domingo, 3 de julho de 2011

Te cuida, Mano


Foto: Divulgação/CBF
 Na estreia do Brasil da Copa América de 2011 em La Plata, contra a Venezuela, a seleção de Mano Menezes ficou num 0 a 0 tão melancólico como a Argentina na estreia, com o decepcionante 1 a 1 ante a Bolívia.

O segundo tempo do Brasil foi tão ruim que o goleiro venezuelano Vega não defendeu uma bola sequer, que me lembre. O comentário, claro, e o mais fácil, é o de que Ganso, Neymar, Pato e Robinho não brilharam, como se você juntar um monte de craques fosse suficiente para se armar uma grande equipe. No potal Terra, a manchete foi: “Quarteto ofensivo falha e Brasil decepciona em estreia contra Venezuela”.

A verdade é que:

1) a batata de Mano Menezes vai assar nessa Copa América, se a seleção não convencer. Um time com tal elenco não apresentar nada até agora, nem coletiva nem individualmente, não pode ser culpa de Daniel Alves, André Santos, Paulo Henrique, Pato, Fred, Robinho, Neymar ou outros. O time não tem padrão tático. A insistência em Ramires é incompreensível, se pensar que Hernanes, da Lázio, nem foi convocado, para não falar de Arouca. Quanto a Elano, que hoje entrou no segundo tempo, tem que dar um desconto, pois ele está na segunda temporada sem férias. Robinho, de quem sempre fui fã, parece fora do tom na seleção e tem que sair. E Fred é lento, não chega a 2014.

Esquemas e pranchetas

Esse negócio de esquema 4-2-3-1 ou coisa que o valha é falta do que inventar. O esquema básico de Mano é o 4-3-3 mesmo, variando para o 4-2-4 dependendo do jogo. O resto é pra vender jornal. O tal 4-2-3-1 é para quem gosta de prancheta, como se o futebol fosse tão fácil de esquadrinhar como um jogo de xadrez, sem dinâmica. Daqui a pouco vão inventar o 4-1-1-2-2 ou o 4-2-1-1-1-1 e todo mundo vai achar genial. Podem me chamar de ignorante, mas para mim o 4-2-3-1 não existe. E o famigerado 3-5-2, que contou com alguns adeptos por aqui (como Felipão e o próprio Muricy Ramalho) felizmente está em extinção.

Saindo da prancheta e voltando ao Mano, dos três jogos a considerar feitos até aqui pela seleção sob o comando do treinador, foram duas derrotas (para Argentina e França) e um empate (recentemente, 0 a 0 contra a Holanda, em Goiânia), todos amistosos. O 0 a 0 com a Venezuela acende a luz amarela.

- *Não houve "melhores momentos nesse jogo". Houve um melhor momento: a defesa espetacular do zagueiro venezuelano Vizcarrondo, que o Galvão Bueno custou a admitir que não foi pênalti:



2) a Copa América mostra os efeitos de o calendário do futebol ser um no Brasil e outro no resto do mundo. Enquanto na Europa os clubes estão em férias e começam a temporada em agosto, no Brasil ninguém sabe quais serão os times em campo a partir do mesmo agosto, quando o Brasileirão estará do meio pro fim do 1° turno e a Europa inicia suas ligas nacionais.

Duvido que corintianos, são-paulinos, palmeirenses, flamenguistas, cruzeirenses, vascaínos, gremistas etc, e até os mais tranqüilos santistas, estejam preocupados com a Copa América. Mas o calendário meio que quebra o Brasileirão em anos de Copa do Mundo e Copa América, hoje mega eventos de negócios feitos para os novos talentos serem expostos na vitrine.

*Atualizado às 23:21

5 comentários:

João disse...

a batata vai assar não, maretti... a batata jah ta assando...

Paulo M disse...

Jogamos de igual pra igual com a Venezulela hoje. Só não tanto assim porque nossa camisa é canarinho e a deles é vinho. E por causa dos craques, que hoje aceitaram a marcação, passivamente. O Robinho não corresponde desde a derrota pra Holanda ano passado, quando ficou 90 minutos brigando e reclamando. Já tá começando a me cheirar um Ronaldinho Gaúcho da vida. Tem muito jogador que sonha em integrar a seleção enquanto ela pode valorizá-lo no mercado. Depois disso, vira a chatice de bater cartão mesmo, e fingir pra galera que ama a amarelinha pra não perder reputação e imagem. E sob o comando de um Mano Menezes, figura insossa, não vamos a lugar algum. Precisamos de um homem forte no comando técnico, tipo Felipão ou Muricy Ramalho. Caso contrário, estamos fadados ao marasmo.

alexandre disse...

Vamos botar gente nova aí. Esse mano menezes é demais de ruim. Não tem carisma, parece que não tem sangue esse sujeito. Que joguimho feio, credo!!

Paulo M disse...

Engraçado como a grande mídia esportiva poupa o Mano. Parece um prêmio ao ex-corintiano bonzinho e educado nas coletivas de imprensa. O Dunga, por muito menos, era bombardeado todos os dias. Concordo com o post, que já no título destaca o técnico no fracasso de ontem, que, inseguro, trabalha como se "juntar um monte de craques fosse suficiente para se armar uma grande equipe". Não é querer achar um bode expiatório pro fiasco, mas é fácil ver que o time é um amontoado de craques sem função tática. "Ao vencedor, as batatas".

Eduardo Maretti disse...

É, uma matéria da Folha on line diz que o técnico "ficou por mais de uma semana treinando a mesma formação para a estreia brasileira na Copa América, sem buscar esquemas alternativos". Mano disse após o jogo: "Tenho uma linha de trabalho e não vou mudar tudo aquilo que trabalhei". Com essa teimosia, talvez o João acima tenha razão e a batata já esteja assando mesmo. Mas acho cedo ainda pra dizer isso... Vamos ver.