sábado, 24 de novembro de 2012

Duas visões sobre a queda de Mano Menezes e o próximo técnico da seleção


Reprodução
Muita gente acha que a seleção brasileira, cada vez mais, só serve para atrapalhar o futebol no país. Para os torcedores do Santos, isso cala mais fundo atualmente. O clube fez um esforço inédito, manteve o craque Neymar contra a investida dos poderosos Chelsea, Barcelona e Real Madrid e, no entanto, o atleta desfalcou a equipe 12 vezes durante o Brasileirão.

O Santos ganhou no Campeonato Brasileiro de 2012 cerca de 70% dos pontos que disputou com Neymar no time (faço uma estimativa tendo em mente que, em setembro, o índice era realmente de 74% dos pontos conquistados com ele em campo, e pífios 24,5% sem o craque). O índice de aproveitamento da equipe com Neymar, em torno de 70%, é o índice de aproveitamento do Fluminense, campeão brasileiro.

Voltando ao fato do dia, a súbita queda de Mano Menezes vai fazer com que as apostas sobre seu substituto se prolonguem até janeiro, quando a CBF disse que vai anunciar o treinador que comandará o balcão de negócios na Copa do Mundo. Para quem ainda torce muito pela seleção brasileira (ainda há pessoas assim?), ou no mínimo tem interesse por ela, a queda do treinador deve ser comemorada, já que com Mano acho que ganhar a Copa seria muito difícil.

No caso deste blogueiro, penso que há duas maneiras de raciocinar sobre o tema queda de Mano Menezes e quem será o sucessor.

Raciocínio 1: esquecendo o lado “balcão de negócios”

Deixando de lado por um momento o caráter balcão de negócios de tudo isso, só pensando em futebol, temos algumas opções: Vanderlei Luxemburgo? Felipão? Muricy Ramalho? Abel Braga? Tite? Pep Guardiola? Eu preferiria Luxemburgo. Na seleção ele teria que render e para isso precisaria esquecer seu complexo de manager por (apenas) menos de dois anos, até a Copa do Mundo. Teria de ser uma gestão pragmática, mas o treinador entende muito de futebol e seria o candidato a apresentar um time mais bonito de se ver jogar.

Falam que Felipão é favorito. Será? Primeiro, opinião pessoal, escola gaúcha no me gusta. Portanto eu tiraria da lista de cara também Tite. Em segundo lugar, independentemente do que eu acho, com paulistas aparentemente no comando da CBF (Marin, Marco Polo Del Nero), será que optariam por uma solução gaúcha para o comando técnico? Pode ser que sim, pode ser que não. Meu palpite é que não. Ou será que torço pra que não?

Enfim, Muricy e Luxemburgo seriam candidatos fortes numa solução paulista para a seleção. Embora carioca, Luxemburgo de certa forma se “paulistanizou”, já que suas grandes conquistas foram em São Paulo por três grandes clubes do estado: Palmeiras (1993/94 e 96), Corinthians (1998) e Santos (2004 e o menos brilhante Peixe de 2006/07).

São só especulações, mas eu não acharia a solução Guardiola ruim. Consta que inclusive ele teria se oferecido ao cargo. É preciso parar com esse corporativismo meio falso. Todos os mais cotados treinadores brasileiros cobiçam o posto vago, embora se declarem condoídos com a demissão do colega Mano. Já Guardiola com certeza faria algo mais inquietante, eu diria, do que essa mesmice de Muricy, Tite e Felipão, e até de Abel Braga. Futebolisticamente falando, por mim, ficaria entre Vanderlei e Pep. Ponto.

Raciocínio 2 – Pensando como santista

Neste caso, meu raciocínio já seria outro. Como torcedor do Peixe, eu indicaria Muricy para substituir Mano Menezes. Seria a forma mais rápida e indolor, sem traumas, de meu time se livrar do treinador. Que tem seus méritos, reconheço, mas não é um estilo que combina com o Santos. O futebol dos seus times é feio, e eu não gosto do meu time jogando feio. (Não vibrei com Parreira em 94, mas vibrei com Felipão em 2002. Porém, vibrei menos pelo treinador do que pelos achados de Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Ronaldo Nazário nos jogos mais importantes, contra Inglaterra e Alemanha – neste, 2 a 0 na final, dois gols de Ronaldo. Vibrei até com Cafu erguendo a taça. Mas não com Scolari, que, ainda mais, hoje está totalmente ultrapassado.)

Indo para a seleção, portanto, Muricy ficaria feliz, realizaria o sonho de todo técnico, e o Peixe poderia retomar o rumo do futebol que tem a ver com suas tradições e sua escola, as quais o técnico são-paulino é incapaz de entender, pelo menos segundo o que demonstrou até aqui, um ano e sete meses após assumir.


*Atualizado às 02:20


8 comentários:

Felipe Cabañas da Silva disse...

Eu adoro a escola gaúcha. Principalmente porque a escola gaúcha comandou o Corinthians na melhor campanha da história de um campeão da Libertadores.

É. Pois é. A seleção brasileira chegou a um nível de distância do torcedor que esperamos que ela se arranje da melhor forma possível, sem contudo respingar no nosso time - que vem em primeiro lugar para todos, corintianos, santistas, palmeirenses, são-paulinos, bugrinos, lusitanos ou ponte-pretanos.

Então, para mim, a melhor opção até a Copa 2014 era mesmo o Mané Menezes. Ele fica lá fazendo as maracutaias dele. Deixa o Corinthians em paz a não ser por uma ou outra convocação, perde a Copa do Mundo para a qual estou me lixando e assim caminha a humanidade.

Agora, a melhor opção para mim é qualquer uma, menos Tite. Acho Guardiola uma péssima opção. Quem tem Tite, Felipão (?), Abelão, profexxxor Luxa, e cia ltda, pra que precisa de gringo? No entanto, não tirando o Tite do Corinthians, ganhando ou perdendo essa merda de Copa, a confederação brasileira de maracutaias pode escolher quem ela quiser pro time fantoche dela. Por que não Gilson Kleyna? Ele trabalha com "a base".

É, minha mensagem foi dura. É que tomei umas cervejas hoje. E quando tomo eu fico meio sincero...kkkkkkkkk...

Eduardo Maretti disse...

hahaha. Eu também tomei umas e outras até agora há pouco, numa festa. E estou na saideira ainda.

Reafirmo, com a sinceridade dos manguaças: odeio a escola gaúcha. Como um amigo meu diz, o "império gaúcho" está detonando o futebol brasileiro. Felipão, Tite, Mané Menezes... ô futebolzinho feio.

Quanto ao Guardiola, não tenho preconceito contra gringos por serem gringos. Felipão ganhava 700 mil no Palmeiras e deixou o time na segunda divisão. Muricy ganha 500 mil no Santos(ou mais) pra fazer esse servicinho sem-vergonha. Mané Menezes, o bão, é isso que se viu. E por aí vai.

Todos com suas maracutaias e sua arrogância. Quem faz o futebol não são esses farsantes, mas os jogadores, os craques sobretudo. Que se danem os treinadores brasileiros.

Abraços, Felipe. E... vai, Chelsea! hehe. (a cerveja e a sinceridade).

Leandro disse...

Eu também não curto a escola gaúcha, embora reconheça que, depois da aposta do Palmeiras com aquele time horroroso, que sabe-se lá como ganhou a Copa do Brasil de 98 e a Libertadores de 99, a tal escola ganhou bastante espaço em terras bandeirantes, e se consolidou nos últimos anos por aqui.
As veias italianas do Scolari foram o primeiro elemento de conexão entre a escola gaúcha, até então execrada em SP, e a SEP. E a partir dali eles vieram para ficar, infelizmente.
Compartilho o sentimento de não estar me lixando para o time da CBF, e só de pensar que o Corinthians, jogando o que não jogou neste Brasileirão, ainda assim está em 5º, imagino onde estaria não fossem tantas as ausências decorrentes das convocações de Paulinho, Ralf e até de Fábio Santos, que como vimos no jogo de ontem, também faz falta quando o que fala mais alto é o conjunto em vem das individualidades.
Sem dúvida que estas convocações todas também impediram que o Corinthians ficasse com o título deste ano.
Sobre o Guardiola, eu não traria porque acho muito perigoso apostar nisso a esta altura do campeonato.
O sujeito certamente não conhece nada do futebol brasileiro. Provavelmente não sabe sequer o nome de cinco jogadores dos três primeiros colocados, tampouco as cores dos uniformes destes times.
Ele não conhece nada do Brasil nem do futebol brasileiro, e teria um curtíssimo espaço de tempo (até 2014) para se adaptar ao país e para o país se adaptar a ele.

Paulo M disse...

Acho que o Guardiola seria a melhor opção pra sair da mesmice, mudar o cotidiano da Seleção. Na verdade, estou pouco ligando pra Seleção... Tenho um lado crescente que adoraria uma nova final entre Brasil e Uruguai com vitória uruguaia de novo. Não é prazer, é um sentimento de rechaça a uma representação que não me representa pelos motivos já apontados pelo blog.
Esse papo de um técnico estrangeiro ter tempo curto pra se adaptar ao futebol brasileiro pra mim é balela. O futebol é universal e Guardiola talvez escapasse ao círculo vicioso de comissões técnicas que há muito parecem se preocupar mais em atender a interesses desconhecidos do que em escalar o melhor time e fazê-lo simplesmente jogar bola. O Muricy, pouco antes da final contra o Barcelona, disse que era fácil ser técnico de um time com o elenco dos espanhóis. Não é bem assim. O Barça, desde a saída do Guardiola, não é mais o mesmo.
Mas os outros nomes que se cogitam (Luxemburgo, Muricy, Tite...) são os mesmos. Desses aí, acho que o melhorzinho seria o Luxa. Foi quem estava na seleção quando o regulamento das eliminatórias mudou, ficou bem mais difícil. Ele perdeu alguns jogos, o que era natural, e foi demitido por isso. Foi o que nos contaram, pelo menos.
Se o Guardiola for o técnico (deixemos os ufanismos de lado um pouco!), vou repensar. Senão, eles que se entendam.


Leandro disse...

Concordo em gênero, número e grau com o que o Muricy falou acerca da facilidade de se treinar o Barcelona.
Na época, até comentei que é fácil contar com um ultra-entrosamento daqueles, que transforma em inquestionáveis até mesmo jogadores bisonhos como Piqué e Puyol.
E no que é que o Guardiola mudaria seu comportamento em relação ao dos outros para não se submeter às determinações e interesses da CBF, que o contrataria?
Trata-se de uma instituição privada, da qual ele seria preposto, como todos os outros, brasileiros ou não.
Só mesmo o sentimento de colonização e de subserviência aos gringos pode explicar esta crença de que ele não se curvaria a isto "só" porque é europeu. Meu poupem...
Entre todas as opções aqui discutidas, eu iria no Luxa, sem pestanejar.
Quero acreditar que ele aprendeu apanhando em sua primeira experiência como técnico, para não fazer as burradas que fez, misturando o lado treinador com o de empresário, "manager", cartola e etc.
E para os colonizados de plantão, vale lembrar que ele tem "experiência internacional", ainda que esta não tenha sido lá muito bem sucedida.
De qualquer modo, há quem goste disso. Então, temos aí um argumento a mais em favor do atual técnico do Grêmio.

Paulo M disse...

Bom, Leandro, então não sei por que estamos discutindo o assunto aqui. Afinal, uma seleção brasileira bem escalada não fica nem um pouco atrás do time do Barcelona. E se for só pra escalar, que seja o Luxemburgo ou o Felipão ou o Tite ou o Muricy, o Ney Franco, o Cuca, ou qualquer outro senhorio, desde que brasileiro rsrs.
O primeiro técnico do Palmeiras na era Parmalat foi o Otacilio Gonçalves, antes do Vanderlei. O time de Zinho, Evair, Edmundo, Cezar Sampaio e Mazinho sabia fazer uma coisa: chuveirar na área.
A declaração do Muricy foi o primeiro passo pra derrota santista no Mundial. E o time em campo foi o retrato de sua inércia.

Ser colonizado não é escalar um técnico estrangeiro pra Seleção, meu véio. Muito mais do que isso, é se colocar na condição de colonizado. Talvez seja também passar a borracha no histórico da ficha do Luxemburgo e esquecer facilmente o bem e o mal que ele fez ao futebol brasileiro, afinal seu desafeto Ricardo Teixeira não é mais o presidente da CBF.

De outro modo, não sei se seria a melhor opção, mas acho que o Guardiola aparece como alternativa nova, válida, sim.

abrs.







Leandro disse...

Dirigir um clube e uma seleção são processos muito diferentes, Paulo.
A questão do entrosamento que mencionei mora exatamente nisso.
Numa seleção não tem como dar a sequência que se dá num clube. E ainda mais num clube "imexível" como o Barcelona, onde os melhores não vão embora a cada semestre e para onde só vai a nata do futebol, já que o modelo adotado pelo futebol deles ainda está inspirado numa espécie de processo colonialista no que diz respeito à exploração de "pé-de-obra".
Queria ver o Guardiola tendo que montar um novo time a cada seis meses porque os melhores foram para a Europa, como ainda ocorre por aqui. Em menor escala, mas ainda ocorre.
E veja que eu não esqueci o passado do Luxemburgo. Tanto que justifico minhas esperanças nele quando digo que não acredito que possa fazer as mesmas burradas daquele período, tanto dentro quanto fora de campo. Principalmente fora de campo.

Anônimo disse...

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