SOLIDÃO
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Folhas farfalham. É o vento.
As flores murcham. É o tempo.
Estrelas brilham. Manto Preto.
Lágrimas pingam do pássaro negro.
No alto, lá no alto da tristeza,
Vejo a nuvem em forma de alegria.
Intocável, passageira de si mesma;
Impossuível
A imagem de mim mesmo é vazia.
Nesta noite ninguém veio ser visível.
O silêncio faz a mão dançar os dedos.
Nenhum corpo vai fazer nascer o dia.
No colo mudo só o sonho é macio.
No colo mudo só o sonho é macio.
Só as almas perambulam livremente.
Nem os ratos ficam sós no meio-fio,
Porque o vazio é a coisa só da gente
Impossível.
Nem os ratos ficam sós no meio-fio,
Porque o vazio é a coisa só da gente
Impossível.
Um comentário:
Belo e meditativo este poema. Gabriel é uma agradável revelação como poeta. Outro dele:
"Inseto à meia-luz
Sombra de pé de mesa
Rádio baixinho no jogo
A vela acesa que pus
Do fogo a sombra acesa
Frêmito de olhos ocos
O sorriso após o susto
Obscuro oculto na beleza
O instante após o soco
O alumbramento do justo
na barriga da pobreza
Na asa do corvo
O amor que a tudo conduz
Infinito para a tristeza
Alegria selvagem do gozo
A vida que a morte seduz"
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