sexta-feira, 15 de julho de 2011

O Brasil como potência mundial

Uma instituição cuja importância e influência chega até a Casa Branca, o Council on Foreign Relations (CFR), publicou um relatório intitulado "Brasil Global e as relações EUA-Brasil", antecipado na semana passada pelo jornal O Globo e que tem sido divulgado meio timidamente esta semana em nossa imprensa.


Capa do relatório/Divulgação
 No documento, a instituição, que publica a revista Foreign Affairs, amplamente reconhecida nos meios diplomáticos mundiais, faz recomendações absolutamente inequívocas ao governo americano de Barack Obama sobre o Brasil.

Por exemplo: "É de interesse dos Estados Unidos entender o Brasil como um complexo ator internacional cuja influência nas grandes questões mundiais atuais apenas deverá aumentar". Para o CFR, o Brasil já não deve ser tratado mais apenas como uma potência continental, mas global.

E mais: o Council on Foreign Relations espera que os Estados Unidos "apoiem de forma plena a candidatura do país [Brasil] a uma cadeira como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU", pois, segundo os membros da instituição, “um apoio formal dos Estados Unidos ao Brasil reduziria a suspeita dentro do governo brasileiro de que o compromisso americano de uma relação madura e entre iguais não passa de retórica (...) Há pouco a perder e muito a ganhar com um apoio ao Brasil no CS neste momento".

Então, presidente, vai aceitar os conselhos?
O influente grupo recomenda também que o governo estadunidense elimine as tarifas alfandegárias para o etanol brasileiro.

É óbvio que a história do Brasil não começou com Lula. Mas é óbvio também que a crescente influência do país no mundo está sendo conquistada pela mudança de parâmetros da política externa brasileira desde o governo Lula, ao contrário do que era antes, uma política subserviente baseada na máxima “o que é bom para os EUA é bom para o Brasil”. Se não fosse por isso, o relatório não recomendaria uma relação “mais ampla e madura com o novo Brasil”, como o fez.

Só não vê quem não quer.

Atualizado às 19:38

3 comentários:

Mayra disse...

Por um lado é bacana, por outro juro como me dá um pouco de medo. Será que o Brasil, ao virar uma potência, vai conseguir dar alguma contribuição bacana mesmo pra história do mundão? Tem vindo forte, pra mim, nestes últimos tempos toda aquela discussão levantada pelo nosso querido Pasolini lá no final dos 60 sobre o proletariado que não quer saber de revolução, muito pelo contrário... Enfim, hoje, muito mais do que naquela época, tá na ordem do dia essa discussão: qual é o horizonte das pessoas? É o consumo de coisas legais que deem conforto e ponto final? Pra muita gente é isso, pra maioria. E isso é muito triste, não?

Eduardo Maretti disse...

Não sei se é triste. Mais triste é as pessoas viverem destituídas de cidadania, não terem trabalho ou terem trabalhos indecentes... Há ainda muito o que se fazer no Brasil nesse sentido, aliás. Acho justo que as pessoas queiram viver bem e usufruir das coisas que a civilização oferece...

E o Brasil ser soberano, construir sua soberania como tem feito nos últimos anos, é magnífico.

Mayra disse...

A civilização oferece muito mais do que a compra de bens, Edu, a civilização oferece a possibilidade de crescer intelectualmente, artisticamente, cientificamente etc. Não acho que essa preocupação deva ficar em segundo plano, não. O mundo tá ficando idiota demais com a doença do consumo besta.