sexta-feira, 30 de julho de 2010

Alckmin diz que sistema de pedágios em SP é bem sucedido. Mas, para quem?

Fotos: Eduardo Metroviche
O tucanato sabe que a questão dos pedágios no estado de São Paulo vai lhe custar muitos votos. Geraldo Alckmin e José Serra não conseguem (e não têm como) sair da
defensiva quando o assunto é esse.

É bom que os cidadãos de outros estados tenham consciência de qual é a política tucana no mais poderoso estado do país. A equação é simples: o estado é mínimo, e o cidadão, que já não tem serviços públicos decentes, ainda paga a conta, que não custa pouco.

Na sabatina do portal Uol e da Folha de S.Paulo de que participou nesta quinta-feira, 29, o ex-governador Alckmin teve que falar sobre o tema pedágios, assim como Serra sempre tem que falar, vide a célebre entrevista ao Roda Viva da TV Cultura em que, surpreendentemente acossado por Heródoto Barbeiro, o ex-governador José Serra pediu a cabeça do jornalista à Fundação Padre Anchieta (leia e veja o vídeo aqui).

Questionado na sabatina da Folha, Alckmin defendeu o modelo de pedágios adotado pelos governos do PSDB. “A concessão feita em São Paulo é bem sucedida", disse. Ele não esclareceu “bem sucedida” para quem. Com certeza, não é para o usuário de rodovias, muito pelo contrário. O candidato tucano ao governo paulista tem defendido a política em todos os eventos em que tem que se defender do questionamento. Em Barueri, dia 14 de julho, fez o mesmo (leia aqui).

Enquanto isso, o candidato do PSB ao governo de SP, Paulo Skaf, no mesmo dia, em Araraquara, propôs descontar do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) o valor gasto em pedágios no estado. Skaf propõe o seguinte: entre 0h e 7h, o motorista poderia abater 100% do gasto com pedágios, e entre 7h e meia noite, 50%, até o limite de 50% do IPVA devido. É uma proposta razoável.

O preço do pedágio na região de Araraquara é exorbitante, assim como na região de Osasco (SP), e nas rodovias Anchieta e Imigrantes, entre outras. O trecho de 42 km na rodovia Washington Luis, de ida e volta entre Araraquara e Matão, por exemplo, sai pela bagatela de R$ 22,50. Ou R$ 11,25 por 21 km. Ou, R$ 0,53 por quilômetro rodado. Faça uma conta, leitor. Se o seu carro faz 10 km por litro (uma média), você gasta R$ 0,26 por quilômetro rodado, o que já não é pouco. O pedágio na região de Araraquara é o dobro do que você gasta de gasolina.

Já Aloizio Mercadante (PT) disse que pretende utilizar o sistema eletrônico de cobrança de pedágio (o “Sem Parar”) para reduzir os preços. “Podemos fazer o usuário pagar só pelo quilômetro efetivamente usado. Vamos sentar com as empresas e negociar um caminho bem melhor para o estado”, afirmou, segundo o repórter Fernando Augusto, do jornal Visão Oeste, de Osasco.

A proposta de Mercadante é boa, mas esbarra em dificuldades técnicas que podem fazer com que não saia do rol das boas intenções, e desta o inferno está cheio, como se sabe. Como viabilizar um sistema como o que propõe Mercadante? Demandaria investimentos em tecnologia e sistemas complexos. A proposta de Skaf é mais viável. A dos tucanos, provado está, é extorsiva e quem lucra são apenas as concessionárias, abençoadas pelo estado de SP.

Um comentário:

Victor disse...

Com o Skaf as viagens de madrugada irão aumentar, não só as dos ônibus, mas também as dos particulares, tipo as dos vôos noturnos para o exterior. Basta o Mercadante dizer como irá fazer nos pequenos trechos. Eleitoralmente, agora a turma do Zé Pedágio vai provar do próprio veneno, e lembraram do dano feito nos votos da Marta quando colaram nela a taxa do lixo. A Martaxa perdeu muitos pontos apesar da taxa ter toda a justificativa para existir, o que não é o caso do alto preço dos pedágios.