segunda-feira, 29 de agosto de 2011

MMA: rinha de seres humanos ou de animais?

DECADÊNCIA

Como se já não bastasse Big Brother Brasil, o crescimento de uma religiosidade fanática e mercantilista e todas as excrescências televisivas atuais, agora temos ainda que aturar mais um lixo pernicioso, a vulgar (pois até o boxe tem sua nobreza) MMA


Entende-se que espetáculos sanguinários existissem na Roma antiga há mais de 20 séculos. Mas hoje, em pleno século XXI? Em Roma, havia nas arenas as famosas lutas de gladiadores (escravos, prisioneiros e outros proscritos) entre si ou contra feras selvagens, combates que só acabavam com a morte. Muito mais brutal do que o boxe, essa modalidade funesta chamada MMA (Mixed Martial Arts – "artes marciais misturadas", em português) que hipnotiza e como que anestesia uma legião de sádicos cabe muito bem na análise do professor Voltaire Schilling sobre as arenas romanas, publicada no site de educação do Terra:

A história dos espetáculos de massa patrocinados pelos romanos nos magníficos tempos da República Imperial prestou-se como exemplo vivo das possibilidades de manipulação das massas por parte das suas elites dirigentes. Tratou-se do célebre panem et circenses apregoado pelo poeta Juvenal como a melhor forma de manter o povo cordato aos olhos dos dirigentes. As terríveis cenas na arena do anfiteatro (...) foram apontadas como prova da crueldade do conluio entre o patriciado e a plebe romana.

Em Roma, não havia clemência?
Havia nas munera gladiatoria uma intenção pedagógica: acostumar o povo, a massa romana, à política dos césares, à política de coerção e de repressão que o Império Romano aplicava sobre os povos dominados. Tornavam a plebe cúmplice nas atrocidades cometidas pelas legiões na conquista e na preservação do império. O povo romano era, por meio dos espetáculos sangrentos, treinado para uma tarefa que obviamente não poderia ser exercida com piedade e com coração enternecido. Via-se na arena o que os centuriões praticavam lá fora.”

Claro, a morte não é o objetivo final dessas lutas grotescas de hoje, que, nesse sentido, são mais "humanas" (sic), claro. Evoluímos desde os romanos, senhoras e senhores.

Seja como for, pensei e disse esses dias a uma mesa de bar, onde ao fundo ocorria uma luta do tipo: curioso, por que rinha de galo é proibida e rinha de seres humanos não? “Talvez porque o humano escolhe estar lá, enquanto o galo não pode escolher”, respondeu-me a Eminência Parda. Em outras palavras, o gênero humano é mais imbecil do que possa supor a nossa vã filosofia.

Leia também: Lembrando Pasolini a partir de Big Brother Brasil

11 comentários:

Olavo Soares disse...

Pô, Maretti. Também acho MMA chato, mas você não está exagerando?

Não esqueça que nós dois somos fãs do "ópio do povo", dos "22 marmanjos correndo atrás de uma bola", daquele negócio em que "enquanto eles tão lá ganhando milhões você fica sofrendo aí na sua casa, e eles não estão nem aí" e por aí vai.

É tudo entretenimento. Longa vida à nossa sociedade plural em que cada um pode se divertir como quiser!

Victor disse...

Muito bem colocado Edu. A sociedade reclama de violência e coloca na tela violência pela audiência. Com certeza estas cenas de carnificinas humana se repetirá com mais frequência nas ruas e nas baladas. Resolver no braço. E que exemplo isso é para as crianças? Se falam de bullying e filma brigas para colocar no Youtube. O próximo passo para audiência será, como nos circos romanos, um homem contra um bicho qualquer. E já existem campeonatos de muay thai para crianças na Austrália. Nesta sociedade ganha o mais forte, bem adequando aos direitos humanos. É a mesma TV (concessão pública) que passa o Pânico.

Eduardo Maretti disse...

Olavo, quando moleque, eu jogava bola na rua, lá no bairro chamado Jardim Aeroporto, perto de Congonhas. Era "rua de cima contra a rua de baixo". Eram confrontos que às vezes acabavam em treta (como um Palmeiras x Corinthians!), outras vezes não. Mas nosso objetivo era marcar gols (vira 5 acaba dez) e sair vitorioso, e não dar murro na boca e pontapé na cara de alguém.

Acho que a sociedade não precisa e nem aguenta mais a cultura da violência. Como diz o Victor, "que exemplo isso é para as crianças?". Imagina a disseminação disso nas periferias. Pô, você tá num bar ou na sala da sua casa, no horário nobre, e só tem porrada, BBB, sangue e sexo implícito, que é o que é a telenovela, e fica tudo por isso mesmo?

A televisão é uma concessão pública!

Por exemplo, a sexualização precoce e a banalização da violência são, sim, problemas graves gerados pela televisão brasileira, que podem prejudicar, e já prejudicam muito,uma geração inteira.

Felipe Cabañas da Silva disse...

Esse tal UFC é mais um lixo para o menu de lixos que a televisão brasileira despeja sobre nossas cabeças todos os dias... Só eu me lembro de Tyler Durden vendo essa rinha humana? rsrs

carmem disse...

ontem foi encontrado, por parentes, o corpo de um corintiano boiando no rio Tietê, que depois de assistir a essa porcaria na sede do clube, marcou briga, por internet, com a rival torcida palmeirense. pois é.

carmem disse...

link para fala do tio do rapaz morto:

http://cbn.globoradio.globo.com/editorias/policia/2011/08/30/CORINTIANO-E-MORTO-EM-BRIGA-COM-PALMEIRENSES-NA-ZONA-NORTE-DE-SP.htm

Eduardo Maretti disse...

Carmem, obrigado. A relevância da informação me levou a postá-la, com o áudio, como um novo post.

Unknown disse...

Po cara, acho que não tem nada haver.. Antigamente, quando ainda era "vale-tudo", aí sim.. Valia tudo! E era uma porradaria desgraçada, mas hoje existem regras, um juiz ali pra separar quando for a hora, justamente pra proteger a integridade física.
Eu pratico Muay Thai (boxe tailandês) - luta em que se briga de pé, sem essas paradas de se espancar no chão nem nada - e acho que não tem nada haver sua opinião sobre o MMA (de hoje em dia) e os lutadores. Até porquê se você pesquisar justamente sobre o Anderson Silva, que você citou no seu texto, ele é um cara super bacana e tal, todo pacífico e tudo, até porque a arte marcial dá disciplina ao praticante, principalmente se você tiver um bom mestre. Ele é um cara super legal, prega contra a violência nas ruas e tal, diz que "violência fora do ringue não tá com nada", é um pai de família, tem 5 filhos e tudo mais.
E só pra fechar, uma informação que no próprio Jiu-Jitsu ou BJJ, não existem socos no chão, isso é coisa do MMA mesmo, só que aí vai ter um juíz pra separar quando "já der" pro cara.
Valeu!

Eduardo Maretti disse...

Vítor, respeito sua opinião. Eu, por exemplo, acho muito bonitas as lutas e artes marciais, o kung-fu, tai chi chuan, o karatê, a esgrima etc. Até de boxe eu gosto, pensando nas lutas de Muhammad Ali vs Joe Frazier ou George Foreman. As lutas de Sugar Ray Leonards, enfim...

Mas, para mim, as lutas MMA/UFC são muito brutais. Acho que todo combate tem que ser nobre.

Valeu pelo comentário. Volte sempre.

Gabriel disse...

Olá Edu, respeito a sua opinião, o maior medo dos fãs do mma é essa popularidade as pessoas não sabe distinguir as coisas, o mma tem muitas regras e lutadores qualificados para isso além de uma séri de baterias de exames que eles realizam antes e após a luta, agora gostam de citar muito o boxe, mas o boxe é um dos esportes mais violentos onde todo ano vemos mortes, pelo simples fato, isso ja foi explicado inclusive por médicos que ja atuaram no boxe e no mma, que o boxe os golpes são mais localizados na linha de cintura e na cabeça, agora o mma por ser um esporte que engloba diversas áreas das lutas parece ser mais violento mas os fatos comprovam que o boxe deixa sequelas, abraço

Gabriel disse...

Corrigindo a palavra ''série''.