quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Relatos sobre a truculência tucana [3] – Ginásio da Fito - Osasco/2004

Este post, texto do jornalista Jorge Corrêa, que continua a série “Relatos da truculência tucana”, poderia também ser incluído na série “Recordar é viver”. Seja como for, é mais uma de muitas e é importante registrar, já que os tucanos de José Serra tentam fazer colar nos petistas a pecha de violentos e ninguém sabe o que podem estar tramando.

O modus operandi do tucanato (ou: ‘não concordou, o pau come’)

Por Jorge Corrêa

Dez dias depois de apurados os votos do primeiro turno da eleição 2010, foi noticiado que em Osasco, cidade onde nasci, cresci e morei por 25 anos, militantes de Celso Giglio espancaram covardemente um grupo de agentes de trânsito que multavam seus carros – estacionados irregularmente – durante festa de comemoração da reeleição do deputado estadual do PSDB (link abaixo).O fato, por si só, já é motivo para gerar revolta, mas para mim teve um peso maior, pois me faz relembrar situação parecida pela qual eu passei há exatos seis anos.

O ano era 2004 e o dia era de festa para Osasco. Primeiro turno da eleição para prefeito encerrado, pesquisas e, principalmente, a mobilização popular, indicavam que finalmente estava no ar o fim de uma tenebrosa história que começou com Hirant Sanazar, teve seu auge com Francisco Rossi e viu em Celso Giglio o capo perfeito.

A militância do PT estava em alerta, ainda mais por conta do que aconteceu na eleição anterior, em 2000, quando Emidio de Souza vencia a apuração, mas, depois de um misterioso apagão no ginásio Ives Tafarello, Giglio passou à frente e venceu.

O local da apuração em 2004 foi o ginásio da FITO, aberto ao público depois de pressão do PT por conta do ocorrido quatro anos antes. O clima era de final de campeonato, com cantos e gritos de exaltação da vitória que parecia próxima. Os petistas eram a esmagadora maioria no local e abafavam em segundos qualquer reação da militância [nitidamente comprada] do PSDB.

Em certo momento, os representantes do TRE começaram a reclamar do barulho, pois não conseguiam passar as informações para o TSE. Reclamação justa. Os delegados do PT então pediram o silêncio às arquibancadas, o que foi prontamente acatado. Mas, mesmo assim, começou a truculência típica do tucanato.

Alheios ao público que estava no local – com MUITAS mulheres, crianças e idosos – os policiais militares fizeram o procedimento que chamam de “arrastão”: fazem uma fila, de alto a baixo da arquibancada, e vão empurrando as pessoas. Como não poderia ser diferente, alguns reagiram – de forma não violenta, simplesmente se recusando a sair. Fui um deles, até porque, não estávamos fazendo nada de errado, passamos a ficar em silêncio e temíamos um novo “apagão misterioso”.

Os PMs então passaram a agredir as pessoas que estavam no local, sem distinção de sexo ou idade. Vi mulheres desmaiarem e saírem carregadas, senhores levarem tapas na cara. Mas, para mim, o mais grave e mais chocante foi ver um PM – sem identificação na farda – espirrar spray de pimenta no rosto de um menino que não aparentava ter mais de dez anos.

Ginásio esvaziado dessa maneira, as agressões seguiram por cerca de 30min, com muito choro e desespero. Ao ligar o fato deste mês com o de 2004, não estou dizendo que o que aconteceu na FITO e no centro de Osasco foram a mando do Celso Giglio ou de uma pessoa só, mas exemplifica a mentalidade dos tucanos.

Esse é o modus operandi do tucanato. Com eles é assim: não concordou, o pau come.

Em tempo: a eleição de 2004 foi para o segundo turno, e Emidio Souza venceu Celso Giglio sem maiores problemas, com público e paz no ginásio da FITO
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Leia também:
Relatos sobre a truculência tucana [2] – Vila Madalena

Relatos sobre a truculência tucana [1] – Osasco

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