terça-feira, 6 de novembro de 2012

A quatro rodadas do fim, esvaziado e chato, Brasileirão tem quase tudo decidido


Nota triste é o virtual rebaixamento do Palmeiras pela segunda vez em dez anos
Reprodução
Imagem comovente da palmeirense
em Araraquara, no último domingo
Faltando quatro rodadas para o fim do Brasileirão, só mesmo em respeito à matemática e à tradição do Palmeiras, como disse Antero Greco, não se crava com certeza que o Alviverde está virtualmente rebaixado à segunda divisão dez anos depois de seu primeiro descenso. À época, o time tinha ficado órfão da Parmalat e era treinado por Vanderlei Luxemburgo, que saiu do clube no início daquele Brasileirão.

Ele foi substituído por Levir Culpi. A equipe tinha alguns jogadores que qualquer torcedor queria em seu time, como Marcos, o lateral direito Arce, o meia Zinho. Mas as divisões internas, as eternas brigas fratricidas na Academia, como em 2012, falaram mais alto.

Curiosamente, como em 2002, o Palmeiras de hoje tinha um treinador cobiçado, Luiz Felipe Scolari, que também saiu do clube antes da queda, deixando o time nas mãos de um treinador promissor, Gilson Kleina, mas pouco experiente para segurar o rojão.

E ironicamente, ao contrário de 2002, talvez a "tragédia" de 2012 tivesse sido evitada se  Felipão tivesse saído antes. Com inúmeras contratações equivocadas, opções técnicas e táticas às vezes inexplicáveis e outros erros, o treinador deixou o cube à beira do abismo. Claro, uma diretoria pífia e o pífio presidente Arnaldo Tirone ajudaram na trajetória lamentável, de que a comovente imagem da jovem palmeirense aos prantos no empate em 2 a 2 com o Botafogo, no último domingo, em Araraquara, é fiel expressão.

Lamento, sinceramente, pelos palmeirenses.

De resto, no início do Campeonato Brasileiro, em 19 de maio, no post Brasileirão começa, como sempre, esvaziado e chato, escrevi que, se o calendário fosse mais "decente", os times que eu consideraria favoritos ao título seriam "o atual campeão Corinthians, Santos, Internacional, Fluminense, Grêmio e São Paulo (acho que o bom time do Vasco está em decadência e namorando com a crise...)".

Teremos mais cerca de um mês de um campeonato esvaziado e chato. Campeão decidido, rebaixados quase definidos e G-4 idem. Um bocejar interminável.

Bem, chato ou não, até que não fui tão mal. Acertei três dos quatro times no G-4 e, entre eles, o Fluminense, virtualmente campeão brasileiro de 2012.

5 comentários:

Felipe Cabañas da Silva disse...

Bom, Edu, disse no outro post que não concordo muito com a sua visão do Campeonato Brasileiro. Neste campeonato, calhou de título, libertadores e rebaixamento serem decididos mais cedo - para mim a única emoção que resta é saber se o último rebaixado será Sport, Bahia ou Portuguesa (não sei não, mas estou temendo um pouco pela Lusa, espero que eu esteja errado).

O último campeonato, para mim, não foi nem um pouco esvaziado. Pelo contrário, foi repleto de emoção até o último minuto. Para os tricolores do Rio, os resultados do Fluminense esse ano têm vindo no fio da navalha, como os do Corinthians no ano passado. E o Fluminense, na melhor das hipóteses, comemora o campeonato com 3 rodadas de antecedência, o que não é nenhum absurdo em campeonatos de pontos corridos - na Espanha, o monopólio entre Real e Barcelona costuma acabar com os campeonatos uma meia dúzia de rodadas antes da hora. Teoricamente, eu deveria preferir o modelo copa, afinal, três dos títulos do meu time foram neste formato. Mas, sinceramente, prefiro o formato pontos corridos.

Paulo M disse...

A Rádio Globo, bons anos atrás, tinha um comentarista chamado Paulo Roberto Martins. Um dia, ouvindo o programa "Globo esportivo", em 2004, quando o Santos, mesmo perseguido pela arbitragem, liderava o campeonato por pontos corridos (e acabou campeão), o Paulo Roberto disse: "Sabem por que o Santos está sendo operado? Porque se ele for campeão com muita antecedência, a televisão vai ter um prejuízo tremendo." Ele se referia, claro, à TV Globo. Foi a última vez, ou uma das últimas, em que escutei um comentário seu na emissora. Acho os pontos corridos muito mais fáceis de se manipular por quem de interesse. Não deve ser à toa que a moda pegou num país tão devedor de transparência em praticamente todos os setores da vida pública.
Quanto ao praticamente rebaixado Palmeiras, quero destacar as palavras do mesmo Antero Greco ontem no "SportCenter": "A arbitragem não é o único, muito menos o principal motivo pelo fracasso, mas é bom deixar registrados os prejuízos do time com erros sequentes no início da competição". Fora isso, merece cair. A lista de erros, bandalheiras e incompetência técnica e administrativa seria tão longa que acho melhor não perder meu tempo. Merecem destaque a insapiência e a ganância de Luiz Felipe Scolari, que retornou ao clube como ídolo e saiu, cheio da grana, como vilão, e a bananada de Tirone, um presidente que, dois anos depois de eleito, ainda não sabe a quem obedecer. Ponto positivo é o trabalho de Gilson Kleina, que paga o preço da inexperiência e da dificuldade de retirar do time o hábito feio de defender e dar pontapés, mas que já trouxe pelo menos três ou quatro bons jogadores das categorias de base: Vinícius, Patrick Vieira, João Denoni e Bruno Dhibal. Fora essa molecada e a dupla Barcos Assunção, o resto é resto. E que, daqui pra frente, aconteça o que acontecer, esse clube finalmente aprenda a filtrar a sua vida.

Eduardo Maretti disse...

Paulo, sua análise do Palmeiras é precisa, muito melhor do que a minha seria por mais que eu tentasse. Só acho que, de fato, diante de tanta bandalheira no clube, a arbitragem foi o fator menos "culpado" pela queda, se é que foi de alguma forma determinante. Acho que nem foi. Você mesmo lembrou o Santos campeão de 2004 com Luxemburgo, quando o Deivid, em grande forma, precisava fazer dois gols por jogo, pra valer um. O Santos foi operado várias vezes e foi campeão. Fazendo uma analogia ao contrário, não foram algumas operações as responsáveis pelo rebaixamento do Palmeiras. Foi todo o resto que já mencionamos.

Não acho os pontos corridos "muito mais fáceis de se manipular por quem de interesse"... Já vi decisões em que o resultado (ou seja, o título) foi fabricado de maneira visível. A final de 1980, Flamengo campeão contra o roubado Atlético-MG (um dos maiores escândalos do campeonato brasileiro), por exemplo. Santos x Botafogo em 1995, eu tava no Pacaembu. Enfim, pontos corrisdos ou mata-mata, o descaramento fala igual.

Bom, Felipe, seus argumentos a favor dos pontos corridos são respeitáveis, beleza, mas futebol no fim das coisas é entretenimento, prazer, espetáculo. Ser legal pra você em 2011 (ou pros torcedores do Flu em 2012) e chato pra torcedores de muitos outros descaracteriza o que o esporte de modo geral tem de emocionante: a decisão!

abraços

Leandro disse...

O que está chato, mas chato mesmo, é este samba de uma nota só do "o campeonato deste ano está chato só porque o meu time não tem chances".
Por favor, vamos parar com isso.
O curioso é que lembraram aqui o campeonato de 2004, último ganho pelo clube do blogueiro no sistema atual, e não me causam espécie as palavras do Paulo Morsa a respeito dele, tampouco as do Grecco sobre o Palmeiras, porque até a "Tia" que serve o café lá na empresa sabe que o Morsa é santista roxo e que o Grecco é palmeirense roxo.
E é claro que eu discordo do que eles disseram.
O Morsa certamente não achou "chato" quando, em 2004, o Eurico colocou o time reserva do Vasco para levar surra do Santos na última rodada, sendo que o time titular havia batido o Atlético Paranaense dias antes.
O que é que o Morsa achou de tudo isso?
E quanto ao estado calamitoso em que se meteu o Palmeiras, o time (por meio de quem o conduz), fez tanta coisa errada, fez tanto para estar onde está, que mesmo que tivesse sido assim, tão roubado quanto sugere o Grecco, haveria de estar no mesmo lugar.
Mas não foi assim, tão roubado quanto se sugere.
Relaxemos, portanto, e curtamos o final e as definições deste que é o mais equilibrado e disputado nacional do planeta. Se bem que o inglês/corinthiano da SporTV (Tim Vickery) diz que o colombiano é mais....
O problema é que aqui os canais não passam. Estão muitos ocupados com os enfadonhos italiano, espanhol, inglês, russo, português. E estes ninguém acha chato.
Vai entender...

Felipe Cabañas da Silva disse...

Bom, pra mim Libertadores da América, se não tem o meu Corinthians ou algum arqui-rival pra eu desopilar o fígado torcendo contra, também é chato. E é Copa. E tem decisões por pênaltis. E tem porradaria, sinalizadores, invasão de campo e papel higiênico no gramado...rsrs... No entanto, se a decisão da Libertadores é Boca Juniors x Once Caldas, francamente, eu não tenho o menor interesse.

Não é prerrogativa de todos os campeonatos serem "legais" e eletrizantes para os torcedores de todos os times. É natural que haja uma "alternância", saudável, na parte de cima - e portanto alternância entre os "interessados". O Fluminense será campeão porque joga um futebol fantástico - inclusive, o melhor da primeira fase da libertadores 2012; inclusive, o Fluminense só não passou pelo Boca Juniors porque um certo José BuiEStrago, árbitro medíocre e caseiro que só a ConmeVÁRZEA poderia utilizar, o operou em plena Bomboneira; inclusive, se o Fluminense tivesse passado pelo Boca, como era o mais justo, talvez a final da Libertadores tivesse sido Corinthians x Fluminense, afinal três times brasileiros iriam se encontrar na semi-final e não teria como a ConmeVÁRZEA impedir uma final brasileira.

A torcida do Fluminense é pequena, sim. O Engenhão, invariavelmente, mesmo nas "decisões", fica com vários vazios. Muita gente não está nem aí para o Brasileirão deste ano, é verdade. Mas o campeonato não está esvaziado de futebol, e é isso que importa, na minha modesta opinião. (Olho no Fluminense na Libertadores do ano que vem. Se não operar um desmanche no time, com o Abelão encontrando o futebol ideal, é um excelente candidato a também "perder a virgindade" de Libertadores, algo que a bem da verdade deveria ter acontecido em 2009). Saudações!