CINEMA/ NAZISMO
Vale muito a pena assistir ao ótimo filme Um Homem Bom, alugando ou comprando o DVD. Leia resenha (atualizado às 16:20 de 6 de outubro/2011)
Um homem tolo
Por Felipe Cabañas da Silva
Não dava muito por este filme, a não ser pela presença de Viggo Mortensen, este brilhante ator americano de pai dinamarquês que passei a respeitar depois de assistir a Senhores do Crime (2007), de Cronenberg. Mas achei um filme excelente, com mais uma atuação digna de nota de Mortensen.
Viggo Mortensen e Jodie Whittaker no filme |
Como Bastardos Inglórios, este é também um filme sobre a Alemanha nazista onde não há mocinhos e bandidos. Em Bastardos Inglórios (Quentin Tarantino - 2009) há os violentos sanguinários e os violentos moderados, todos com alma selvagem.
Em Um Homem Bom, há os tolos e os astutos, todos apenas humanos. O escritor e professor de literatura John Halder é um intelectual brilhante que leciona na universidade e escreve um livro sobre um ato de eutanásia por amor (um homem ama uma mulher que tem um problema de saúde incurável e abranda seu sofrimento, ao que parece lhe dando veneno). Os responsáveis pela censura literária do Terceiro Reich se interessam pelo livro e passam a cortejar Halder, já que o nazismo era simpático à eutanásia.
Halder aos poucos vai se embrenhando nas teias do partido nazista, por não adotar uma atitude mais firme de recusa – na época (por volta do ano de 1935) ainda era tempo de sair da Alemanha, como muitos intelectuais fizeram – e termina na passividade completa. O personagem Halder é um exemplo de “homem das letras” que, por despreocupação ideológica e pela falta de atitude crítica, termina impotente frente às determinações de uma conjuntura política. Um ótimo filme que proporciona a reflexão de que literatura e literatos acríticos são facilmente cooptados.
* Felipe Cabañas da Silva é autor do blog Versejar (poesia)
Ficha técnica:
Um Homem Bom (Good - 2008 - Inglaterra, 96 min)
Direção: Vicente Amorim
Elenco: Viggo Mortensen, Jodie Whittaker,Jason Isaacs
Atualizado às 23:59
3 comentários:
Valeu a dica Edu, certamente procurarei assistir, tb gosto do trabalho do Vigo....e hoje casualmente me indicaram mais um filme com essas caracteristicas, chame-se "a onda", filme alemão.
abraço
Quando eu vi esse filme, por acaso um dia em que foi exibido na TV, quase mudei de canal. "Mais um filme sobre o nazismo", pensei. Mas na medida em que ia se desenrolando, foi me prendendo. Achei incrível como ele fala de uma realidade de extrema violência da história humana com sutileza, sem apelações ou a autopiedade judaica.
Pode-se até recorrer a um paradoxo e dizer que há uma delicadeza na maneira como Vicente Amorim conduz a direção (por exemplo a música no campo de concentração, apesar de toda a dor).
Acho que, em um aspecto bem específico, "O homem bom" se assemelha com alguns filmes iranianos (como "A Caminho de Kandahar - dir de Mohsen Makhmalbaf): aborda uma situação histórica terrível onde a violência impera, mas sem nos torturar com a violência, que é presente, mas implícita.
Um cinema anti-hollywoodiano, eu diria.
Gostei da dica, Felipe. Vou conferir. Também não tenho mais nenhuma vontade de ver filmes com essa temática, mas é incrível como ainda conseguem fazer bons filmes com ela. O Pianista, do Polanski é um, e o outro é aquele em que o Bruno Ganz faz o Hitler pra falar de 2 mais recentes.
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