terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Enchentes, falta de água e propaganda

Em São Paulo, quanto mais chove, mais falta água. A Sabesp continuava na manhã desta terça-feira pelejando, como dizia minha avó, para normalizar o fornecimento que afeta quase um milhão de pessoas das regiões sul e oeste da capital e parte dos municípios de Embu, Taboão da Serra e Cotia, na Grande São Paulo, incluindo bairros paulistanos como Butantã e Vila Sônia, entre outros, onde o fornecimento de água tem sido intermitente.

A Sabesp, em vez de se concentrar no que lhe compete, faz propaganda em outros estados. Para quê, se sua área de atuação é São Paulo? No final do ano passado, questionado pelo repórter Fernando Augusto, do jornal Visão Oeste, de Osasco, sobre os gastos de publicidade da Sabesp fora do estado, o presidente da companhia, Gesner Oliveira, saiu-se com esse magnífico raciocínio: "quando a Sabesp vende fora do estado, aumenta sua receita; quando aumenta receita, aumenta capacidade de investimento, para investir em regiões que precisam, como a região Oeste".

Disse também: "Criticar a Sabesp por fazer propaganda dos seus serviços é não querer que ela cumpra sua missão pública de aumentar seus investimentos e seguir rumo à universalização". Evidentemente o leitor compreende, é cristalino como água da fonte.

E onde está o governador José Serra, que diz que trabalha "por você"? Numa aparição captada (provavelmente combinada) pelo SPTV da Globo em Itapevi, quando do desabamento de um trecho da rodovia SP-29, ao falar sobre quem mora em áreas de risco, o governador deu o seguinte conselho a esses cidadãos: "a curtíssimo prazo, quem estiver numa moradia que vai desabar, tem que sair dela". Simples.


Foto: Eduardo Metroviche/Visão Oeste
O Serra não apareceu para conversar com os cerca de 200 moradores da região do Jardim Pantanal, que protestaram na segunda-feira em frente à prefeitura de São Paulo, esgotados, humilhados com a inundação em bairros da zona leste que completa dois meses. Serra preferiu mandar sua polícia bater nos manifestantes e jogar gás de pimenta neles. E o prefeito Gilberto Kassab, não apareceu? Não, mesmo o protesto tendo sido realizado em frente à prefeitura.

Serra dá até para entender que não tenha aparecido. Está muito ocupado porque hoje ou amanhã deve receber a cantora Madonna. Já Kassab, realmente, não dá pra saber por que anda tão sumido.

PS: o prefeito apareceu. Segundo matéria do Uol, ele sobrevoou os 18 piscinões que, em tese, minimizariam os efeitos das enchentes em São Paulo e classificou a situação como "ridícula" e "vergonhosa". "A cidade está indignada", constatou, além de criticar a empresa terceirizada que "recebe recursos públicos para limpar o piscinão". E emendou, o nobre prefeito: "É inadmissível que uma empresa que se proponha a fazer a limpeza e manutenção dos piscinões, justamente em um período de chuvas, não esteja preparada para executar o serviço".

Pois é. Está lá, o prefeito, com pose de administrador. Mas “o Kassab percebeu a sujeira bem atrasado", constatou Júlio Cerqueira César Neto, professor aposentado de engenharia hidráulica da USP, na reportagem citada.

Atualizado às 18h36

Nenhum comentário: