Em post publicado aqui no auge das tensões eleitorais, a leitora e amiga Mayra comentou com uma frase que ficará registrada: “o povo das sombras saiu das sombras e mostrou que existe”.
Essa constatação foi como que materializada pelo caso (como se já não existissem tantos) da estudante de Direito Mayara Petruso, que, como se sabe, escreveu em seu twitter, após a vitória de Dilma Rousseff: “Nordestino não é gente. Faça um favor a SP: mate um nordestino afogado”, pelo que será processada em ação da OAB seccional Pernambuco pelos crimes de racismo e incitação pública a prática de crime*.
Tal “pregação” de uma jovem estudante, supondo-se que se preparando para exercer a carreira de advogada, é proferida pelo mesmo tipo de gente que xinga uma mulher de “vagabunda” por ela fazer pacificamente campanha para sua candidata nas ruas (leia aqui). O ódio, e os exemplos são muitos, estava em toda a parte na campanha e não foi plantado pela candidatura petista.
Fiquei chocado com a postura da coordenadora da campanha serrista Soninha Francine em um debate com o prefeito de Osasco Emidio de Souza na TV Terra no momento em que a vitória de Dilma ficava óbvia. Agressiva, fora de si com a derrota, sem o menor respeito para com o prefeito a seu lado (homem educado e cordial, que conheço), demonstrando a índole da campanha pela qual trabalhou, ela vociferava, negava a baixaria da campanha tucana e nem mesmo admitiu que fosse baixaria um vídeo que mostrava um Brasil que seria destruído com a eleição de Dilma, o qual muitos viram.
Segundo a ex-petista e agora fanática tucana, tal vídeo não era uma baixaria, mas “humor de mau gosto”. Curioso, porque, para o ministro Joelson Dias, do TSE, que obviamente não usa o termo “baixaria”, o vídeo é muito mais do que isso. Ele suspendeu a exibição da produção (apócrifa, ao estilo tucano) no dia 29, determinando a retirada de tal peça do ar, por se valer do anonimato (violando o artigo 5°, inciso IV, da Constituição, que diz: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato"), além de conter “teor ofensivo e inverídico” e “comprometer o aprimoramento do Estado Democrático de Direito”. Só isso.
Assim como a descontrolada coordenadora de sua campanha na internet, José Serra despediu-se, como muitos viram, dizendo que sua “mensagem de despedida nesse momento não é de adeus, mas com um até logo”. E, com a ameaça velada que toda a sua campanha sórdida transpirou (assim considerada até mesmo por declarados eleitores do PSDB inconformados, como o jornalista Paulo Nogueira: leia aqui), completou: “Para os que nos imaginam derrotados, devo dizer que estamos apenas começando. A luta continua”.
Mas queiram os tucanos ou não, o duro e sofrido processo eleitoral de 2010 finalmente chegou ao fim tendo deixado uma lição: a de que a luta realmente continua, senhor José Serra.
Do lado de cá, é preciso estar atento e forte sempre (como aliás já comentaram os companheiros deste blog), pois a truculência, a ignorância, o racismo e o ódio a um povo soberano e feliz estão aí, para todo mundo ver. Por isso, é motivo para se comemorar, sim, a derrota de Serra e sua gente.
Em tempo: um dos motivos da derrota parlamentar de Barack Obama nos EUA na terça-feira foi justamente ter-se acomodado na espetacular vitória de 2008 e baixado a guarda. Não podemos incorrer no mesmo erro fatal.
*Atualizado às 17h29
Assista a trecho do debate entre Soninha Francine e o prefeito de Osasco, Emidio de Souza
2 comentários:
Lamentável essa "Soninha" ...nervosa, né?
Soninha levou um baile, mas manteve as mentiras do, companheiro Zé Alagão, seu partido...hehehe. O Emídio mandou bem.
Postar um comentário