quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A igreja católica defende a vida. Sim, a vida dos ricos e poderosos do mundo

Panfletagem em Aparecida revela o cinismo e a hipocrisia dos lobos em pele de cordeiro

Lemos na imprensa e ouvimos no rádio desde ontem que as comemorações do Dia de Nossa Senhora Aparecida foram usadas com fervor pelos católicos obscurantistas para fazer antipropaganda contra a campanha de Dilma Rousseff, em nome, segundo eles, da defesa da vida e contra o aborto.

É bom frisar, ou lembrar, que essa não é a Igreja, por exemplo, do franciscano Dom Paulo Evaristo Arns, que, em 1989, como arcebispo de São Paulo, liberou os fiéis a votar em Luiza Erundina, um homem que fez de sua profissão de fé um trabalho maravilhoso pela democracia, pelos direitos humanos, pela Teologia da Libertação e pela vida. Não foi coincidência que, em 1989, a Arquidiocese de São Paulo tenha sido reduzida e esvaziada pelo reacionário papa João Paulo II, uma das encarnações do lobo em pele de cordeiro.

A panfletagem em Aparecida, Contagem (MG) e outras cidades contra a candidatura Dilma é só mais um exemplo de por que a igreja católica no Brasil perde mais e mais fiéis. Ela se perdeu no tempo e é incapaz de verdadeiramente estar ao lado do povo.

Revela também o seu cinismo e hipocrisia. Como é fartamente conhecido e divulgado, seus organismos e templos são territórios onde se dissemina a pedofilia e outras práticas sexuais, inclusive o aborto. Basta uma pesquisa na internet que qualquer cidadão encontra relatos sobre elas. Vou citar uma, que está numa edição da revista Veja (sim, Veja) de março de 2001: A matéria é intitulada “Estupro na Igreja” e diz: “uma série de cinco documentos divulgados na semana passada pelo National Catholic Repórter [de Kansas City, nos Estados Unidos] (...) lançou luz sobre um drama ignorado pela imensa maioria do 1 bilhão de católicos no mundo: os abusos sexuais de padres contra freiras, que incluem estupros e abortos forçados”. Entendeu, leitor? Dou até o link, aqui.

O texto distribuído no último fim de semana no Brasil mostra a face verdadeira da igreja católica na defesa do obscurantismo e dos poderosos do mundo – como fez tantas vezes (ao apoiar a sangrenta ditadura franquista na Espanha, assim como os regimes militares no Brasil e no Chile, entre outros).

Em tempo: o texto disseminado durante as celebrações pela padroeira do Brasil é assinado pelos membros da Regional Sul 1 da CNBB, comandada pelo bispo de Santo André (SP) dom Nelson Westrupp.

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PS: [atualizado às 20h06] - Católicos e evangélicos assinam e divulgam manifesto de apoio e voto em Dilma Rousseff:.

5 comentários:

Paulo M disse...

Na edição da Carta Capital desta semana fala-se que a maior incidência de abortos no
Brasil se dá entre mulheres católicas seguidas de protestantes. Essa gente é a própria hipocrisia. Ora, afinal a sociedade é ou não é cristã? O Fome Zero procura atender ao mais básico princípio cristão: dividir a farofa. O aborto virou uma arma eleitoreira da oposição, e um tema importante a ser discutido num outro momento e contexto vai ser largado pras traças porque está banalizado. É um prejuízo social enorme por aí também.

Edu Maretti disse...

Pois é, Paulo, mas a coisa é mais assustadora do que parece. Veja o texto (link abaixo)"Boateiro tem nome e sobrenome: email contra Dilma partiu da extrema-direita". Copie e cole o link no seu navegador para entrar:

http://bit.ly/bZSY3q

Paulo M disse...

Nossa, que coisa obscura! Mas acho tb que as coisas começam (muito mais lentamente, claro) a ruir do outro lado também. A mesma internet pode espalhar por exemplo (e está espalhando) o que está ao redor do caso Paulo Preto e tb que a Globo está acobertando isso (ver p. ex. no luis nassif on line). Mais cedo ou mais tarde creio que a ficha do povo brasileiro vai cair. Está um clima tenso e há três ou quatro décadas essas eleições poderiam até virar distúrbios sociais. Hoje a guerra é pela internet.

Anônimo disse...

Com certeza é mais fácil postar matérias parciais e comentários sentimentalistas contra a Igreja. Convido ao pessoal do blog e aos comentaristas a pesquisarem sobre as obras realizadas pela Igreja em prol da vida e dos menos favorecidos. A Igreja Católica não pode ser condenada pelos erros de seus filhos, pessoas ligadas a Igreja sempre cometeram e sempre cometerão erros, justamente porque são seres humanos, porém a Igreja não pode ser manchada pela falha de seus filhos. Ao comentarista Paulo M, devo dizer que muitas pessoas se dizem católicas, pelo fato de terem nascido em famílias católicas, porém não conhecem a Doutrina a fundo, são apenas católicos de berço, um católico que segue sua Doutrina não comete aborto, lembrando que os países têm suas leis, mas nem todos as seguem, nem por isso o país é o culpado pelos fora da lei.

Um abraço a todos e que Deus vos abençõe.

Eduardo Maretti disse...

É verdade, a Igreja tem trabalhos importantes. Eu mesmo, quando tenho que doar coisas, o faço na paróquia (Igreja de São Judas), no Jabaquara, em São Paulo.

Como qualquer instituição, a Igreja tem pessoas do bem e também do outro lado.

Numa eleição, como no caso desta postagem, feita em 2010, os ânimos se exaltam. Mas foi a direita vinculada à campanha de José Serra que à época usou valores cristãos e em nome da Igreja distorceu fatos e plantou mentiras sobre a candidata Dilma, como na questão do aborto.

De minha parte, respeito a igreja católica, tanto que citei ao final do post um link em que várias autoridades católicas assinam um documento pela verdade que então era distorcida.