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segunda-feira, 12 de março de 2012
Sai Ricardo Teixeira, entra José Maria Marin, o homem da medalha. Isto é CBF
Uma das coisas que sempre me espantaram no futebol é o caráter de imutabilidade do poder.
O que muda com a renúncia de Ricardo Teixeira, que presidiu a “entidade máxima do futebol brasileiro” como um imperador romano por incríveis 23 anos? Apesar da satisfação pelo fim de sua dinastia em si, na verdade nada vai mudar. O que se pode dizer quando se sabe que seu sucessor é José Maria Marin, não exatamente um modelo de homem público nem de gestor do que quer que seja? Talvez as coisas até piorem, o que faria com que algum saudoso esquecido um dia dissesse: viu, e vocês falavam mal de Ricardo Teixeira! Último governador biônico de São Paulo, Marin exerceu um mandato tampão como substituto do padrinho Paulo Maluf entre 14 de maio de 1982 e 15 de março de 1983, antes de Franco Montoro, que foi eleito na primeira eleição direta pós-ditadura.
Como disse o Felipe Cabañas em comentário a post sobre a seleção brasileira, digo, balcão de negócios, na semana passada: "Eu nem sei mais se adianta o Ricardo Teixeira cair. Acho que a CBF precisa é de uma refundação! Só uma revolução pra fazer a faxina necessária". O temor, então, era que o escolhido para substituir Teixeira fosse Fernando Sarney, um dos vices da CBF.
Mas, se não é um apaniguado do clã Sarney, o novo chefão da entidade, que ficará no cargo até abril de 2015!, é o homem cuja imagem pública mais recente é a do furto da medalha da Copa São Paulo, em janeiro último:
Basta ou precisa dizer mais? A cara de pau dos homens que “administram” o futebol brasileiro é tanta que eles devem se divertir fartamente com a indignação alheia. "Vocês vão ter de me engolir." A frase, dita pelo Zagallo após título da Copa América em 1997, para mim, ilustra à perfeição o status quo do sistema milionário da entidade que administra a “maior paixão brasileira”.
Zagallo, aliás, hoje um respeitável velhinho, é outra figura que nunca topei, com seu ufanismo tosco e a soberba de quem se sabe protegido pelos chefões, entronizado que foi como um símbolo mitológico da “amarelinha”. Um mito de papel. E o brasileiro continuará a engolir sapos. Anfíbio, desta vez, representado pelo presidente tampão José Maria Marin. Rejubile-se, caro torcedor brasileiro.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
TV Globo e CBF versus Clube dos 13: a encruzilhada do futebol brasileiro
Mais importante do que os aspectos meramente esportivos, a briga pelos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro pela TV é prévia de uma disputa maior. Disputa que envolve a pauta da Conferência Nacional de Comunicações, realizada no fim de 2009 após as fases municipal e estadual durante o segundo semestre daquele ano. Nessa pauta, estão listados os pontos que urge discutir (em diálogo entre Executivo, Legislativo e sociedade civil) para modificar e modernizar o arcaico sistema de comunicações no Brasil.
O cerne da questão é: as TVs e rádios são concessões públicas no país. Portanto (como já escrevi em outro post neste blog) deveriam responder à determinação do artigo 220 da Constituição, que precisa ser regulamentado à luz do interesse da cidadania, e não dos interesses privados. Em seu parágrafo 5º, o artigo 220 da Constituição de 1988 diz expressamente: “Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”. Essa é a discussão de fundo do imbróglio CBF/TV Globo versus Clube dos 13.
Onde fica o consumidor/torcedor?
Vamos ponderar: se a TV Globo é, tecnicamente, a melhor opção para transmitir um evento (o Campeonato Brasileiro), e de fato é, isso não lhe pode dar a prerrogativa do monopólio. Com sua hegemonia (conquistada, lembremos, durante o regime militar no país), a Globo determina absolutamente tudo: qual jogo você vai assistir, no horário que ela estipula.
Às 16 horas do domingo (ou às 22h de quarta-feira), nenhum habitante do Estado de São Paulo, por exemplo, pode ver uma partida de futebol em canal aberto que não seja o “jogo da Globo”. A Band pode transmitir também, mas o mesmo evento da Globo. Se seu time não estiver na telinha, você pode ver o jogo do seu time, claro, desde que pague o pay-per-view, que é da Globo.
Mais tarde, no horário noturno do domingo (ou às 19h30 dos dias de semana), você tem duas opções: 1) assiste à partida na TV a cabo (Sportv, da Globo) ou, se seu time não está nessa partida, você pode ser assinante do pay-per-view (da Globo) e vibrar com seu time pela Globo.
Esse monopólio é obsceno e tem que acabar.
Copa do Brasil
A ESPN Brasil ter conquistado o direito de transmitir a Copa do Brasil via TV a cabo já é um avanço. E eu não digo em relação a direitos das empresas de comunicação, mas a direitos do consumidor mesmo. O cidadão brasileiro não pode se resignar a ser refém do que quer a Rede Globo sempre. E a cumplicidade Globo/CBF é outra obscenidade.
Quando eu era moleque, os jogos de futebol das quartas-feiras eram às 21 horas. A gente ia ao Morumbi ou ao Pacaembu ver as partidas. O jogo acabava às 23 horas e você pegava o busão, ia pra casa. Hoje, os jogos começam quase 22h e quando acaba não tem sequer metrô. O que querem os executivos globais? Que não haja povo no futebol? Que o futebol seja uma merda de um Big Brother esportivo? Então a Globo que discuta com a sociedade, seja mais democrática, aceite fazer parte de um sistema, e não ser ela própria o sistema. E que deixe de achar que manda no mundo.
O Imbróglio
Até a quinta-feira, 24, alguns jornais garantiam que, liderados pelo Corinthians, os quatro grandes do Rio e o Coritiba haviam rompido com o Clube dos 13, ficando ao lado da CBF de Ricardo Teixeira e TV Globo. Mas a história não é bem essa, há muitas dúvidas. Os clubes que estariam por aderir à rebelião corintiana (vide Globo/CBF) seriam os quatro grandes do Rio e Coritiba, além de Grêmio, Cruzeiro, Goiás, Vitória e Palmeiras. O grupo a favor do presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, e contra CBF/Globo, seria formado por São Paulo, Internacional, Atlético-MG, Atlético-PR, Bahia, Portuguesa, Sport e Guarani. A posição do Santos é de cautela e silêncio. Patrícia Amorim, mandatária do Flamengo, tentou ser diplomática: “Não há interesse em romper com o Clube dos 13, mas de retomar a essência”.
As questões jurídicas e financeiras estão pesando. O presidente corintiano começou a semana agressivo e irredutível. Na quinta-feira à tarde, Andrés Sanchez declarou que estava mesmo rompendo com o C 13. "Eu estive com a Record ontem (quarta-feira). Fiquei mais de duas horas com eles. Cada um vai procurar o que é melhor para si", disse o presidente do "Timão", revelando uma ignorância absoluta sobre algo maior do que ele próprio e seu clube, que é o futebol brasileiro. Já passou o tempo da pré-democracia e Sanchez nem sabe disso.
O Corinthians enviou carta pedindo a desfiliação do C13. Mas, para sair, terá de pagar uma dívida de R$ 25 milhões. Sanchez disse que isso não será problema. Não será? O clube do Parque São Jorge corre o risco de achar que manda em tudo, que não precisa de ninguém, que as associações são inúteis, e acabar isolado.
Além do São Paulo, o Atlético-MG é outro em discórdia com a CBF faz tempo. Alexandre Kalil, presidente do Galo, disse ao Terra Magazine: "A Globo não quer pagar mais, não quer negociar, quer lucro de R$ 1 bilhão todo ano e matar os clubes".
Enfim, ninguém pode prever o desfecho dessa briga. Uma briga muito maior do que parece.
Atualizado às 04:45 e 16:03
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Foto: Eduardo Maretti |
O cerne da questão é: as TVs e rádios são concessões públicas no país. Portanto (como já escrevi em outro post neste blog) deveriam responder à determinação do artigo 220 da Constituição, que precisa ser regulamentado à luz do interesse da cidadania, e não dos interesses privados. Em seu parágrafo 5º, o artigo 220 da Constituição de 1988 diz expressamente: “Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio”. Essa é a discussão de fundo do imbróglio CBF/TV Globo versus Clube dos 13.
Onde fica o consumidor/torcedor?
Vamos ponderar: se a TV Globo é, tecnicamente, a melhor opção para transmitir um evento (o Campeonato Brasileiro), e de fato é, isso não lhe pode dar a prerrogativa do monopólio. Com sua hegemonia (conquistada, lembremos, durante o regime militar no país), a Globo determina absolutamente tudo: qual jogo você vai assistir, no horário que ela estipula.
Às 16 horas do domingo (ou às 22h de quarta-feira), nenhum habitante do Estado de São Paulo, por exemplo, pode ver uma partida de futebol em canal aberto que não seja o “jogo da Globo”. A Band pode transmitir também, mas o mesmo evento da Globo. Se seu time não estiver na telinha, você pode ver o jogo do seu time, claro, desde que pague o pay-per-view, que é da Globo.
Mais tarde, no horário noturno do domingo (ou às 19h30 dos dias de semana), você tem duas opções: 1) assiste à partida na TV a cabo (Sportv, da Globo) ou, se seu time não está nessa partida, você pode ser assinante do pay-per-view (da Globo) e vibrar com seu time pela Globo.
Esse monopólio é obsceno e tem que acabar.
Copa do Brasil
A ESPN Brasil ter conquistado o direito de transmitir a Copa do Brasil via TV a cabo já é um avanço. E eu não digo em relação a direitos das empresas de comunicação, mas a direitos do consumidor mesmo. O cidadão brasileiro não pode se resignar a ser refém do que quer a Rede Globo sempre. E a cumplicidade Globo/CBF é outra obscenidade.
Quando eu era moleque, os jogos de futebol das quartas-feiras eram às 21 horas. A gente ia ao Morumbi ou ao Pacaembu ver as partidas. O jogo acabava às 23 horas e você pegava o busão, ia pra casa. Hoje, os jogos começam quase 22h e quando acaba não tem sequer metrô. O que querem os executivos globais? Que não haja povo no futebol? Que o futebol seja uma merda de um Big Brother esportivo? Então a Globo que discuta com a sociedade, seja mais democrática, aceite fazer parte de um sistema, e não ser ela própria o sistema. E que deixe de achar que manda no mundo.
O Imbróglio
Até a quinta-feira, 24, alguns jornais garantiam que, liderados pelo Corinthians, os quatro grandes do Rio e o Coritiba haviam rompido com o Clube dos 13, ficando ao lado da CBF de Ricardo Teixeira e TV Globo. Mas a história não é bem essa, há muitas dúvidas. Os clubes que estariam por aderir à rebelião corintiana (vide Globo/CBF) seriam os quatro grandes do Rio e Coritiba, além de Grêmio, Cruzeiro, Goiás, Vitória e Palmeiras. O grupo a favor do presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, e contra CBF/Globo, seria formado por São Paulo, Internacional, Atlético-MG, Atlético-PR, Bahia, Portuguesa, Sport e Guarani. A posição do Santos é de cautela e silêncio. Patrícia Amorim, mandatária do Flamengo, tentou ser diplomática: “Não há interesse em romper com o Clube dos 13, mas de retomar a essência”.
As questões jurídicas e financeiras estão pesando. O presidente corintiano começou a semana agressivo e irredutível. Na quinta-feira à tarde, Andrés Sanchez declarou que estava mesmo rompendo com o C 13. "Eu estive com a Record ontem (quarta-feira). Fiquei mais de duas horas com eles. Cada um vai procurar o que é melhor para si", disse o presidente do "Timão", revelando uma ignorância absoluta sobre algo maior do que ele próprio e seu clube, que é o futebol brasileiro. Já passou o tempo da pré-democracia e Sanchez nem sabe disso.
O Corinthians enviou carta pedindo a desfiliação do C13. Mas, para sair, terá de pagar uma dívida de R$ 25 milhões. Sanchez disse que isso não será problema. Não será? O clube do Parque São Jorge corre o risco de achar que manda em tudo, que não precisa de ninguém, que as associações são inúteis, e acabar isolado.
Além do São Paulo, o Atlético-MG é outro em discórdia com a CBF faz tempo. Alexandre Kalil, presidente do Galo, disse ao Terra Magazine: "A Globo não quer pagar mais, não quer negociar, quer lucro de R$ 1 bilhão todo ano e matar os clubes".
Enfim, ninguém pode prever o desfecho dessa briga. Uma briga muito maior do que parece.
Atualizado às 04:45 e 16:03
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Verdades e mentiras sobre o estádio do Corinthians em Itaquera
A questão do estádio do Corinthians, em Itaquera, gerou um debate de certo modo acalorado no post abaixo [que, aliás, não tinha nada a ver com o estádio, e sim com a rodada do Brasileirão]. Por isso vai aqui uma nota.Para Paulo M, se concretizado, o projeto vai “ajudar a estruturar melhor uma região marginalizada da cidade, que é a zona Leste”. Mas diz ser desagradável “ver gente do tipo Kassab fazendo parceria com o Andres Sanchez pra viabilizar o projeto e se promover”... “A prefeitura de SP está fazendo tudo pra impugnar as obras de reforma do Palestra Itália.”
Estátio em Itaquera (projeto)/Reprodução
Já Felipe Cabañas afirma não se incomodar com o fato do Corinthians “ter tido ajuda política para viabilizar a construção de seu estádio”, lembrando que “o São Paulo também teve, inclusive dinheiro público, o que, até agora, não parece ser o caso no estádio do Corinthians”. Para ele, “o maior auxílio [político] no caso do Corinthians partiu do corintiano mais ilustre, Lula (...) Por que não? Não tem nada escuso aí.”
E diz que “não é a prefeitura que está querendo impugnar as obras [do Palestra Itália], mas a Associação de Moradores de Perdizes e Barra Funda que entrou no Ministério Público alegando que não há estudo de impacto” para tal obra.
Não sei se é a associação de moradores, a prefeitura ou, politicamente, ambos se juntando para atrapalhar as obras do Palestra. O prefeito paulistano, aliás, disse ontem que vai apoiar o Palestra. O que sei, como alguém que morou por mais de 20 anos na região, é que parece quase absurdo se fazer uma obra dessa magnitude naquela confluência entre avenida Sumaré, a rua Turiassu estreita e sufocada pela inauguração de mais um shopping, o Bourbon, e a avenida Pompéia.
A região está quase saturada pela especulação imobiliária que verticalizou o bairro sem que a prefeitura de “dr. Kassab” ou seu antecessor José Serra (sim, ele foi prefeito, lembram?) jamais tenham se preocupado com nada que não fossem os mega interesses ($). É verdade que a cidade tem três estádios históricos, que pedem só reforma, como diz Paulo M no comentário acima citado, e que “de repente, quase do nada (...) aparece assim um quarto como única opção!”
Particularmente, acho que:
1) seria absurdo fazer uma reforma monstro no Pacaembu e seu entorno para abrigar a Copa do Mundo. Aquela região toda é tombada. Um dos poucos locais ainda preservados e aprazíveis da cidade seria destruído. Só se precisa saber o que se vai fazer com o estádio do Pacaembu, que é da população. Se não, uma hora dessas aparece um tucano e privatiza.
2) O projeto da arena do Palmeiras (ao lado) é cercada mesmo por muitos entraves, urbanísticos, burocráticos e até políticos. Se o projeto está sendo boicotado ou não, não tenho condições de dizer. Mas os planos de intervenções na região próxima ao Palestra vão continuar (veja aqui). Nesse contexto, a arena palmeirense teria mais espaço. Mas, a tempo da Copa do Mundo? O presidente do Palmeiras, Luiz Gonzaga Belluzzo, ao oferecer o Palestra, disse que não era para abrir a Copa, mas sediar outros jogos que não o da abertura. A verdade é uma só: não interessa à FIFA e aos investidores aproveitar o que já existe.
3) O Morumbi seria a solução mais óbvia, mas estava rifado desde o início pela FIFA. Por questões políticas, pela velha rixa São Paulo F.C. x Ricardo Teixeira e altos interesses financeiros. A FIFA quer porque quer um estádio novo, e ponto. Interesses, minha gente, interesses econômicos gigantescos. Reportagem da revista CartaCapital mostrou isso, semanas atrás (leia aqui: “A ganância vitima o Morumbi”).
4) Finalmente, o campo do Corinthians. Tecnicamente (urbanisticamente) parece ser a melhor solução. Do ponto de vista dos corintianos, se for viabilizado mesmo, finalmente o clube vai ter onde mandar seus jogos. Eu acho justo que o time de maior torcida do estado tenha seu campo e me parece apropriado que uma Copa do Mundo seja um catalisador desse processo. O clube aproveitou o imbróglio e se lançou. Está em seu direito. Diz que não vai haver dinheiro público. Mas nem tudo são flores: o projeto está orçado em R$ 300 milhões, para 48 mil lugares, que seriam bancados pela Odebrecht. Mas não poderia abrir a Copa com esse tamanho. No mínimo, teria que ter 65 mil, mas aí os custos subiriam para R$ 470 milhões. Quem paga a diferença?
Dogma
Estátio em Itaquera (projeto)/Reprodução

E diz que “não é a prefeitura que está querendo impugnar as obras [do Palestra Itália], mas a Associação de Moradores de Perdizes e Barra Funda que entrou no Ministério Público alegando que não há estudo de impacto” para tal obra.
Não sei se é a associação de moradores, a prefeitura ou, politicamente, ambos se juntando para atrapalhar as obras do Palestra. O prefeito paulistano, aliás, disse ontem que vai apoiar o Palestra. O que sei, como alguém que morou por mais de 20 anos na região, é que parece quase absurdo se fazer uma obra dessa magnitude naquela confluência entre avenida Sumaré, a rua Turiassu estreita e sufocada pela inauguração de mais um shopping, o Bourbon, e a avenida Pompéia.
A região está quase saturada pela especulação imobiliária que verticalizou o bairro sem que a prefeitura de “dr. Kassab” ou seu antecessor José Serra (sim, ele foi prefeito, lembram?) jamais tenham se preocupado com nada que não fossem os mega interesses ($). É verdade que a cidade tem três estádios históricos, que pedem só reforma, como diz Paulo M no comentário acima citado, e que “de repente, quase do nada (...) aparece assim um quarto como única opção!”
Particularmente, acho que:
1) seria absurdo fazer uma reforma monstro no Pacaembu e seu entorno para abrigar a Copa do Mundo. Aquela região toda é tombada. Um dos poucos locais ainda preservados e aprazíveis da cidade seria destruído. Só se precisa saber o que se vai fazer com o estádio do Pacaembu, que é da população. Se não, uma hora dessas aparece um tucano e privatiza.

3) O Morumbi seria a solução mais óbvia, mas estava rifado desde o início pela FIFA. Por questões políticas, pela velha rixa São Paulo F.C. x Ricardo Teixeira e altos interesses financeiros. A FIFA quer porque quer um estádio novo, e ponto. Interesses, minha gente, interesses econômicos gigantescos. Reportagem da revista CartaCapital mostrou isso, semanas atrás (leia aqui: “A ganância vitima o Morumbi”).
4) Finalmente, o campo do Corinthians. Tecnicamente (urbanisticamente) parece ser a melhor solução. Do ponto de vista dos corintianos, se for viabilizado mesmo, finalmente o clube vai ter onde mandar seus jogos. Eu acho justo que o time de maior torcida do estado tenha seu campo e me parece apropriado que uma Copa do Mundo seja um catalisador desse processo. O clube aproveitou o imbróglio e se lançou. Está em seu direito. Diz que não vai haver dinheiro público. Mas nem tudo são flores: o projeto está orçado em R$ 300 milhões, para 48 mil lugares, que seriam bancados pela Odebrecht. Mas não poderia abrir a Copa com esse tamanho. No mínimo, teria que ter 65 mil, mas aí os custos subiriam para R$ 470 milhões. Quem paga a diferença?
Dogma
Aqui, uma observação: virou moda o discurso, quase um dogma, segundo o qual dinheiro público não pode ser usado nessas obras. É o que dizem os porta-vozes da moralidade. Meio hipócrita, isso.
Primeiro, porque, de uma maneira ou outra, por meio de isenções fiscais, contrapartidas ou parcerias, o dinheiro público sempre estará em projetos muito grandes e/ou importantes. Dizer o contrário é faltar com a verdade. O Estado existe também para investir. Ou acham que é só para vender patrimônio? Dizer que esse dinheiro deveria ir para hospitais, escolas etc é sofisma. Em segundo lugar, o dinheiro pago pelo contribuinte nos pedágios paulistas, por exemplo, não é dinheiro público? Por que os defensores da moralidade não falam disso? A Polícia Militar não está em todos os jogos de futebol? E a PM é paga com que dinheiro?
A questão é saber usar o investimento, capitalizar, tornar útil socialmente (como Luiza Erundina tentou fazer com o autódromo de Interlagos e foi impedida pelos direitistas da Câmara). Crime não é o estado investir – se houver transparência –, é deixar apodrecendo o que foi investido, como acontece com algumas obras dos Jogos Pan-Americanos. Quando Kassab e o atual governador, Alberto Goldman, garantiram que não ia haver dinheiro público nas obras, receberam aplausos da mídia. Logo quem.
Repercussão: O jornal britânico Financial Times critica o projeto do estádio corintiano aprovado de surpresa e diz que ele não vai ficar pronto no prazo estipulado pela FIFA. Leia aqui.
Primeiro, porque, de uma maneira ou outra, por meio de isenções fiscais, contrapartidas ou parcerias, o dinheiro público sempre estará em projetos muito grandes e/ou importantes. Dizer o contrário é faltar com a verdade. O Estado existe também para investir. Ou acham que é só para vender patrimônio? Dizer que esse dinheiro deveria ir para hospitais, escolas etc é sofisma. Em segundo lugar, o dinheiro pago pelo contribuinte nos pedágios paulistas, por exemplo, não é dinheiro público? Por que os defensores da moralidade não falam disso? A Polícia Militar não está em todos os jogos de futebol? E a PM é paga com que dinheiro?
A questão é saber usar o investimento, capitalizar, tornar útil socialmente (como Luiza Erundina tentou fazer com o autódromo de Interlagos e foi impedida pelos direitistas da Câmara). Crime não é o estado investir – se houver transparência –, é deixar apodrecendo o que foi investido, como acontece com algumas obras dos Jogos Pan-Americanos. Quando Kassab e o atual governador, Alberto Goldman, garantiram que não ia haver dinheiro público nas obras, receberam aplausos da mídia. Logo quem.
Repercussão: O jornal britânico Financial Times critica o projeto do estádio corintiano aprovado de surpresa e diz que ele não vai ficar pronto no prazo estipulado pela FIFA. Leia aqui.
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sexta-feira, 23 de julho de 2010
Muricy Ramalho, um homem de palavra
Foto: Wallace Teixeira/Photocamera
Eu não gosto do futebol do Muricy, que privilegia a marcação, o futebol “pegado”, as jogadas ensaiadas, e, principalmente no Palmeiras, um jogo no estilo duchas corona. Agora, uma coisa tem que ser dita: o homem tem culhão.
Dizer não à seleção brasileira não é para qualquer um. O repórter Leandro Coneição disse aqui na redação uma coisa com a qual concordo: “Eu não gosto do futebol dos times do Muricy, mas gosto da pessoa dele”.
Num texto sobre o provável substituto de Dunga que postei aqui em 4 de julho, eu dizia: “Fala-se em Muricy Ramalho. Não creio. Não tem o perfil. Particularmente, espero que não. Detesto o horrível futebol chuveirinho de Muricy”.
Sempre foi claro que Muricy não tem o perfil de ser um funcionário da CBF. Porque, apesar de ser turrão, mal humorado, ter um estilo de futebol feio, uma coisa é certa: Muricy parece ser um cara de caráter, que não se deixa seduzir por esquemas. Já imaginaram, trabalhar na CBF de Ricardo Teixeira?
E, se de fato se confirmar, esse espetacular “não” de Muricy Ramalho, informação passada à imprensa pelo dirigentes do Fluminense agora há pouco, é um gesto histórico (já pensaram, professor Vanderlei dizer não à seleção?). O que estão dizendo é que o Flu não liberou. É óbvio que, se o treinador quisesse sair, sairia. Ele não quis.
Quer dizer, ainda há pessoas de palavra no mundo do futebol. Quem tem a comemorar é o Fluminense. Que, se já era, agora é mais ainda candidato ao título brasileiro.
PS: nota da colunista Mônica Bergamo de 17h20 diz o seguinte: "O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, está aguardando um telefonema do técnico Muricy Ramalho para que ele diga se quer ou não comandar a seleção.
"Se ele quiser, nós vamos dar um jeito. Pagamos a multa contratual com o Fluminense e ele vem", teria dito um assessor de Teixeira, segundo a jornalista.

Dizer não à seleção brasileira não é para qualquer um. O repórter Leandro Coneição disse aqui na redação uma coisa com a qual concordo: “Eu não gosto do futebol dos times do Muricy, mas gosto da pessoa dele”.
Num texto sobre o provável substituto de Dunga que postei aqui em 4 de julho, eu dizia: “Fala-se em Muricy Ramalho. Não creio. Não tem o perfil. Particularmente, espero que não. Detesto o horrível futebol chuveirinho de Muricy”.
Sempre foi claro que Muricy não tem o perfil de ser um funcionário da CBF. Porque, apesar de ser turrão, mal humorado, ter um estilo de futebol feio, uma coisa é certa: Muricy parece ser um cara de caráter, que não se deixa seduzir por esquemas. Já imaginaram, trabalhar na CBF de Ricardo Teixeira?
E, se de fato se confirmar, esse espetacular “não” de Muricy Ramalho, informação passada à imprensa pelo dirigentes do Fluminense agora há pouco, é um gesto histórico (já pensaram, professor Vanderlei dizer não à seleção?). O que estão dizendo é que o Flu não liberou. É óbvio que, se o treinador quisesse sair, sairia. Ele não quis.
Quer dizer, ainda há pessoas de palavra no mundo do futebol. Quem tem a comemorar é o Fluminense. Que, se já era, agora é mais ainda candidato ao título brasileiro.
PS: nota da colunista Mônica Bergamo de 17h20 diz o seguinte: "O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, está aguardando um telefonema do técnico Muricy Ramalho para que ele diga se quer ou não comandar a seleção.
"Se ele quiser, nós vamos dar um jeito. Pagamos a multa contratual com o Fluminense e ele vem", teria dito um assessor de Teixeira, segundo a jornalista.
domingo, 4 de julho de 2010
Quem assume o lugar de Dunga na seleção?


Dunga caiu, fato previsto até pelas pedras antes mesmo da derrocada do Brasil na África do Sul. Agora, as especulações. Segundo elas, os dois mais cotados a bola da vez para assumir a nau da seleção brasileira são Luiz Felipe Scolari e Mano Menezes.
Se for Felipão, muitos aplaudirão, menos a torcida palestrina; se Mano, nenhum alvinegro terá o que comemorar na Fazendinha.
Muitos, os cariocas principalmente, querem Zico, mas o ex-craque do Flamengo é um desafeto declarado de Ricardo Teixeira. Fala-se em Muricy Ramalho. Não creio. Não tem o perfil. Particularmente, espero que não. Detesto o horrível futebol chuveirinho de Muricy.
O nome de Leonardo, ex-Milan, é cotado, mas já pensaram, aquele mauricinho, funcionário modelo de Silvio Berlusconi, comandando o Brasil? Aí vai ficar difícil torcer mesmo. Mas, pelas sombras que eternamente pairam na CBF, é plausível. Seria mudar um pouco para ficar como está. Afinal, Leonardo é queridinho dos chefões e tem trânsito fácil nos corredores do poder.
Felipão, que acaba de assinar com o Palmeiras, chegaria ao ponto de sair de um clube que sequer assumiu? Acho pouco provável. Mano não recusaria. Luxemburgo? Duvido.
As cartas, aparentemente, são essas.
Foto de Mano Menezes: Eduardo Metroviche
Se for Felipão, muitos aplaudirão, menos a torcida palestrina; se Mano, nenhum alvinegro terá o que comemorar na Fazendinha.
Muitos, os cariocas principalmente, querem Zico, mas o ex-craque do Flamengo é um desafeto declarado de Ricardo Teixeira. Fala-se em Muricy Ramalho. Não creio. Não tem o perfil. Particularmente, espero que não. Detesto o horrível futebol chuveirinho de Muricy.
O nome de Leonardo, ex-Milan, é cotado, mas já pensaram, aquele mauricinho, funcionário modelo de Silvio Berlusconi, comandando o Brasil? Aí vai ficar difícil torcer mesmo. Mas, pelas sombras que eternamente pairam na CBF, é plausível. Seria mudar um pouco para ficar como está. Afinal, Leonardo é queridinho dos chefões e tem trânsito fácil nos corredores do poder.
Felipão, que acaba de assinar com o Palmeiras, chegaria ao ponto de sair de um clube que sequer assumiu? Acho pouco provável. Mano não recusaria. Luxemburgo? Duvido.
As cartas, aparentemente, são essas.
Foto de Mano Menezes: Eduardo Metroviche
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