sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Pensamento para sexta-feira [11] - Contemplar o Mundo


Ciência
(Felipe Cabañas da Silva)

I

Absoluto como a noite
dou a máxima força às palavras

Ou pretendo ser absoluto, total,
impregnar-me nas coisas,
fazer como um vírus

Amo a ciência
Sou homem sincero
e amo a ciência

Amo as flores, como
um simples camponês
amo as flores e as aves
e os dilúvios mornos do verão

Amo as flores embora
ame a ciência: arredia,
inviolável, hermética, de aço

E mesmo na ciência
das flores tem aço:
assombroso aço, frio aço,
honesto aço

II

Na noite tímida e sombria
penso no aço frio e na morte,
mas quando vejo os olhos
resplandecerem no ar negro
e quando estou perto da boca
úmida e redonda, e rósea
(do vermelho desbotado da esperança)
e nas mãos miúdas com
os finos dedos tocando a minha pele
já não penso mais em ciência,
já não amo mais a dor e a ciência

Penso nas flores,
sou simples como um camponês
e aceito a morte, a morte
como a mãe de tudo

Sou forte como aço
Estou nu e as coisas nuas
e o campo aberto para o dia
 

Domingo, 19 de setembro de 2010

Um comentário:

Felipe Cabañas da Silva disse...

Rapaz, entrei aqui como sempre e fiquei surpreso em encontrar meu poema. Agradeço o espaço, e fico feliz que o poema tenha significado alguma coisa para você.

Grande Abraço!