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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Uma história repulsiva de escravidão sexual na Líbia de Muammar Khadafi

O jornal francês Le Monde publicou ontem a história estarrecedora de uma jovem, hoje com 22 anos, que foi uma escrava sexual do líder da Líbia deposto e morto recentemente. A jovem, “bela como o dia”, mas “despedaçada”, contou ao jornal o seu “calvário”. Não é difícil para nós, no Ocidente, imaginar a vida das mulheres no Oriente Médio. A humilhação e a brutalidade estão presentes mesmo na vida das que estão inseridas no mundo da legalidade e do casamento, como mostra o excelente filme Kadosh, de Amos Gitai.

Clique na foto para ampliar
Mulher no Irã: Foto de Marcello Casal Jr/ ABr
Mas quando essas histórias ocultas são reveladas, a realidade repulsiva das pessoas submetidas ao poder de ditadores ou pequenos ditadores sobre a vida e a morte parecem ganhar uma aura de verdade que antes não tinham.

A jovem contou ao Le Monde que “tinha 15 anos quando, em 2004, foi escolhida dentre as garotas de seu colégio para entregar um buquê de flores ao ‘Guia’ (Muammar Khadafi), que visitava a escola onde ele tinha primos”. Na ocasião, “O coronel colocou a mão em seu ombro e acariciou seus cabelos, lentamente. Era um sinal para seus guarda-costas que significava: ‘Quero esta aqui’”.

Para resumir a horrível história, a menina “foi levada para o deserto”, “convidada” a viver com o ditador líbio sob a promessa de ter tudo o que quisesse. Claro que ela não queria, mas não tinha escolha. “Nas horas seguintes, Safia [nome fictício], assustada, foi vestida com peças íntimas e ‘roupas sexy’. Ensinaram-lhe a dançar, a se despir ao som de música, e "outros deveres". Ela soluçava, pedindo para voltar à casa de seus pais. Mabrouka [serviçal do ditador incumbida de “cuidar” da menina] sorria. Voltar à vida normal não era mais uma opção”.

A partir de então, Safia passou a ser sistematicamente estuprada e submetida a uma tirania atroz, de acordo com a mentalidade doentia e sádica do “Guia” (como era chamado Khadafi entre os humildes servos do seu povo), digna de uma cena de Salò – os 120 Dias de Sodoma, de Pasolini.

"Por que ele roubou minha vida?"

"Quando vi o cadáver de Khadafi exposto à multidão, por um momento senti prazer. Depois, senti um gosto amargo na boca", disse a jovem ao Le Monde. “Ela queria que ele estivesse vivo, que fosse capturado e julgado por um tribunal internacional. Nesses últimos meses, só pensou nisso. ‘Eu me preparava para enfrentá-lo e lhe perguntar, olhos nos olhos: por quê? Por que fez isso comigo? Por que me estuprou? Por que me bateu, me drogou, me insultou? Por que me ensinou a beber, a fumar? Por que roubou minha vida?’”

O pior é pensar que a queda de Muammar Khadafi está muito longe de acabar com essa cultura em que chefes de tribo, chefetes políticos e outros “guias” espalhados pelo país se julgam no direito de subjugar, humilhar e destruir a vida das pessoas, das mulheres especialmente.

Recomendo à ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Política para as Mulheres, que pediu a suspensão da propaganda com a modelo Gisele Bündchen para uma marca de lingerie, por considerá-la “sexista”, a fazer uma visita à Líbia, ao Irã, à Arábia Saudita, como uma espécie de estágio. Nesses países, ela poderia estudar melhor o tema direitos das mulheres. Nesses países, não existe humor, nem liberdade, nem direitos.

Leia reportagem na íntegra, no original do Le Monde ou na tradução no Uol.

*Atualizado às 17:31

terça-feira, 25 de outubro de 2011

O futuro sombrio da Líbia

O que acontecerá com a Líbia após a queda e morte de Muammar Kadhafi? Com a intervenção decisiva da Otan, apoiada inicialmente pelos Estados Unidos, os rebeldes se insurgiram contra o regime que já durava 42 anos e o derrotaram sob o custo de milhares de mortos.

Bandeira de 1951 volta a vigorar
 Mas, agora, depois da fase do festim macabro instaurado com a execução do ex-líder, o país parece encaminhar-se para um destino semelhante ao do Iraque pós- Sadam Hussein. Apesar das exortações (como sempre, hipócritas e teatrais) das lideranças ocidentais, a começar de Barack Obama, para que a Líbia agora se dirija à santa democracia, “A Líbia é tribal de A a Z. Há 140 tribos”, como escreveu o jornalista Pepe Escobar no Asia Times Online, em artigo de fevereiro deste ano (mas muito atual e elucidativo da realidade do país), reproduzido em português no Viomundo no início da “revolução” líbia (leia aqui).

“Resultado inevitável desse sistema político tribal – continuava então Escobar –, foi o esmagamento de qualquer sociedade civil baseada em instituições democráticas.” E ainda: “Seja lá o que for que venha a emergir desse vulcão, não parece haver meio de evitar que a Líbia seja partida em territórios tribais. Não é exagero dizer que, para a juventude – tribal – líbia, que foi às ruas para lutar contra o regime super armado de Gaddafi, a peste é a mentalidade tribal. Não será varrida da noite para o dia.”

E infelizmente o caos parece confirmar, pelo menos nesse início pós- Kadhafi, as expectativas mais pessimistas. Nesta segunda-feira, cerca de 100 pessoas ou mais morreram e pelo menos 50 ficaram feridas na explosão de um depósito de combustível em Sirte (cidade de Kadhafi), segundo disse à AFP Leith Mohamed, do Conselho Nacional de Transição (CNT). No mesmo dia, a ONG Human Rights Watch (HRW) disse ter encontrado 53 corpos em estado de decomposição, provavelmente de partidários ou aliados de Kadhafi, com sinais de execução sumária.

De acordo com Leslie Gelb, presidente emérito do Council on Foreign Relations, citado pela BBC, “os grupos que se uniram para lutar contra Kadhafi têm pouco em comum. Acho muito provável que comecem a lutar uns contra os outros, e a matar uns aos outros".

Enquanto isso, conforme as agências internacionais divulgaram na mesma segunda-feira, o presidente do Conselho Nacional de Transição (CNT) do país, Mustafá Abdul Jalil, afirmou que Líbia será regida pela lei islâmica, a Sharia.

Mulheres

Uma mulher citada pela AFP disse o seguinte: "É chocante e insultante constatar que depois do sacrifício de milhares de líbios pela liberdade, a prioridade dos novos líderes é permitir que os homens casem em segredo (...) Nós não vencemos Golias para viver na Inquisição", afirmou a mulher de 40 anos. Para essa mulher, que conhece o que se passa com as mulheres no Irã e na Arábia Saudita, não é muito reconfortante que Mustafá Abdul Jalil tenha feito uma ressalva: "Quero certificar a comunidade internacional de que nós, líbios, somos muçulmanos moderados".

Está prevista para duas semanas a definição do novo governo provisório líbio. Espero de coração que o título deste post seja desmentido pela história.

PS: Mantenho neste post a grafia que eu uso para o nome Muammar Kadhafi assim como a usada por Pepe Escobar, citado (Gaddafi). Como eu disse em post anterior, pode-se usar Muammar Kadhafi, Muamar Gaddafi, Mu'ammar al-Qadhdhafi, Muamar Gadafi, Muammar al-Kadhafi etc, pois as possibilidades de grafia do nome do ex-líder líbio são muitas.

*Já sobre o tema Muammar Kadhafi, as acusações de terrorismo que pesam contra ele, especificamente a explosão do avião da Pan Am sobre a cidade escocesa de Lockerbie, em 1988, os julgamentos, as teorias e versões sobre o fato, recomendo o texto de Vladimir Aras, soteropolitano, membro do Ministério Público Federal: Kadafi e o atentado de Lockerbie

*Atualizado às 15:49

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Tenho certeza de que o mundo não vai acabar hoje


Este visual pode aparecer no sábado, ou não

Amigos, este post é só para avisar a todos vocês que o mundo não vai acabar hoje, 21 de outubro de 2011, Ok?

O engenheiro civil aposentado Harold Camping, presidente de um grupo evangélico cristão na Califórnia (EUA) chamado Family Radio, havia profetizado o fim dos tempos para 21 de maio. Não rolou. Aliás, o mesmo grupo de adoradores do juízo final já tinha errado sua primeira previsão (se quiser perder tempo, relembre aqui), segundo a qual a Terra iria acabar em 1994. Não acabou em 94 nem em 21 de maio de 2011 e o cara resolveu marcar nova data, hoje.

E tenho convicção de que os torcedores da Portuguesa verão seu time na primeira divisão em 2012. Acreditem!

Se o Corinthians estiver na Libertadores no ano que vem, dizem alguns que o risco de o mundo acabar aumenta. Isso porque existe a crença de que o apocalipse, nas Escrituras, precede esse título do Timão. Porém, para outros, se o Alvinegro do Parque São Jorge ganhar a Libertadores, não será o mundo que vai acabar, e sim a graça do futebol!

Enfim, prezados, há coisas que, acredito, vão acontecer com certeza antes do fim do mundo. Nas artes, como o planeta não acabará hoje, em 2012 Woody Allen lançará um novo filme, por exemplo. O que acho ótimo, porque, como já ficou claro neste blog, Woody Allen “é que nem pizza: mesmo quando é ruim, é bom”.

Na questão tributária, creio que o IPI vai ser majorado para os carros importados, apesar de o Supremo Tribunal Federal ter suspendido o aumento imediato (notícia de hoje). É que o ministro Marco Aurélio achou por bem fazer respeitar o princípio da nonagesimalidade (o tributo só pode entrar em vigor 90 dias após ser instituído por lei, e parece que o IPI pode ser considerado uma contribuição social – estarei errado? –, como me ensinou um meu amigo e professor tributarista). Mas que vigorará, vigorará (*Por e-mail, meu amigo e professor tributarista esclarece a questão do julgamento do STF - veja comentário 4, clicando no link "comentários" deste post, abaixo - atualizado às 17:46).

Finalmente, consultei o Climatempo. Como o mundo não vai acabar nesta sexta-feira, teremos um dia aprazível no sábado. “Sol com algumas nuvens. Não chove” (a foto acima é uma tentativa de previsão do tempo), e a temperatura vai variar entre 12° e 28°.

Já na editoria de notícias internacionais, com o perdão da pieguice, o mundo acabou foi para Muammar Kadhafi, Muamar Gaddafi, Mu'ammar al-Qadhdhafi, Muamar Gadafi, Muammar al-Kadhafi etc. (As possibilidades de grafia do nome do ex-líder líbio são muitas.)

Mas sobre esse tema, Líbia, eu falarei em outro post em breve. Prometo, já que o mundo não vai acabar hoje.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Líbia: "Vi morrer crianças, mulheres, homens... como se fossem animais"

Foto: Reprodução

Este abaixo é o trecho de matéria publicada ontem no jornal espanhol El País, com impressionante depoimento de um refugiado:

Praticamente todos os edifícios grandes foram destruídos”, afirmou um refugiado. “Não vi guerra mais suja do que esta, queixava-se o líbio de origem palestina Sami Alderramán. Os rebeldes combatem desde as 11 da manhã às sete da tarde. Mas o pior são os bombardeios da Otan, que ocorrem frequentemente a partir das 11 (23 horas). E disparam contra qualquer edifício. (...) Vi morrer crianças, mulheres, homens... como se fossem animais. Eu peguei minha família e a coloquei num porão, e quando pudemos saímos dali. Não há luz, apenas alimentos.... Nos últimos seis meses, pode ser que tenham morrido em Sirte umas 3 mil pessoas.” A matéria do El País  está aqui.

Atentemos para o fato de que, se a estimativa do homem estiver próxima da verdade, o número de mortos civis vítimas dos bombardeios e da luta sangrenta entre forças leais a Muamar Khadafi apenas em Sirte, cidade natal do ditador, é equivalente aos que morreram nas Torres Gêmeas em Nova York no 11 de setembro de 2001.

Ontem, terça-feira, 27 de setembro, as forças leais ao chamado “novo governo” chegaram ao centro de Sirte. Segundo as agências internacionais, os combatentes anti-Khadafi assumiram o controle do porto e de vários pontos estratégicos. Segundo os combatentes, Muamar Khadafi estaria em Ghadamis, perto da fronteira com a Argélia. Ele teria dito que vai lutar até o fim.

A pergunta que fica: a Líbia vai se transformar num novo Iraque?

Leia também: Amanhece em Trípoli

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Amanhece em Trípoli


Às 23h45 de Brasília, são 04h45 de sexta-feira, mais um dia da guerra civil em Trípoli. A capital da Líbia está dominada pelos rebeldes mas Khadafi continua desaparecido e resiste, embora seu governo seja considerado extinto pela chamada comunidade internacional e pelos que o combatem em seu país. O texto abaixo é da BBC:

"Enquanto a caçada ao coronel Muamar Khadafi prossegue, dois dias após a tomada de seu quartel-general pelas forças rebeldes da Líbia, jornalistas da BBC testemunharam os primeiros sinais de massacres nos confrontos ocorridos na capital, Trípoli."

As imagens, desta quinta-feira, 25, são via Al Jazeera.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Kadhafi está no fim

O regime de Muammar Kadhafi está caindo. Não se sabe o que virá a partir de agora na Líbia. Quais serão as conseqüências do apoio da Otan e dos Estados Unidos aos rebeldes que comemoram em Benghazi e na capital Trípoli a ainda não anunciada queda do ditador que em fevereiro prometia banhar o país de sangue (e banha há muito tempo)?

Rebeldes na capital Trípoli - Foto: Reprodução/ Al Jazeera
 O fato é que o regime sanguinário está no fim. Os rebeldes anunciaram a prisão de três dos filhos do patriarca que governa com mão de ferro e muito sangue o país há 41 anos e dizem que já controlam Trípoli. O presidente dos Estados Unidos Barack Obama manifestou-se com as seguintes palavras agora há pouco:

Nesta noite, a pressão sobre o regime de Kadafi chegou a um ponto crítico. Trípoli está escapando das mãos de um tirano. O regime dá sinais de que está caindo. O povo da Líbia está mostrando que a busca universal de dignidade e liberdade é muito mais forte que o punho de ferro de um ditador.”

Ok, sabemos o que significa o apoio da Otan e dos EUA aos rebeldes. Mas eu, na minha insignificância, saúdo a queda de Kadhafi e espero que se confirme. Ouvi agora na Al Jazeera um homem do povo, simples, em Trípoli, dizer à câmera literalmente: “We are all free”. Confesso que me emocionei.

Assista ao vivo a cobertura da rede Al Jazeera dos acontecimentos na Líbia clicando neste link:

Al Jazeera Live

sexta-feira, 4 de março de 2011

Pensamento para sexta-feira: o jornalista no teatro da guerra


É muito bonito e corajoso o trabalho da dupla de enviados especiais da Folha de S. Paulo (Marcelo Ninio e o fotógrafo Joel Silva) à cidade de Brega, na Líbia, um pequeno mas simbólico teatro da batalha do povo líbio contra o tirano Muammar Gaddafi. Assim como é bonito e corajoso o trabalho de Lourival Sant'Anna, do Estadão. A coragem desses profissionais faz pensar numa coisa: como poderia ser maior o jornalismo da “grande imprensa” se ele fosse menos ideologicamente mesquinho do que é na abordagem da política nacional.


Vendo essa reportagem da Folha (que você pode acessar aqui – para assinantes), pensei numa narrativa do livro Ensaios (Editora Leya), de Truman Capote, intitulada “Ouvindo as Musas” (1956):

“Quando os canhões são ouvidos, as musas silenciam; se os canhões estão silenciosos, as musas são ouvidas.”

Foto: Joel Silva (Folha de S. Paulo, 3/03/2011)

Lembrando Robert Capa
*Atualizado às 17h40

Esse adendo ao post é para acrescentar a pertinente lembrança trazida pelo comentário do Alexandre [04 Março, 2011 12:27], lembrando a foto de Robert Capa, abaixo reproduzida, feita na Guerra Civil espanhola em 1936, que mostra o momento em que um miliciano encontra a morte. Sobre essa foto, uma das mais famosas fotografias de guerra, houve até uma polêmica, depois que uns pesquisadores sugeriram que ela teria sido forjada, suspeita nunca comprovada.

Robert Capa, nascido em Budapeste em 1913, fundador da agência Magnum, morreu em pleno teatro de guerra em 25 de maio de 1954, trabalhando na Guerra da Indochina, quando pisou numa mina terrestre. Seu corpo foi achado com a câmera entre suas mãos.

Fico imaginando se um homem que cobriu entre outras a Guerra Civil espanhola, a Segunda Guerra Mundial, a Guerra árabe-israelense de 1948 e a Guerra da Indochina, e tendo morrido como morreu, arriscaria tudo isso falsificando uma foto. Mas no mundo, o talento sempre será perseguido pelos abutres.

Uma célebre frase do  fotógrafo: "Se suas fotos não são suficientemente boas, é porque você não está suficientemente perto".

Robert Capa - Guerra Civil espanhola/ 1936

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Kadhafi promete banho de sangue



Muammar Kadhafi acaba de se pronunciar sobre a violentíssima situação de seu país. O cenário de onde o ditador líbio discursou parecia um bunker, longe de palácios e ostentações. Disse que vai executar quem descumprir as leis do país. Não pretende renunciar e afirmou que morrerá pela e na Líbia. Autoafirmou-se “o líder da Revolução, sinônimo de sacrifícios até o fim dos dias” e que “esse é o meu país, de meus pais e meus antepassados". Há 41 anos no poder, ele deixa claro com isso que o país “dele” provavelmente deve continuar nas mãos de seu clã. Ontem, seu filho Sayf al-Islam al-Kadhafi fez discurso ameaçador.

"Os aviões de guerra e os helicópteros estão bombardeando indiscriminadamente um setor após o outro. Há muitos mortos." A frase é de uma testemunha citada pela Al Jazeera sobre o mais sangrento conflito no norte da África e Oriente Médio este ano. Apesar de estimativas de "mais de 200", de 400 mortos ou outras, ninguém pode dizer quantos já morreram. Apesar da brutalidade do Estado, que ataca a população com tanques, aviões de guerra e armamento pesado, ontem dois coronéis líbios se recusaram a atacar a população com caças e desertaram. É pouco, mas simbólico*.
Em entrevista à emissora de rádio France Info, o presidente da Federação Internacional de Direitos Humanos, Patrick Baudouin, afirmou: "O que ocorre hoje é um crime contra a humanidade". Ele pediu intervenção do Conselho de Segurança da ONU "para ativar a ação do Tribunal Penal Internacional (TPI)", segundo o site português Diário Digital. A alta comissária para os direitos humanos da ONU, Navi Pillay, pediu uma investigação sobre os brutais ataques contra os manifestantes e a população civil, que, para ela, são crimes contra a humanidade.

O fato é que, com cerca de 46 bilhões de barris de petróleo em suas reservas e com forte exportação para a Europa, a Líbia se tornou o mais preocupante palco dos conflitos contra os ditadores naquela região do mundo, até aqui. O temor de que os conflitos e rebeliões tomem conta do Irã e até Arábia Saudita deve estar deixando muitos líderes mundiais sem sono.

Hoje, terça-feira, 22, o petróleo passou de 108 dólares o barril. O poderio econômico do país de Kadhafi faz com que naturalmente os conflitos lá sejam muito mais violentos do que no Egito.
Os interessados em assistir ao vivo a emissora do Catar Al Jazeera (em inglês) com as informações mais recentes dos acontecimentos podem acessar neste link

* (Atualizado às 15:44) - Segundo a Reuters, soldados líbios na cidade de Tobruk disseram que eles não apoiam mais Muammar Kadhafi. Segundo a agência, soldados disseram que o leste do país está fora do controle do governo. Tobruk já estaria nas mãos da população. "Todas as regiões do leste estão agora fora do controle de Kadhafi... O povo e o Exército estão lado a lado aqui", afirmou o major do Exército, Hany Saad Marjaa.

A cidade de Tobruk (ou Tubruq, Tubruch) se localiza num ponto estratégico, no Mediterrâneo, no Nordeste do país, muito próximo do Egito. Não à toa, foi palco de batalha entre alemães e britânicos pelo seu domínio (na Segunda Guerra Mundial).

Leia também: Mubarak cai e povo egípcio emociona o mundo