sexta-feira, 25 de outubro de 2013

O Estádio Centenário


No post sobre a viagem a Montevidéu, disse que fiquei emocionado ao visitar o Centenário, pela carga histórica da qual um ambiente como esse está impregnado.




O Centenário foi o primeiro estádio a ser construído para uma Copa do Mundo. Lá, o Uruguai se sagrou campeão do primeiro Mundial, em 1930.

Na época atual de arenas moderníssimas e padronizadas, nas quais a história se dilui, como aconteceu com o Maracanã e o Palestra Itália, fica aqui o registro de um estádio (palavra bonita que hoje ninguém mais usa) que, como dizem os uruguaios, é um "Monumento del Futbol Mundial".

Os pequenos vídeos abaixo (o primeiro com qualidade melhor) mostram um pouco do estádio por dentro, num momento em que estavam sendo feitos testes de som para a partida que seria jogada dali a dois dias, com a Argentina, pelas Eliminatórias da Copa no Brasil. A Celeste venceu por 3 a 2, mas não conquistou a vaga direta e fará a repescagem contra a Jordânia.








Vista externa do estádio construído em 1930

Torço para a Celeste. Penso que a Copa no Brasil perderia muito da graça sem os uruguaios, por questão futebolística e histórica, já que eles venceram o primeiro Mundial jogado no Brasil em 1950, batendo na final a seleção canarinho por 2 a 1 no Maracanã, numa das partidas mais impressionantes da história do futebol.


Leia também: Impressões de Montevidéu



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Algumas fotos do lançamento d' O filho da promessa



No último sábado, como muitos sabem, lancei meu livro na loja da Paulinas Editora da Vila Mariana. Segue abaixo uma seleção de fotos do lançamento.

Recebi vários e-mails de amigos perguntando como faz para comprar o livro. Pode ser pela internet, neste link, ou nas lojas físicas da Paulinas: aqui tem uma lista dos endereços em todo o Brasil.

Às fotos!




José Arrabal e minha sobrinha Luiza, estrelas do evento





Gisely, Gabriel (filho do blogueiro), Arrabal e Carla Massabki




O mano Paulo




Com Arrabal e a editora da Paulinas Andréia Schweitzer




O amigo e editor Xico Santos




Esse simpático senhor é seu Oswaldo, meu pai



Na companhia de Arrabal, Luiza e a mãe dela, Clara Bastos



Com o jornalista Paulo Santos Lima (ex-Revista Submarino)




Os primos Adilson, Cida e Silvia




Com Roberto (torcedor da Lusa roxo) e Eliana




Carmem, mulher do autor




Com Rafael, da editora Paulinas




Erika Mazon, minha editora nos anos 1990





Ao lado do brother Alexandre (pai da Luiza) e da cunhada Rose, mulher do Paulo





Gabriel Maretti, Arrabal e irmã Terezinha Dambros, da Paulinas




Alexandre Terra e Cristina




Assinando o livro para a amiga Denise




O jornalista Fernando Augusto





Ao lado de Mathilde Massad




À mesa com a prima Angélica



Com Tadeu Breda (esq.) e João Peres da RBA





quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Impressões de Montevidéu



Edu Maretti
Do avião, vista do sul do Uruguai
Montevidéu é uma belíssima cidade, mas isso não faz com que seus habitantes sejam muy alegres. Os montevideanos são circunspectos, um pouco mal humorados, “pra dentro”, o que pode fazer você concluir precipitadamente que há alguma prevenção deles contra nós brasileiros, alguma hostilidade tácita mal disfarçada. Depois você vê que não é nada disso. Eles são assim mesmo. Em relação aos argentinos, sim, há uma rivalidade natural, regional. Os uruguaios comparam a oposição entre eles e argentinos com o que eles supõem ser a nossa com os cariocas. Fazem essa comparação comumente. É engraçado.

Num fim de tarde em que havia um pôr de sol magnífico e estávamos à beira do Rio da Prata, conversamos por acaso com o jornalista chamado coincidentemente Marcelo Tarde, que ali estava, como nós, para contemplar aquela cena que dispensa adjetivações. Tarde deu sua versão sobre por que, na sua opinião, o uruguaio de modo geral é uma pessoa circunspecta e “cinzenta”. Segundo ele, as coisas são bastante difíceis para o povo, que vive num país de economia difícil para eles, onde tudo é caro e as pessoas ganham mal. Esse aspecto econômico não é conjuntural, mas histórico, visto que a economia uruguaia passou nos últimos anos por uma fase de crescimento e baixo desemprego.

Mas nada disso significa (é bom deixar claro) que os uruguaios sejam desagradáveis ou não sejam gentis. Têm apenas um caráter meio introspectivo.


Edu Maretti
Pôr do sol no Rio da Prata

Passamos dias ensolarados em Montevidéu (e um dia em Colônia de Sacramento), mas todos frios. O amigo Marcelo Tarde, naquela tarde, comentou que o clima normalmente cinza colabora para que o uruguaio seja aburrido, meio depressivo, mal humorado e com tendências suicidas. Uma cidade cinza, que tem um inverno longo, acaba deixando as pessoas deprimidas, conjectura Tarde. Segundo pesquisa divulgada pela BBC no ano passado, o Uruguai está em primeiro lugar na taxa de suicídios, ao lado de Cuba, entre os países latino-americanos. Seriam 16,6 suicídios por 100 mil habitantes.


Montevidéu tem 1,9 milhão de habitantes, cerca de 500 mil a mais do que Porto Alegre. O Uruguai inteiro tem 3,5 milhões. Quer dizer, a capital do Uruguai não é tão grande e uns cinco dias são suficientes para conhecê-la mais ou menos bem e usar eventualmente outros dias para conhecer outras cidades, como a cidade histórica de Colônia de Sacramento, a duas horas e meia por rodovia.

Carmem Machado
O jornalista Marcelo Tarde (esq.) e este blogueiro

“Montevidéu é ótima para os turistas, para vocês, pero para nosotros és muy difícil”, diz Tarde. O jornalista faz uma associação entre futebol e sociologia. Afirma que o futebol do Uruguai, duro, raçudo, para o qual tudo é difícil e sofrido, um futebol não agradável, reflete esse estado de espírito de Montevidéu e do Uruguai de modo geral, de sua história, de sua economia, de seu povo. "Não somos alegres como vocês brasileiros com seu futebol alegre, com suas mulheres que se vestem coloridas. Para nosostros és así, como nuestro futbol."

Tarde diz que virá ao Brasil se La Celeste bater a Jordânia na repescagem e garantir o passaporte para a Copa do Mundo de 2014. 

Língua

Como escrevi em post post anterior, diferentemente dos portenhos de Buenos Aires, os uruguaios de Montevidéu, os montevideanos, conversam com você numa boa se você fala portunhol. Nem todos, é claro, mas alguns falam muito bem o português e o vocabulário deles incorporou muitas palavras do português, que eles falam e entendem naturalmente. Claro, isso não se dá por acaso. Todos nos lembramos das aulas de História em que aprendemos sobre a Colônia Cisplatina, lembram-se? O Uruguai foi incorporado ao Brasil em 1821 e se tornou independente em 1828.

Pegamos um táxi e o taxista falou um português correto. Surpreso, perguntei de onde ele é, do Brasil? “Não, sou daqui. Aprendi a falar português trabalhando, e também porque na história tivemos os portugueses aqui, nossa história é próxima”, ele explicou. O Rio Grande do Sul está logo ali. Muito simpático aquele jovem taxista de Montevidéu. É virtualmente impossível acontecer um diálogo como esse em Buenos Aires.

Comida e bebida

O mate é mais do que um hábito. É um vício. Pessoas andando com a garrafa térmica com água quente embaixo do braço enquanto a mão segura a cuia é uma cena onipresente. O taxista que nos levou do hotel ao aeroporto para pegar o avião de volta dirigia com a cuia na mão.
 Carmem Machado
Onde quer se esteja, a cuia e o mate nunca faltam
Algum tipo de carne, batatas (fritas, simplesmente cozidas, na salada russa ou em forma de purê) e uma salada é a combinação básica da culinária do dia-a-dia.

O popular chivito (que reúne carne, queijo e presunto, ovo ou outras combinações), que pode ser um sanduíche ou al plato, é uma solução sempre disponível.

Come-se muito ovo no Uruguai. O ovo deles tem uma gema bem vermelha. Lembra o ovo da galinha caipira que temos aqui, que se vê raramente.

Para comer uma carne, não há nada melhor do que o mercado do Porto. Para quem gosta de carne (de boi, de frango ou linguiça) é o paraíso. Você já começa a salivar chegando ao local, antes de se sentar a um dos inúmeros boxes disponíveis.


Pollo a la vasca
Andando pela calle San José, no número 1168, você encontra um restaurante basco, ali plantado, e se você não presta atenção quase não vê. Pacharan é o nome da taberna. Comemos um pollo a la vasca (frango à basca), sinceramente, inesquecível.

É caro comer em Montevidéu. Um real equivale a 9 pesos uruguaios. Em duas pessoas, você gasta em média para jantar ou almoçar, normalmente, entre 400 e 700 pesos uruguaios, equivalente a 45 e 80 reais, aproximadamente.

Uma coisa interessante é que eles põem pouco sal na comida. Não comi nenhuma vez em que não tivesse, para o meu gosto, ligeiramente sem sal. O que é bom, porque sal faz mal e engorda. E, caso se queira, acrescenta-se. Aqui no Brasil, quase sempre se coloca mais sal do que se deve. Açúcar então, é uma doença.

A cerveja é boa. A Patrícia e a Pilsen, de lá, são de ótima qualidade. É comum a garrafa de um litro. Custa cerca de 130 pesos (14 reais).

É muito comum as pessoas pedirem cigarros nas ruas de Montevidéu. Isso porque, para os pobres de lá, fumar é um luxo. Um maço de Marlboro, que no Brasil custa R$ 5,75, na capital uruguaia é 85 pesos, o que equivale a R$ 9,50.

Também diferentemente dos argentinos, que tomam muito vinho, os uruguaios bebem mais cerveja. E coca-cola. Como gostam de coca-cola! Um casal tomar 1 litro numa refeição é normal.  Na Ciudad Vieja, há muitos estabelecimentos com propagandas antigas da Coca-Cola.



É charmoso, porque remete ao passado, mas um passado invadido pelo kitsch moderno, o que provoca um sentimento de nostalgia inevitável.

Mujica

Cerca da metade das pessoas com quem conversamos em Montevidéu sobre o presidente José Mujica consideram-no pífio, garantem que no ano que vem ele e seu grupo saem do poder e dizem, contra seus programas sociais, que o governo dá plata a quem não trabalha, "pero nosotros que trabajamos pagamos esto". O mesmo argumento dos que vociferam contra o Bolsa-Família no Brasil, porém com uma diferença importante: uma parcela dos que são contra Mujica com esse argumento de que o governo sustenta vagabundos com o dinheiro dos que trabalham são pessoas com problemas. Passam dificuldades. Trabalham muito e não têm nada (no Brasil, o ódio contra o Bolsa Família parece mais ideológico).

A outra metade se divide em duas:

Um quarto, 25%, é expressa pelo taxista jovem citado acima:

     – Te gusta Mujica? – perguntamos.

     – Gosto. Não faz nada, mas pelo menos não rouba – respondeu, nessas mesmas palavras, em português.

Os outros 25% da segunda metade das pessoas com as quais conversamos sobre política e Mujica são mais reflexivos. Dizem que o governo "está bien", que é certa sua política social. Mas há algo que as inquieta. É que essas pessoas parecem ter uma certeza amarga de que não podem ir más allá, e que Mujica não fará nada por elas. É uma parte significativa da população do Uruguai, que oscila entre a compreensão e a indiferença.

 Estádio Centenário e praças

  Carmem Machado

Fiquei emocionado ao visitar o Centenário. O estádio de futebol tal como conhecemos hoje descende das arenas gregas que sediaram a Olimpíada a partir do século VIII a.C., concepção que posteriormente deu origem ao Coliseu de Roma, construído entre 70 e 90 d.C.

Na história do futebol do século XX, o estádio de futebol é filho popular das arenas greco-romanas. E o Centenário é um “monumento del futbol mundial”, como diz uma inscrição no estádio, o primeiro construído para uma Copa do Mundo, onde a Celeste Olímpica se sagrou o primeiro time campeão mundial em 1930.

O estádio Centenário está situado dentro do parque Battle, uma linda área de nada menos do que 60 hectares localizada na região centro-leste da cidade. É um típico exemplo de como as capitais dos países sul-americanos consideram importantes as praças e os parques. Em Montevidéu, como em Buenos Aires ou Santiago de Chile, las plazas estão em toda parte. Nossa Porto Alegre (RS) tem um pouco essa cultura.

 Carmem Machado
As crianças brincam de "pique" (pega-pega) no enorme parque Battle

As praças nas cidades importantes da América do Sul ocupam o espaço que nas cidades históricas brasileiras é ocupado por igrejas católicas. Numa cidade importante de Minas Gerais, você não anda 500 metros, ou menos, sem encontrar uma igreja. Nas cidades sul-americanas, melhor, você encontra praças. Vi poucas igrejas em Montevidéu. Falo das católicas. Infelizmente, há uma (felizmente, uma) “loja” da Universal do Reino de Deus, na avenida 18 de Julio. Seja como for, os montevideanos são mais laicos do que os brasileiros.

Edu Maretti
La Plaza Independencia

Las calles

Jorge Luis Borges define com nuance poética as ruas de Montevidéu como "calles con luz de patio". Lindas calles, muitas das quais, transversais à avenida 18 de Julio, uma veia que atravessa a cidade, são ornamentadas pelos plátanos.


Menino joga bola em rua da Cidade Velha

A avenida 18 de julho (data da primeira Constituição do país, em 1830) leva à Ciudad Vieja, e entre elas la Plaza Independência, uma ampla e agradável praça que é ao mesmo tempo um monumento urbano e ufanista, dedicado a José Artigas. Esse caráter ufano e militarista dessa praça, porém, é um pouco opressivo.

A partir dali, da Plaza Independencia, não existem plátanos, pero "calles con luz de patio" que acabam desembocando no monumental Rio da Prata de cujas ramblas o povo uruguaio mira o horizonte depois das águas.

Carmem Machado
Ao fundo, o Rio da Prata


Abaixo, mais algumas imagens (clique nelas para ampliar)
[
Fotos: Edu Maretti/Carmem Machado]



Fim de tarde: as pessoas namoram, proseiam,
tomam mate à beira do Rio da Prata




Uma carniceria, ou seja, um açougue




Plaza De Cagancha - dia




Plaza De Cagancha - noite




Napoli – terra de povo antigo



Texto e foto: Tiago Ferreira

Clique para ampliar
Em Napoli a molecada joga bola na rua até duas da matina. Nas piazze, nos becos, na beira do mediterrâneo, Napoli flutua. É terra de povo antigo, de raiz forte, língua própria. Fala-se napolitano, é-se em napolitano. Napoli, onde as motos voam pelas vielas, motos loucas, insanas, motos que gritam. Ninguém morre de moto, ou quase ninguém, os napolitanos fluem no caos, creem que Deus vive entre eles. Talvez por isso em cada rua tenha um santo e em cada praça ou avenida tenha uma igreja.

Faz todo sentido as "mundanices" acontecerem principalmente atrás das igrejas, onde o Senhor não pode vê-las. Ali o bicho pega! Nego taca fogo no marroquino*, dança, se ama, blasfema!! Até se esquecem do papa Francisco, que é quase tão falado quanto o Napoli, o time.

A cidade fica no pé do Vesúvio e vive como vulcão. Quente, densa, tensa, pronta pra explosão. Napoli precisa de Deus. Nas ruas, o cheirinho de casa da nona que vem das piazze se mistura ao odor pesado da malavita, o lixo está por todos os cantos, as paredes são sujas e rabiscadas. Lá todos falam muito e parede vira tela, caderno. Direita, esquerda, gangues, enamorados, todos gravam algo nos muros.

É provável que você vá apaixonar em Napoli. Mulheres felinianas, de corpo negro-dourado, de cabelos pretos petróleo e olhos cor de mar, napolitanas. Lindas, lindas, lindas!

O brasileiro em Napoli é irmão, uns tantos sorriem e outros chegam a te abraçar se diz que é brasiliano! E somos mesmo irmãos. Uma fusão improvável entre Sampa e Rio. Que bestêmia!

Em Napoli como em algumas cidades você se torna napolitano sem escolher, não há alternativa, é adaptação, estado de ebulição. Você ferve, às vezes grita, às vezes canta. É aquela mulher que você odeia amar e vice-versa. É onde se vacilar, as motos te pegam.

*Marroquino = haxixe

***

PS do blog: Napoli é a terceira cidade mais populosa da Itália, com
1 milhão de habitantes. Se origina da antiga cidade grega de Neapolis. Conquistada pelos romanos no século IV a.C., passou, no século VI, ao domínio bizantino e, no VIII, constituiu-se em ducado independente. Em 1139, passou a pertencer ao reino da Sicília. Em 1282, passou para a coroa de Aragão como reino de Nápoles (Napoli para os italianos). No século XVIII, se tornou independente. Foi anexada ao reino da Sardenha em 1860 e ao da Itália em 1861
. (Fonte: Wikipédia)

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Lançamento de O Filho da promessa será neste sábado, 19


Lanço meu romance, O Filho da promessa, neste sábado, na Paulinas Livraria. Seguem o convite e as coordenadas. Apareçam!

Lançamento
19 de outubro, sábado
das 14h às 16h
Paulinas Livraria

Rua Domingos de Morais, 660 (próximo ao Metrô Ana Rosa)
Tel. 5081-9330


Clique na imagem para ampliar o convite

sábado, 12 de outubro de 2013

Notícias de Montevidéu


 Montevideo de las "calles con luz de patio" (Jorge Luis Borges)

O pessoal deve ter estranhado que ando meio sumido. É que estou (estamos) em Montevidéu. Uma cidade simpática, que sob certos aspectos, mal comparando, parece como uma mistura de Buenos Aires com Santos, isto por causa do Rio da Prata, majestoso, imenso, cujo espírito, se me permitem assim dizer, está em tudo por acá. Mas é uma comparaçao a priori, empírica e impressionista, que carece de revisao.




O rio da Prata, da terra, parece enorme como um mar. Você custa a se convencer de que é mesmo um rio.



É uma cidade pequena perto de Sao Paulo. Tem 1,9 milhao de habitantes. O Uruguai inteiro tem 3,5 milhoes, ou seja, é 1/3 da cidade de Sao Paulo (sem contar a Grande SP).

Diz-se, e o Wikipédia também afirma isso, que é uma das 30 ou 40 cidades mais seguras do mundo.

Ao contrário dos argentinos, os uruguaios de Montevidéu, os montevidianos, conversam com você numa boa se você fala portunhol. Alguns, aliás, falam muito bem o portgugês e o vocabuário aqui incorporou muitas palavras do português, que eles falam e entendem. Claro, isso nao é por acaso. Montevidéu pertenceu ao Brasil de D. Pedro.




Enfim, volveré.

PS: Nao consigo colocar o til aqui. Por isso fica Sao Paulo etc.



sábado, 5 de outubro de 2013

Marina, igual a "tudo o que aí está", agora é aliada de Eduardo Campos


José Cruz/ABr
A ex-PV, ex-ministra e ex-Rede: igual a tudo o que aí está

Autointitulada diferente de tudo o que aí está e porta-voz de uma nova forma de fazer política, Marina Silva seguiu passos exatamente eleitoreiros e iguais a todos os políticos dos quais tentou se diferenciar ao vender a falsa ideia por meio de marketing político puro e simples.

Agora no PSB de Eduardo Campos, depois do fracasso de sua Rede no TSE, a ex-ministra do Meio-Ambiente se credencia à sucessão presidencial com status de queridinha da mídia, ao lado do governador pernambucano que se manteve com Lula e Dilma por dois mandatos e meio e de repente virou candidato, saindo da base do governo para disputar a presidência. Campos vai ter que convencer os eleitores por que seria oposição, uma “terceira via”, se até agora foi situação. Marina vai ter que convencer os cidadãos de que é diferente de tudo que aí está agindo exatamente como todos os que aí estão e representam, segundo ela, o que a política tem de ruim. Ambos vão ter de convencer os brasileiros de que não são oportunistas.

Esta semana conversei com o cientista político Vitor Marchetti, da Universidade Federal do ABC, que fez uma observação interessante sobre as insinuações de que haveria uma intenção obscura na recusa do TSE em aceitar o registro da Rede de Marina Silva, o que o tribunal acabou rejeitando por 6 votos a 1.

Segundo Marchetti, não se pode partir do pressuposto de que a “boa intenção” que estaria movendo a criação da Rede seja suficiente, deixando-se de lado a exigência de cumprimento da lei. Porque Marina parecia querer convencer a todos de que ela era o bem e o resto era o mal.

Marchetti disse ser preciso considerar a possibilidade de que a liderança de Marina tenha sido superestimada. “É uma candidata badalada, que conseguiu um bom número de votos em 2010 [19,6 milhões], mas pode não ter conseguido mobilizar o número de eleitores necessários agora para fundar seu partido. Por que não partimos do pressuposto de que talvez o fôlego da Rede fosse menor do que se estava supondo?” Para conseguir o registro, um partido tem de comprovar as assinaturas de 492 mil eleitores nos cartórios eleitorais do país.

Os desdobramentos da aliança Eduardo Campos/Marina Silva ainda são passíveis de conjecturas. Não se sabe aliás quem será cabeça de chapa, quem será vice.

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr
Campos: inteligência política ou oportunismo?
Para Renato Rovai , Marina “faz parte de um projeto onde estarão não só Campos, mas Roberto Freire, Serra, Aécio, Borhausen etc.” Ou seja, a nata da oposição de direita.

E Rodrigo Vianna entende que “Marina perde parte de sua aura de ‘reserva moral’, e de ‘diferente de tudo que está aí’” e, por isso, “Eduardo Campos ganha muito mais que Marina com a parceria”, o que “faz com que Eduardo Campos e o PSB sejam muito mais que [coadjuvantes no xadrez político de 2014]: transformam-se de fato no desaguadouro de uma terceira via”.

A ver.

Dilma de bom humor: “Não me vaiem não, hein”


Veja o vídeo com a fala da presidente:

Clique aqui


*Por um problema no link, esta postagem estava dando erro, agora corrigido. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Fernando Haddad, o transporte público e o sanduíche de mortadela


Reprodução
Tenho lido na imprensa, "tradicional" ou "independente", que o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, teria encomendado um estudo de sua assessoria militar sobre “a possibilidade” de ir trabalhar de ônibus todos os dias, de sua residência, que fica no Paraíso, até a sede da prefeitura, no Viaduto do Chá (Centro).

É preciso ver se a informação é consistente. Mas como ela não se resume a uma única fonte, vamos considerá-la uma conjectura consistente. Começo a achar que Fernando Haddad está dando uma de Jânio Quadros, o prefeito que gostava de comer sanduíche de mortadela nas padarias para mostrar que tinha paladar de povo.

Haddad tem feito enorme esforço para mostrar que o transporte público é prioridade de seu governo. O episódio pós-manifestações de junho, quando o prefeito foi visto ao lado do governador Geraldo Alckmin, que anunciou a redução das passagens dos transportes e deixando o prefeito sem ação, tendo que desmentir à noite o que dissera de manhã (que não reduziria o preço da passagem do ônibus), calou fundo.

A iniciativa de criar as faixas de ônibus à direita de grandes avenidas como 23 de Maio, aplaudidíssima por muita gente, foi uma primeira manifestação do efeito mortadela, populista, digno de Jânio Quadros.

Outro dia eu estava num táxi e o taxista argumentava: “como que essa cidade quer sediar uma Copa do Mundo e ser um exemplo de turismo de negócios se a prefeitura faz isso com os taxistas? Como a gente vai levar turistas se a prefeitura, que já criou essa m***** de faixa, ainda agora diz que vai proibir até os táxis com passageiros de fazer corridas pelos corredores [como da 9 de julho]? Se dizem que os carros vão ter que andar a 40km por hora? Tá errado isso. Nós também fazemos transporte público”, vociferou o revoltado taxista, e com razão.

A política de transporte público de Haddad tem me parecido atabalhoada, caracterizada por exemplo por essa medida que careceu de estudos mais aprofundados, do secretário Jilmar Tatto, de reservar faixas à direita de avenidas aos ônibus, solução para mim muito discutível. O secretário de Transportes Metropolitanos do governo de Geraldo Alckmin, Jurandir Fernandes, que não é bobo nem nada, disse na semana passada, na Assembleia Legislativa, que os cidadãos preferem andar no metrô lotado do que em ônibus vazios, “porque sabem que mesmo lotado o metrô chega” ao destino. A EMTU já tem algumas linhas funcionando 24 horas, poucas, mas já serve de marketing para o governo Alckmin. Enquanto isso, Haddad ameaça andar de ônibus.

Esta semana, Haddad disse à rádio CBN: "Essa cidade, goste ou não, é um cemitério de políticos. Ela enterra políticos. Ela não promove políticos porque é uma cidade muito difícil de administrar”.

É melhor então ele ter propostas mais estruturais e menos demagógicas e populistas, para não ser mais um enterrado no “cemitério de políticos”.

O prefeito comer mortadela ou andar de ônibus é a mesma coisa. O paulistano não quer que o prefeito ande de ônibus nem coma mortadela. Ele quer soluções. Seja ele usuário de ônibus, de automóvel particular ou de táxi. Transformar o taxista e o motorista do automóvel em um pária vai custar caro a Haddad (e não estou falando de sentimentos pessoais, estou falando da gestão de um prefeito que disse que governaria para todos).

O Brasil hoje produz automóveis aos milhões, qualquer pessoa compra um carro novo para pagar em dezenas e dezenas de prestações. Haddad não tem poder (ou tem?) para mudar essa lógica (perversa, é verdade) segundo a qual a indústria automotiva é um dos carros-chefe da economia. Sendo assim, ele precisa pensar em políticas mais consistentes do que a apresentada até agora, a política da mortadela.


*Publicado originalmente em 2/10/2013 às 10:09