sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Debate da Globo encerra campanha sem nada mudar. Dilma será nossa presidente

O debate da TV Globo encerrando a campanha presidencial de 2010 não mudou nada. Se nada acontecer de anormal, a eleição está decidida. Nenhuma pergunta de José Serra a Dilma Rousseff, nem vice-versa. Dilma começou muito bem, falando do tema trabalho, grande conquista do governo Lula.

Atacar a tudo e a todos (com o chavão "todos são iguais"), como faz Plínio de Arruda Sampaio, igual aos adolescentes de seu PSOL, é um discurso subliminarmente de direita. Os membros do PSOL são ressentidos. Eles atacam mais o PT do que o PSDB, dizendo-se de “esquerda”.

Plínio, como bobo da corte, começou o debate atacando o PT, como sempre. Como eu não canso de dizer, o PSOL é de direita.

A certa altura, o repórter Leandro, na redação do jornal, comenta sobre Marina Silva: “Essa mulher tem uma habilidade tremenda para dizer, dizer e não dizer nada”.

O segundo bloco começou com Dilma escolhendo Marina, para falar sobre infra-estrutura. Marina, com seu blábláblá, discorreu sobre um plano “aonde” (sic) prevaleça a sustentabilidade, a melhoria de qualidade de vida, priorizando-se a ferrovia. Com isso concordo. Dilma propõe integração entre rodovia, ferrovia e hidrovias.

No terceiro bloco, Marina Silva e Serra fazem tabelinha, embora Marina tenha elogiado o programa “Minha Casa Minha Vida”, “um bom programa”, segundo ela, “mas insuficiente”.

De repente, Marina ataca Serra: “não se fazem as coisas em passe de mágica e não vi você resolver os problemas de habitação em seu governo”, disparou contra o tucano. Ela citou o Capão Redondo, na Zona Sul de São Paulo, como exemplo de descaso com a população.

Marina pergunta a Dilma sobre segurança: Dilma cita as UPP’s, no Rio de Janeiro, como exemplo de combate à violência junto com ação social. Marina elogia de novo mais um programa do governo de que participou. A essa altura, se Marina tirava votos de alguém, sem dúvida eram de Serra.

Plínio diz que resolve “facilmente” a falta de saneamento. Como? Não pagando a dívida externa. Risível. Está no século passado. E, para variar, ataca Dilma de novo. Ressentido.

No quarto bloco, perguntada pelo sempre disposto a atacá-la Plínio Sampaio sobre por que, entre outras coisas, não defende a redução da jornada de trabalho para 40h, Dilma escorregou, deu uma resposta burocrática sobre a manutenção da legalidade e acabou não respondendo.

Depois, cutucada, a petista alfinetou Marina: não adianta teoria, tem que fazer. “Quando a gente é governo, a gente não acha, a gente tem que fazer. O Brasil foi o último a entrar na crise e o primeiro a sair”, disse Dilma, referindo-se à crise financeira internacional que começou no fim de 2008 e atravessou boa parte de 2009. Mandou bem, aí.

Sobre o Bolsa Família, diz Serra: “Vou fortalecer, amplificá-lo e planejá-lo melhor”. Pura falácia. “Até esse programa o Alckmin começou em 2001 em SP”, completa. Área social é muito mais que isso, disse. Falácia.

Para surpresa de muitos (minha também) Marina ataca Serra, que diz que ela é igual a Dilma, foram do mesmo governo “do mensalão”. Marina conseguiu o que Dilma não tentou, por jogar na defesa. A verde provocou Serra, ele perdeu a calma e mostrou por um momento sua face truculenta. Ponto para Marina.

Considerações finais
Marina encerrou tentando tirar mais alguns votinhos do tucano: “Que fiquem as duas mulheres para o segundo turno, para debater em tempo igual”.

Serra: “apresentei as minhas idéias para o Brasil”. Que idéias? É porque o povo não viu idéia nenhuma que Serra chafurda na derrota, que deve vir já no domingo, mas senão, virá com certeza no segundo turno. “Vou ao domingo com verde e amarelo no peito”, disse o patriota para seus apoiadores no Clube Militar.

Mães de família usando o Bolsa Família para vestir seus filhos, o pequeno agricultor, o trabalhador, falou Dilma para o povo que não quer saber de falácias, e sim de emprego, feijão com arroz na mesa e dignidade. “Estou preparada para ser a primeira presidente.” O Brasil só será desenvolvido quando erradicar a pobreza, terminou a petista.

E Plínio: “estou falando do futuro”. Creio que não, Plínio, creio que não. Foi Lula quem falou de futuro durante oito anos.

Quem está com a palavra, agora, é a futura presidente do Brasil, Dilma Rousseff, do PT.

Veja entrevista coletiva de Dilma após o debate

2 comentários:

Felipe Cabañas da Silva disse...

Edu, existe uma grande diferença entre fazer o jogo da direita e ser de direita. Acho um pouco excessivo dizer que o PSOL é de direita porque no final das contas Plínio e Marina terminam tirando votos mais da Dilma que do Serra, logo, se houver segundo turno, poderemos dizer que, no caso, a candidatura verde terminou servindo aos interesses da direita.
Acho mais cabível dizer que o PSOL é um partido perdido que qualquer outra coisa. Aliás, a extrema-esquerda está mais perdida que cego em tiroteio... basta olhar a profusão de candidaturas: Plínio (PSOL), Ivan Pinheiro (PCB), Rui Costa Pimenta (PCO) e Zé Maria (PSTU). Está na cara que todos esses correriam o risco de fazer mais barulho se se unissem. Mas todo mundo quer derrubar o capital e ao mesmo tempo fazer parte da normalidade democrática. No final das contas vira esquizofrenia e sai cada um por si, todos discordando dizendo a mesma coisa.

Por fim, vivemos tempos em que há um embaralhamento das noções tradicionais de direita e esquerda. Podemos também usar um raciocínio parecido com o seu para dizer que o PT se tornou um partido de direita (aliás, é o que dizem PSOL, PSTU, PCO e PCB), já que se aliou ao PMDB e colocou um neoliberal no Banco Central. A verdade é que o senso comum da economia de mercado após a queda do muro mandou todo mundo pro centro. Uns mais estatistas, outros mais liberais, mas todo mundo ensaiando a moderação que lhe garantirá o mantimento do poder.
Assim, a direita também tem sua esquizofrenia. Basta olhar para o Serra: um homem considerado de centro, que se auto-imagina de esquerda, mas carrega as bandeiras da direita.

Embora eu não vá fazer isso, acho que anular o voto se torna uma atitude muito lúcida diante do presente cenário.

Eduardo Maretti disse...

Felipe, o resultado da praxis política do PSOL ou do PSTU só interessa à direita. Por isso digo que o PSOL é de direita. Mas, meio psicanaliticamente falando, nem sei se é consciente, porque nesses partidos o ressentimento e a burrice política imperam.

Já o PV não tem nem o que discutir: é de direita conscientemente, basta ver como eles atuam na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa (SP). Sempre de braços dados com o PSDB.

Abraços