Mostrando postagens com marcador meios de comunicação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador meios de comunicação. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Franklin Martins, André Singer e Bernardo Kucinski debatem comunicações e poder


O lançamento do livro Cartas a Lula, do cientista político Bernardo Kucisnki, reuniu em uma mesa de debates, na tarde-noite de hoje (4), o próprio autor (ex-assessor da Presidência da República no primeiro mandato de Lula), o também cientista político André Singer (ex-secretário de Imprensa do Palácio do Planalto e porta-voz da Presidência da República no primeiro governo Lula -- 2003-2007), o jornalista Franklin Martins (ministro-chefe da Secom no primeiro mandato de Lula), o advogado Joaquim Ernesto Palhares (diretor do site Carta Maior) e o ex-candidato ao governo de São Paulo pelo PSOL, Gilberto Maringoni.

Na mesa de debate, temas como a conjuntura política e o papel da mídia no processo político e nas eleições, passadas e futuras. Destaco algumas falas dos debatedores:

Franklin Martins:  "Precisamos, mais dia, menos dia, enfrentar questões políticas como a democratização dos meios de comunicação e a reforma política. Acho extremamente importante que estejamos aqui, tendo ganho as eleições. Porque [pelo clima que se estabeleceu entre as pessoas do campo progressista] parece que perdemos. Mas se tivéssemos perdido, estaríamos discutindo como evitar que se entregasse o pré-sal [aos Estados Unidos], ou que acabasse o regime de partilha [modelo pelo qual a produção de um determinado campo de petróleo é compartilhado pelo consórcio vencedor do certame e pela União – pelo regime, vence o leilão quem oferecer ao governo a parcela maior].

“Há risco de retrocesso? Há. Mas há conquistas [ascensão social da população], foram fincadas raízes."

Joaquim Ernesto Palhares: "Fica um gosto amargo de derrota por não termos constituído um veículo de comunicação. [O governo] deveria ter colocado R$ 30 bilhões na EBC para constituir uma poderosa rede de comunicação. Eles [a  mídia, principalmente a Globo] formaram uma consciência da população que quase nos levaram à derrota. Tenho receio de que as próximas eleições estão perdidas, se algo não for feito".

Franklin Martins: "Não cabe ao governo criar veículos de imprensa, cabe à sociedade, aos partidos".

André Singer: "Não tenho convicção sobre o papel da comunicação [como indutora de vantagem político-eleitoral aos setores da direita]. Se fosse tão fundamental, [o PT] não teria vencido as eleições de 2006, 2010 e 2014. Não nego a importância da comunicação, mas não dou a mesma centralidade que os companheiros [da mesa: Franklin Martins, Bernardo Kucinski e Gilberto Maringoni].

Bernardo Kucinski: "Precisaria explicar [à população] como começou a corrupção na Petrobras, porque [a ideia de corrupção, pelo bombardeio da mídia] ficou atrelada ao petismo. Mas a corrupção começou há décadas".

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

E se a mentira de Veja tivesse mudado o resultado da eleição?






E se o "jornalismo de esgoto" – como se referiram à revista Veja os presidentes nacional e estadual do PT, Rui Falcão e Emidio de Souza – tivesse de fato logrado mudar o rumo da eleição do dia 26 e impedido a vitória de Dilma Rousseff?

A quem o PT, a coligação, seus eleitores e a democracia brasileira iriam recorrer? Evidente que, depois de uma eleição consolidada, mesmo que com resultados induzidos por uma reportagem mentirosa e eleitoralmente criminosa, seria praticamente impossível reverter a situação, até mesmo depois de comprovada a fraude promovida pelo "jornalismo de esgoto".

O Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal, chamados a intervir para reparar o desfecho de um processo democrático comprovadamente contaminado pela "liberdade de informação" do jornalismo de esgoto, decidiriam por novas eleições, dada a gravidade do crime praticado pela revista? Duvido, até porque não é crível que tal decisão, mesmo embasada no "bom direito", fosse depois respeitada pela raivosa e protofascista oposição brasileira, formada pelos políticos tradicionais, pela mídia e pelos eleitores de Aécio Neves, eleitores cujo caráter golpista e truculento ficou claro nas manifestações e nas agressões racistas nas redes sociais e nas ruas, onde as agressões chegaram a ser físicas. Os tribunais estariam, de fato e de direito, diante de uma situação institucionalmente explosiva.

Aécio teria ganho a eleição, estaria configurado um golpe e haveria diante de nós uma encruzilhada diante da qual não acredito, como disse, que os tribunais tomassem uma decisão de anular o pleito por evidente contaminação e crime eleitoral grave.

Como então se recuperaria a credibilidade de uma República em que a eleição, o mais importante fato político e coroamento da democracia, tivesse sido decidida pela mentira e pela fraude?

Não se sabe quantos votos a sujeira espalhada pela revista da Abril desviou de Dilma para Aécio nas últimas 24 horas antes da eleição. Fala-se em 3 milhões, mas esse número é evidentemente um chute. Seja como for, parece lógico supor que um contingente significativo de indecisos votou no PSDB devido à capa da publicação da Marginal.

Em matéria de hoje (30), o jornal Valor diz que "o advogado que representa Alberto Youssef, Antonio Figueiredo Basto, negou envolvimento na divulgação de informações que teriam sido prestadas pelo doleiro no âmbito da delação premiada, sobre o conhecimento de suposto esquema de corrupção na Petrobras pela presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) e pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 'Asseguro que eu e minha equipe não tivemos nenhuma participação nessa divulgação distorcida'", diz a matéria. Ou seja, a matéria (da Veja) é uma farsa.

Em post publicado ontem no blog do Valter Pomar, intitulado "Comemoração e luta", a direção nacional da tendência petista Articulação de Esquerda volta a insistir na necessidade de "fazer reformas estruturais, com destaque para a reforma política e para a Lei da Mídia Democrática".

O post defende "a construção de um jornal diário de massas e de uma agência de notícias, articulados a mídias digitais (inclusive rádio e TV web), com ação permanente nas redes sociais, que sirvam de retaguarda e de instrumento do campo democrático-popular na batalha de idéias". Na minha opinião, já passou da hora de isso ser construído.

Os golpistas não ganharam, desta vez. Mas não descansarão.

Até porque as eleições de 2018 já começaram. Basta ver as movimentações políticas e o comportamento da oposição a Dilma no Congresso Nacional, encabeçada por lideranças do PMDB como Eduardo Cunha.

Em vídeo divulgado hoje, o ex-presidente Lula sugere que a revista da marginal seja tratada com indiferença. “A gente tem que ver que a Veja é uma revista de oposição ao governo. Pronto, acabou. A gente vai sofrer menos, não tem azia." Essa posição de Lula é ingênua. A revista poderia ter mudado o resultado de uma das mais importantes eleições do país e da história da América Latina. Não concordo com essa visão fleumática de Lula.

É preciso uma legislação que coíba severamente, com punições e multas pesadas, muito pesadas, essa sem-cerimônia criminosa com que veículos de imprensa e TV plantam notícias falsas, sem provas, e depois fica tudo por isso mesmo.

Nos Estados Unidos, país considerado modelo ocidental de democracia e liberdade pelos eleitores de Aécio Neves, o sujeito pode apresentar uma denúncia, no jornal, na revista ou na TV. Mas tem que provar. Senão terá de responder à justiça. Paulo Francis fez acusações gravíssimas de corrupção na Petrobras, e foi processado pela empresa nos Estados Unidos, segundo as leis americanas. Note-se, o governo de então não era do PT, mas de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, ano da morte de Francis, de infarto, dizem que muito estressado e deprimido por saber que sua situação jurídica era irreversível e teria de pagar uma indenização milionária à Petrobras.

sábado, 17 de dezembro de 2011

Jornalismo, futebol e mídia


A um dia de um dos maiores fatos esportivos dos últimos tempos, Santos x Barcelona pela final do Mundial de Clubes, um jogo esperado por todos os que gostam de futebol, a home page da ESPN Brasil dá como destaque o Tite (maior) e a luta UFC.


A um dia de Santos x Barcelona, destaques da ESPN Brasil são Tite e UFC

No caso da ESPN Brasil, existe a justificativa mercadológica, já que a emissora não tem direitos de transmissão do Mundial de clubes da FIFA. Na programação do canal está previsto o seguinte para as 08:30 de domingo (horário de Santos x Barcelona): "Turfe - Troféu Carlos Pellegrini".

Mas se têm justificativa mercadológica, as edições do site da ESPN Brasil pecam jornalisticamente, porque privilegiam um corintianismo irritante. Porque até as pedras sabem que pelo menos hoje o Santos é mais importante do que o Corinthians. Já a TV Globo, que detém o monopólio da transmissão da Libertadores e do Mundial em canal aberto, simplesmente não transmitiu Santos 3 x 1 Kashiwa Reysol na quarta-feira para o Brasil. O jogo foi ao ar apenas para o estado de São Paulo. Os santistas de todo o resto do país que não têm condições de ter TV a cabo ficaram com a Ana Maria Braga.

Essa opção tosca da Globo gerou protestos nas redes sociais da internet que, por sua vez, provocaram até desculpas esfarrapadas da emissora dos Marinho, tentando justificar a não-transmissão do jogo do Santos (nem vale a pena reproduzi-las). Pergunto: se fosse Corinthians ou Flamengo, a Globo optaria por Ana Maria Braga? Não.

No ano que vem a norte-americana Fox entrará pesado na transmissão da Libertadores no Brasil. Sabiam?

Até lá, a Globo talvez entenda que precisa ser mais democrática para, a longo prazo, manter o seu poder. Até porque isso tem tudo a ver com a propalada, e ainda tão distante, democratização dos meios de comunicação, a regulamentação dos artigos 220 a 223 da Constituição de 1988, e por aí vai.