segunda-feira, 18 de julho de 2011

Realidade e ficção: Sean Hoare, ligações perigosas e "The Ghost Writer" de Polanski

A morte do repórter Sean Hoare me remeteu imediatamente ao mais recente filme de Roman Polanski, The Ghost Writer (sobre o qual já escrevi aqui – veja link abaixo). Nele, o protagonista não era um jornalista, mas um escritor que aceita a tarefa de escrever a biografia do primeiro ministro britânico e acaba se envolvendo numa trama que o faz ter acesso a informações fatais, como, por exemplo, as íntimas ligações do homem forte do país com a CIA.


Sean Hoare
 Para quem gosta de teorias conspiratórias, não custa lembrar que o episódio da prisão de Polanski e as tentativas de extraditá-lo para os Estados Unidos por um suposto crime sexual pelo qual a própria vítima o perdoou, tudo isso ocorreu durante o processo de produção do filme The Ghost Writer.

Como se sabe, o jornalista Sean Hoare foi encontrado morto hoje em sua casa. Ele foi “o primeiro repórter do tabloide News of the World a afirmar” que Andy Coulson (ex-redator chefe do tablóide e depois diretor de comunicação do primeiro-ministro britânico, David Cameron) sabia que sua equipe fazia escutas ilegais, como se reproduz em sites de todo o mundo. Claro, Coulson nega tudo.

Curiosamente, a polícia “não trabalha com a hipótese” de ligação de sua morte com o escândalo das escutas telefônicas que levou ao fechamento do tablóide News of the World, do conglomerado do magnata australiano Rubert Murdoch. Claro que é impossível, a nós mortais, saber o que matou Hoare, que “tinha problemas com álcool e drogas” e pode ter morrido mesmo naturalmente. Mas a informação de seu alcoolismo é mais do que suficiente para conduzir a mais importante “linha de investigação” da polícia. Recentemente, Sean Hoare disse ao New York Times: "Há mais por vir. Isso não vai simplesmente passar". Como se vê, não deu tempo.

Jean Charles de Menezes

Esse detalhe (condução do caso pela polícia inglesa), por sua vez, remete ao assassinato do brasileiro Jean Charles de Menezes em 22 de julho de 2005 por policiais da Scotland Yard num trem de metrô. Segundo o próprio jornal News of the World (sim, ele mesmo) em matéria de janeiro de 2006, policiais que seguiam o jovem e inofensivo eletricista Jean Charles falsificaram provas dos equívocos que levaram à execução do brasileiro de 27 anos com sete tiros na cabeça.


Leia post sobre o filme de Roman Polanski clicando aqui: The Ghost Writer

Leia também: Roman Polanski está livre

Um comentário:

Mayra disse...

Ah, então a famosa e eficiente polícia inglesa também não é confiável?? Que coisa mais absurda eles, de cara, não associarem a morte do jornalista ao mega escândalo. Como pode? Parece coisa de polícia de republiqueta...