Publicado originalmente na Rede Brasil Atual
George Gianni/Divulgação - PSDB
Alckmin, Aécio e FHC, ontem, em São Paulo |
Em clima de campanha, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi recebido ontem à noite (25) pelos principais caciques tucanos de São Paulo em ato político realizado pelo diretório estadual do partido. Aécio chegou ao encontro acompanhado do governador paulista, Geraldo Alckmin, poucos minutos depois do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O ex-governador José Serra, que estaria de saída do PSDB devido à perda de espaço para Aécio, não apareceu, sob pretexto de que já havia marcado viagem para os Estados Unidos na mesma data.
Em seu discurso, Alckmin pela primeira vez foi claro sobre seu apoio ao senador mineiro para presidir a legend, a partir da convenção de maio, e ser o candidato tucano na sucessão presidencial de 2014: “Que você, Aécio, assuma a presidência do PSDB, percorra o Brasil, ouça o povo brasileiro, fale ao povo e una o PSDB”.
À pergunta sobre a cobrança do partido para assumir a pré-candidatura, Aécio foi cauteloso. “Ainda não está na hora. Não é uma questão individual, é uma decisão que o partido vai tomar na hora certa”. Porém, o presidente do partido no estado, deputado Pedro Tobias, discursou: "A militância quer lançar candidato já". O secretário Estadual de Energia do governo Alckmin, José Aníbal, indagado pela RBA se Aécio será o candidato a presidente, também não ficou em cima do muro: “Isso ficou claro hoje”.
Ao chegar ao evento, questionado se o clima era uma indicação de que a candidatura de Aécio, na prática, está sendo lançada em São Paulo, Fernando Henrique desconversou. “Não, não, a campanha é para a presidência do partido”, afirmou. A ele coube também explicar a ausência de José Serra. Segundo o ex-presidente, Serra, a quem chamou de “dileto amigo”, viajou aos Estados Unidos para participar de uma homenagem ao economista Albert Hirschman, morto em dezembro. “Eu me sinto representado por ele lá, e espero que ele se sinta representado por mim aqui.”
O ex-governador de Minas se preocupou em afagar os correligionários paulistas, onde seu nome ainda encontra resistências. “Aqui foi que tudo começou. O PSDB do Brasil inteiro deve muito aos paulistas, às lideranças que aqui estão, a outras lideranças extraordinárias como Mário Covas e Franco Montoro, à liderança de José Serra”, declarou Aécio.
Segundo o senador, o PSDB vai entrar na campanha do ano que vem em busca “do início de um novo ciclo" e voltou a criticar o suposto "aparelhamento" da máquina pública no governo do PT, afirmando que irá substitui-lo pela "meritocracia".
Apesar do discurso recorrente dos tucanos, levantamento publicado há uma semana pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que o PSDB lidera em total de cargos de confiança (onde se daria o "aparelhamento) entre os governos estaduais.
Aécio também voltou a falar em "ética" e "eficiência". “O PSDB não tem sequer o direito de se negar a apresentar ao Brasil uma alternativa a esse modelo de governo que aí está, do ponto de vista ético, da eficiência, de uma visão mais moderna de país e de mundo.”
Também nesse ponto, dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que entre os anos 2000 e 2012 o PSDB é o terceiro partido com mais políticos cassados por corrupção (58), ficando atrás apenas do PMDB (66) e do DEM (69). O PT, alvo de Aécio, estava em 9º no ranking, com dez.
Unidade
A palavra de ordem nos discursos e nas entrevistas foi unidade. “O PSDB vai marchar junto para que possa apresentar-se ao país com força e vigor. O sentido dessa festa é de congraçamento e mostrar que estamos todos juntos”, resumiu Fernando Henrique em rápida e tumultuada coletiva ao lado de Alckmin, Aécio, do presidente nacional do partido, Sérgio Guerra, e do presidente estadual, deputado Pedro Tobias.
“Temos certeza que estamos começando a reorganizar o partido”, avaliou FHC. “À arrogância do governo [federal], vamos responder com nossa unidade”, pregou Aécio.
“Estamos aqui para mostrar que o partido está unido”, pontuou o senador Aloysio Nunes Ferreira. Sérgio Guerra também mencionou a unidade, mas foi mais claro ao rapidamente resumir “as duas coisas importantes” que tinha a dizer: “ao adversário interessa nos dividir e confundir, a nós interessa a unidade; as condições favorecem uma candidatura que, estou convencido, deve ser a de Aécio”.
No discurso à militância, o senador e ex-governador mineiro mencionou sua história pessoal, lembrou o avô Tancredo Neves e voltou a atacar os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, chamando-os de “projeto de poder do vale-tudo” e protagonista do “mais perverso aparelhamento da máquina pública”. Segundo Aécio, “o maior programa de distribuição de renda não é o Bolsa Família, é o Plano Real”.
No final do evento, quando Aécio lutava para ultrapassar uma pequena multidão que se interpunha entre ele e o carro que o aguardava à saída, uma militante se aproximou e entregou-lhe uma réstia com várias cabeças de alho e um crucifixo, dizendo: “Um presente para te proteger do José Serra”. Dando muita risada, Aécio respondeu: “José é aliado. Isso aqui vai proteger contra os adversários”.
PSDB, Aécio Neves,Fernando Henrique Cardoso, Geraldo Alckmin, eleições 2014
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