e um Neymar não rendem rigorosamente nada, algo deve estar errado. E aí você ainda ouve o radialista comentar que “Neymar não está jogando nada”.

Se era para o clube brigar pelo Zé Eduardo e pelo Maikon Leite, por que esses atacantes não jogam? (ou entram em situações estranhas, como Zé Eduardo substituindo Danilo no jogo de hoje). Andrés Sanchez não demitiu Adilson Batista à toa. O técnico está muito longe de ter a estatura para treinar um time grande como o Santos e é muito ruim mesmo.

Além da covardia tática, Batista não sabe substituir, e quando substitui, dá azar. Tirou Possebon para pôr Adriano, que em poucos minutos errou duas bolas e fez pênalti. Possebon tinha um amarelo, então vamos lá: uma substituição preventiva, troca-se seis por meia dúzia e... bum!, pênalti e gol do Corinthians, 2 a 1. E depois, 3 a 1. Com olé e tudo. Veja os gols.



Versão corintiana

Um comentário antecipado (antes deste post, colocado no post abaixo*) do companheiro Felipe Cabañas mostra que os corintianos estavam ansiosos antes e, depois, mal se continham com a vitória inesperada, e inesperadamente fácil. Disse Felipe:

“Não vi o jogo. Ouvi no rádio os últimos 15 minutos, e um dos comentaristas da CBN disse: ‘Como o Corinthians melhorou depois que saíram Ronaldo e Roberto Carlos’.

“Pena que foi tarde para a Libertadores. Mas também acho que o Corinthians melhorou. Joga mais leve. E não vejo o Jucilei como uma peça tão fundamental. O Paulinho tem entrado muito bem. A peça fundamental que o Corinthians perdeu de verdade do ano passado pra cá foi o Elias.

“Sempre soube que esse time do Corinthians não era ruim e com alguns ajustes e reforços tende a melhorar. Ganhar do Santos hoje desta forma pra mim prova o potencial desse time. Sei que dois gols foram de bola parada, mas a vitória me parece pra lá de convincente, embora eu não tenha visto o jogo.”

Corinthians 3 x 1 Santos
(Pacaembu, 20/02/2011 – Campeonato Paulista):

Santos: Rafael; Danilo (Zé Eduardo),Edu Dracena, Durval e Léo; Arouca, Rodrigo Possebon (Adriano), Elano e Róbson (Maikon Leite); Diogo e Neymar.

Corinthians: Julio Cesar;Alessandro, Wallace, Leandro Castan e Fábio Santos;Ralf, Paulinho, Morais (Luiz Ramirez) e Jorge Henrique, Dentinho (Bruno César) e Liedson.

Gols: Fábio Santos (23min) e Elano (41 min do primeiro tempo); Fábio Santos (de pênalti, aos 16min) e Liédson (aos 41 do segundo tempo).

PS* - um comentário de Leandro também no post abaixo dizia: "Diante deste quadro, não tem como o favoritismo santista ser apenas 'ligeiro'. Vejo um favoritismo amplo, ainda que clássico seja clássico, e vice-versa".

É isso aí, galera. Vou tomar a saideira. Boa semana a todos.

*Atualizado às 23:37

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Corinthians x Santos: clássico imprevisível

Domingo tem clássico no Pacaembu pelo Paulistão. Corintianos amigos meus suspeitam que vai dar Santos. Teoricamente, pode ser que o Peixe seja favorito, pelo que o Timão vem jogando, ou seja, nada (ganhou do Palmeiras sem merecer, graças ao goleiro Júlio César). Mas entre esse nada e o nada que o Santos de Adilson Batista vem demonstrando em campo, fica difícil prever. No papel, hoje, o Alvinegro da Vila é favorito. O Corinthians tem Liédson, um matador.

Parada dura entre professor Pardal (esq.) e o Profeta
Fotos: Divulgação (Santos FC) e Lucas Uebel/VIPCOMM
O Santos vem de uma das piores partidas (ou a pior) de que me lembro desde o início do espetacular 2010, o 0 a 0 com o Táchira pela Libertadores. Pela lambança e péssima armação do time, o treinador Adilson Batista foi fortemente criticado em blogs, sites, comentários da esmagadora maioria de santistas que conheço e li por aí. Duas frases muito usadas e que resumem as manifestações da torcida são: “Adilson não entende nada de futebol”; “Com Adilson, adeus Libertadores”. Se por acaso o Santos não vencer o Cerro Porteño no dia 2, na Vila, a classificação do time na primeira fase já começa a ficar ameaçada (o Cerro goleou o Colo Colo - 5 a 2 - ontem, na estreia).

Mas, para o clássico de domingo, o Corinthians tem o Tite, o que equilibra as coisas. No banco, vai ser o duelo Professor Pardal x Profeta. Meu temor é que a tradição de grandes jogos desse clássico não se confirme e o jogo seja feio e termine 0 a 0...

No ano passado, foram três partidas: pelo estadual, Santos 2 a 1 na Vila (relembre aqui). Pelo Brasileiro, duas vitórias do Corinthians: 4 a 2 no Pacaembu e 3 a 2 na Vila (aqui).

Atualizado às 20:21

Estádio do Corinthians em Itaquera continua cercado de incógnitas

Em evento ontem, 17 de fevereiro, no Museu do Futebol, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, manifestou-se sobre o talvez mais esperado estádio da história do futebol, por alguns chamado “Fielzão”, por outros “Itaquerão”. "Tenho a convicção de que São Paulo vai ter participação bastante grande e forte na Copa. Não só nos jogos. E aproveito para pedir que precisamos de seu estádio na Copa das Confederações", disse Teixeira, dirigindo-se a Andrés Sanchez.

Acontece que existe um atraso geral no cronograma, e a culpa não é de Andrés. O decreto da prefeitura para a construção da obra sequer foi assinado. Presente ao evento ontem, o prefeito Gilberto Kassab prometeu fazê-lo “até o final do mês”, mas foi corrigido pelo secretário de planejamento, Marcos Cintra: "daqui a um mês". Fora a burocracia, ainda não saiu o empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES, sem o qual a Odebrecht não porá as máquinas para funcionar. "O presidente do BNDES já vai liberar o empréstimo, está tudo certo, só o Andrés não acredita", disse Kassab.

Outra coisa que não está clara: para sediar a abertura da Copa, o estádio não pode ter capacidade para 48 mil pessoas. A FIFA exige 65 mil lugares. A diferença custa R$ 200 milhões. Quem paga? A prefeitura de São Paulo diz que publicará no final de fevereiro um edital de incentivo fiscal que tornará viável a ampliação, convocando empresários de qualquer atividade a investir na Zona Leste com isenção de 50% do IPTU, 50% do ITBI e 60% do ISS.

Leia também: Verdades e mentiras sobre o estádio do Corinthians.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Votação do salário mínimo dá primeira vitória importante a Dilma no Congresso em 2011

Para alegria geral da Nação (entenda-se esta sentença como ironia ou não), a Câmara dos Deputados aprovou o novo salário mínimo conforme a proposta do governo, em R$ 545, “ressalvados dois destaques que pretendem alterar o valor de R$ 545”, segundo a Agência Brasil. Espero que a proposta do Executivo seja vitoriosa totalmente, como eu já disse no texto anterior sobre o tema (no post abaixo ou aqui)

Porque essa foi uma importante vitória de Dilma Rousseff no início de seu governo, que começou sob a seguinte falsa questão: o governo Dilma está com os trabalhadores, como estava Lula, ou não? (questão bem maquiavelicamente colocada pelo ardiloso Paulo Pereira da Silva, deputado federal pelo PDT e presidente da Força Sindical).

A primeira aposta dos derrotados na eleição de 2010 e da mídia para o início da “era Dilma Rousseff” foi justamente provocar uma intriga, jogar Dilma contra os trabalhadores. Acontece que o discurso demagógico e fácil por um salário mínimo irreal, que no espectro político transitou de oposicionistas demo-tucanos a “esquerdistas” do tipo Psol,  foi derrotado. O “oportunismo”, para citar o termo usado pelo ex-presidente Lula ao se referir à conduta dos “companheiros”, perdeu.

O acordo entre o governo Lula e os trabalhadores, que as centrais sindicais assinaram em 2006, prevaleceu. E os incomodados que se retirem.

Salário mínimo: acordo existe para ser cumprido ou não?


Publicado originalmente às 14:02 de 15/02/2011

Chega a ser cínica a “briga” de lideranças sindicais que usam palavras duras para dizer que acham inadmissível o aumento proposto pelo governo, que elevaria o piso nacional para R$ 545,00. A decisão deve ser amanhã, na Câmara dos Deputados. Pelo acordo fechado com o governo Lula em 2006, o reajuste se dá anualmente segundo a seguinte fórmula: a inflação do ano anterior pelo INPC mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes. Somando o aumento acumulado em todo o período Lula (antes e depois da regra pactuada), o salário mínimo teve um aumento real de 63%, índice que nenhuma categoria obteve.

Lembro de uma época em que um dos maiores argumentos contra a política neoliberal de Fernando Henrique era o “vergonhoso” (de fato, vergonhoso) salário mínimo que não chegava sequer a 100 dólares. Pois o piso, convertido para a moeda americana, era de 86 dólares no último ano de FHC. De lá até 2010, último ano do mandato de Lula, o mínimo passou a valer US$ 291. Façam as contas. Veja tabela abaixo:

Salário mínimo em dólar
Fonte: Brasil – Fatos e Dados/ IBGE-IPEA

Ora, aí vêm os líderes sindicais falando para a plateia num tom como se o acordo que fecharam com o governo não existisse. “Lula decidiu ficar com os trabalhadores. Saiu com 85% de aprovação popular. Queremos o mesmo da presidenta Dilma Rousseff”, diz Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical. Num tom mais ameno, Artur Henrique, da CUT, diz que “é possível construir uma alternativa antecipando uma parte do aumento real para este ano, descontando do ano que vem”, quando será incorporado o aumento do PIB registrado em 2010.

Hoje, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, em defesa da proposta do governo, disse que "Essa regra [PIB de dois antes + INPC] permitiu ganhos reais dos trabalhadores nos últimos anos e é importante que seja preservada para que os ganhos continuem no futuro". Segundo as notícias, lideranças do governo “dão como certo” o valor do novo salário mínimo em R$ 545.

“A palavra de Lula bastava”
Espero que a proposta do governo vingue. Lula sempre foi um homem de palavra, conhecido por interlocutores e até adversários por cumprir acordos, que nem precisavam de assinatura. “A palavra de Lula bastava”, me disse recentemente (uns dois anos atrás), informalmente, um dos mais importantes representantes da Fiesp no período quando Lula era líder sindical no ABC.

Por isso tudo é que o ex-presidente criticou na semana passada os “companheiros” sindicais, usando até a palavra “oportunismo” para definir essa postura de achar que acordo vale quando interessa a eles e não vale quando interessa ao governo. Ora, que raio de acordo é esse?

Além do mais, com argumentos diferentes, as centrais defendem um aumento (R$ 580) muito próximo à proposta demagógica de... José Serra!, que na campanha eleitoral prometeu R$ 600. Já o DEM defende R$ 560. De Paulo Pereira da Silva até se pode esperar a incoerência, já que ele apoia ora os candidatos tucanos (2006), ora os petistas, como melhor lhe convém no momento. Mas Artur Henrique deveria ser mais coerente e corajoso e ter falado a realidade para sua base.

Acho portanto que o governo não deveria voltar atrás e nem negociar sobre o que disse o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, há uma semana: "Na questão do mínimo, nós entendemos que não há mais negociação. Vamos reafirmar os R$ 545."

Santos de Adilson Batista decepciona na estreia da Libertadores

O árbitro Carlos Vera (ECU) apita
e jogo acaba como começou

O Santos começou a Libertadores decepcionando. Com uma escalação surpreendentemente defensiva contra o péssimo Deportivo Táchira, da Venezuela. Danilo na lateral direita, Pará de volante dividindo a marcação no meio com Possebon e Arouca. Na frente, Diogo e Neymar. Na minha modesta opinião, uma escalação totalmente equivocada. Porque:

1) é muito volante (Arouca, Possebon e Pará) para um time só, ainda mais sendo esse time o Santos. Atípico. (Ressalva: os três são jogadores de bom nível, o problema é o técnico.)

2) esse time nunca treinou junto (observação do Deva Pascovitch na CBN-SP). Não seria melhor levar a campo um time mais entrosado?

3) taticamente medroso. Diogo foi criticado, mas Diogo jogou na posição errada. Ele sabe fazer bem o antigo “ponta de lança” (como dizíamos, mas canhoto), armando, e atacando quando possível. Mas, para Diogo jogar aí, teria de tirar um volante e colocar Zé Eduardo na frente com Neymar. Traduzindo: Pará, entrosado nesse time, deveria atuar pela lateral direita, como sempre. E pronto. Bastava mudar uma peça: Danilo daria lugar a Pará na lateral direita para Zé Eduardo jogar com Neymar e Diogo fazer a função de meia-atacante vindo de trás.

O Santos quase fez 1 a 0 aos 31 do primeiro tempo, após um passe de Elano à la Gerson (só que com a perna direita) para Diogo cruzar, Neymar de letra quase mandar pras redes e Danilo perder ao chutar sem convicção (na trave).

Adilson Batista tem uma característica em comum com Paulo César Carpegiani: são confusos, variam muito, inventam demais. Jogador gosta de poder fazer o melhor que sabe, e não de invencionices. 0 a 0 no primeiro tempo foi justo.

Segundo tempo
O Santos voltou do intervalo igual, sem nenhuma alteração. Neymar aparentemente cansado da maratona do Sul-Americano sub-20. Elano, meio perdido entre três volantes. O aguerrido Arouca visivelmente sem “tempo de bola”, fora de forma, vindo de contusão e bom tempo sem jogar.

Enfim, aos 19 minutos, substituição no Santos. Sai Diogo e entra Zé Eduardo. Aos 28, Adilson tira Pará e coloca Adriano (o famoso “seis por meia dúzia”, um volante por outro). Aos 32, sai Léo e entra Alex Sandro (idem). Uma lambança do “professor” Adilson.

O jogo não mudou e o esperado se confirmou ao fim dos 90 minutos: o time de Adilson Batista conseguiu o resultado pelo qual jogou: 0 a 0.

Independentemente das declarações públicas, a diretoria santista deve estar um pouco contrariada, porque elenco o Santos tem. O clube contratou bem, e caro. No entanto, a estréia na Libertadores foi pífia. Os outros times do grupo 5 (Colo Colo e Cerro Porteño) são mais difíceis.

Libertadores é fogo, minha gente. Bobeou, dançou. O Santos deve passar às oitavas, claro. Mas, pela estreia, os santistas (cúpula e torcida) têm motivos para se preocupar. 

E a esperança alvinegra se chama Ganso.

PS (às 16h): foram tantas as invencionices e "variações" táticas inúteis do "professor" Adilson Batista que não prestei atenção ao revezamento de Pará (que de fato começou como volante) e Danilo pela lateral, como disse o Glauco no Futepoca
Sendo assim, não me lembro se quando Pará saiu ele estava na lateral ou no meio (jogo tarde da noite como esse tem um inconveniente: quando começa você já tomou algumas, o que diminui sua capacidade de análise tática...).

De qualquer maneira, o Táchira é tão ruim que em nada tal "variação" do Pardal, digo, Adilson, influiu no resultado tosco de 0 a 0.

Leia também

Tem gente que almeja tão pouco (por Carlos Constancio, do Diga: Futebol)


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ronaldo, o Fenômeno, foi um dos maiores

Ronaldo na coletiva - TV Globo/Reprodução


O fim da carreira de Ronaldo, aos 34 anos, poderia ter sido menos melancólico. Ele deveria ter se retirado dos campos num momento em que ainda tinha algo a apresentar, mesmo que muito, mas muito menos do que em seu apogeu, período que se estende do PSV da Holanda (1994–95), pois no Cruzeiro jogou pouco, até sua passagem pelo Real Madrid (de 2002 a 2007). Do menino franzino que surgiu no Cruzeiro em 1993, oriundo do São Cristóvão (Ronaldo é carioca), até o ex-atleta em atividade de hoje, muita água passou por baixo da ponte.

Até mesmo nesse fim de carreira o jogador teve momentos que empolgaram os amantes do futebol, no primeiro semestre de 2009, quando conquistou com o Corinthians o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil. Os lances simbólicos daquele ano e de sua passagem pelo Parque São Jorge foram os golaços que fez na Vila Belmiro, no primeiro jogo da final do estadual, quando o time da capital venceu o Santos por 3 a 1 (o jogo de volta foi 1 a 1). O mais festejado foi o segundo, por cobertura, em Fábio Costa. Mas a matada que deu no primeiro foi algo magnífico (como torcedor é cruel e ingrato, muitos dos corintianos que hoje o xingam parecem já ter-se esquecido daquelas alegrias – mas este não é um post para falar dos “pobres de espírito”).

Confira os gols na Vila Belmiro
:


Romário ou Ronaldo?
Se você pergunta aos jovens que têm hoje entre 20 e 30 anos “qual o melhor jogador que viu jogar?”, o número dos que citam Ronaldo ou Romário é enorme, independentemente do time para que torcem. Àquela velha pergunta: quem você acha que jogou mais, Romário o Ronaldo?, esses jovens se dividem.

Eu prefiro os dois. Cada um foi genial em seu estilo. O Baixinho – com seu senso de colocação, precisão no arremate e movimentação na área – conduziu o Brasil à conquista da Copa do Mundo de 1994; o Fenômeno – com a explosão no arranque fulminante, a habilidade e também a precisão – foi o matador implacável do título de 2002.

A propósito, não custa lembrar que Ronaldo é o maior artilheiro de Copas do Mundo, com um total de 15 gols marcados em três Mundiais (em 1994, com quase 18 anos, estava no elenco de Parreira nos Estados Unidos, mas não entrou em campo). Em Copas, o Fenômeno estufou as redes quatro vezes em 1998, oito em 2002 e mais três no Mundial de 2006. Marcou pouco menos de 400 gols na carreira, contra mil e poucos de Romário (que nunca teve graves lesões).

Antes da Copa de da Coréia/Japão em 2002, li artigos, alguns depreciativos, dando por encerrada a carreira do jogador, que havia sofrido grave lesão na Inter de Milão (onde recebeu dos italianos o apelido de Fenômeno). Isso se deve, para mim, a uma espécie de raiva talvez inconsciente que muitos brasileiros têm das coisas do Brasil, o complexo de vira-lata, talvez. Considerado acabado, o Fenômeno calou a boca dos críticos e trouxe a Copa. Depois ainda fez muito no Real Madrid, tanto que na lista de seus gols top ten (por certo subjetiva) do vídeo abaixo, no Youtube, vários são os marcados pelo time merengue.

Enfim, sem Ronaldo, de quem eu sempre fui fã, mesmo quando acabou com meu time na Vila Belmiro, o futebol brasileiro teria sido bem mais pobre.

Gols de Ronaldo (top ten):



PS: claro que, quando me refiro a Romário e Ronaldo, não quero dizer que esses foram os dois maiores, sozinhos. Mas com certeza estão numa lista de craques de todos os tempos.

Para mim, a grande seleção de 1970 tinha Pelé, Rivelino e Tostão para entrar nessa lista. Sobre Gerson, tenho dúvidas: apesar da genialidade de seu passe, liderança e colocação, era fisicamente muito limitado. Antes deles, Garrincha, claro. Didi, Pepe e Nilton Santos, os quais, como Garrincha, não vi jogar, incluo na lista porque não é possível que tanta gente entendedora de futebol se engane. Entre brasileiros, Zico entra sem dúvida, apesar de não ter ganhado nenhuma Copa do Mundo, e Ademir da Guia, que virou até poema de João Cabral de Mello Neto. E Falcão, volante do Internacional dos anos 70, que virou o “Rei de Roma”.

Maradona, Beckenbauer e Johan Cruijff, entre os estrangeiros, além do incrível alemão Gerd Müller, que, com 14 gols, é o segundo maior artilheiro da história das Copas, atrás apenas de Ronaldo. E o húngaro Puskas, também confiando na história e seus narradores. Tirando Puskas, jogadores anteriores aos anos 60 é impossível de listar.

Evidentemente, toda lista é falha e esta não é exceção.

Atualizado às 16:13

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mubarak cai e povo egípcio emociona o mundo


O post logo abaixo deste (Lá vem o sol!), com a canção de George Harrison, foi ao ar no início da madrugada [foi só um gesto para saudar a sexta-feira: ao postar, eu nem associei He Comes the Sun com a situação no Egito, pois o ditador ainda não havia caído]. Depois, Mayra postou nele o seguinte comentário: "E a alegria solar chegou ao Egito hoje, com a renúncia do Mubarak. Acho que é o começo de uma baita vitória do movimento político popular. Dia histórico não só no mundo árabe".

Praça Tahrir, coração da revolução
É verdade, e a metáfora – materializada horas depois – é perfeita. Finalmente o lacaio Hosni Mubarak caiu. Assistindo às imagens emocionantes transmitidas ao vivo da praça Tahrir, no Cairo, palco dos eventos históricos das últimas semanas, só consigo pensar uma coisa: como eu gostaria de estar lá!

O que vai acontecer daqui para a frente (as conseqüências da revolução, que caminho tomará o Egito e o Oriente Médio) importa menos nesse momento do que a magnífica vitória do povo egípcio, com o qual tantos de nós, brasileiros, nos solidarizamos nas últimas semanas.

Atualizado às 20:04

Lá vem o sol!


12° Pensamento (deste blog) para sexta-feira

 A magnética canção "Here Comes the Sun" (do álbum Abbey Road - 1969) é uma composição de George Harrison, o fabuloso guitarrista que fazia a guitarra solo dos Beatles. Harrison nasceu em Liverpool, no dia 25 de Fevereiro de 1943, e morreu em Los Angeles em 29 de Novembro de 2001, aos 58, quase 21 anos depois da morte de John Lennon (8 de dezembro de 1980).

Esta é uma maneira bonita de dizer bom dia numa sexta-feira ensolarada de fevereiro, embora eu prefira ouvir essa música mágica no outono. Seja como for, aí vem o sol! Here comes the sun, my brothers!


quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Vaticano diz que confessar pelo iPhone nem pensar

Muitos, até o Homer Simpson, já tiveram o desprazer de confessar. Uma das situações mais hipócritas e constrangedoras pelas quais se pode passar e que enfrentei uma vez na vida, quando fiz a primeira comunhão (antigamente a primeira comunhão era muitíssimo comum).

Até Homer Simpson já confessou
Agora a tecnologia adentra os rituais da fé católica. Ou melhor, tenta adentrar, como uma verdadeira tentação, com o perdão do trocadilho. É que foi lançado um aplicativo para iPhone chamado “Confession: A Roman Catholic”, um guia para os usuários que queiram se purificar pelo sacramento da confissão. O aplicativo dá ao fiel a possibilidade de registrar seus pecados, auxiliando o pecador e o padre.

Pelo que entendi (eu que sou leigo em tecnologia), fica mais difícil o pecador esquecer os pecados, cabeludos ou não, já que se pode registrar tudo. Só que o tal aplicativo já causou rebuliço no Vaticano, o que é natural, pois se lá no santo Estado é difícil admitir até mesmo o uso de um produto pré-tecnológico, uma simples camisinha, imaginem um aparelhinho diabólico como esse.

O Vaticano não ficou nem um pouco satisfeito. Não ficou, não. Tanto que seu porta-voz oficial, padre Federico Lombardi, segundo matéria da Reuters, se apressou em dizer que “não se pode falar de forma alguma de confessar pelo iPhone". Em outras palavras, os católicos não podem fazer suas confissões sem a presença física do padre, enfatizou Lombardi.

Se você xingou a mãe, pensou coisas escabrosas sobre a mulher do vizinho, mentiu para todo mundo, não adianta fugir para o iPhone. Só pessoalmente o padre pode dizer quantos Pais Nossos e Aves Marias você terá de rezar para se purificar, internauta pecador.

Atualizado às 20:30
Publicado originalmente às 18:02

França 1 x 0 Brasil: coice de Hernanes, freguesia do Brasil e... Mano Menezes que se cuide

Esta nota não é para falar de aspectos táticos do jogo França 1 x 0 Brasil, de quem mereceu ganhar, chutou mais ou se destacou. Tudo isso porque não vi o jogo. Acho, aliás, que o duelo Brasil x França já começa a entrar para o rol dos clássicos mundiais do futebol.

Quero falar do jogo, neste comentário, sob três aspectos:

1) A entrada animalesca de Hernanes em Benzema. Será que o ex-volante do São Paulo já está contaminado pelo espírito fascista que governa a Lazio, de Roma, onde hoje está jogando esse jogador que normalmente mal consegue articular uma frase?  Como se sabe, a torcida da Lazio é uma das mais racistas da Europa. Houve até quem dissesse (adivinhem quem? Galvão Bueno) que Hernanes não teve intenção ou maldade no lance, coitadinho. Mas eu creio que não é normal, nos seres humanos, o gesto conhecido como coice. Ou isso não foi um coice? Vejam o lance:



2) Não adianta dizer que o jogo foi amistoso, que a grande rivalidade da seleção brasileira é com Argentina e Itália etc. A rivalidade entre brasileiros e franceses já é clara, e a freguesia do time canarinho mais do que incômoda. Lembremos (citando o Estadão de hoje):  “A França impediu a conquista da medalha de ouro pelo País na Olimpíada de 1984, eliminou o Brasil da Copa de 1986, humilhou a seleção de Zagallo na final do Mundial de 1998 e, em 2001, mandou a seleção de volta para casa na Copa das Confederações. A última grande derrota ocorreu na Copa de 2006, na Alemanha, onde Zidane deu 'baile' no time de estrelas do Brasil”.

3) Mano Menezes que se cuide. Treinar a seleção brasileira é muito mais complexo do que o Grêmio ou o Corinthians. O técnico do Brasil até agora só ganhou de timecos desprezíveis (Ucrânia, Irã) ou sem tradição de nos enfrentar de igual para igual (Estados Unidos). Nos dois únicos jogos diante de adversários de tradição, duas derrotas: para a Argentina em novembro (em Doha) e hoje para a França de Benzema (em Paris), ambos por 1 a 0. Na Copa América, em julho, se o time não convencer, a batata de Mano vai começar a assar.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Neymar é o rei!

Por Marco Antonio Ferreira*

Ontem (Brasil 2 x 0 Colômbia) Neymar não exatamente brilhou (ele nos acostumou ao brilho), mas ainda assim esteve bem presente. Marcou, correu, roubou muita bola. No primeiro tempo em certa jogada achei que ele deveria ter fomeado, mas preferiu o passe, que foi bom, mas não aproveitado. No segundo jogou de meio campo, compondo como se diz. E foi bem, era sempre opção de saída de bola pela esquerda.

Lá pelas tantas apareceu no que sabe fazer de melhor, chutar e driblar. Deu um chute de longa distância de precisão, no cantinho e rasteiro, o goleirão deles foi bem. É chute sóbrio, sabe o que está fazendo, depois o melhor, aquela que bateu na trave. Driblou o zagueiro como se ele não existisse, um drible de tempo-espaço, sem ilusão (pedalada, ginga etc), zap e bum, de novo o goleirão brilhante com a ponta da chuteira... Minha nossa senhora!

Resumindo, ontem não esperava mesmo que ele brilhasse, uma das maneiras que se tem para tirar a moral desses jogadores brilhantes é escalar juízes autoritários (todos são), aquele cartão amarelo contra o Chile não tinha nada a ver. Quero dizer, você toma uma trombada e não pode cair? Depois que o técnico deve ter lhe chamado a atenção, seria ruim tomar um ontem e não jogar contra a ARGENTINA!

Ontem quando via o jogo me veio à cabeça uma música antiga do Chico Buarque... “Eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar/ Tô me guardando pra quando o carnaval chegar...”

Tô impressionado com esse moleque, moleque e folgado, credo! Contra o Chile (5 a 1), ele acabou com o jogo. Se não é ele o Brasil sub-20 não ganharia e nem estaria bem no campeonato como está. Ele sozinho é mais que meio time. Acho que é covardia ele jogar com essa criançada. Ele já tem jogo de adulto!

Se esse guri não se perder, com tantas possibilidades que se tem para se perder hoje em dia, coitadinho de Ronaldinho Gaúcho, Messi e outros bichos que já rolaram por aí. Além de toda habilidade, ímpeto, colocação, visão, posicionamento etc, tem um fôlego do cão! Tremendo preparo tem o boy.

Espero mesmo que ele não se perca, o que vai ser difícil, já que devem vendê-lo para o Chelsea, esta bosta de time europeu e decadente como toda a Europa, lá vão querer dar musculatura pra ele, este papo todo... E aí estragam o bichinho.

Bom, tirando o cabelinho mentecapto (fazer o quê né?) Neymar é completo, Neymar é o rei!

* Marco Antonio Ferreira é artista plástico e palmeirense

Site: Estágio de Artista

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Acabou o ano para o Corinthians?


Por Fernando Augusto
(do blog Diga: Futebol)

Os muros do Parque São Jorge amanheceram na quinta-feira com pichações como “Gordo Safado”, “Time 100 vergonha” e “Fora Sanchez”. Os protestos aconteceram durante a madrugada, após a derrota por 2 a 0 diante do Tolima e a eliminação na pré-Libertadores.



Para aumentar a pressão sobre os jogadores, o técnico Tite e o presidente Andrés Sanchez, neste domingo, no Pacaembu, têm clássico contra o Palmeiras, líder do Paulistão.

Sanchez diz que mantém Tite no cargo, mas os protestos da torcida devem continuar neste fim de semana. “Vão xingar os jogadores, vão me xingar, vão xingar a comissão técnica. Torço e espero que não tenha agressão física a ninguém”, afirmou o presidente. Ronaldo, um dos mais criticados devido a sua forma física, se disse “atordoado” logo após a derrota na Colômbia. Ele tem contrato com o Timão até dezembro.

Palmeiras
O Corinthians não se recuperou do baque, mas o Verdão vai bem no Paulista. Lidera a competição com 16 pontos, cinco vitórias e um empate. O técnico Luiz Felipe Scolari, no entanto, disse que espera jogo duro às 17h de domingo. “Esse baque é difícil, mas o Corinthians sabe que tem um clássico, vai enfrentar essa situação e vai estar forte no domingo”. O Palmeiras vem de cinco vitórias seguidas, a última contra o Mirassol na quarta-feira por 1 a 0.

Corinthians e Libertadores
O Corinthians foi o primeiro time brasileiro eliminado na chamada pré-Libertadores. Além disso, o clube deixa pela nona vez a competição mais sonhada pela Fiel e já vencida pelos rivais paulistas. Veja a história do Corinthians na Libertadores.

1977 – Eliminado na primeira fase
1991 – Eliminado nas oitavas de final pelo Boca Juniors
1996 – Eliminado nas quartas de final pelo Grêmio
1999 – Eliminado nas quartas-de-final pelo Palmeiras
2000 – Eliminado nas semifinais pelo Palmeiras
2003 – Eliminado nas oitavas de final pelo River Plate
2006 – Eliminado nas oitavas de final pelo River Plate
2010 – Eliminado nas oitavas de final pelo Flamengo
2011 – Eliminado na pré-Libertadores pelo Tolima

PS de Fatos Etc.: Com a eliminação da Libertadores, o Corinthians disputará em 2011 apenas dois títulos: o Paulistão e o Brasileiro. Isso é muito ruim para o clube, não só falando esportivamente, mas em termos de investimentos, os quais, claro, deverão ser menores, tanto pela diminuição das boas verbas de premiações da Libertadores como as relativas a patrocínios atraídos pela visibilidade da competição continental.

*Atualizado às 13h36.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O lacaio Hosni Mubarak ainda resiste

"A senhora, idosa, de véu vermelho, estava parada a polegadas de um tanque M1 fabricado nos EUA, do 3º Exército Egípcio, bem à margem da Praça Tahrir. Os soldados eram paramilitares, alguns com barretes vermelhos, outros com capacetes, barreiras de fuzis apontadas para a praça, metralhadoras pesadas armadas nos tabiques. 'Se atirarem contra o povo egípcio, Mubarak está acabado' – disse ela. 'E se não atirarem contra o povo egípcio, Mubarak está acabado'. O povo no Egito está tomado dessa sabedoria."

Reprodução/ Al Jazeera

Essa é a introdução do excelente texto de Robert Fisk (link abaixo), do The Independent, sobre a chamada revolução no Egito, que está quase derrubando a ditadura de Hosni Mubarak, há 30 anos chefe de um regime serviçal dos interesses norte-americanos e israelenses no Oriente Médio. O extraordinário movimento no país dos Faraós acontece na esteira daquele que, na Tunísia, derrubou o ex-ditador Zine El Abidine Ben Ali, após 23 anos no poder.

No texto de Fisk há uma passagem emblemática e emocionante da (aparente) indisposição do Exército egípcio em atacar seu povo: “Quando uma longa coluna de soldados formou-se na largura da rua, um homem muito velho e corcunda pediu e obteve licença para aproximar-se. Segui-o e vi abraçar e beijar o tenente nos dois lados do rosto; disse ‘Vocês são nossos filhos. Vocês são nosso povo’. Em seguida andou ao longo da coluna, beijando e abraçando cada soldado, como se fosse seu filho. É preciso ter coração de pedra para não se emocionar com essas cenas de que ontem [dia 30] o dia foi cheio." 

Quem está numa tremenda saia justa é o presidente Barack Obama, dos EUA, que na semana passada fez um discurso muito condescendente (para dizer o mínimo) para com o regime do lacaio Mubarak, cuja situação já era então insustentável. Hoje, Obama foi um pouco mais incisivo. "Mubarak reconhece que o status quo é insustentável e que é preciso haver uma mudança (...) Estou confiante que a população do Egito vai encontrar a resposta para essa crise", disse o presidente norte-americano na Casa Branca. Será que Obama não se deu conta de que os egípcios já encontraram a solução?

Mesmo após a histórica manifestação de entre 1 milhão e 2 milhões de pessoas ontem nas ruas do Cairo (os números variam de fonte para fonte), Mubarak deu indicações de que não pretende renunciar ao cargo. Hoje, confrontos entre “simpatizantes” do ainda presidente Egípcio (acusados de serem policiais a paisana) e o povo que exige o fim de seu governo provocaram cerca de 500 feridos. As Nações Unidas estimam em 300 o número de mortos desde o início do levante.

Se as revoltas se alastrarem a partir de Tunísia e Egito para outras nações (há focos de forte descontentamento e até manifestações na Jordânia por exemplo – outro regime a serviço do sionismo), o Estado de Israel terá motivos para grandes, enormes preocupações, independentemente de o poder cair nas mãos do fundamentalismo islâmico em alguns desses países. Nesta quarta, o rastilho de pólvora continuava a se alastrar no Iêmen: milhares de manifestantes puseram fim nesta quarta-feira às aspirações do presidente do país, Ali Saleh, de se perpetuar no poder. Há um mês, a secretára de Estado americana Hillary Clinton já demonstrava sua preocupação, dizendo que a instabilidade no Iêmen representa uma ameaça global.

Leia o texto de Robert Fisk na íntegra clicando aqui.

Atualizado às 02:20 (4/11/2011)