sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Em dia de vitória, Muricy volta a criticar "fábrica" do Santos. Ele quer sair do clube?

Com o time B, o Santos derrotou o Ituano por 2 a 1 nesta quinta-feira, em São Caetano (veja os gols abaixo neste post), pela segunda rodada do Paulistão. Após a partida, o técnico Muricy Ramalho disse que os jogadores da base do clube têm “defeito de fábrica”. Ele falou genericamente, sem citar nomes. Mas, no final da temporada passada, ele já havia usado o mesmo termo para se referir diretamente ao jovem meia Felipe Ânderson. Depois do duelo de hoje (quinta), o treinador exemplificou dizendo que os jogadores chegam à linha de fundo e não sabem cruzar.

 Foto: Divulgação/ Santos FC
Para treinador, jogadores da base têm "defeito de fábrica"

Parece-me que Muricy começa a não entender muito bem qual é o seu papel na Vila Belmiro, se é que já entendeu um dia. Ele não está no Santos, ganhando as centenas de milhares de reais que ganha, para dar esse tipo de declaração em público. A “fábrica” que ele critica é a que fabricou Pelé, Pepe, Pita, Diego, Robinho e Neymar, mas também Coutinho, Marcelo Passos, Ganso, Wesley e inumeráveis outros jogadores da história do time da Vila.

Com declarações grosseiras, mal-educadas e politicamente inábeis como essa, o técnico só consegue o seguinte:

1- baixar a auto-estima de jogadores que, pelo contrário, precisam ser incentivados (e, claro, valorizados). Felipe Ânderson é um deles. Telê Santana, que fez de jogadores medíocres como Cafu atletas vencedores, jamais seria tão desinteligente como Muricy.

2- desmoralizar o trabalho de base do clube e angariar desafetos. Mas essa é uma velha técnica para, previamente, justificar-se por eventuais fracassos futuros. Afinal, o treinador não estava consciente de que o time em campo era literalmente reserva?

3- Colocar o elenco contra si, o que é o início da queda de muitos treinadores de grandes times.

Embora eu tenha reconhecido que Muricy foi contratado oportunamente no início de abril de 2011, e que foi fundamental na recuperação do time na Libertadores que veio a conquistar, não vejo como positiva sua permanência na atual temporada.

Personagem descartável

Suas declarações pouco sutis, seu futebol covarde e nada a ver com a escola do Santos Futebol Clube, o papelão que – como comandante – protagonizou na final do Mundial contra o Barcelona (quando se perdeu completamente, inclusive com declarações pré-jogo de que não tinha o que fazer contras “os caras”) –, tudo isso faz de Muricy para mim um personagem descartável neste ano do centenário do clube. E ainda por cima o cara começa o ano falando mal da “fábrica”? Mas quem poderia ficar em seu lugar? Como santista, em verdade vos digo: qualquer um que tenha a grandeza que se exige para comandar o Santos. Prefiro não citar nomes.

Em tempo. Na virada de 2 a 1 contra o Ituano, o jovem Dimba, de 19 anos, jogou em poucos minutos o que Rentería (que ele substituiu) e o caríssimo Íbson não jogaram em todo o tecnicamente fraco prélio de São Caetano. O Ituano terminou a primeira etapa vencendo por 1 a 0. Felipe Anderson (com “defeito de fábrica” e tudo) fez belíssima jogada e cruzou de esquerda para Alan Kardec empatar no segundo tempo. No gol da virada (aos 45), uma jogada pela meia direita, que começou com Felipe Anderson, terminou em ótima triangulação com Maranhão, Dimba e o mesmo Alan Kardec (esse cabra é bom de fazer gol), que marcou o segundo na partida e o terceiro dele no Campeonato Paulista.




Atualizado à 01:34

2 comentários:

Felipe Cabañas da Silva disse...

Eu queria comentar duas coisas, porque não deu tempo de comentar nesse post no outro dia.

Uma é que o resultado da Copa São Paulo contradisse contundentemente uma reportagem de capa da Folha Esporte sobre "o fracasso das categorias de base do Corinthians sob Andrés Sanchez", que foi inclusive objeto de crítica ácida do Ombudsman hoje:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ombudsman/22737-o-fracasso-que-nao-veio.shtml

Creio que a campanha do Corinthians nessa Copinha foi a mais impecável dos oito títulos. Mas acho que os jornalistas terminaram sendo enganados pelo imponderável, pois é fato que sob Andrés Sanchez as categorias de base ficaram em segundo plano, o que o próprio reconheceu. O que não significa necessariamente que a Copa SP do time ia ser um fiasco. A reportagem terminou se revelando leviana, com especulações apressadas e, em sua maior parte, infundadas. Estranha antipatia...

A segunda coisa, puxando um gancho a partir disso, é que, ainda que o Corinthians não tenha a tradição de revelar gênios como o Santos, foi firmando as categorias de base, ao longo do tempo, como as melhores do país, um celeiro de bons jogadores que podem contribuir bastante para o futebol do país. O domínio corintiano sobre a Copa SP é uma prova cabal disso. E venho, então, às seguintes questões: como as categorias de base que formaram Neymar tiveram desempenho tão pífio na Copa SP? Cadê as categorias de base do São Paulo, que parte da imprensa esportiva (Folha inclusa) se apressaram a colocar como favoritas esse ano??

Acho que o Muricy não está certo de atirar pra todo lado, mas o Santos vinha vendendo uma imagem de que as categorias de base estavam num nível mais elevado...

Eduardo Maretti disse...

Fala, corintiano! Independentemente da gestão, acho a base do Corinthians muito boa, embora, como você observa, não seja fabricante de craques na acepção do termo. Mas é mesmo "um celeiro de bons jogadores que podem contribuir bastante para o futebol". Principalmente, eu diria, para o futebol do Corinthians, o que não é pouco, dada a exigênciabilidade da Fiel - hehe...

Você questiona as bases do Santos e do São Paulo, a partir da Copa SP. Sobre o Santos, posso esclarecer: o Santos foi a campo hoje contra o Paulista em Jundiaí (1 a 1) com seu time B,com 5 jogadores vindos da base entre os titulares. Só um, o zagueiro Vinícius, com mais de 20 anos. Mais: no banco, TODOS os atletas tinham no máximo 19 anos! Enfim, quase um time inteiro sub-20 em Jundiaí hoje com os profissionais... (ah, e lembremos de Neymar, com apenas 19 anos e já bicampeão paulista, da Copa do Brasil e da Libertadores...). Bom,parece claro que as categorias de base do Santos realmente estão num nível mais elevado.

Quanto ao SPFC, não posso falar com autoridade. Mas acho que na gestão Juvenal Juvêncio o clube deu pouca atenção à base. De fato é cada vez mais raro surgir um bom jogador, quanto mais craque, da base do São Paulo.