Por Valter Pomar*
As revistas semanais e jornalões dedicam grande espaço ao 11 de setembro de 2001, quando ocorreu o ataque contra as torres do World Trade Center, em Nova York. Convém lembrar, também, de outro 11 de setembro, ocorrido no ano de 1973, quando um golpe militar derrubou o governo da Unidade Popular, no Chile.
As cenas deste 11 de setembro chileno também envolvem aviões: o Palácio de La Moneda foi bombardeado pelos golpistas. No interior, um punhado de pessoas, entre as quais o presidente Salvador Allende, resistia bravamente.
Allende recusou a oferta, feita pelos golpistas, de um avião para tirá-lo “em segurança” do país. Fez bem: ao mesmo tempo em que faziam a oferta, os golpistas tramavam derrubar o avião em pleno voo, conforme provam gravações feitas à época.
Allende também recusou a oferta, feita por setores da esquerda chilena, de sair do Palácio La Moneda, a esta altura convertido numa armadilha, e comandar a resistência a partir da periferia operária de Santiago. Optou, conscientemente, por resistir até o fim. Seu suicídio foi um gesto político de extrema coragem pessoal.
Por qual motivo lembrar de Allende, da Unidade Popular e do golpe de 11 de setembro de 1973? Por um motivo muito simples: hoje, em diferentes países da América Latina, as forças de esquerda enfrentam dilemas estratégicos muito parecidos com aqueles vividos então pela esquerda chilena. Conhecer, estudar e criticar aquela tentativa de construir uma “via eleitoral para o socialismo” é fundamental para que tenhamos sucesso hoje.
*Valter Pomar integra o Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores
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