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Artilheiro da Copa do Brasil, Gabigol, e Prass, o melhor do Palmeiras |
Desde quinta-feira passada, a discussão
que tenho de enfrentar sobre a esperada final Santos x Palmeiras, com raras exceções, se resume a isso: foi
pênalti, não foi pênalti, foi pênalti, não foi pênalti, foi pênalti, não foi
pênalti. A enfadonha discussão começou com o protesto de palmeirenses no Facebook.
Quase ninguém parece ter-se lembrado de falar de futebol. Ou se preocupou
em lembrar que esta final da Copa do Brasil entre os dois grandes clubes é a segunda
desde os estertores dos anos 1950. A final do Paulistão de 2015, vencida
pelo Santos nos pênaltis, foi a primeira decisão entre ambos desde 1959, embora
aquela, vencida pelo Palmeiras, tenha sido um caso à parte: o Paulista daquele ano foi
disputado em pontos corridos e, como Palmeiras e Santos terminaram empatados,
tiveram de fazer uma disputa-desempate.
A montagem da imagem acima é proposital: o artilheiro da competição contra o melhor jogador do time da capital, o goleiro, o que, por si só, já diz muito do duelo.
Mas o fato é que, nesta quarta-feira, 2 de dezembro, acredito que o
Santos continua levemente favorito. Diria por 55% a 45%. O Santos é mais time.
Tem no elenco jogadores talentosos e decisivos, como Gabriel (artilheiro da
Copa do Brasil com 8 gols) e Lucas Lima. Tem o artilheiro de todo o país em 2015,
Ricardo Oliveira, com 36 gols. Jogadores experientes, como o próprio camisa 9 e
o volante Renato.
Além disso, a vitória por 1 a 0 na Vila deu ao Alvinegro uma
vantagem não só matemática, mas também tática: ao contrário do jogo na Vila
Belmiro, quando o Palmeiras não jogou futebol e não deu sequer um chute a gol (a
não ser um cruzamento que foi direto à meta de Vanderlei a 1 minuto de jogo),
no Palestra Itália o Alviverde vai ter que jogar – ou seja, se abrir, mesmo que
com cautela – se quiser reverter o placar adverso. Isso é tudo que o Santos
queria, e por saber disso é que veio a revolta e inconformismo dos palestrinos
após a derrota na Vila. A principal arma do Santos de Dorival Jr. é o
contra-ataque em velocidade, com Lucas Lima armando os golpes fatais de Ricardo
Oliveira e/ou Gabriel, e foi assim que o Peixe eliminou o Corinthians em pleno
Itaquerão por 2 a 1.
O Palmeiras pode contar como armas o aguerrimento e a
torcida que vai lotar o estádio. Essa vantagem , porém, pode se virar contra o
time se ele não fizer um gol logo. A ansiedade da equipe e da torcida vai
crescer na medida em que o tempo passa. Se o Santos marcar um gol antes, a
tarefa ficará ainda mais difícil para o Alviverde. O Peixe marcou pelo menos um gol em todas as 13 partidas disputadas até aqui na competição.
Mas futebol é jogo e jogo é também sorte e azar. Se o Palmeiras
marcar antes, pode conseguir se armar na defesa e na catimba, que terá de usar
contra um time superior, e vencer o jogo. Se por um gol, para decidir nos
pênaltis. Para ser campeão direto, precisa de uma diferença de dois gols.
***
Gosto dos comentários de Paulo Vinícius Coelho porque ele
fala de futebol e informa, ao invés de ficar com blá-blá-blá de pênalti, não-pênalti. Ao comentar o jogo
vencido pelo Santos, na semana passada, ele lembrou: “A final da Copa do Brasil
se parece com a decisão do Paulistão”. Disse também o PVC no texto: “O Santos é
mais time. Mas neste ano, agora são seis clássicos Santos x Palmeiras. O Santos
ganhou todos na Vila, o Palmeiras venceu os dois no Allianz Parque e todas as
vitórias aconteceram por um gol de diferença. Só falta isso e a decisão por
pênaltis para repetir a final do Campeonato Paulista”.
Então é isso. Chega de papinho de pênalti, caros
palmeirenses, como se aquele do primeiro jogo fosse o primeiro pênalti ou não-pênalti polêmico
da história do futebol.
Como dizia o velho Osmar Santos: vamos pro jogo, garotinho.