segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ouvir o álbum póstumo de Amy Winehouse é uma decepção, infelizmente


No post da retrospectiva de 2011, Paulo M fez um comentário sobre o disco póstumo Amy Winehouse Lioness: Hidden Treasures em que afirma: “Ouvi algo desse novo disco atribuído a Amy Winehouse e não gostei. Tem músicas já gravadas antes e outras em que fazem umas mixagens não originais e claramente comerciais de músicas que ela tinha gravado antes, de outra forma”.


Na ocasião fiz uma ressalva ao comentário (dizendo que os Beatles também tiveram discos lançados após o fim da banda, e excelentes álbuns). Porém, a verdade é que Paulo tinha toda razão. Ouvi ontem o CD pela primeira vez e, infelizmente, também não gostei. Aliás, a não ser pelo fato de ser a última oportunidade de podermos ouvir um disco “novo” da grande Amy, detestei.

Apesar do trabalho ter sido saudado por críticos internacionais com certa emoção, pois foi lançado meses depois da morte dela (leia aqui), basta você comparar a versão de “Tears Dry” inserida no álbum póstumo com a da mesma canção no genial Back to Black. A diferença é astronômica. Outra enorme decepção de Amy Winehouse Lioness é “The Girl from Ipanema”, o clássico de Tom Jobim e Vinícius de Moraes. Era uma das faixas que eu tinha muita curiosidade de ouvir. Mas uma bateria de plástico (que de resto perpassa o álbum inteiro) dá um tom de vulgaridade absolutamente incoerente com o rigor com que Amy, como se sabe, cuidava de seus trabalhos.

"É provável que algumas gravações talvez nunca tivessem sido divulgadas se ela ainda estivesse viva", disse à época do lançamento Alexis Petridis, crítico do jornal The Guardian. Ele lembrou, como eu disse acima, que Amy era muito escrupulosa quando se tratava do lançamento de seus álbuns.

Petridis mencionou especificamente "The Girl from Ipanema" e questionou se a cantora teria autorizado seu lançamento, tal como veio a público.

Pois é.

2 comentários:

Mardson Machado disse...

Por isso que eu nao escutei.
Abraço, Edu.

Paulo M disse...

Uma das coisas que caracterizavam a postura da Amy, e que acho legal, embora no caso dela talvez houvesse uma dose de exagero, era o "desleixo" com a própria imagem no momento em que a imagem era o artigo mais importante da vitrine no caso de artistas ligados a grandes indústrias de consumo de discos sedentas por dinheiro. Amy morreu de tanto tomar drogas mas também cuspiu na grana da burguesia pouco afeita à arte. Perguntada certa vez se não pensava em atuar paralelamente em outra área, respondeu: "Não sou modelo, sou artista". A belíssima gravação de "Will You Still Love Me Tomorrow", nesse disco novo, está, eu diria, adulterada. O melhor mesmo, pra quem gosta de Amy Wynehouse, é ouvir o "Frank" e o "Back to Black", além de algumas gravações autênticas espalhadas pela internet. O resto não tinha sido autorizado.