Em entrevista exclusiva ao blog, diretor fala sobre o novo filme e seu próximo projeto
Foto: Eduardo Maretti (clique para ampliar)
O diretor pouco antes da pré-estreia |
Como prescinde de palavras e narrativa, o caleidoscópio musical em forma de filme concebido por Nelson também dispensa maiores comentários. Tem apenas que ser visto. E ouvido. Estão lá uma maravilhosa interpretação de “Dindi”, por Nara Leão; “Por causa de você”, por Maysa; “Wave”, por Sarah Vaughan; “Eu sei que vou te amar”, em francês, por Henri Salvador; e até a pueril Estrada do Sol (de Dolores Duran e Tom Jobim – sabia?), por Fernanda Takai, entre muitas outras: Ella Fitzgerald, Gal Costa, Adriana Calcanhoto... Parece infinito o universo de intérpretes, ritmos, estilos e línguas que abrangeu a música de Tom Jobim.
As aparições de Chico Buarque interpretando “Anos Dourados” com Tom, Elis Regina cantando com ele “Águas de Março” e Frank Sinatra no antológico dueto em “Garota de Ipanema” são emocionantes, mas ganham uma grandeza ainda maior na sinfonia fílmica de Nelson Pereira dos Santos.
O filme estréia nos cinemas no próximo dia 20 de janeiro. Pouco antes da exibição na pré-estreia paulista, o diretor de Rio 40 graus e Vidas Secas falou com exclusividade ao blog à mesa de um restaurante, ao lado da sala de exibição. Ele conta que já tem um novo filme pronto, também sobre Tom Jobim, e que seu próximo trabalho será sobre Dom Pedro II.
Por Eduardo Maretti
Fatos Etc.: Você tem se dedicado bastante a documentários. Fez, por exemplo, sobre Sérgio Buarque de Hollanda. O que representa o filme sobre Tom Jobim nesse contexto?
Nelson Pereira dos Santos: É uma experiência nova de trabalho. Eu fiz dois filmes sobre Tom Jobim, como fiz com Sérgio Buarque. O outro [A luz do Tom], que já está pronto também, é um filme sobre três mulheres importantes na vida do Tom: a irmã, Helena; a primeira esposa, Thereza [Hermanny]; e a Ana [Lontra Jobim]. Elas contando, lembrando do Tom criando etc. Cada uma num espaço bonito da natureza. A música segundo Tom Jobim é só música, a partir do Orfeu, a peça que ele fez, que virou um filme etc. É essa a ideia [O diretor se refere à peça Orfeu da Conceição, escrita por Vinícius de Moraes e musicada por Tom Jobim, depois adaptada para o cinema como Orfeu Negro – direção de Marcel Camus].
Como foi o trabalho com Dora Jobim, que assina a direção com você?
NPS: Esse trabalho é uma combinação. A concepção é minha: a partir de quando, por que, o encadeamento das coisas... A edição foi feita em conjunto, a Dora trabalhando na direção da edição com a editora Luelane Correa, e eu. Foi como uma partida de um time de vôlei, a bola no ar, pega aqui, pega ali ... (risos). Mas é um filme de montagem, trabalhamos com arquivos. Não tem filmagem. Tem um trabalho enorme de pesquisa. Tem o pesquisador, o Antonio Venancio... [Um súbito burburinho no restaurante em que bebemos um drink torna inaudíveis umas palavras que Nelson diz. Ele pára por um instante, levanta o copo, para brindar, batemos os copos e ele diz: – Saúde!]
Você tem algum projeto em vista depois desse?
NPS: Eu vou fazer Dom Pedro II. Uma adaptação do livro do José Murilo de Carvalho. Estou com o roteiro, está em elaboração, tem um caminho ainda longo pra chegar nas filmagens (risos).
Trailer:
Ficha técnica
A Música Segundo Tom Jobim
Brasil, 2011, 90 min, livre
Direção: Nelson Pereira dos Santos e Dora Jobim
Produção: Regina Filmes
Direção Musical: Paulo Jobim
Pesquisa: Antonio Venâncio
Edição: Luelane Correa
Produtores Associados: Instituto Antonio Carlos Jobim, Leticia Monte e Maurício Andrade Ramos
Direção de Produção: Ivelise Ferreira
Produção Executiva: Marcia Pereira dos Santos
*Atualizado às 21:44
3 comentários:
Oba! Já tá anotado pra chegada em Sampa. E compartilhado no feici também.
Edu, faz uma entrevista "grande" com ele. Ficou um gostinho de "quero mais"...
Obrigado por compartilhar, Mayra...
Quanto à sugestão de uma outra entrevista maior, fica a sugestão. Quem sabe mais pra frente...
Ouvi dizerem uma vez que as composições de Tom Jobim são tão ricas que podem ser tocadas só no piano com a mesma riqueza musical de um Chopin ou um Beethoven. Vou ver o filme do Nelson, com certeza.
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