“Torcidas do Flamengo e do Corinthians têm empate técnico, mostra Datafolha”, informa-nos o Uol, Folha e outros órgãos de imprensa (para vender jornal às vésperas do jogo pela Libertadores). Segundo a pesquisa, o Flamengo teria 17% dos torcedores do país, contra 14% do Corinthians.
Na linha fina (ou legenda da foto) no site do UOL, informa-se que as torcidas do Flamengo e do Corinthians, as maiores do Brasil, somam 40 milhões, segundo projeções. Eu sempre vi essas pesquisas com muitas restrições, porque são distorcidas (desculpem o trocadilho).
Falei com o Datafolha. O universo de pesquisados é formado por pessoas acima de 16 anos e o estudo não é direcionado ao torcedor. “É feito junto com a pesquisa de intenção de voto [para as eleições deste ano]”, explica Marcel Guerreiro, do Datafolha.
Qualquer pessoa que já tenha trabalhado (como eu) ou trabalhe com pesquisa, ou mesmo que tenha bom senso, sabe que qualquer estudo sério tem de ter filtros. Por exemplo, se você vai fazer uma pesquisa sobre automóvel, você não vai incluir nela pessoas que não têm carro. Usam-se filtros. Ou seja, você vai pesquisar entre quem tem carro.
A pesquisa sobre as torcidas não significa rigorosamente nada, tecnicamente. Ela inclui no universo o não-torcedor que nunca foi a uma partida de futebol, jamais assiste a um jogo, não sabe nada sobre o esporte e nem sequer a cor da camisa do time pelo qual diz torcer. Guerreiro, do Datafolha, reconhece que um dos filtros possíveis seria o de freqüentadores de estádios. Há outros: quem assiste a partidas de futebol na TV...
Tive uma repórter que nunca torceu. Se você dissesse a ela que o São Paulo Futebol Clube ia decidir o título mundial contra a seleção da Alemanha (fizemos essa brincadeira num fechamento), ela acreditava. E, se uma pesquisa perguntasse a ela para que time torcia, dizia ser são-paulina, porque era o time do namorado. Essa moça, por exemplo, seria incluída no levantamento do Datafolha.
O exemplo acima mostra que a distorção não é eliminada pelo fato de a pesquisa “revelar” que 25% dos entrevistados afirmam não torcer para “nenhum time”. Seria o mesmo que incluir aleatoriamente, num estudo sobre o desempenho de motores 1.0, usuários de trem, metrô e ônibus que nem dirigem e de vez em quando pegam carona com um colega de trabalho.
Na linha fina (ou legenda da foto) no site do UOL, informa-se que as torcidas do Flamengo e do Corinthians, as maiores do Brasil, somam 40 milhões, segundo projeções. Eu sempre vi essas pesquisas com muitas restrições, porque são distorcidas (desculpem o trocadilho).
Falei com o Datafolha. O universo de pesquisados é formado por pessoas acima de 16 anos e o estudo não é direcionado ao torcedor. “É feito junto com a pesquisa de intenção de voto [para as eleições deste ano]”, explica Marcel Guerreiro, do Datafolha.
Qualquer pessoa que já tenha trabalhado (como eu) ou trabalhe com pesquisa, ou mesmo que tenha bom senso, sabe que qualquer estudo sério tem de ter filtros. Por exemplo, se você vai fazer uma pesquisa sobre automóvel, você não vai incluir nela pessoas que não têm carro. Usam-se filtros. Ou seja, você vai pesquisar entre quem tem carro.
A pesquisa sobre as torcidas não significa rigorosamente nada, tecnicamente. Ela inclui no universo o não-torcedor que nunca foi a uma partida de futebol, jamais assiste a um jogo, não sabe nada sobre o esporte e nem sequer a cor da camisa do time pelo qual diz torcer. Guerreiro, do Datafolha, reconhece que um dos filtros possíveis seria o de freqüentadores de estádios. Há outros: quem assiste a partidas de futebol na TV...
Tive uma repórter que nunca torceu. Se você dissesse a ela que o São Paulo Futebol Clube ia decidir o título mundial contra a seleção da Alemanha (fizemos essa brincadeira num fechamento), ela acreditava. E, se uma pesquisa perguntasse a ela para que time torcia, dizia ser são-paulina, porque era o time do namorado. Essa moça, por exemplo, seria incluída no levantamento do Datafolha.
O exemplo acima mostra que a distorção não é eliminada pelo fato de a pesquisa “revelar” que 25% dos entrevistados afirmam não torcer para “nenhum time”. Seria o mesmo que incluir aleatoriamente, num estudo sobre o desempenho de motores 1.0, usuários de trem, metrô e ônibus que nem dirigem e de vez em quando pegam carona com um colega de trabalho.
3 comentários:
EU JA SABIA!!!
O jornalista Rodrigo Bueno, da ESPN e Folha, escreveu há pouco em seu twitter: "O Datafolha cometeu um erro na pesquisa de torcidas. A Lusa não teve 1% da preferência. Sairá Erramos amanhã na Folha".
Ele também respondeu a alguns seguidores que contestavam pontos da pesquisa.
O twitter dele é http://twitter.com/RodrigoBuenoESP
meu... eu sempre odiei todos os tipos de pesquisas de projeçao de eleitorado ou torcidas ou coisa que o valha... estatística é a arte de torturar os números até que eles confessem... as pesquisas de intençao de voto sao a pior coisa que inventaram para a democracia brasileira... a folha fez uma matéria de uma página sobre as diversas pesquisas de intençao de voto e como elas sao feitas (que tipo de perguntas e como)... fica claro em várias delas que a forma do questionário interfere na resposta... assim, voce tem uma conclusao estatística muito pouco confiável que termina interferindo no voto das pessoas... porque é óbvio, tanto na política quanto no futebol, que a turba vai pro lado que está ganhando... (estou sem til)... abraços.
Postar um comentário