Houve uma certa polêmica em torno do novo filme de Woody Allen, Tudo pode Dar Certo (Whatever Works), em cartaz em São Paulo. Uns críticos consideraram um “filme menor” de Allen; outros, tomando as dores do diretor, avaliam a obra como “um autêntico Woody Allen”.
Eu fico no meio termo. Chamou-se a atenção para o fato de que o filme marca o retorno do cineasta a sua amada Nova York. Mas não há nem como comparar com a obra-prima Manhattan (1979), por exemplo, se for para falar da capital cultural dos Estados Unidos. Ou com Hannah e suas Irmãs (1986), que tem um roteiro com semelhanças (o que não é um problema, em se tratando de Woody Allen). Mas Hannah... conta com um elenco fantástico e é divinamente dirigido.
O filme
Em Tudo Pode Dar Certo, Boris Yellnikoff (interpretado por Larry David) é um homem frustrado, mal humorado, hipocondríaco, ateu, inteligente e culto, que quase ganhou o prêmio Nobel de Física e já tentou o suicídio. O personagem padrão que o próprio Allen tantas vezes já foi, com elementos a mais ou a menos. Mas perde para os que o próprio Allen interpreta. E a atuação dos atores não chega a empolgar.
Um belo dia, ele encontra à porta de sua casa uma linda jovem de 21 anos, Melody Saint Ann Celestine (Evan Rachel Wood), que fugiu de casa, implora para comer alguma coisa, pede para ficar uns dias em sua casa e... Bom, não é difícil imaginar que acabam tendo mais do que um caso, que aparecem outros personagens, que há encontros e desencontros amorosos, coincidências incríveis etc.
Clichês? Sim, clichês allenianos, deliberados. No filme, aliás, ele zomba de si próprio, quando seu personagem ele-mesmo, Boris Yellnikoff, censura a deslumbrante Melody quando ela usa clichês de linguagem ou conceituais. Como, por vezes, o protagonista-narrador se dirige ao público da sala de cinema diretamente, tudo acaba soando como um grande autodeboche, que respinga no público. Se na sala de exibição houver um mal humorado como Boris Yellnikoff, ele talvez se irrite, xingue Woody Allen de cretino, sem imaginação, repetitivo, idiota...
Provavelmente, Allen adoraria tais elogios. E, se Tudo pode dar Certo não é um dos melhores filmes do genial diretor nascido no Brooklyn, vá ver assim mesmo. Mesmo que seja para ouvir jazz.
Resumindo: o filme não é dos melhores de Allen, tem vários defeitos, mas emociona. Ninguém é gênio por acaso.
Como uma leitora comentou no post sobre Manhattan, Woody “é igual pizza: mesmo quando é ruim, é bom!”.
Woody Allen no imdb.com
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