domingo, 26 de fevereiro de 2017

Caetano, Pelourinho, Bahia e "Fora, Temer"


Deve ter sido inesquecível a noite com Caetano no Pelourinho. Se você conhece o Pelourinho, deve imaginar.


Só acho que a mídia de esquerda deve se preocupar em ser fiel ao que acontece, porque falsear as informações não é legal. Nós, do lado de cá, não estamos a reclamar o tempo todo que a mídia golpista faz isso? Caetano não gritou "Fora, Temer" no Pelourinho (se alguém puder me desmentir, por favor desminta).

Dito isso, parto para a questão: Caetano deveria ter gritado "Fora, Temer", reverberando o coro da massa no Pelourinho? Ou a presença desse senhor de 74 anos cantando Alegria, Alegria basta, como um catalisador, um agregador de forças (eu diria espirituais) de um Brasil ainda possível? Caetano não pronunciou a frase "Fora, Temer". Mas Caetano não estava lá para isso. Ele estava lá para agregar, para que o povo gritasse no carnaval da Bahia.

Como eu adoro a Bahia, Salvador, os baianos e Caetano com sua canção e poesia, acho que basta a presença de Caetano no Pelourinho. Que imagem bonita! "Quem lê tanta notícia?" Ali e dali emana uma energia emblemática, simbólica, poderosa, que se fixa na mente da História.


Foto: Eduardo Maretti/2007

Essa energia se espraia. Ela sai do Pelourinho e dali se espraia pelo país, como uma fagulha de eletricidade. Como na Tropicália. "A História é um carro alegre, cheio de um povo contente."


sábado, 25 de fevereiro de 2017

Vamos ver cinema? – uma pequena lista de grandes filmes


Antigamente a gente indicava filmes e as pessoas podiam ir à videolocadora e alugar, levar pra casa e assistir. Hoje, essa era romântica acabou, junto com as videolocadoras. Seja como for, seja no Netflix, na TV a cabo, baixando na internet ou por outra forma, qualquer um desses filmes listados abaixo deve agradar a amantes do cinema que gostam de aproveitar feriados para poder fazer coisas mais úteis do que não fazer nada, como ver um grande filme.

Os Imperdoáveis  (Dir. Clint Eastwood - 1992).

Morgan Freeman e Clint Eastwood 
Os Imperdoáveis é um dos grandes filmes que já vi, e que vale a pena ver, se a alma não é pequena, ou seja, mesmo se você acha que o western é uma coisa imperialista, norte-americana e desprezível, e que a arte deve ser instrumento de luta política. A arte não tem nada a ver com luta política. A arte transcende isso. Um pouco mais sobre essa obra-prima de Clint Eastwood aqui: Os Imperdoáveis .


Era uma vez no Oeste (Dir. Sergio Leone - 1968) - O maior western de todos os tempos. Épico, antológico e genial. O texto publicado no blog é de Nicolau Soares e está no link: Era uma vez no Oeste.



Os outros (dir. Alejandro Amenábar - 2001). No gênero "terror", uma obra-prima. Atuação magistral de Nicole Kidman. Mas o termo "terror" não define este filme, que é mais próximo de uma abordagem que eu considero espírita, comparável a O Sexto Sentido (direção de M. Night Shyamalan – 1999). A resenha de Os Outros está aqui: Os outros, um filme espírita.






Interestelar (dir. de Christopher Nolan - 2014).


Matt Damon em Interestelar: interpretação magnífica
Algumas pessoas têm críticas que me parecem muito acadêmicas sobre este filme que, particularmente, me fascina. Tem que desculpar  alguns hollywoodianismos, como já escrevi. Para quem gosta de ficção científica, é uma maravilha. Para quem gosta de ciência, também. O filme discute questões ligadas à Física com uma abordagem possível, para a linguagem do cinema, dada a complexidade de algumas delas, como a Teoria da Relatividade e outras. Escrevi sobre o filme dois posts, que você pode ler a partir deste: Uma resenha sobre Interestelar.


Melancolia (dir. Lars von Trier - 2011).


Kirsten Dunst como Justine, no belíssimo Melancolia
Um contraponto à ficção científica Interestelar, o filme existencialista Melancolia, do diretor de Dogville Dançando no Escuro, é inquietante e belo. Quem conhece o cinema da Lars von Trier não deve se surpreender com nada. Melancolia ("Melancholia", no original) é uma obra-prima riquíssima em imagens e metáforas do diretor, dinamarquês como Sören Kierkegaard.


James Coburn e Rod Steiger
Quando explode a vingança, de Sergio Leone. Já escrevi sobre este filme  aqui. Não tem como não gostar, se você gosta de western. É uma epifania.


The Ghost Writer (Dir. Roman Polanski)

The Ghost Writer, de Roman Polanski (2010). Ewan McGregor interpreta um ghost writer que acaba trabalhando para o primeiro-ministro britânico. Um thriller típico de Polanski. 

Kim Cattrall e Ewan McGregor
O thriller de Polanski, não ganhou o Urso de Ouro em Berlim à toa. De fato, é um Polanski em grande forma. O diretor do antológico O Bebê de Rosemary continua com seu estilo peculiar de fazer filmes. Quando você começa a se entediar achando que o filme virou clichê, ele destrói o clichê. Como Coppola, Polanski usa bem a máquina de Hollywood.



Vincent Gallo, em Tetro
Tetro (dir. de Francis Ford Coppola – 2009). É em parte ambientado em Buenos Aires, com destaque para o bairro La Boca. Tetro (Vincent Gallo – na foto) é um homem solitário e enigmático que vive com sua companheira na capital argentina. Ele recebe a visita de seu irmão mais novo, Bennie (Alden Ehrenreich), em busca do contato perdido. Com esse filme, Coppola mostra que ainda existe arte no cinema. Imperdível. Se quiser saber mais sobre Tetro, clique aqui.

Um homem bom (Good, no original em inglês – direção: Vicente Amorim - 2008). O texto que publiquei no blog, Um homem tolo, foi escrito pelo companheiro Felipe Cabañas da Silva. Pode parecer um trocadilho infame, mas esse é talvez o mais delicado filme sobre o holocausto, muito valorizado pela atuação magistral de Viggo Mortensen como John Halder, um professor de literatura na Alemanha dos anos 30 que, devido a sua tese sobre a eutanásia, atrai a atenção do governo nazista. Halder/Mortensen  se deixa envolver. A violência é psicológica, sem a híperdramatização fácil dos filmes do gênero. Uma curiosidade: o diretor do filme, Vicente Amorim, é filho do ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.

Sobre o mesmo tema holocausto, outro filme que vale a pena é O Menino do Pijama Listrado (dir. Mark Herman – 2008), uma impactante história de amizade entre dois meninos de sete ou oito anos, um judeu e um alemão.


Frances McDormand
Fargo, um clássico dos irmãos Coen (1996). Em termos de thriller policial, é um dos meus filmes preferidos. A direção de atores de Ethan e Joel Cohen já vale a pena. Frances McDormand (à direita) como a policial provinciana de Dakota do Norte é uma interpretação magistral, assim como de todo o elenco. Com o perdão do trocadilho, crítica violenta à cultura da violência dos Estados Unidos. Escrevi sobre Fargo neste link.




Os Incompreendidos de François Truffaut, é um filme que sempre vamos assistir com emoção.


A delicadeza com que o cineasta francês trata do tema da difícil adolescência de um menino rejeitado pelos pais – que odeia a escola, que descobre que a mãe tem um amante e, diante de tantas dificuldades, foge de casa – é muito diferente da proposta de permanente manifesto do cinema de seu contemporâneo, colega de Nouvelle Vague e amigo, depois inimigo, Jean-Luc Godard. 




É difícil citar apenas um filme de Pasolini para colocá-lo na série Favoritos do cinema. Não dá para começar a falar do diretor italiano sem citar pelo menos cinco filmes:

Accattone (1961)
Mamma Roma (1962)
Il vangelo secondo Matteo (1964)
Uccellacci e uccellini (em português, Gaviões e passarinhos, 1966)
Salò o le 120 giornate di Sodoma (em português, Salò ou os 120 dias de Sodoma, 1975).

Mais sobre esse grande cineasta neste link .



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Grandes atores (7): Leonardo DiCaprio



Em O Aviador, faz o excêntrico Howard Hughes

Leonardo DiCaprio, na minha opinião, divide com Matt Damon um lugar na galeria de grandes atores de sua geração. Nascido em 11 de novembro de 1974 (nativo de escorpião), com 42 anos, é quatro anos mais novo do que Damon.

Como já escrevi em outro post, DiCaprio não está sempre trabalhando com grandes diretores por acaso. Senão vejamos: atuou em filmes de Quentin Tarantino (Django Livre - 2012), Clint Eastwood (Edgar - 2011), Steven Spielberg (Prenda-me se For Capaz - 2002), Woody Allen (Celebridades - 1998) e outros. Com Martin Scorsese, diretor com o qual tem o "casamento" mais bem sucedido, o ator tem sua mais ampla parceria no cinema: foi protagonista de O Aviador (2004), Gangues de Nova York (2002), Os Infiltrados (2006), A Ilha do Medo (2010) e O Lobo de Wall Street (2013). Em Os Infiltrados, aliás, um thriller policial, faz ótimo "dueto" com Matt Damon.

O time de diretores não é pouca coisa e já quer dizer muito. Mas se você assistir a Edgar, O Aviador ou Django Livre, por exemplo, verá que DiCaprio é dos atores que, como já disse em algum lugar, fazem um  filme ser diferenciado, já que seus personagens são dotados de alma. Tire DiCaprio de O Aviador, filme com quase três horas de duração, mas que você não vê passar. Além da excelente trama  e roteiro, que conta a vida do milionário Howard Hughes (1905-1976), o filme tem cenas como  na epifânica sequência em que Hughes/DiCaprio filma (filme dentro do filme) um combate de Hell's Angels, produção de cinema que “na vida real” o empresário lançou em 1930 com estrondoso sucesso ao custo astronômico, para a época, de quase 4 milhões de dólares. A interpretação do ator no filme é magistral.

Em Prenda-me se For Capaz, de Spielberg, um genial falsário, 
Assim como no antológico Prenda-me se For Capaz, de Spielberg, em que interpreta um adolescente genial e fora da lei, perseguido pelo trapalhão policial Carl Hanratty (a cargo do excelente Tom Hanks). O f ilme é baseado na história real de Frank William Abagnale, Jr., um falsário que começou como falsificador de cheques na década de 1960 e, graças a sua genialidade, conseguiu se fazer passar por piloto da Pan Am, médico e advogado. O personagem é uma pessoa com sérios problemas psicológicos e manias, com raízes freudianas profundas. Manifesta uma obsessão – transtorno obsessivo compulsivo (TOC) – que lhe causa horror de pegar em trincos de portas (principalmente banheiros) e cumprimentar as pessoas, situações diante das quais Abagnale/DiCaprio é tomado pelo sincero pânico.

Em Django Livre, uma espécie de western em quadrinhos em forma de filme, ao estilo de Tarantino, que pode levar você à gargalhada ou às lágrimas, DiCaprio faz o vilão: o senhor de fazenda escravagista Calvin Candie. No filme, ele contracena com Jamie Foxx (que faz  Django) e o espetacular Christoph Waltz (atua no ótimo Deus da Carnificina, de Polanski, e Bastardos Inglórios, também de Tarantino).


Como o vilão Calvin Candie, em Django Livre

Escrevi no post anterior já citado (de 2014) que talvez DiCaprio, então com apenas 39 anos, precisasse de um pouco mais de estrada em sua carreira para amadurecer e se tornar realmente um dos grandes. Fazendo pequena correção, parece-me que ele já é.

Se você pesquisar sobre o ator, verá que ele é "mais conhecido" pelos papeis de Jack Dawson, em Titanic, e Romeu, em Romeu e Julieta. Dois filmes menores que não vi nem verei. Também não assisti a O Regresso (dir. de  Alejandro Iñárritu), pelo qual ganhou o Oscar. Quero ver este fime, que une DiCaprio e Iñárritu, diretor de Babel (2006) e 21 Gramas (2003).

A biografia do ator tem uma curiosidade. Segundo consta, seu nome teria sido inspirado, de acordo com sua mãe, porque ele teria dado seu primeiro pontapé quando ela, grávida, contemplava um quadro de Leonardo da Vinci na Itália. Mas essa história precisaria ser checada talvez com o próprio Leonardo DiCaprio...


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Juca Ferreira: "Estamos vivendo um momento em que reina a mediocridade e a boçalidade"


Reprodução/Youtube/Instituto Lula

Conversei ontem com o ex-ministro da Cultura Juca Ferreira. Como “militei” muitos anos em jornalismo cultural, sei bem como a cultura é, ou era (nas redações dos jornais, por exemplo), a primeira coisa a se cortar em épocas de crise.

Não é diferente no Brasil de Temer, com a diferença que aqui e hoje, a devastação é mais generalizada do que talvez jamais tenha sido.

Disse Juca sobre o momento em que chegamos na história:

Acabamos de sair do período mais longo de estabilidade e a democracia mostrou que é um ambiente favorável para o desenvolvimento da cultura brasileira e nós representamos isso (...) ". Agora, a reação da área cultural é enorme, a consciência do negativo.

“(...) Eles agora vêm de novo ceifando tudo o que foi construído, não só na área da cultura, mas nos direitos conquistados, leis trabalhistas, aposentadoria, direitos das mulheres, avanços na relação entre negros e brancos. Eles são devastadores. Como se quisessem nos reduzir a uma republiqueta de banana. “

Sobre cinema brasileiro:

Tudo indica que vão pra cima agora de uma das políticas mais bem sucedidas, que é a do cinema. Só não foram ainda porque a Ancine tem mandato e eles foram obrigados a respeitar o mandato. Mas estão se preparando para atacar também. 

“Só para você ter uma ideia, quando o Lula assumiu, em 2003, eram produzidos menos de dez filmes por ano. Com a política desenvolvida pelo Estado brasileiro – Minc e Ancine –, hoje são 150 filmes por ano.

“(...) O Collor extinguiu a Embrafilme e depois os tucanos não fizeram nada, pelo contrário, partiram da tese de que isso é monopólio dos americanos, que o Brasil não tinha que se meter nesse assunto. Fomos nós, no governo Lula e depois Dilma, que desenvolvemos toda uma política pública de apoio ao cinema, aos artistas, empresas, em todo o território brasileiro.”

A íntegra da entrevista está aqui.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

As maravilhas do cosmos: de Giordano Bruno ao buraco negro! – segundo a astrofísica



Nebulosa da Águia, também conhecida como M16,
uma das mais famosas imagens do Hubble

“Em 1584, em seu livro De l’infinito universo e mondi, o monge e filósofo italiano Giordano Bruno propôs a existência de ‘inumeráveis sóis’ e ‘inumeráveis Terras (que) giram em torno desses sóis’. Além disso, ele afirmava, baseando-se na premissa de um criador glorioso e onipotente, que cada uma dessas Terras tem habitantes vivos. Por esses e outros delitos blasfemos, Bruno foi queimado na fogueira por ordem da Igreja Católica.”

Esse é um pequeno trecho do capítulo 7 do belíssimo livro Morte no buraco negro e outros dilemas cósmicos, de Neil deGrasse Tyson (editora Planeta), que estou lendo, uma verdadeira viagem pelo conhecimento e o cosmos, e seus infinitos mistérios e maravilhas.

Por exemplo, você sabe o que é aerogel? Está lá na página 103 do livro: “substância estranha e maravilhosa” usada pela NASA na missão Stardust. A meta da Stardust era “descobrir que tipos de poeira espacial existem lá fora e coletar essas partículas sem estragá-las”. O autor então explica o que é o aerogel: “a coisa mais semelhante a um fantasma que já foi inventada. É um emaranhado seco e esponjoso de silício que consiste em 99,8% de nada. Quando uma partícula bate nesse emaranhado a velocidades hipersônicas, ela perfura seu caminho e aos poucos vem a parar, intacta”.

Vamos para um dado científico no capítulo 14, que trata da densidade das coisas: “Quando você sai da galáxia, deixa para trás quase todo o gás, poeira, estrelas, planetas e entulho. Você entra num vazio cósmico inimaginável. Vamos falar do vazio: um cubo d­e espaço intergaláctico de 200 mil quilômetros contém aproximadamente o mesmo número de átomos que o ar que preenche o volume utilizável de seu refrigerador. O cosmos não só ama o vácuo, ele é esculpido a partir dele”.

Mais à frente, num capítulo que fala sobre espectros de luz: “Uma coisa é saber que de vez em quando estrelas de alta massa explodem. As fotografias podem mostrar esse fenômeno. Mas os espectros de raio X e da luz visível dessas estrelas moribundas revelam um esconderijo de elementos pesados que enriquecem a galáxia e podem ser diretamente ligados aos elementos constituintes da vida sobre a Terra. Não só vivemos entre as estrelas, as estrelas vivem dentro de nós”. Isso é astrofísica, mas também poesia.

Outra passagem me remete diretamente a uma cena do filme Interestelar. DeGrasse Tyson afirma nas páginas 166/167 de Morte no Buraco Negro, sobre as sondas enviadas pelo homem ao espaço: “A história da descoberta humana é caracterizada pelo desejo ilimitado de estender os sentidos além de nossos limites inatos. É por meio desse desejo que abrimos novas janelas para o universo (...) as sondas espaciais controladas por computador, que podemos chamar corretamente de robôs, tornaram-se a ferramenta-padrão para a exploração espacial. Os robôs no espaço têm várias vantagens claras sobre os astronautas: são mais baratos de lançar; (...) e não são vivos em nenhum sentido tradicional da palavra, por isso não  podem ser mortos num acidente espacial”.

Eu ia discordar dessa passagem, baseando minha discordância na magnífica cena em que dr. Mann (Matt Damon), em Interestelar, percorre o planeta gelado e sem superfície e diz a Cooper: "Máquinas não funcionam bem (numa missão a outro mundo) porque não se programa o medo da morte".

Mas, no livro, logo após falar das supostas vantagens dos robôs sobre o homem, na exploração espacial, Tyson diz: “...Mas até que os computadores possam simular a curiosidade e as centelhas de insight humanas (...) os robôs continuarão sendo ferramentas projetadas para descobrir o que já esperamos encontrar”. Ao contrário do que parecia, isso acaba aproximando sua visão da abordagem do filme dirigido por Chris Nolan, cuja visão sobre o cosmos é claramente antropocêntrica, já que, em Interestelar, o homem é destinado a explorar e talvez conquistar um universo cujo único habitante civilizado e inteligente é (aparentemente) ele mesmo.

Aqui poderíamos voltar a Giordano Bruno (1548-1600) e fazer a analogia com nós mesmos (conosco, para usar um português mais culto, mas obsoleto), para dizer que, em nossa ignorância, talvez façamos hoje o papel que a Igreja Católica fazia no século XVI: acusamos de “hereges” (mas hereges científicos), hoje, os que acreditam em civilizações inteligentes extraterrestres, como os católicos acusavam Giordano Bruno de herege há quatro séculos. Assim é.

Finalizo citando o belíssimo capítulo 22 do livro Morte no Buraco Negro, no qual DeGrasse Tyson discorre sobre... É até difícil falar, porque é uma das coisas mais bonitas que já li. Trata da evolução das reações nucleares das estrelas primordiais: do hidrogênio, que se se funde em hélio, depois em carbono (fundamental à vida), depois em nitrogênio, oxigênio, sódio, magnésio, silício... até o ferro. “À exceção do hélio, que é quimicamente inerte, esses elementos são os principais elementos da vida assim como a conhecemos. Dada a variedade espantosa de moléculas que esses átomos podem formar, com eles próprios e com outros, é provável que eles sejam também os ingredientes da vida assim com não a conhecemos.”

Neil DeGrasse Tyson é um astrofísico conhecido por sua inserção na mídia. Ele apresentou a série de documentário Cosmos, um remake da série original criada por Carl Sagan nos anos 1980.

Carl Sagan, além de tudo o que é, é um personagem intimamente ligado à chamada mensagem de Arecibo. Pesquisem na internet, e vocês acharão informações interessantes.

Seja como for, na minha modesta e humilde opinião, nós não estamos sozinhos.

Leia também:

Interestelar: ficção inteligente, apesar de Hollywood

Um pouco mais sobre Interestelar