sexta-feira, 15 de março de 2013

Dilma é muito melhor no improviso


Mudando da água pro vinho, ou melhor, de papa pra Dilma, segue a inspirada coletiva da presidente hoje (15), muito mais interessante (e em alguns momentos divertida) do que quando fala com uma mise-en-scène institucional. Ela falou com os jornalistas após lançar o Plano Nacional das Relações de Consumo e Cidadania, que reúne medidas para proteção do consumidor, elaborado a partir de  propostas de órgãos de defesa do consumidor e com a participação de ministérios, agências reguladoras e do Banco Central.

Alguns trechos:

Desoneração da cesta básica: "O governo acha que é fundamental reduzir o tributo. Agora, nós precisamos que essa consciência seja também dos empresários, dos senhores donos dos supermercados, para que de fato a desoneração seja algo que todo mundo ganhe".

Perguntada por um repórter se o governo adotaria medidas repressivas contra donos de supermercados que não acompanhem a desoneração tributária, Dilma afirmou: "Minha querida, aquela ação do prende e arrebenta acabou. O governo dialoga, o governo persuade".

Sobre o papa: "eu comparecerei lá em Roma, na medida em que me convidaram e o Brasil é um país que tem uma população católica muito expressiva (...) estou representando enquanto presidente essa população católica do nosso país".

Veja a entrevista:




Em janeiro de 2012, 13 meses atrás, a presidente concedeu em Cuba uma entrevista em que mostra que seu jeito durão às vezes cede a uma boa risada. Ela falava de direitos humanos em Cuba, e se divertiu com a ansiedade e até grosseria de repórteres no afã de conseguir alguma coisa. Está aqui: De ótimo humor, Dilma concede coletiva em Cuba


4 comentários:

marco antonio ferreira disse...

E, feroz, sempre feroz! Eh natural dela. Mas ela pode, ela tem o passado claro, sem sombras, ja o papa... Eh certo que ela me parece mais santa,sic, afinal nao eh fácil; nao ter , ressentimentos, desejo de vinganca, sombras. A igreja fala muito em perdao, em reconciliacao, ela parece ser assim. Mas nao perde o sentido de espaco tempo, e justica. Deixou claro que nao tem nenhum desejo de ir ver o papa, somente obrigacao da funcao. Incrivel! ( sera q vi demais?) marco

Eduardo Maretti disse...

Dei boas risadas com um companheiro de redação com aquelas respostas que ela começa: "meu querido... minha querida..." Muito engraçado!

"Obrigação de função" e de católica, risos. Acho que vc não viu demais não, Marco. Aliás, pode até comparar. No link no fim desse mesmo post, abaixo do vídeo (o link "De ótimo humor, Dilma concede coletiva em Cuba"), tem lá com outra entrevista. No fim da entrevista um repórter pergunta: "a sra. vai se encontrar com Fidel Castro?" Nesse caso, a resposta dela é entusiasmada e veemente: "siiim, com muito orgulho!" Quer dizer, uma coisa é a igreja, outra é um companheiro de luta de Latinoamérica..

Paulo M disse...

Marco, vc não viu demais. Tivemos, nos últimos dez anos, dois líderes da mesma linha política e bem diferentes: Lula e Dilma. "Eu comparecerei lá em Roma, na medida em que me convidaram e o Brasil é um país que tem uma população católica muito expressiva (...) estou representando enquanto presidente essa população católica do nosso país". Chega a emocionar essa resposta. Que ironia! Que requinte de discurso para afirmar o contrário do que se diz: "Eu comparecerei lá em Roma sem esquecer dos espíritas, umbandistas, ateus, muçulmanos..." É o que eu gostaria de dizer.

Rose Costa disse...

Dilma é uma figura sagaz, centrada, senhora de suas palavras e também das respectivas entrelinhas. Seu posicionamento em um diálogo tem o efeito de um jogo de tênis à Gustavo Kuerten: bate e rebate com grandes efeitos. Desde que despontou de forma mais evidente no cenário político, pensei e senti: "eu amo essa mulher"!