ADEMIR DA GUIA
Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.
Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o.
Ritmo morno, de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.
João Cabral de Melo Neto
(in Museu de Tudo - José Olympio Editora)
*nota do blogueiro: post publicado a meus amigos palmeirenses, hoje um tanto tristonhos
2 comentários:
A palavra e a bola. Cada lance de Ademir era um verso, e João Cabral é o homem que melhor expressou o divino.
mto, mto bom.
valeu pra melhorar meu humor.
Postar um comentário