Como contraponto às notícias oriundas da grande imprensa paulista ("Serra avisa ao PSDB que é candidato" – Folha de S. Paulo de hoje), o jornal O Estado de Minas manifesta em editorial o "sentimento" de "indignação" com que "os mineiros repelem a arrogância de lideranças políticas que, temerosas do fracasso a que foram levados por seus próprios erros de avaliação, pretendem dispor do sucesso e do reconhecimento nacional construído pelo governador Aécio Neves".
O editorial, intitulado “Minas a reboque, não!”, ataca a insistência do tucanato do grupo de José Serra em impor a Aécio a "obrigação" de aceitar o "sacrifício" político de ser vice na chapa à presidência da República.
O jornal mineiro diz também que as lideranças tucanas estão "atarantadas com o crescimento da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff", e critica a "postura vacilante do próprio candidato [Serra]", considerando inadmissível que Aécio Neves pague a conta dos vacilos subordinando-se a ser vice do governador paulista.
Leia a íntegra do editorial de O Estado de Minas abaixo:
Indignação. É com esse sentimento que os mineiros repelem a arrogância de lideranças políticas que, temerosas do fracasso a que foram levados por seus próprios erros de avaliação, pretendem dispor do sucesso e do reconhecimento nacional construído pelo governador Aécio Neves. Pior. Fazem parecer obrigação do líder mineiro, a quem há pouco negaram espaço e voz, cumprir papel secundário, apenas para injetar ânimo e simpatia à chapa que insistem ser liderada pelo governador de São Paulo, José Serra, competente e líder das pesquisas de intenção de votos até então.
Atarantados com o crescimento da candidatura da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, percebem agora os comandantes do PSDB, maior partido de oposição, pelo menos dois erros que a experiência dos mineiros pretendeu evitar. Deveriam ter mantido acesa, embora educada e democrática, a disputa interna, como proposto por Aécio. Já que essa estratégia foi rejeitada, que pelo menos colocassem na rua a candidatura de Serra e dessem a ela capacidade de aglutinar outras forças políticas, como fez o Palácio do Planalto com a sua escolhida, muito antes de o PT confirmar a opção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na política, a hesitação cobra caro, mais ainda numa disputa que promete ser das mais difíceis. Não há como negar que a postura vacilante do próprio candidato, até hoje não lançado, de atrair aliados tem adubado a ascensão da pouco conhecida candidata oficial. O que é inaceitável é que o comando tucano e outras lideranças da oposição queiram pagar esse preço com o sacrifício da trajetória de Aécio Neves. Assim como não será justo tributar-lhe culpa em caso de derrota de uma chapa em que terá sido apenas vice, também incomoda os mineiros uma pergunta à arrogância: se o mais bem avaliado entre os governadores da última safra de gestores públicos é capaz de vitaminar uma chapa insossa e em queda livre, por que Aécio não é o candidato a presidente?
Perplexos ante mais essa demonstração de arrogância, que esconde amadorismo e inabilidade, os mineiros estão, porém, seguros de que o governador “político de alta linhagem de Minas” vai rejeitar papel subalterno que lhe oferecem. Ele sabe que, a reboque das composições que a mantiveram fora do poder central nos últimos 16 anos, Minas desta vez precisa dizer não.
4 comentários:
Olha... começo a achar que o tucanato tem mais chances com Aécio que com Serra... Algo muito importante nessa campanha será despertar a simpatia do povo, que tem em Lula um líder carismático como há muito o país não via... Eu acho que desde Getúlio Vargas o Brasil não tinha um líder carismático, no sentido weberiano... E Serra, francamente, com sua magreza doentia e sua postura de dono da verdade não atrai ninguém... Depois de 8 anos de tecnocracia tucana no poder, Lula reintroduziu a figura do líder na política brasileira... O PSDB só tem gestores... E não é que a companheira Dilma está se tornando interessante? hehe
Tem a ver mesmo o que disse acima o Felipe quanto ao favoritismo da Dilma, mas penso que não dá pro Serra com ou sem Aécio. E acho que o Aécio concentra sua popularidade mais em Minas mesmo (ou não?). Não vai resolver muito o problema do Serra no Nordeste, no Norte e no Sul do país. Agora, essa comparação Lula/Getúlio é legal, mas com a ressalva de que o Getúlio era um líder populista, enquanto o Lula é uma liderança popular única.
Sim, Paulo, a ressalva é perfeita. Mas o Aécio seria muito mais forte do que o Serra em plano nacional, porque ele tem mais penetração no nordeste, é mais maleável a alianças e não tem a rejeição do Serra, e ainda teria apoio de muita gente que não pode ouvir falar o nome do governador paulista. O próprio Ciro Gomes já declarou que se Aécio fosse candidato, ele próprio não precisaria ser.
no que eu acho q o ciro foi muito feliz foi no comparar das ausências de belezas do serra. ele não é mesmo um serra cheia de árvores, é uma serra elétrica ruidosa. e eu não me amarro a dinheiro não!
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