quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Felipão e Parreira são a mesmice, mas com Mano Menezes era avacalhação


Formada por Luiz Felipe Scolari (pentacampeão em 2002) e Carlos Alberto Parreira (tetra em 94), já temos a "supercomissão" técnica que comandará a seleção do Brasil na Copa de 2014. Para resumir em uma expressão, aliás já citada na rede hoje: mais do mesmo.


Agora é suar a camisa (e a toalha) pela famiglia Scolari

Como já falei, não gosto do futebol gaúcho e tampouco do parreirismo. Acho tão enfadonho repetir e ficar falando de Felipão e Parreira. De novo! Quem aguenta? O futebol brasileiro é um dos setores em que as décadas passam e tudo continua igual, a mesma cartolagem, os mesmos manda-chuvas e coronéis; os mesmos métodos e o cinismo de sempre. No caso de Felipão e Parreira juntos, arrogância redobrada.

Um colega de redação comentou hoje: "com Felipão fica mais fácil torcer contra". O outro rebateu, ao mesmo tempo sério mas também em tom de brincadeira: "torcer contra eu não torço! Isso é coisa de paulista". Enfim, à escolha do freguês. Não sei se é torcer contra, mas para mim a seleção cada vez interessa menos. Isso chegou ao ápice com Mano Menezes, período em que a "seleção canarinho" chegou quase à avacalhação, de fato. Parreira e Felipão pelo menos impõem mais respeito... É menos pior do que Mano, reconheçamos. O futebol brasileiro é tão retrógrado que a opção pelos treinadores campeões de 1994 e 2002 se torna uma evolução, se comparada com a finada era Mano.

Dedico três linhas a futebol propriamente dito: Parreira me parece taticamente mais inteligente do que Felipão. Este, francamente, era para mim a pior opção entre os nomes especulados. Falando só de futebol, eu escolheria Luxemburgo ou Pep Guardiola. Mas até Parreira eu preferia a Felipão.

De resto, repito as palavras que disse em post de dias atrás:

Não vibrei com Parreira em 94, mas vibrei com Felipão em 2002. Porém, vibrei menos pelo treinador do que pelos achados de Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Ronaldo Nazário nos jogos mais importantes, contra Inglaterra e Alemanha – neste, 2 a 0 na final, dois gols de Ronaldo. Vibrei até com Cafu erguendo a taça. Mas não com Scolari, que, ainda mais, hoje está totalmente ultrapassado.

Acrescento que, em 94, só vibrei com Romário. Especialmente na antológica jogada em que ele carrega a bola desde o meio campo e dá de bandeja pra Bebeto bater como um taco de sinuca, de primeira, no 1 a 0 contra os Estados Unidos. Um dos grandes gols que eu vi.

Parreira conseguiu um feito até então inédito: foi o primeiro a ganhar a final de uma Copa do Mundo nos pênaltis (em 2006, Marcello Lippi igualou a proeza com o título da Itália contra a França nas penalidades máximas). Mas de Parreira, o título de ineditismo nesse quesito ninguém tira.

E Felipão? Vamos ter que engolir.

12 comentários:

Felipe Cabañas da Silva disse...

É. No futebol brasileiro, parece que damos voltas e voltas e retornamos ao mesmo ponto.

Mas o que eu percebi em relação a esse tal "futebol gaúcho", notadamente depois de significativas conquistas com um gaúcho muito inteligente e competente à frente do meu time, é que alguns treinadores gaúchos fogem do padrão "futebol porteño" que parece influenciar demais o ludopédio do Rio Grande. Convenhamos, Tite colocou o Corinthians para jogar um futebol redondo, limpo, com a bola no chão e a cabeça erguida, rigorosamente organizado, mas não exclusivamente cerebral, de maneira a extrair o máximo da capacidade e do talento de seus jogadores. Por isso, existem "gaúchos e gaúchos". Scolari, claramente, é um homem da velha escola "retranca-catimba-porrada-bola parada", um estilo de futebol que, além de horrível, está cada vez mais ultrapassado. Além do mais, é nítido pelo histórico dos últimos anos que, desde 2002, Luiz Felipe não evoluiu, pelo contrário, involuiu. Não é demais lembrar - o que eu acho de enorme importância - que na maior parte dessa campanha execrável que levou o Palmeiras pela segunda vez à série B, era ele o homem à frente do time - um time sofrível, certamente, mas isso não tira completamente a responsabilidade do técnico.

Dito isso, para mim Scolari é ótimo. Incoerente? Não. Estou realmente, como boa parte da torcida, me lixando para a seleção, com a alma e o coração ludopédicos totalmente absorvidos pelo meu Corinthians amado que levo comigo desde o dia 15 de fevereiro de 1983 e que passa por um momento de ouro... Que os mesmos coronéis de sempre fiquem lá na seleção e sejam felizes - de preferência esquecendo que no meu time estão alguns dos melhores jogadores em atividade no país. Ganhar a Copa jogando bonito, feio, ou ver um Maracanaço versão 2014, para mim sinceramente não faz a menor diferença.

Felipe Cabañas da Silva disse...

E o novo técnico da canarinho já começa gerando embaraço Brasil afora:
http://www.lancenet.com.br/selecao/Felipao-Banco-Brasil-causa-descontentamento_0_819518153.html

Bom, intelectualmente eu sempre soube que esse era o nível do Scolari: falta de tato, falta de sensibilidade para lidar com o público, abuso de senso comum em rede nacional, falta de senso crítico e auto-crítico, baixíssimo comprometimento político. Vejo essa declaração como o "start" da era Scolari e o anúncio do que nos espera pelo menos pelos próximos dois anos.

Para mim, vontade zero de torcer pelo Brasil.

Eduardo Maretti disse...

Pois é, Felipe. Isso para não falar de algo ainda pior que esse poço de cultura e sabedoria política já disse em 1998, sobre o sanguinário ditador chileno: "Pinochet fez muita coisa boa também (...) Ajeitou muitas coisas lá (...) Ele pode ter feito uma ou outra retaliaçãozinha aqui e ali, mas fez muito mais do que não fez".

Sinceramente.

Paulo M disse...

Ninguém sabe melhor do que Felipão vender a imagem. Ele adota aquela que as classes sociais dominantes mais gostam: o paizão, bravo mas bondoso e competente, moralizador que põe a casa em ordem e que aconselha, releva, instrui, sabe o que faz. Muitos chegamos a acreditar que a Família Scolari e a turma do amendoim eram algo improvisado, sincero e autêntico. Ali estava o Papai Noel, ranzinza e brincalhão, despojado, sério e honesto.
Mas ninguém sabe nunca o que há por trás da aparência. O velhinho ideal foi traído por uma escolha que ele mesmo fez no comando técnico do Palmeiras. Foi convidado para técnico da seleção exatamente no pior momento de sua trajetória, depois de rebaixar à segunda divisão um dos principais times do Brasil e dar de ombros para uma chuva de comentários comprometedores de pessoas que estiveram com ele no clube em 2011 e 2012, e até de outras que estavam fora. Ele não tem a menor noção da importância do Banco do Brasil como instituição. Na verdade, quer recuperar a aparência amassada pelos últimos dois anos de
serviços mal prestados.
Por esses motivos, pelo prejuízo aos campeonatos brasileiros e por José Maria Marin, vou torcer pela Argentina, pelo Uruguai e pelo futebol na Copa de 2014.

Eduardo Maretti disse...

Paulo, minha crescente insatisfação e indiferença pela seleção acho que não chega, na hora da onça a beber água, ao ponto de torcer pra gringo nenhum.

Em 70 a seleção canarinho dos "90 milhões em ação" foi venerada, e até hoje pra nós é um símbolo do futebol nacional. "Aquilo é que era seleção", dizemos. Mas aquela seleção já tinha Zagalo, fardados, o velho Parreira, que era preparador físico tanto na seleção de 1970 como em 1974.

Lembra do Claudio Claudio Coutinho, o técnico de 1978, oriundo tb da seleção de 70? Foi militar, chegou à patente de capitão no Exército e se graduou na Escola de Educação Física do próprio Exército (lembremos: estávamos no auge do AI-5).

Voltando ao ponto inicial, seria difícil pra mim torcer pra Argentina ou Uruguai contra o Brasil. Na hora que a bola rola, eu sou brasileiro...

abraços

PS: não me lembro de ter dito em nenhum lugar que torceria contra a seleção brasileira, pelo menos não numa Copa do Mundo. Se alguém lembra e quiser apontar, pago uma caixinha de brahma...

Leandro disse...

Não posso deixar de concordar com o Felipe quando ele nos lembra, por meio de outras palavras, que uma coisa é uma coisa gaúcha (Scolari) e outra coisa é outra coisa gaúcha (Tite).
Não sou fã de nenhum dos dois, muito pelo contrário, e todos que acompanham meus comentários acerca de Tite já conhecem minhas reservas quanto ao Adenor mesmo neste período vitorioso que ele tem experimentado à frente do clube.
Mas o fato é que o Adenor não é dado a jogo sujo, mal-caratismo, tampouco porradaria.
Tem vários defeitos o mestre da titebilidade, mas não tem como compará-lo a Scolari e seu Grêmio de brucutus, Dinhos e carrinhos, tampouco o Palmeiras do final dos 90 e início dos 00, pródigo em protagonizar cenas de gandulas jogando a bola em campo no Pq. Antártica quando o time era atacado, ou então de protagonizar cenas de violência contra jogadores dotados de mais recursos (os Neymares e Lucas do momento), com direito ao técnico mandando bater, quebrar a perna e dar cusparada no rosto, em alto e bom som, dentro dos vestiários e nos bancos de reserva.
A simples constatação de que o Corinthians conquistou também o prêmio "fair play" da Libertadores deste ano já é o suficiente para traçar o marco divisório entre os gaúchos Tite e Scolari neste aspecto.
Mas por mim, nenhum dos dois iria para a seleção.

Leandro disse...

Digo: mau-caratismo. (risos)

Felipe Cabañas da Silva disse...

Edu, então a coisa é pior que eu pensava. Desconhecia, graças aos céus, esta declaração medonha quanto ao facínora Pinochet. Eu também não chego ao ponto de, em plena Copa do Mundo - no Brasil, ainda por cima - torcer para um hermano derrotar a selecinha (até torço pelos hermanos isoladamente, por motivos de orgulho latino-americano(rsrs), mas jamais contra o Brasil). No entanto, com Scolari à frente, Parreira atrás, não dá pra torcer. Para mim, em termos de torcida, a Copa 2014 acabou hoje. Vou desfrutar do espetáculo, e tentar ir ao campo ver algum joguinho desprezado, um Nigéria x Polônia da vida. Mas o que acontecer a seleção, honestamente, não tocará muito meu coração.

Paulo M disse...

Edu, acho que esse é o sentimento nacional. Torço pelo Brasil, mas não incondicionalmente. Não me sinto necessariamente representado por um time que veste camisa amarela e calção azul. Como disse Antero Greco ainda há pouco, "tenho medo da ideia do 'Brasil, ame-o ou deixe-o'". O atual técnico da seleção afundou meu time na lama. Não só ele, óbvio. Mas ele foi contratado como aposta e foi lá tirar proveito pra si, não foi por simples incompetência. Pelo jeito, a coisa saiu melhor que a encomenda. Os argentinos, uruguaios, paraguaios etc., durante a ditadura, eram tratados como irmãos. Agora não, são hermanos. Poderia ser o técnico brasileiro o Guardiola, ou o Luxemburgo, ou o Tite. Felipão... eu tô fora. Como disse no comentário anterior, vou torcer pelo melhor futebol, não pelo Brasil...

Alexandre M. disse...

Caro Edu, obviamente vc vai torcer pra Seleção Brasileira, pois um dos maiores jogadores do mundo, Neymar, principal jogador do Santos, certamente vai jogar. Todos os santista torcerão para a seleção, sem dúvida. Mas o que é doloroso, para nós palmeirenses, é ver um dos maiores esculachos na história DO FUTEBOL BRASILEIRO, um profissional como o LFE, merecidamente respeitado até então, com críticas, é claro, (ninguém é livre de pecados)agora gira novamente em sintonia com a esfera da seleção brasileira, para ser técnico, deu tamanha desimportância a um dos maiores clubes do mundo que é a SEP (pecado mortal). Queira ou não, isso é degradante. E a seleção parece retomar um curso com um técnico cumplice de um decenso. Que maus. Tudo já estava planejado então? Seria muita ingenuidade achar o contrário. Então acho isso tudo nojento. Sinceramente, quero que a seleção de Felipão se dane.

Eduardo Maretti disse...

Bem, diante de tantos comentários bons, encerro minha participação dirigindo-me aos palmeirenses, pra fazer uma observação necessária.

Há muito tempo eu critico Scolari no blog. Podem procurar. Mas ambos os parmerenses que acima comentam saíram mais de uma vez em defesa de Felipão quando este blog o criticou, disso eu me lembro. Até eu defendi o agora demoníaco treinador qdo ele rejeitou a seleção para ficar no Palmeiras, e a CBF então contratou Mano Menezes. Mas futebolisticamente nunca elogiei Felipão. O estilo de jogo dele é horrível. Como disse no post, prefiro Parreira (sic).

Agora os palmeirenses acham Scolari o fim, mas é bom lembrar que nem sempre acharam.

É natural que os palmeirenses extravasem seu ódio e agora Felipão seja culpado pelos males do universo. Mas o rebaixamento do Palmeiras não tem nada a ver com seleção brasileira. Vamos separar as coisas.

abraços verde-amarelos (hehe).

Alexandre M disse...

Legal, só pra concluir isso, Scolari é um dos fins. Caducou. O que resta e interessa são somente os jogadores que aí estão à disposição de qualquer técnico. Qualquer ser, bom técnico, escala uma seleção brasileira competitiva. Por isso, acredito que Luxemburgo seria a melhor opção, pela qualidade técnica atual dos atletas brasileiros e por ser muito provável a identificação de seu esquema ofensivo com a realidade atual do futebol brasileiro. Mas como sempre, a política vence, Scolari está de volta num esqueminha sujo, como sempre.
Eu mesmo já defendí LFS aqui, nesse blog, o que falei, não desdito, "um profissional como o LFS, merecidamente respeitado até então, com críticas, é claro, (ninguém é livre de pecados)..."
Difícilmente algum palmeirence negaria a conquista da Copa do Brasil e posteriormente a Libertadores. Dificilmente algum brasileiro negaria a conquista da Copa do Mundo de 2002, ambas sob o comando de Felipão. Foi o ápice de LFS, muitas alegrias numa década de grandes conquistas. Hoje o quadro é outro, numa situação adversa para o pr´prio. Vamos conferir. Seria uma façanha a conquista do hexa, uma vez que o passado pertence aos abutres. Viva o Papai Noel.
Abraços só verdes (hehe)