terça-feira, 31 de julho de 2012

Eliane Catanhêde está toda empolgada com o julgamento do mensalão


“Agosto começa com Lula, Dilma e Haddad se esforçando para sorrir. Mas sorrindo amarelo”, escreve a vestal Eliane Catanhêde em sua coluna da Folha de S. Paulo de hoje.

A coluninha de hoje da jornalista que não resiste a um tucano cheiroso (lembram disso? – o link para relembrar está abaixo neste post) segue a linha de sempre: mal disfarçando sua torcida para que o julgamento do caso do chamado “mensalão” pelo STF seja um apocalipse nas candidaturas petistas nas eleições municipais que se aproximam.

“Não se sabe se é para rir ou para chorar, mas o que os candidatos e os principais líderes e candidatos do PT vão fazer durante todo o mês de agosto, enquanto o julgamento do mensalão vai expor ao país os podres do partido?”, pergunta a torcedora, ou melhor, jornalista da Folha, e continua: “Lula saiu da toca ontem, a três dias do início do julgamento, como quem não quer nada”, escreve ela, assim como quem não quer nada mas dizendo nas entrelinhas que Lula, quem sabe, talvez seja um animal estranho, raro é verdade, mas animal, já que pessoas normalmente não vivem em tocas.

Depois de ironizar a entrada da Venezuela no Mercosul em cerimônia no Palácio do Planalto na manhã desta terça-feira, a imaculada Catanhêde ironiza: “como seria mensalão em espanhol? El mensalón?”

Meu Deus, que senso de humor tem a escriba da coluna naquele espaço da Folha que um dia já abrigou Claudio Abramo. Estou morrendo de tanto rir. Como está alegrinha nossa Catanhêde.

Relembre e veja o vídeo da empolgação de Catanhêde com o perfume dos tucanos neste link: Eliane Catanhêde e a massa cheirosa

sábado, 28 de julho de 2012

Viva Sarah!


Fotos: Reprodução

A piauiense Sarah Menezes, de 22 anos, conquistou a primeira medalha de ouro brasileira nos Jogos Olímpicos de Londres ao bater romena Alina Dumitru, campeã olímpica em Pequim (2008). Ela conseguiu a vitória por um wazari e um yuko de vantagem na categoria ligeiro (até 48 kg).

Linda e emocionante vitória. Sarah é a segunda mulher na história a conquistar um ouro individual para o Brasil. O primeiro foi de Maurren Maggi no salto triplo há quatro anos.

Curiosa coincidência é que a judoca tem uma carinha parecida com Neymar. Sarah é uma celebridade em Teresina e agora virou uma celebridade internacional. Ela nunca quis vir a São Paulo treinar, preferindo fazer sua carreira na capital do Piauí.

Pouco antes, Felipe Kitadai ganhou o bronze (a primeira medalha do Brasil em Londres) derrotando o italiano Elio Verde na categoria ligeiro (até 60kg). Parabéns a Kitadai também (no Brasil é costume só se valorizar o ouro).

Veja os momentos finais da vitória de Sarah Menezes, que alguém gravou e colocou no Youtube.



Atualizado às 14:41

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Incêndio em favelas paulistanas: quem quiser entender, que entenda


Cerca de 400 pessoas ficaram desabrigadas por um grande incêndio, na madrugada desta sexta-feira, na favela Humaitá, localizada na avenida Engenheiro Roberto Zuccolo, na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo.

Reprodução: TV Record
De manhã, incêndio já havia consumido a favela na valorizada Leopoldina

Segundo a Rede Brasil Atual, mais de 500 favelas foram atingidas por incêndios na cidade de São Paulo nos últimos quatro anos, de acordo com informações do Corpo de Bombeiros. “As suspeitas de que essas ocorrências sejam criminosas – para abrir espaço a empreendimentos imobiliários – motivou a criação de uma CPI na Câmara de Vereadores. Instalada em abril deste ano, a Comissão encerra seus trabalhos no próximo dia 8 sem ter ouvido um único depoimento”, informa ainda a RBA.

As primeiras “suspeitas” da ocorrência desta madrugada, conforme as informações que circulam na internet, como sempre, são de que um curto-circuito na rede elétrica da favela teria iniciado o incêndio. Os chamados “gatos” são quase sempre culpados de tudo. Já um policial informou que pode ter sido um morador que estava cozinhando de madrugada.

Quem conhece a Vila Leopoldina sabe que é um dos bairros de São Paulo mais verticalizados nos últimos anos e ali a especulação imobiliária caminha a passos largos, larguíssimos.

Como disse um filósofo, “aquele que quiser entender, que entenda”.

Santos perde outra e a água do caldeirão está esquentando na Vila Belmiro


Divulgação Santos FC
Laor reapareceu e rebateu Muricy
Após mais uma derrota (estou perdendo a conta) e o quarto jogo sem marcar um mísero gol sequer, o Santos entrou na zona de rebaixamento do Brasileiro. Está em 18° lugar, com 10 pontos, 21 atrás do líder Atlético-MG, que hoje foi o algoz da vez, batendo o Peixe no estádio Independência por 2 a 0.

Chamou atenção a postura de Muricy Ramalho, que falou no microfone do Sportv. Voltou a criticar o planejamento do clube: “não está certo o que fizemos, erramos e temos que sofrer. Agora temos que trabalhar e melhorar o time”, disse. “O Atlético mereceu o resultado, é um time que tem um bom plantel”, afirmou ainda, ao Sportv (o técnico santista não disse que o Galo tem um bom plantel à toa: foi uma delicada cutucada na diretoria do clube em que trabalha, o que dava pra ver até no semblante do entrevistado).

O canal a cabo agradeceu a “gentileza” do treinador ao “esperar” para dar a entrevista, mas o que se destacou para mim foi que Muricy não deu uma coletiva (como todos os outros técnicos nos jogos desta quinta-feira). Falou só ao Sportv.

A declaração dele, voltando a criticar o planejamento do clube, é uma réplica ao presidente Luis Álvaro Ribeiro, que finalmente reapareceu hoje e, em entrevista a O Globo, havia rebatido a declaração do treinador, que na semana passada já criticava o plenejamento da diretoria. Disse hoje Laor ao Globo, portanto antes da derrota para o Galo:

“Acho que [as críticas do Muricy] estão equivocadas. Houve planejamento, ele participou e fez as indicações dos atletas que queria. Trouxemos alguns e fomos atrás. Houve contusões que não faziam parte do planejamento, absolutamente imprevisíveis, e sabíamos que perderíamos jogadores para a Seleção, porque temos bons jogadores. Se fosse um elenco de perna de pau, não teria convocações”, declarou o mandatário santista.

A água do caldeirão está esquentando na Vila Belmiro.

terça-feira, 24 de julho de 2012

Cadê os gols do Santos?


Fiz um pequeno levantamento sobre as estatísticas de gols marcados e sofridos pelo Santos desde a temporada 2009 até 2012. A tarefa é muito facilitada pelo didatismo com que os números são disponibilizados no site do Santos F.C. Cruzei essas informações com a memória: lembrar quem eram os técnicos nos respectivos períodos.

Foto: Ivan Storti - Divulgação Santos FC
Muricy reclama, mas não apresenta soluções 
Tenho a observar o seguinte:

1 – sobre o time atual: realmente faltou planejamento ao clube. O ano de 2012 foi gasto com muito oba-oba pelo centenário. A equipe ganhou o tricampeonato paulista, mas disputou a Libertadores com soberba e chegou ao Brasileiro desfigurada. Mas Muricy se esconde por trás de desculpas sem fim e não assume que perdeu a mão, e atribui todos os fracassos ora ao “defeito de fabricação” da escola do Santos, ora à falta de planejamento (da diretoria), ora à imprevisibilidade do futebol.

Pelo que o time vem jogando, ou seja, nada (um futebol horrível, sem criatividade, sem ousadia tática, sem improvisação), Muricy não assume nem um centavo do que deve. E o Santos não tem um elenco tão lamentável assim para exibir esse futebol grotesco que estamos vendo. Muricy está tão perdido que até o lateral Léo está pedindo a voz e uma chance de jogar na meia, para ver se algo acontece.

Soma-se, então, à falta de planejamento do clube (por onde anda o Laor?) a limitação de Muricy, cujo plano tático não existe (depende de Neymar), além de ser um técnico retranqueiro, mal-humorado e que tem dificuldade de trabalhar com as divisões de base do clube.

2 – sobre números: os dados estão aí abaixo. As médias de gols marcados e sofridos na era Muricy Ramalho são baixíssimas. O time toma poucos gols, mas também não faz. Isso não se enquadra na história do Santos vencedor, que nunca foi campeão e encantou fazendo e tomando poucos gols, jogando na retranca.

Na temporada 2012, a sofrível média de gols marcados chega a 1,91 por jogo, mas temos que considerar que no Paulistão e na primeira fase da Libertadores muitos tentos foram marcados contra times muito ruins. No Brasileirão de 2012, a média de gols a favor do time de Muricy chega ao patético número de 0,64 por partida. Há três partidas o Peixe não enfia uma bola na rede! Junto com a Portuguesa, é o pior ataque do campeonato (7 gols). Que argumento cartesiano algum santista poderia colocar para defender o atual estado de coisas?

Por mais problemas que o time tenha, isso é muito pouco para o Santos Futebol Clube.

Dados sobre gols marcados e sofridos entre 2009 e 2012:

2009

Na temporada (Vagner Mancini e Vanderlei Luxemburgo): 101 gols marcados (1,51 por partida) e 86 sofridos (1,28).
No Brasileiro (Vanderlei Luxemburgo): 58 gols pró (1,53 gol por jogo) e 58 contra (idem!).

2010

Na temporada (Dorival Júnior e Marcelo Martelotte): 180 gols marcados (2,31 por partida) e 103 sofridos (1,32/jogo).
No Brasileiro (Dorival Júnior e Marcelo Martelotte): 63 gols pró (1,66 gol por jogo) e 50 contra (média de 1,31). A se observar: a incrível semelhança na média de gols sofridos no Brasileiro e em toda a temporada.

2011

Na temporada
(Adilson Batista, Marcelo Martelotte e Muricy Ramalho): 123 gols marcados (1,60 por partida) e 94 sofridos (1,22/jogo).
Brasileiro (Muricy Ramalho): 55 gols pró (1,45 gol por jogo) e 55 contra (média de 1,45). Observação: incrível, zero de saldo, 55 a 55.

2012

Na temporada
(até aqui, 46 jogos – com Muricy Ramalho): 88 gols marcados (1,91 por partida) e 40 sofridos (0,87/jogo).
Brasileiro (onze rodadas disputadas - Muricy Ramalho): 7 gols pró (0,64 gol por jogo) e 9 contra (média de 0,82).

sábado, 21 de julho de 2012

Fernando Haddad: "As pessoas estão sem perspectivas em São Paulo"


EXCLUSIVO

Na noite desta sexta-feira, 20, um encontro na Casa de Portugal, na avenida Liberdade (centro de São Paulo), reuniu militantes, blogueiros e ativistas das redes sociais em geral para debater estratégias da campanha de Fernando Haddad, candidato petista à prefeitura de São Paulo.

Haddad falou com exclusividade a este blog. Leia a entrevista – feita de improviso – abaixo.


Foto: Daniel Back (detalhe)
Haddad no evento na Casa de Portugal
Você disse em sua fala no evento agora há pouco que São Paulo não é uma cidade conservadora, como se diz, mas que nela operam forças conservadoras. Vocês têm uma estratégia diferente das eleições anteriores para desta vez conseguir uma vitória do PT?

Fernando Haddad: A cidade está vivendo a crise da administração municipal. A atual gestão, depois de oito anos, não conseguiu dizer a que veio. As pessoas estão sem perspectivas, não estão vendo os investimentos públicos em áreas estratégicas, e há um anseio muito grande por propostas novas para a cidade, um desenho novo pra cidade, algo que dialogue com as forças criativas que São Paulo sempre teve e hoje não encontram canal de expressão, em virtude da má gestão pública que se faz. Eu tenho a segurança em te dizer que, quando colocarmos o plano de governo na TV, explicarmos à cidade qual é a nossa estratégia, nosso plano de longo prazo, isso vai sensibilizar muito. Com o aval que vai ser dado a esse plano pelos nossos principais apoiadores, o presidente Lula, a presidenta Dilma, o legado que os nossos governos deixaram, sobretudo no plano federal, a vontade de trazer ventos de prosperidade e realizações públicas no plano municipal, cuja atual administração trabalhou para blindar a vinda desse progresso a São Paulo. Isso vai desencadear um movimento muito virtuoso pela renovação da cidade de São Paulo, que não vai compactuar com o atraso. Isso eu tenho segurança de dizer.

A campanha prevê maneiras de combater a esperada baixaria da campanha de José Serra? Na última eleição presidencial esperava-se o baixo nível, que aconteceu, e muitos militantes reclamaram que a campanha da Dilma demorou muito a reagir...

É porque ninguém espera, ainda mais numa campanha presidencial, esse tipo de expediente que foi utilizado, porque enfraquece a democracia. Nós temos que responder não na mesma moeda, mas com a militância positiva, a favor da verdade, a favor da liberação de energias criativas que São Paulo tem de sobra, ou seja, há muita criatividade na cidade de São Paulo. Colocando isso a serviço de um projeto de futuro, de um projeto mais humano para a cidade, não tem como esse tipo de ação prosperar.

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Vincent D'Onofrio: um grande ator nem sempre é um superstar


Como o detetive Robert "Bobby" Goren, em Criminal Intent

Muitas vezes se fala de grandes atores como se um grande ator tivesse de ser necessariamente um superstar. Marlon Brando, Al Pacino, Robert De Niro, Jack Nicholson, Russell Crowe, Anthony Hopkins, Gene Hackman etc.

Vincent D’Onofrio – nascido no Brooklyn, em 30 de junho de 1959 – não é um superstar, mas é um excelente ator. Ele é bastante conhecido como o detetive Robert "Bobby" Goren da série policial Law & Order: Criminal Intent, uma das poucas séries de que eu gosto, ou gostava, de ver, já que ela infelizmente acabou.

Na ótima série com locações em Nova York, o policial Robert Goren faz dupla com a detetive Alexandra Eames, interpretada pela atriz Kathryn Erbe.

A maneira como D’0nofrio encarna o culto policial que penetra nas mentes dos criminosos com um raciocínio lógico apurado aliado à intuição é dessas coisas que fazem a arte dramática valer a pena. Extremamente irônico, Bobby Goren/D’Onofrio está anos-luz à frente de personagens policiais insípidos que não convencem nem a própria mãe, seja de longas-metragens, seja de séries. Prova disso é que uma temporada da série que contou com o ator Jeff Goldblum substituindo D'Onofrio (mas não no mesmo papel) foi um fracasso. É como se Criminal Intent tivesse perdido sua alma.

Como disse o The New York Times em uma matéria, “os espectadores de Criminal Intent geralmente sabiam quem era o culpado (pelo crime). A recompensa de assistir à série, porém, era ver Goren agonizar – em cada caso, um Getsêmani pessoal – para resolver o mistério”.

Li em algum lugar, acho que no NYT mesmo, que Goren/D’Onofrio é um “detetive brilhante e atormentado que canaliza a mente criminosa enquanto a parceira mais prosaica, Alex Eames (Kathryn Erbe), cuida das provas”.

A série Law and Order: Criminal Intent completou 195 episódios ao longo de dez temporadas.

Nascido para matar, de Kubrick

Ator engordou 30 quilos para fazer o papel
Muitos devem se lembrar do perturbador filme Nascido para matar (1987) de Stanley Kubrick. Vincent D’Onofrio – que estudou no Actors Studio – era aquele gordinho psicopata (foto ao lado), o personagem Private Pyle. D’Onofrio engordou 30 quilos para fazer o papel (o que é uma prova de abnegação incrível).

Sobre a chance que lhe foi dada por Kubrick, D’Onofrio uma vez declarou: “Antes de Nascido para Matar, eu era um simples ator de teatro. Honrado, mas que nunca imaginei uma carreira no cinema. Kubrick ofereceu-me esta carreira. Devo agradecer a ele, e somente a ele, o que sou hoje".


Leia também:

Gandes atores (1): Anthony Hopkins, Gene Hackman, Marlon Brando, Rod Steiger

Gandes atores (2): Henry Fonda

Gandes atores (3): Paulo José: Macunaíma, Quincas Berro D'Água e O Palhaço

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Cinco anos da tragédia do voo 3054


O desastre em que terminou o voo 3054 da TAM, há cinco anos, às 18:51 do dia 17 de julho de 2007, me chocou porque eu cresci naquele bairro. Algo dessa magnitude é mais triste quando acontece na nossa “aldeia” (“o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia” – Fernando Pessoa).

Foto: Alexandre Maretti - clique para ampliar

Estranhamente, o processo criminal que corre no Tribunal Regional Federal de São Paulo acusa apenas pessoas físicas: a ex-diretora da Anac Denise Abreu; o ex-vice-presidente de Operações da TAM, Alberto Fajerman; e o ex-diretor de Segurança de Voo da TAM, Marco Aurélio dos Santos de Miranda e Castro, isentando as empresas (TAM e Airbus).

Insistiu-se (revista Veja, sempre ela) que a tragédia teria sido causada por erro do piloto, “induzido” por um problema no reversor direito da aeronave. Claro, é mais fácil acusar um homem morto.

Mas o fato é que, pelo que se divulgou também, o Airbus A320 apresentava problemas já fazia tempo. No dia 14 de julho, três dias antes do acidente, segundo o verbete da Wikipedia (mas isso está em outros sites), uma equipe de mecânicos teria detectado um vazamento de óleo no sistema hidráulico do reversor direito. O reversor é um sistema que ajuda a frenagem do avião, falando muito grosso modo, invertendo a força de empuxo das turbinas para o sentido contrário ao deslocamento da aeronave.

Devido ao problema, o reversor foi travado, por recomendação do manual da Airbus. Ao pousar, o manete de controle do reversor travado não deveria estar em posição de aceleração, pois isso causaria efeito contrário ao desejado: a frenagem. O piloto teria cometido o erro ao deixar esse reversor que não funcionava na posição de aceleração, “climb”.

Mas cabe uma pergunta: se no dia do acidente o mesmo piloto – considerado experiente – comandava o mesmo avião num pouso bem sucedido no próprio Aeroporto de Congonhas, como ele pode ter cometido tal erro? Seguiu-se uma pane eletrônica, pois o computador de comando da aeronave “entendeu” que a posição do manete do reversor direito significaria decolagem ou arremetida, e, como conseqüência, os freios mecânicos e os spoilers (freios aerodinâmicos) deixaram de funcionar. E a pista curta, molhada e escorregadia de Congonhas, que estava sem as ranhuras, também teria colaborado para a tragédia.

E, com tudo isso, como se pode atribuir responsabilidade ao comandante do avião?

De resto, sempre lembro da frase do fotógrafo que fez a imagem que ilustra este post, meu irmão, Alexandre Maretti, sobre o sentimento ao fotografar uma tragédia como essa: “Na hora em que está fotografando, você não pensa em nada. Depois é que vem a vontade de chorar.”

terça-feira, 17 de julho de 2012

Turismo na Grande São Paulo


É possível aproveitar outras veias da Região Metropolitana que não as da correria, do trânsito e da perplexidade diante de lugares abarrotados de pessoas


Casa das Rosas, na Paulista


Texto e fotos por Roseli Costa

Ao organizar minhas (longas) férias de professora, pude rapidamente perceber que as economias não dariam para bancar grandes viagens, a não ser a primeira visita a Buenos Aires – e a primeira em solo não brasileiro –, no início de agosto. Então, decidi passear por São Paulo e pelo Grande ABC sem lenço, sem dinheiro, com documento e com minha câmera em punho e, o principal, um olhar diferente: não julgador, não neurótico, não defensivo com relação à maior metrópole do Brasil...

E para “tocar” São Paulo, tive (e continuo tendo) de sair literalmente do salto, calçar confortavelmente, esquecer os points turísticos manjados por mim e por todos os que gostam de passear, tais como os maravilhosos mas não únicos Ibirapuera, MASP, Pinacoteca, Museu da Língua Portuguesa etc.

Restaurante Flutuante - Riacho Grande
Minha primeira intenção foi (re)visitar o bairro Riacho Grande, subdistrito de São Bernardo do Campo, cidade onde moro. Lá há cantinas-bares aconchegantes, com música ao vivo, tais como o Cantinho do Luiz e a Cantina do Pintor. Há também um restaurante-barco ancorado na represa Billings, do qual se tem uma vista mais panorâmica do Riacho e onde se podem comer frutos do mar e tomar drinques bem caseiros, próprios da região. Para arrematar a visita, pode-se caminhar por uma pitoresca feirinha de artesanato, onde se encontram tapetes, plantas, cerâmicas de muito bom gosto.

Um segundo ponto foi a Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos, um dos poucos casarões da Avenida Paulista remanescentes, que acondiciona, além de um belo jardim de rosas dos mais variados tamanhos e matizes, um museu que celebra a poesia, a literatura e as artes em geral com vários eventos e que contém muita história acerca daquela região paulistana que floresceu com a riqueza dos barões do café. Ali também tem um aconchegante café que enriquece o espírito contemplativo.


Utensílio indígena no Museu Casa do Tatuapé
Outra grata surpresa foi conhecer o Museu Casa do Tatuapé. É um casarão antigo incrustado no bairro, agressivamente invadido pelas residências, cujos moradores queriam na verdade que ruísse, transformando-o em depósito de lixo destelhado, bastante carcomido pelas águas das calhas para lá desviadas. Tais moradores compraram os terrenos de forma ilícita, sem conhecimento, já que era uma fazenda tombada há muito, sendo que seus primeiros proprietários foram vendendo pedaços de terra ilegalmente. Lá, se tem notícias dos costumes de construção (taipas de pilão), de utensílios, de acomodações do século XVII e de muita informação que fica bem mais prazerosa de receber longe dos livros didáticos.

Num outro momento, em visita ao bairro Campos Elíseos, além dos inúmeros e magníficos casarões, comuns em boa parte dos bairros nobres de São Paulo, deparei-me (essa é a palavra, pois foi uma surpresa) com o Museu da Energia. É um lindo casarão que pertenceu a Humberto Dummont, irmão de Santos Dummont.

Casarão pertenceu ao irmão de Santos Dummont

Além da beleza externa e interna da construção, com suas paredes decoradas, corrimãos de madeira nobre, piso elaborado com material já nem mais encontrado e muitos outros encantamentos que tais casarões podem nos causar, há em cada sala a história das conquistas advindas da luz, tais como TV de plasma, fotografia, tecnologias de ponta etc.

Ainda no Campos Elíseos, é possível cortar caminho seguindo sempre pela Alameda Nothmann para alcançar a famosa Rua José Paulino, onde há uma “orgia” de lojas de roupas, sapatos e adereços.

Bem, na verdade continuarei nessa empreitada: microturismo dentro da Grande São Paulo, com um olhar poético, curioso, contemplativo. Sem salto, sem dinheiro e com documento e câmera fotográfica.

É claro que na volta dos passeios, no metrô, em horários mais específicos, senti toda a carga negativa que invade Sampa, decorrente principalmente da falta de investimento na malha metroviária e no sistema de transporte público da capital paulistana. Mas isso ficou bastante diluído em meio ao prazer estético experimentado nos passeios e por não ser tal enfrentamento cotidiano para mim.

Leia (e veja) também, da série São Paulo em Imagens:

Estação da Luz

Escultura de fios

Verão na cidade

Outono na cidade

Nossa Senhora do Crack

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Rodovias paulistas terão pedágio urbano. Viva o governo tucano


São Paulo é a terra dos tucanos e dos pedágios. E da ignorância política, claro. No último dia 1º de julho, os pedágios das rodovias estaduais foram reajustados entre 4,26% e 4,98% (inflação acumulada nos últimos 12 meses). Para o leitor que não é de São Paulo ter uma idéia, com o aumento de R$ 1,10 no sistema Anchieta-Imigrantes a descida ao litoral paulista para curtir uma prainha custa R$ 21,20 para veículos de passeio.

Eduardo Metroviche


Como se já não bastasse, o paulista vai sofrer um novo golpe no bolso: o governo Alckmin vai implantar o pedágio eletrônico e até 2014 os usuários terão de desembolsar para usar estradas em trechos urbanos. Por exemplo, para ir ao aeroporto de Cumbica pela rodovia Ayrton Senna, em trechos entre a capital e São Bernardo pela Anchieta, entre a capital e Cotia pela Raposo Tavares.

Além da evidente extorsão, dos altos valores dos pedágios e da sanha com que se disseminam as cobranças, haverá enorme problemas urbanos nas cidades, causados por motoristas que desviarão da taxa por dentro dessas cidades ao longo das rodovias pedagiadas. Mais gastos, mais poluição, mais acidentes nas cidades.

O cinismo tucano não tem limites. Na campanha eleitoral de 2010, o então candidato Alckmin foi questionado sobre a sanha arrecadatória dos pedágios tucanos e prometeu estudos para reduzir os valores.
Como se vê, palavra de tucano tem uma credibilidade inversamente proporcional ao tamanho de seu bico. Mas o paulista vota e adora a espécie.

Atualizado às 16:22

domingo, 15 de julho de 2012

Galo de Gaúcho lidera Brasileiro após um quarto do campeonato disputado


Foto: Bruno Cantini/Divulgação
Podemos criticar, mas o cara decide

Vi cerca de um jogo e meio da nona rodada do Campeonato Brasileiro. No sábado, assisti ao segundo tempo da virada espetacular do Atlético-MG sobre o Figueirense no Orlando Scarpelli, em Florianópolis. O Galo do técnico Cuca e de Ronaldinho Gaúcho perdia por 3 a 1 até os 20 min do segundo tempo, quando começou a reagir com gol de Leonardo Silva e só parou após fazer 4 a 3. Já o Figueirense, pelo menos considerando esse jogo, parece fadado a lutar para não cair, e só.

Com 22 pontos, o Galo lidera o Brasileiro, após quase 25% (ou um quarto) da tabela cumprida (9 de 38 rodadas). Faltam três quartos, ou 75%, dos jogos. Vasco da Gama (com 20 pontos), Fluminense (19) e Botafogo (16) completam o G-4.

Uma palavra sobre Ronaldinho Gaúcho. Não é sombra do que foi, mas está sendo fundamental para o Atlético Mineiro, com jogadas cirúrgicas e decisivas (por exemplo, o que Ganso há muito tempo não é no Santos). Não sei quantos, mas se ele não estivesse lá parece óbvio que o Galo teria vários pontos a menos. Fiquem de olho. O Galo pode ir longe. Ou não. Em se tratando de Galo, pode-se esperar tudo... Felizmente não tenho a bola de cristal.

Inter e Santos desfigurados

E vi Internacional 0 x 0 Santos. Um jogo horrível no primeiro tempo (muitas faltas, pouca bola no chão, chutão pra todo lado) e bastante bom no segundo, quando pelo menos tivemos um “lá e cá” tático interessante (com um jogador a menos, o Santos jogou melhor e poderia ter vencido no Beira Rio, não fosse a inoperância do ataque com Dimba e Miralles).

Mas lembremos: Peixe x Colorado é um clássico nacional, mas hoje disputado por dois times que atualmente cedem suas estrelas para a seleção de Mano Menezes: o meia Oscar e o atacante Leandro Damião (do Inter) e o goleiro Rafael, PH Ganso e Neymar (do Santos).

(Um parêntese: o Santos não deve mais considerar Ganso como desfalque. Num post de dezembro passado, este blog já defendia o que está neste link: Está mais do que na hora do Santos negociar Paulo Henrique Ganso, em 24/dezembro/2011.)

Parêntese fechado, o Santos saiu de Porto Alegre com um ótimo resultado, o 0 a 0, embora pudesse ter sido bem melhor. Primeiro porque a arbitragem do senhor Wagner do Nascimento Magalhães (RJ) foi, para dizer o mínimo, caseira. Não gosto do lateral Juan (um dos homens de Muricy), mas hoje ele foi expulso pela arbitragem caseira, que estava louca para o Colorado de Dorival Jr. vencer.

Só que o Peixe continuou mandando no jogo mesmo após a expulsão de Juan, no comecinho do segundo tempo. Perdeu gols (tradição santista), depois sofreu pressão esperada no fim e por fim voltou da capital gaúcha com um ponto ganho, e tirou dois do Inter, um rival direto na briga por qualquer coisa, título ou G4.

Palmeiras 1 x 1 São Paulo
Reprodução
Felipão e Mazinho
Na Arena Barueri, com o triste público de 8.374 pagantes numa tarde fria na capital, o Palmeiras arrancou um bom empate (1 a 1) do São Paulo do novo técnico Ney Franco. O Alviverde perdia até os 36 da segunda etapa, quando Mazinho empatou o prélio. Lembremos que o time de Felipão estava numa semana de ressaca braba pela conquista da Copa do Brasil, o título mais importante do clube desde a Libertadores de 1999. O empate foi ruim para o Tricolor, que, se tivesse vencido, estaria em quarto, com 18 pontos, mas graças ao gol de Mazinho está em quinto, com 16. O Verdão, com meros 6 pontos, está em 19° e penúltimo lugar. Mas, como o Corinthians, é passageiro. Nem Timão nem Verdão vão cair para a segundona este ano.

O Flamengo ganhou do Bahia em Pituaçu com um pênalti inexistente (é impressionante como a arbitragem erra a favor do Flamengo).

O Corinthians, que saiu do rebaixamento ao vencer o Náutico por 2 a 1, fará um campeonato protocolar, à espera do Chelsea em dezembro, como o Santos de 2011.

No clássico carioca, Botafogo 1 x 1 Flu. O Fluminense de Abel Braga é candidato ao título. E o Botafogo de Oswaldo Oliveira, Renato, Seedorf (que ainda nem estreou) é um time interessante, insinuante. O Galo a mesma coisa. Contra ambos pesa a pecha de cavalos paraguaios de temporadas passadas. Vamos ver se conseguem superar esse estigma com Ronaldinho Gaúcho e Seedorf na parada.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

It's only rock'n roll (but I like It)


Bem, dizem que esta sexta-feira, 13 de julho, é o Dia do Rock (desde 1985, quando a data entrou no calendário das efemérides devido a um evento sobre o qual você pode ler em verbete da Wikipédia ).

Além disso, ontem, 12 de julho, o primeiro show dos Rolling Stones fez 50 anos. Ele foi realizado na arena do London Marquee Club.

Houve três grandes bandas de rock que para mim são a gênese, sem falar nas raízes do rock (o jazz, Chuck Berry, Elvis Presley, Bill Halley, Little Richard etc.), claro, e sem falar em Bob Dylan. Mas foram três as matrizes de todos os subgêneros do rock que vieram depois: The Beatles (primeira e maior de todas),Stones e Led Zeppelin.

Em homenagem ao espírito do rock'n roll, seguem duas grandes obras desse gênero musical arrebatador da segunda metade do século XX. Uma dos Stones e outra do Led Zeppelin (pois já homenageei bastante os Beatles aqui no blog).

Mesmo a meus amigos amantes do samba, peço que qualquer hora dessas percam uns minutos para ouvir essas duas sinfonias pop.



Rolling Stones: Sympathy For The Devil (live)





Led Zeppelin - Stairway to Heaven (live)

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Felipão triunfa mais uma vez, Palmeiras ganha sua segunda Copa do Brasil e está na Libertadores 2013


Não esqueçam que nos últimos 12 ou 14 anos passaram 26 técnicos pelo Palmeiras, passaram 262 jogadores, e essa é a equipe vencedora” (Luiz Felipe Scolari, na entrevista coletiva depois do título palmeirense).



O Alviverde volta a ser campeão de uma competição nacional após 14 anos, ao conquistar sua segunda Copa do Brasil batendo o Coritiba por 2 a 0 em Barueri, no jogo de ida, e empatando em 1 a 1 no Couto Pereira, na noite desta quarta-feira, 11 de julho – veja os gols abaixo.

(Falam que o último título nacional palmeirense tinha sido em 2000, com a tal Copa dos Campeões. Mas acho que, como título relevante, ou seja, tradicional, esse obscuro torneio pode ser descartado.)

Quem duvidou, viu outra vez Luiz Felipe Scolari elevar o Palmeiras ao podium dos campeões nacionais. Com um time limitado, é verdade, e que ainda jogou desfalcado de Valdívia e Barcos no jogo decisivo. E teve como adversário um Coritiba sem pegada, sem punch de campeão, que pecou pela incapacidade de fazer gols, tanto no jogo de ida como na partida de volta. Como o Corinthians de Tite campeão da Libertadores, o Palmeiras de Felipão triunfa sem encantar. Mas ambos triunfaram inquestionavelmente e estarão peleando na Libertadores de 2013.

Impressionante a capacidade de Felipão em mata-mata. Scolari acaba de ganhar seu quarto título na Copa do Brasil. Nenhum outro técnico venceu a competição mais do que uma vez. O gaúcho levantou o caneco por Criciúma (1991), Grêmio (1994) e Palmeiras (1998 e 2012).

Quero ver se tem um palmeirense macho pra vir falar mal de Felipão agora.

O time do Palestra Itália conquista sua segunda Copa do Brasil com o mesmo Felipão que, em 1998, ergueu a taça pela primeira vez, e que acaba de colocar ponto final à polêmica questão do chamado custo-benefício nessa sua mais recente passagem pelo clube. Além de tudo, o Palmeiras é o primeiro time brasileiro a garantir vaga na Libertadores do ano que vem. Qual o palmeirense que poderia querer mais?

Isso tudo traz lucro e auto-estima a um clube que estava carente de conquistas e precisava voltar a figurar entre os vencedores. Voltou. E, fazendo as contas, a relação custo-benefício acabou pendendo finalmente a favor do benefício. Felipão, mais uma vez, venceu. Com a ajuda inestimável de Marcos Assunção, peça sem a qual talvez não tivesse sido possível levantar o troféu.

Os gols da finalíssima:

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Planos de saúde: uma punição exemplar e necessária a quem lucra com a doença


Ou: um caso em que o Estado intervém nas atividades do setor privado pelo interesse público

Aplausos à "sanção de caráter pedagógico" imposto pelo governo federal (leia-se: governo Dilma) às operadoras de planos de saúde que não cumprem prazos para agendamento de consultas e exames médicos. O termo "caráter pedagógico" foi utilizado pela advogada do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) Joana Cruz, segundo o Uol.

Foi proibida a venda de 268 planos de saúde comercializados por 37 operadoras (veja lista abaixo) que desrespeitam os prazos máximos de atendimento determinados por resolução da Agência Nacional de Saúde, que dá três meses para elas se adequarem. A proibição da venda de novos planos não deve prejudicar os clientes que já têm os planos das operadoras punidas.

Trata-se de um típico exemplo de intervenção necessária e fundamental do Estado para corrigir as distorções de um sistema que lucra com a doença e a dor, e, além disso, não cumpre nem mesmo com suas obrigações legais assumidas – já que nem se pode falar em obrigações humanitárias para empresários que lucram com a saúde (ou falta de saúde) das pessoas.

Uma intervenção que deve causar calafrios nos que se comprazem com o sucateamento dos serviços de saúde pública e acham que, no fim das contas, o mercado é que deve gerir o setor.

A sanção foi anunciada nesta terça-feira, 10, pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha. De acordo com a Agência Brasil, "para as consultas básicas, o cliente deve esperar no máximo por sete dias úteis para conseguir o atendimento. Para outras especialidades o prazo é 14 dias e para procedimentos de alta complexidade, 21 dias".

Para denúncias contra falta de cumprimento das regras pelas operadoras, o usuário deve contatar a ANS:

Disque ANS (0800 701 9656) ou pela internat, aqui.

A lista das operadoras punidas pela ANS é a seguinte:

Admédico Administração de Serviços Médicos a Empresas Ltda,
Administradora Brasileira de Assistência Médica Ltda,
ASL – Assistência à Saúde,
Assistência Médico Hospitalar São Lucas S/A,
Beneplan Plano de Saúde Ltda,
Casa de Saúde São Bernardo S/A,
Centro Clínico Gaúcho Ltda,
Centro Transmontano de São Paulo,
Excelsior Med S/A,
Fundação Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte,
Fundação Waldemar Barnsley Pessoa,
Green Line Sistema de Saúde S/A,
Grupo Hospitalar do Rio de Janeiro Ltda (Assim),
HBC Saúde S/C Ltda,
Memorial Saúde Ltda,
Nossa Saúde – Operadora de Planos Privados de Assistência à Saúde Ltda,
Operadora Ideal Saúde Ltda,
Porto Alegre Clínicas S/S Ltda,
Prevent Sênior Private Operadora de Saúde Ltda.
Real Saúde Ltda EPP,
Recife Meridional Assistência Médica Ltda,
Samp Espírito Santo Assistência Ltda,
São Francisco Assistência Médica Ltda,
São Francisco Sistema de Saúde Sociedade Empresária Ltda,
Saúde Medicol S/A,
Seisa Serviços Integrados de Saúde Ltda,
SMS – Assistência Médica Ltda,
Social – Sociedade Assistencial e Cultural,
Sosaúde Assistência Médico Hospitalar Ltda,
Unimed Brasília Cooperativa de Trabalho Médico,
Unimed Federação Interfederativa das Cooperativas Médicas do Centro-Oeste e Tocantins,
Unimed Guararapes Cooperativa de Trabalho Médico Ltda,
Unimed Maceió Cooperativa de Trabalho Médico,
Unimed Paulistana Sociedade Cooperativa de Trabalho Médico,
Universal Saúde Assistência Médica S/A,
Vida Saudável S/C Ltda,
Viva Planos de Saúde Ltda.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

A arte e o poder


“Como o Mal é forte!”


A frase acima é de Hendrik Höfgen, principal personagem do livro Mefisto, de Klaus Mann. A obra (da editora Estação Liberdade), que acabo de ler, estava há cerca de dez anos em minha estante e, por algum motivo, eu ainda não havia lido.

O romance aborda a ascensão de um ator de teatro provinciano durante o período da Alemanha nazista e sua relação simbiótica com os donos do Terceiro Reich: ele, servindo como uma espécie de brinquedo aos donos do poder e, por sua vez, valendo-se de suas relações com os altos membros do partido Nacional Socialista de Adolf Hitler para conseguir sucesso, fama e riqueza. Uma espécie de metáfora do pacto com o diabo – tema tantas vezes utilizado na literatura, como em Fausto, de Goethe (livro baseado em uma história popular da Alemanha), e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

Mas, no caso de Mefisto, a abordagem é totalmente desprovida de qualquer aspecto metafísico e/ou religioso, resumindo-se ao caráter objetivo das relações entre arte e poder, fato que impede que sua leitura seja objeto de um encantamento, por assim dizer, que as relações com o invisível dão a outras obras que abordam o tema do pacto.

Do ponto de vista formal, o livro não é uma obra-prima e tem alguns problemas, uns mais, outros menos graves. Um que me parece um vício narrativo incômodo: cada personagem que aparece pela primeira vez em Mefisto é apresentado a partir de seus traços físicos e vestuário, o que a partir de certa altura começa a se tornar enfadonho. Esse modelo, ou essa forma, digamos, naturalista da narrativa quanto ao aspecto das personagens, compromete a fluência da leitura, truncando-a: penso que, se para o autor é tão importante que haja uma descrição tão minuciosa da forma da sobrancelha, dos olhos, da testa, do queixo e das roupas de todos os personagens, isso tem de ficar mais diluído ao longo da narrativa, justamente para não truncar, não se perder a fluência e a espontaneidade.

Outro ponto, este ainda mais grave, é a permanente intromissão do narrador, com suas opiniões, seja diretamente, seja por meio de ironias pouco sutis, na narrativa. Ok, o nazismo e tudo o que o engendrou é abominável. Mas esse caráter horrendo da realidade histórica ou romanesca e de seus protagonistas não justifica que o autor use o narrador para opinar permanentemente, o que tira do leitor a prerrogativa ou o benefício da ambigüidade, da dúvida e do mistério, características de todo grande romance.

Seja como for, e ressalvas feitas, é bastante interessante a experiência de ler Mefisto de Klaus Mann. Aparadas as arestas acima criticadas, vale a pena ler. Leia.

Um modelo real

Para escrever Mefisto e construir a história de Hendrik Höfgen, o personagem central, Klauss Mann usou um modelo real: seu ex-cunhado Gustaf Gründgens, que foi casado com a irmã de Mann, Erika, o que o autor nunca admitiu. Mas a verdade é que a obra, de 1936, ficou mais de 40 anos proibida na Alemanha, porque a justiça considerou que difamava a imagem do ex-cunhado de Mann. De fato, não há como negar as enormes semelhanças, ou melhor, mais do que isso, o paralelismo entre o personagem Höfgen e o cunhado Gründgens. Ambos são atores extraordinários, talentosos, ambiciosos e, para culminar, chegaram ao auge em dois momentos: o artístico, quando interpretam nos palcos o Mefistófeles, em peça baseada no Fausto de Goethe; e o pessoal, quando o personagem Höfgen, assim como seu modelo, chega a um alto cargo ligado à cultura na Alemanha nazista, graças a suas relações com o poder. Hendrik Höfgen, o ator fictício, vive um drama de consciência, que procura aplacar interferindo a favor de um ator comunista contra a repressão nazista. Consta que o homem Gustaf Gründgens, de fato, aproveitando sua íntima relação com o nazismo, ajudava perseguidos políticos.
Reprodução
O escritor Klaus Mann
Os ingredientes da vida real apontam para algo mais do que casual no rumoroso relacionamento entre Klaus Mann e o ex-cunhado Gründgens e o ódio explícito com que este é retratado pelo autor em Mefisto: Mann era homossexual, e Gründgens, ex-casado com sua irmã Erika Mann, era bissexual. Daí não se pode inferir ou concluir que houvesse um ciúme inconfesso de Klaus Mann em torno do relacionamento do ator que foi seu modelo para Mefisto e também seu cunhado. Mas a informação merece registro.

O autor, Klaus Mann, é filho do grande escritor Thomas Mann e teve com o pai uma relação conturbada. Nascido em Munique em 1906, Klaus Mann sofria de depressão e morreu de uma overdose de sonífero em 22 de maio de 1949, em Cannes.

Agora que li o livro, vou assistir ao filme Mephisto (1981), dirigido por István Szabó, baseado no livro (muito raramente eu assisto a filmes feitos a partir de obras literárias antes de ler as próprias). Depois faço um adendo aqui ou escrevo outro post sobre o filme.

Homem bom
Mefisto tem muitas semelhanças interessantes, em relação ao tema cultura e poder, com o excelente filme O Homem Bom, do diretor Vicente Amorim, já abordado neste blog: neste link.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Copa do Brasil: Palmeiras se aproxima do primeiro título nacional em 14 anos


O Palmeiras derrotou o Coritiba por 2 a 0 em Barueri pelo jogo de ida da final da Copa do Brasil 2012 e deu um passo gigantesco para conquistar seu primeiro título nacional desde 1998, quando ganhou a mesma competição, com o mesmo Felipão, ao vencer o Cruzeiro por 2 a 0 no Parque Antarctica.

A situação do Coritiba é muito difícil, principalmente porque o "gol marcado fora" vale na final da CB, ao contrário da Libertadores, quando o regulamento deixa de valer na final. Se o Parmera fizer um tento em Curitiba, o Coxa precisa fazer quatro.



Mas cabe a ressalva de que a arbitragem favoreceu o Palmeiras enormemente. Márcio Araújo poderia ter levado o segundo amarelo; quando já estava 1 a 0, houve um pênalti claro no meia Tcheco não marcado; e, antes, no pênalti para o time paulista, o juiz (no caso, acertadamente, embora pudesse ter dado falta do atacante) apontou a cal sem hesitar. Porém, se o Coritiba do técnico Marcelo Oliveira tem algo a reclamar é de seus atacantes, que poderiam ter feito um ou dois a zero no primeiro tempo, em que a equipe paranaense jogou muito melhor, mas foi para o intervalo perdendo por 1 a 0 graças à bola parada de Assunção que redundou no pênalti covertido por Valdívia.

Valdívia que, aliás, foi a nota negativa: expulso por uma entrada criminosa de cotovelo em Willian Farias. O chileno Valdívia está para o Palmeiras como Ganso para o Santos. Jogadores que deveriam ser vendidos o quanto antes por seus clubes, para minimizar os prejuízos.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Argentina faz justiça


Esse frágil velhinho da foto é o general Jorge Rafael Videla, presidente da Argentina entre 1976 e 1981, um dos mais sanguinários genocidas da história recente da América do Sul. Estima-se que, entre 1976 e 1983, a ditadura argentina natou 30 mil civis. Por isso, merece registro a notícia que reproduzo da Agência Brasil:

Os ex-presidentes da Argentina Jorge Rafael Videla e Reynaldo Bignone foram condenados a 50 e 15 anos de prisão em regime fechado, respectivamente, por subtração de bebês durante a ditadura militar na Argentina (1976-1983). A estimativa é que mais de 100 crianças, filhas de prisioneiras grávidas durante o regime militar, tenham sido entregues para adoção a militares ou policiais durante o período.

As sentenças foram proferidas pelo Tribunal Federal Oral Nº 6.
(...)
O julgamento ocorreu após 15 anos do começo das investigações. O processo foi movido pela líder da organização Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto. A organização reúne mães e avós de adultos e crianças desaparecidas durante os governos militares na Argentina.


Videla, 86 anos, já havia sido condenado pela Justiça, em dezembro de 2010, à prisão perpétua por crimes de lesa-humanidade, como o assassinato de 31 presos políticos. Bignone, 84 anos, também recebeu a pena de prisão perpétua em abril de 2011 por sequestros, torturas, assassinatos e desaparecimento de pessoas durante o regime militar (Daniella Jinkings - da Agencia Brasil
.

O mundo está acabando ou é impressão minha?


Minha nossa senhora do Mont Serrat, ou, como diz meu amigo Marco Ferreira, “nossa senhora da Abadia!”

Que histeria!

Enfim, o Corinthians é campeão da Libertadores. Com todos os méritos. Mas com que êxtase sobrenatural comemoram um título pelo qual tanto desdém manifestaram! Foi tanto rojão que o ar cheirava a pólvora logo após o fim do prélio em que o Corinthians venceu o Boca Juniors por 2 a 0, no Pacaembu, e levantou a Libertadores.

É muito gostoso ganhar a “Copita” (como dizia o Citadini), né? Mas é normal, minha gente, calma, acontece de vez em quando, não precisa endoidecer e gritar tanto. Credo. Já faz mais de uma hora que o jogo acabou e a histeria continua. O fundamentalismo é opressivo.

Como disse o palmeirense Alexandre em comentário a um post anterior: “Tô achando que uma Libertadores pra esses caras pode ser até bom, vai dar uma acalmada”.



Falando de futebol

Manchete online do El Clarín


É incrível como, olhando para trás, vemos que o destino desse título foi traçado por Andrés Sánchez quando manteve o técnico Tite, contra tudo e todos, após a desclassificação para o pobre Tolima na pré-Libertadores de 2011. Não fosse aquela atitude do então presidente corintiano, esse sonhado título talvez não tivesse virado realidade, não estivesse sendo comemorado agora.

De resto, o Boca Juniors de hoje esteve muito longe do grande time do início dos anos 2000, que derrotou Palmeiras (com um jovem Riquelme), Santos (com um jovem Tévez), Milan e outros. A manchete online do El Clarín logo após o jogo, reproduzida acima, diz tudo.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Corinthians x Boca: a hora da verdade. Mas que verdade?


Notei – via Google Analytics – que nas últimas duas semanas cresceu o acesso a este blog de internautas procurando apaziguar sua ansiedade frente à final da Libertadores, em busca de esclarecimentos dos céus, sinais, previsões, algo que indique de fonte extraterrena segura para onde vai neste 2012 o cobiçado troféu continental, cujo atual campeão é o Santos. Mas, infelizmente, o futuro não existe, meus amigos, e a popular frase “o futuro a Deus pertence” nada mais é do que um eufemismo para essa dura realidade. E, como eu já disse em post anterior, este blog não dá consultas espirituais.

A título de curiosidade, só para ficar em alguns termos de busca dos desesperados dos últimos dias, alguns digitaram esses termos em sites de busca (reproduzidos tal como foram originalmente digitados):

previsoes esotericas para corinthians x boca juniors

o que roberio de ogum diz sobre a final da libertadores 2012?

roberio de ogum revela quem ganha a libertadores 2012 corinthians ou boca juniors

premoniçoes para o jogo entre corinthians e boca

Alguns, ainda mais ansiosos, querem saber até os detalhes:

robério de ogum quanto vai ser o jogo entre corinthian e boca


Outros recorrem a futurologias de outros tipos, como:

previsão das cartas para o campeão da libertadore 2012

Enfim, o desespero e a ansiedade são tão grandes que às vezes o cara não consegue nem terminar de escrever a palavra inteira e já dá enter quando chega em corinthian ou libertadore. Pelo que entendo de Google, acho que nem precisaria tanto: basta chegar a corint que já se obtém alguma coisa, embora, claro, não uma resposta realmente esclarecedora, pois, como eu disse, o futuro não existe. É preciso considerar coisas mais terrenas também, como o que diz Paulo Vinícius Coelho em seu blog: “Para vencer, o Corinthians não pode permitir ao Boca fazer seu jogo de posse de bola. Tem ele, Corinthians, de trocar passes, pressionar. Ou perderá”.
Foto: Roseli Costa

A minha parte eu faço
 De minha parte, acho que a Libertadores e o próprio futebol perderão muito de sua graça se, com titebilidade ou não, o caneco for para o Parque São Jorge. Como disse o palmeirense Anselmo no Futepoca, no quinto item do post Só para secadores: sete motivos para acreditar e torcer para o Boca:

“5) Porque a Libertadores perderia o sentido

Muitos corintianos disseram e repetiram, nos últimos 20 anos – desde que o São Paulo faturou a competição – que o campeonato continental só existia para o Corinthians vencê-lo um dia. O egocentrismo ímpar não tem razão de ser, mas guarda uma pontinha de sentido se considerado que a graça da disputa vai diminuir. Celebrar presença em uma competição tinha um gosto de poder descascar um rival que ainda não tinha a conquista no currículo. Se isso mudar, diminuem as motivações.”

Misticismo e ciência

Outra coisa: a profecia (que pode estar baseada na matemática) segundo a qual o mundo acabará antes do Corinthians ganhar a Libertadores pode estar levemente equivocada, pois, como se sabe, em cálculos astronômicos qualquer milionésimo pode redundar em enormes diferenças. Então, pode-se interpretar que o mundo chegará ao fim se (e não antes de) o Timão conseguir realizar seu sonho. Note-se que aqui não estamos falando de simples esoterismos e misticismos, mas de astronomia, uma ciência. Há fontes que garantem que o Planeta X (termo usado por cientistas) ou Nibiru (como o denominavam os sumérios) aproxima-se da Terra depois de sua órbita elíptica de 3.500 anos. Nesse caso, a Libertadores e o Corinthians nada significam, já que, se Nibiru estiver mesmo se aproximando, fatalmente chegará (alguns calculam que será em 2012, outros apontam para 2038), seja qual for o resultado do jogo de amanhã. Mas vai saber. Pelo sim, pelo não, é melhor secar.

Assim, faço coro a todos os milhões de secadores brasileiros, principalmente paulistas, que concordam em que muito da graça do futebol acabará se o troféu ficar em São Paulo amanhã.

Sequemos, pois. Como disse o Anselmo no post acima citado: “é preciso secar. E agir com afinco. Vale mandinga, pé de coelho, folha de arruda, vela para o santo... Vale superstição barata, elaborada, requintada, metafísica...”.

Mesmo que você não acredite em nada disso.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Espanha consolida hegemonia


Mamma mia, 4 a 0! Iniesta e Xavi comandaram o verdadeiro baile que a Espanha fez a Itália de Andrea Pirlo dançar na final do Eurocopa da Polônia e Ucrânia, disputada no Estádio Olímpico de Kiev. O título torna o time espanhol uma força cuja hegemonia jamais se viu.

Clique na imagem para ampliar
Edição online do jornal Marca

Nunca antes uma seleção venceu tanto em tão pouco tempo: são agora duas Euros seguidas (2008 e 2012) e uma Copa do Mundo (2010) conquistadas pelo “aborrecido” futebol espanhol, como eu mesmo já cheguei a comentar... No primeiro título do “triplete”, ainda comandada por Luis Aragonés, a Fúria bateu na final a Alemanha (1 a 0).

Em 2010, já com o treinador Vicente Del Bosque, La Roja ganhou da Holanda também pelo placar mínimo. Relembre aqui.

E agora, mesmo a surpreendente Azzurra, que apresentou um futebol mais bonito e técnico do que normalmente e parecia que poderia complicar para os ibéricos, sucumbiu pelo mesmo placar que o Santos caiu diante do Barcelona no Mundial de Clubes.

Um futebol solidário, que marca em todo o campo, não tem pudor de cometer faltas, toca a bola até esgotar o adversário e quando encaixa seus ataques (os quais procura com uma paciência impressionante) é mortal, graças aos cérebros de Iniesta a Xavi.

Por enquanto não tem pra ninguém. Faltam dois anos para a Copa do Mundo no Brasil e para aparecer um time capaz de parar a máquina espanhola.